domingo, 29 de maio de 2011

“Profetas” Parte II. Rasputin.

Rasputin é uma daquelas figuras que entraram para história mais devido à ignorância dos que o cercavam e pelo oportunismo do que por méritos que fizessem a diferença para o povo da Rússia e para o Czar. Um exemplo de “profeta” dos interesses daqueles que o cercavam. O restante da história é cercada de mito na sua vida e morte.
A última Czarina da Rússia dizia que Rasputin era uma criatura mística e dotada de poderes especiais. O monge LLiodor, seu inimigo, chamava-o de “diabo santo”. E o embaixador francês em Moscou Mauricie Paléologue, descrevia-o para o seu governo como uma pessoa “elogiada por muitos, maldita por outros tantos, mas temida por todos”.

Rasputin ladeado pelo Coronel Loman, á esquerda, e pelo Príncipe Putjanin.

Quem era, afinal Grigori Lefimovitch, mais conhecido como Rasputin por causa da aldeia onde nascerá, Pokrovskoye, cujo nome original era Padkino Rasputje.
Uma analise apurada de toda a documentação que ficou sobre sua vida mostra que Rasputin não era uma pessoa de bons costumes por assim disser, mas embora não se pudesse afirmar que fosse mal, estava mais pra um oportunista; tinha seus hábitos libertinos, o que mostra que ao contrario do que muitos demagogos afirmam não era nenhum santo. Era um homem exuberante, dotado de qualidades, mas tinha também muitas fraquezas, pois aqueles que o conheciam pessoalmente afirmavam ele ser cheio de contradições intimas. Acabou encontrando-se em um ambiente particular em um momento também particular da história de seu país, sem estar preparado para a ambas as situações”.
De qualquer modo, acreditavam que possui-se qualidades incomuns. Uma delas era supostamente ser capaz de prever o futuro. Rasputin teria previsto a própria morte, o extermínio da família imperial russa, o segundo conflito mundial e muitos outros acontecimentos.

Rasputin nasceu em 1872 e logo começou a trabalhar com o pai que era carroceiro.
Aos 22 anos afirmava que teve o que chamou de “uma visão divina“. Enquanto estava arando um campo, ouviu a suas costas um canto angelical e ao virar-se viu uma figura de Nossa Senhora, acompanhada por um grande número de anjos. “Foi como um aviso”, comentaria anos depois porque acabou se encaminhado para a vida religiosa.

Rasputin com o Bispo Hermogen, no centro, e o monge LLiodor.

Passado algum tempo, Rasputin travou conhecimento com o noviço Mileti Saborovsky, estudante da academia eclesiástica que lhe pedira para levá-lo ao mosteiro de Werchoturje. Durante a viagem os dois jovens falaram muito sobre a “verdadeira fé em Deus”, chegados ao mosteiro, o seminarista acabou por convencer Rasputin a não retornar, ficando em companhia dos monges. Foi uma longa estada, durante a qual Rasputin teve contato com muitos monges que para lá eram enviados para serem “purificados”, uma vez que haviam sofrido desvios heréticos”.
No fim desse período ele começa a missão do camponês siberiano. Viaja de aldeia em aldeia, “prega”, “abençoa”, “conforta”. As pessoas começam então a falar desse religioso que se dedica a consolar os humildes e, na transmissão oral dessas notícias, a realidade ganha os retoques da fantasia. Os relatos dizem que possui poderes excepcionais, que é capaz de curar os doentes, que seus olhos possuem “um fascínio angélico e ao mesmo tempo diabólico”.
Essas histórias chegam até a aristocracia russa que o descreve “como um homem inquieto, como se procurasse alguma coisa. Tem voz rouca, o comportamento rude dos camponeses e mãos cheias de calos. Fala sobre temas religiosos e místicos com entusiasmo invulgar. E com entusiasmo igual discorre sobre as fraquezas humanas.” Em pouco tempo torna-se um dos favoritos da elite russa de então, e com o sucesso melhoram suas condições econômicas.

Rasputin entre seus seguidores e seguidoras.

Seu poder, entretanto, alcança um ponto ainda mais alto quando consegue supostamente “curar” o herdeiro do czar. O Príncipe Alexei era hemofílico, que ficou ferido ao brincar no jardim. Rasputin foi chamado pela própria czarina, passou a mão sobre o menino em oração e o mesmo sarou rapidamente.

Depois de algum tempo, os conselheiros do czar decidiram sugerir ao soberano que afastasse Rasputin da corte. Estavam surgindo muitos rumores estranhos a respeito desse personagem misterioso. O Czar Nicolau II acabou cedendo e ofereceu a Novykh (como Rasputin era chamado na corte) a soma de 200 000 rublos, uma importância enorme para a época, com a condição de deixar a corte e ir para uma aldeia bem afastada da capital. Mas Rasputin recusou. O czar então usou outros meios para afastar o “vidente” e Rasputin, ao deixar a capital, aparentemente amaldiçoa o czaréviche ( Alexei, o hemofílico herdeiro do trono), dizendo que o mesmo ficaria novamente gravemente doente se o czar o afastasse de São Petersburgo.

E foi o que ocorreu. Mas se foi pela maldição tenho dúvidas, pois o mesmo era portador de uma doença grave até para a atualidade, então as chances de voltar a ficar doente novamente eram grandes, questão de oportunismo de Rasputin.

A czarina manda buscar o vidente e este, depois de conseguir novamente a “cura” do príncipe herdeiro, instala-se definitivamente na corte imperial.
Em sua nova fase, atinge o nível máximo de poder quando consegue nomear Sturmer ministro. Nessa época, contam os biógrafos, o czar já não tomava nenhuma decisão importante sem antes consultar Rasputin, o que começou a incomodar tanto os conselheiros imperiais quanto outros membros da aristocracia.

Rasputin ainda convalescente, depois de ter sido atacado a faca por uma prostituta convencida a fazê-lo pelo monge LLiodor. Neste atentado, o "profeta" quase morreu.

Um destes, o Príncipe Felix Yussupov, organizou uma conspiração contra Rasputin com a colaboração contra Rasputin com a colaboração do Grão-Duque Dimitri Pavlovitch – conspiração destinada a ter um resultado melhor que a tentativa já feita anteriormente pelo monge LLiodor, dois anos antes, quando levou a prostituta Kionya a esfaquear o “vidente”, convencida de estava matando o Anticristo.

O relato que segue possui diversas versões, mas mesmo as mais sutis demonstram que beira mais o mito do que a realidade. Preenchendo os requisitos para a criação de um grande final para o “profeta” ou “vidente” Rasputin.

O Príncipe Yussupov convidou Rasputin para seu palácio, onde lhe ofereceu doces de chocolate recheados de cianeto e vinho ao qual também havia sido adicionado esse veneno. Rasputin comeu e bebeu em grande quantidade, mas não deu nenhum sinal de envenenamento, o que perturbou os conspiradores. O Príncipe, então, passou a tocar guitarra, conseguindo que Rasputin dormisse, e aproveitou esse estado para lhe disparar um tiro no coração, com o fim de “abreviar sua agonia”. Algum tempo depois, quando o príncipe e seus aliados voltaram para se livrar do corpo do “vidente”, foram surpreendidos por um quadro apavorante. Rasputin, coberto de sangue, dirigia-se vacilante para a porta de saída. No momento, ninguém teve a coragem de impedi-lo, mas depois foi alcançado ainda no jardim e novamente alvejado por numerosos disparos. Seu corpo, então, foi lançado no rio Neva. Dois dias depois, ao cadáver de Rasputin reapareceu à superfície do rio, com as mãos e os pés amarrados, tendo a perícia policial registrado que “Grigori Lefimovitch vulgo Rasputin, havia sido jogado no rio ainda vivo”.

A última página da vida desse personagem enigmático e, sob alguns aspectos, excepcional veio para alguns confirmar seus dons sobrenaturais. Para outros, foi certamente a grande resistência física de Rasputin a responsável por esses fatos.

Você quer saber mais?

BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda, 1985.

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