terça-feira, 7 de dezembro de 2010

6 de dezembro de 1976 – No exílio, morre João Goulart.


Doze anos depois de ter deixado o Brasil para se asilar no Uruguai, o ex-Presidente João Goulart regressou, conduzido pela família e amigos que, chorando, seguiram em automóveis a caminhonete que levava os restos mortais para São Borja, sua terra natal. Jango morreu de infarto, aos 47 anos de idade, no quarto de sua fazenda, na fronteira entre Uruguai e Argentina, após ter comido churrasco e tomado chimarrão, na hora do jantar. Na hora em que sentiu a dor no peito, estava em companhia da esposa, que gritou pedindo ajuda do capataz Júlio Vieira, o qual nada pode fazer para ajudar o patrão.

Tudo aconteceu de forma rápida e vertiginosa na vida do fazendeiro e político gaúcho João Goulart, um homem de temperamento afeito à calmaria do campo, longe do qual sempre pareceu desambientado. Aos 13 anos já ajudava seu pai a transportar gado na fazenda da família. Vinte anos depois, começou a se envolver com política e rapidamente chegou à Presidência da República, assumindo o governo após a renúncia de Jânio Quadros.

Seu governo foi marcado por uma crise política e social sem precedentes, a qual resultou em sua trágica deposição, em abril de 1964. Por ser identificado como um político de tendência comunista, Jango sofreu grande oposição das altas camadas do Exército que tramaram um golpe de Estado que enterrou a democracia no Brasil, restabelecida apenas vinte anos depois.

João Goulart

Fazendeiro de terras em três países viveu os últimos anos amargando o exílio, com a certeza de ter sido personagem central nos momentos mais dramáticos da história do Brasil na segunda metade do século. Segundo a família, Jango recusava-se a retornar ao Brasil “pelos fundos”, ou seja, pela fronteira gaúcha, com a condição de viver internado em São Borja. Pretendia descer no Rio de Janeiro e, só então, ir para o Sul. Inicialmente, descartava a hipótese de um retorno enquanto a maioria dos outros exilados não pudesse voltar. Nos últimos meses de vida, Goulart procurava saber se poderia retornar ao Brasil. Morreu com a garantia de que não poderia.

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Um comentário:

  1. Parabéns pela postagem. "Jango" foi o último dos governos populistas. Suas ações voltadas para grupos populares preocuparam não só as classes dirigentes como também os militares que temiam a instalação de um governo de esquerda no país. abraços.

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