terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Luteranos e a Maçonaria. Posicionamento oficial!



Luteranos e a Maçonaria. Imagem: Construindo História Hoje.

O tema “Maçonaria” de tempos em tempos volta a ocupar a atenção das igrejas e o interesse do mundo.
  • Que é a maçonaria?
  • Quais são seus objetivos e propósitos?
  • Há incompatibilidade entre a igreja e a maçonaria?
Os motivos que acordaram tais perguntas são vários. Da parte das igrejas foi o movimento ecumênico, um maior aconchego das denominações cristãs entre si, bem como a aproximação do cristianismo com as religiões, na tentativa de unir todas as forças vivas do mundo para uma luta mais decisiva em prol da paz mundial, da fraternidade e da justiça social. Nesse esforço comum, houve também, por parte dos maçons, maior abertura. Eles dão a conhecer publicamente os nomes de seus dirigentes e integrantes, chamam atenção para suas reuniões, destacam suas realizações na área social e combatem as acusações e incriminações que vêm sofrendo.

Nesse diálogo, as igrejas cristãs ouvem da parte dos maçons argumentações de que não são uma organização secreta, não são religião nem substitutivo para a religião; antes favorecem os verdadeiros princípios religiosos, lutam pelo aperfeiçoamento moral do indivíduo e da humanidade, promovem a união e a paz, amam a liberdade, praticam a caridade e a tolerância.


Jesus Cristo. Imagem: IELB.

Diante dessa nova situação, as igrejas cristãs, especialmente as que condenavam a maçonaria não permitindo que seus membros pertencessem a ela, são convidados a reexaminar sua posição.

Que é a Maçonaria? 

Ouçamos o que os próprios maçons dizem a seu respeito:

“A maçonaria é uma união de homens que busca, por uma união fraternal e através de ações e rituais honrados, o aperfeiçoamento e enobrecimento da pessoa.”11 Mais: “A maçonaria é o último dos grandes sistemas de uniões de homens com o alvo do aperfeiçoamento ético e moral de seus associados.”12 Por fim, ela é “uma união secreta, que tange o laço da fraternidade em torno de homens livres e honrados, laço que é mais forte e alto do que as uniões profissionais, patrióticas, nacionais ou religiosas.”13

A partir destas fontes, pode-se chegar à seguinte definição: A maçonaria é uma entidade fechada (outros preferem o termo secreta, com o que alguns maçons não concordam), que congrega homens de todas as raças e credos religiosos e políticos, que afirmam buscar a verdadeira luz, ou a verdade. Seus membros não precisam ser necessariamente ricos, mas terem o suficiente para o seu sustento e de seus familiares e possam socorrer outros, numa união fraternal, que excede os laços políticos, nacionais e religiosos.

A maçonaria se divide em dois grupos:

(1) os regulares, que se destacam pelos seguintes princípios: Não admitem mulheres em suas reuniões; exigem que seus integrantes creiam em um ser superior (a quem chamam de Supremo Arquiteto); não permitem em suas reuniões disputas religiosas confessionais ou discussões sobre política;

(2) os irregulares, divididos entre si, destacam-se por alguns princípios: admitem mulheres e ateus declarados, ou até os que professam certos credos; admitem discussões sobre religião e política; seu livro é um livro com páginas em branco.
Objetivo dos Maçons
Os maçons afirmam: “O verdadeiro objetivo da maçonaria pode resumir-se nestas palavras: desfazer nos homens os preconceitos de casta, as convencionais distinções de cor, origem, opinião e nacionalidades, aniquilar o fanatismo e a superstição, extirpar os ódios de raças e com eles o açoite da guerra; em uma palavra, chegar pelo livre e pacífico progresso a uma fórmula e modelo de terna e universal justiça, segundo a qual todo ser humano possa desenvolver livremente as faculdades de que esteja dotado e possa vir a concorrer cordialmente e com todas as forças para a comum felicidade dos seres humanos, de sorte que a humanidade venha a ser uma só família de irmãos unidos pelo afeto, cultura e trabalho.”14

A maçonaria “trabalha para o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade. Daí seu lema: ciência, justiça e trabalho. Seu objetivo é a investigação da verdade, o exame da moral e da prática de virtudes.15

Que querem os maçons?

“Eles querem aperfeiçoar o homem moralmente. Seus princípios básicos são: Liberdade, Tolerância e Fraternidade.”16 O quanto é possível julgar, a maçonaria afirma ter o propósito de lutar pelo aperfeiçoamento ético do homem e da humanidade. Combater o fanatismo e promover a união da humanidade. Que significa isto? Se querem melhorar o indivíduo e a humanidade, porque mulheres e crianças e as classes menos favorecidas são excluídas? Não deveria a educação moral atingir todos e isso desde o berço? Os maçons querem desfazer todos os preconceitos e classes que dividem a humanidade, mas eles próprios iniciam esse trabalho formando preconceitos, criando uma classe distinta e das mais fechadas que existe. Se querem promover uma união e lutar contra o fanatismo, perguntamos: o que é fanatismo? Confessar a verdade religiosa com confissão clara é fanatismo? Voltaremos a estas perguntas mais adiante.

Ritos e Símbolos dos Maçons

A maçonaria não possui uma base espiritual contida em palavras ou formulada em doutrina. Procuram alcançar seus objetivos éticos pelo galgar de graus, por ritos e símbolos que, em sua maioria, foram extraídos do ofício de pedreiro, visto que a maçonaria representa figurativamente a arte de construir.

Uma explicação bem popular diz que “a base espiritual dos maçons não se representa em primeira linha em palavras, mas por símbolos que foram tomados das profissões dos arquitetos, já que eles representam simbolicamente a arte de construir. A simbólica dos maçons consiste em atos simbólicos e rituais.

Aos símbolos pertencem: A Bíblia (que em outros países pode ser substituída pelo livro religioso em vigor, ex.: O Alcorão. Os maçons irregulares não aceitam a Bíblia, mas colocam em seu lugar um livro com todas suas páginas em branco), o esquadro, o compasso, o martelo, a colher de pedreiro, a mesa de trabalho; e os que dirigem o trabalho devem estar aparamentados com luvas brancas e avental.17

Albuquerque diz que “a maçonaria é ciência velada por alegorias e ilustrada por símbolos. Simbolismo é alma e vida da maçonaria; nasceu com ela, ou melhor, é o germe de que brotou a árvore da maçonaria e que ainda a nutre e anima.18 Conclui dizendo que “os símbolos maçônicos, derivados dos símbolos primitivos, foram aplicados à arte de construir desde a origem dessa mesma arte.”19

Os graus inicialmente eram três: aprendiz, companheiro e mestre. Algumas lojas permanecem com estes três; outras têm mais, chegando até 33 graus e acima. Por ritos entendem o correto desenvolvimento das ações culturais, que têm como centro o homem ao qual visam aperfeiçoar e enobrecer. Sobre o significado dos símbolos, Rolf Appel, líder da Grande Loja alemã de Hamburgo, Alemanha, escreve: “os símbolos maçons fogem a uma interpretação racional e lógica. Têm muitos sentidos - por isso são inesgotáveis - eternos e inacessíveis à experiência. O trabalho no templo simboliza tanto o trabalho no seu próprio aperfeiçoamento, como o aperfeiçoamento moral do mundo. A pedra simboliza a imperfeição; nela o aprendiz deve labutar para seu aperfeiçoamento.20

Diante desse quadro surgem várias perguntas. É possível haver uma união fraternal que sem dogma e uma base doutrinária possa alcançar a edificação moral? Até hoje esta pergunta parece não ter sido respondida pelos maçons.21 Seria o seu segredo a grande força de sua união? E qual seria esse segredo? Como se observa, tanto em seus objetivos como a respeito dos meios para alcançá-los por ritos e símbolos, há grandes incógnitas. Os maçons o explicam, afirmando que as forças destes ritos são inexplicáveis, só podem ser conhecidos pela experiência, ou seja, para conhecer seu significado a pessoa precisa tornar-se maçom.
O Segredo dos Maçons
Por muitos séculos os maçons foram acusados de serem uma organização secreta. A história o confirma.

O manto do silêncio os envolveu por muito tempo e ainda envolve muitas coisas dos maçons. Os maçons contestam essa afirmação, dizendo que não possuem segredos, mas cultivam a virtude do silêncio. Vejamos o que eles afirmam:

“o chamado segredo maçônico é justamente o ponto sobre o que mais se tem especulado e no qual se baseiam os que condenam nossa Ordem Augusta. Não compreendendo a sua verdadeira razão, ou seja, o caráter espiritual, iniciático e construtivo desse segredo, não querem ver no mesmo mais do que um pretexto para fins execráveis ou, pelo menos, tais que não podem ser confessados publicamente por temor da luz do dia.”22

“Cada um que se ocupa com a maçonaria, percebe que há um segredo, que já por séculos une os maçons. Esse segredo está nos rituais que agem sobre eles e desprendem forças na alma de seus participantes para benefícios próprios e dos que os cercam. Estes segredos não podem ser desvendados, mas são vividos e experimentados na alma... Por isso num dos manuais da maçonaria de 1863 consta: A maçonaria não tem segredos, mas é um segredo.”23

“Calar é para os maçons uma virtude, que deve agir para educar. Isto se refere ao ritual, às conversas íntimas de irmãos, à informação sobre irmãos. Ela é antes uma contra-ofensiva à exagerada verbosidade de nosso tempo.24

O segredo dos maçons é a vivência pessoal. Este é um fator indispensável, como relata um mestre maçom:

“Eu sabia como tudo iria acontecer. Mas quando estava no meio de meus irmãos, e meus olhos foram desvendados, fui comovido em meu íntimo. As lágrimas me vieram aos olhos. Isto posso relatar quantas vezes quiserem e não compreenderão o que senti neste momento. Nem mesmo eu o posso exprimir em palavras. São sentimentos que só se pode experimentar e não descrever, como a ordenação de um sacerdote, a confirmação, o casamento, o ser mãe pela primeira vez. Nestes momentos há sentimentos indescritíveis. O segredo da maçonaria é a vivência."25

Respondendo à pergunta se a maçonaria é uma sociedade secreta, um manual seu diz: “Não, pela simples razão de sua existência, pois é amplamente conhecida. As autoridades de vários países lhe concedem personalidade jurídica. Seus fins são amplamente difundidos em dicionários, enciclopédias, livros de histórias, etc. O único segredo que existe, e não se conhece senão por meio do ingresso na instituição, são os meios para se reconhecer os maçons entre si, em qualquer parte do mundo e o modo de interpretar seus símbolos e os seus ensinamentos neles contidos.”26

Afirma Salomão: “Há tempo de estar calado, e tempo de falar” (Ec 3.7). Tudo tem sua razão e seu motivo. Se é para falar o mal, calar é ouro, se deixo de falar o bem, calar é pecado. “Quem não me confessar diante dos homens,” diz Jesus, “também não o confessarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10.32). Assim o calar é uma virtude somente quando usado para evitar o mal.

Há segredos militares que visam o bem da pátria. Mas por que vamos esconder o bem? Se a doutrina dos maçons visa o bem e tem este poder, por que calar? Qual o motivo de calar dos maçons? Eis a incógnita, que permanece não respondida, apesar de toda a apologética maçônica.27 Boaventura Kloppenburg afirma que “a Maçonaria não é apenas uma sociedade discreta, mas secreta, no sentido próprio e usual da palavra.”28
A Maçonaria é Religião?

A maçonaria afirma categoricamente não ser religião, nem substitutivo para a religião. Os maçons não são contra a religião, antes, especialmente os regulares, exigem que seus filiados acreditem em um ser superior. Ouçamos o que afirmam.

Lê-se no primeiro Artigo da Constituição de Anderson: “por seu compromisso, o maçom é obrigado a obedecer à lei moral, e, se devidamente compreende a Arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso. Porém, embora nos tempos antigos os maçons fossem obrigados a pertencer à religião dominante em seu país, qualquer que fosse, considera-se hoje muito mais conveniente obrigá-los apenas a professarem aquela religião que todo o homem aceita, deixando cada um livre em suas opiniões individuais, isto é, devem ser homens probos e retos, de honra e honradez, qualquer que seja o credo, a denominação que o designa. Deste modo, a maçonaria é o centro de união e o meio de conciliar a verdadeira fraternidade entre pessoas que teriam permanecido perpetuamente separadas."29

A maçonaria é uma religião? Muitos maçons afirmam que não.

Dizem: A maçonaria não é uma religião, mas uma sociedade que tem por objetivo unir os homens entre si. União recíproca, no sentido mais amplo e elevado do termo. E nesse seu esforço de união dos homens, admite em seu seio as pessoas de todos os credos religiosos, sem nenhuma distinção. Mas há controvérsia. Outros maçons afirmam ser a maçonaria uma instituição religiosa “porque reconhece a existência de um único princípio criador, regulador absoluto, supremo e infinito, ao qual se dá o nome de Grande Arquiteto do Universo, porque é uma entidade espiritualista em contraposição ao predomínio do materialismo. Estes fatores que são essenciais e indispensáveis para a interpretação verdadeiramente religiosa e lógica do Universo, formam a base de sustentação e as grandes diretrizes de toda a ideologia e atividade maçônica.”30 Haack contesta: “Os maçons de nossos dias nada têm a ver com religião. Mas por ter crescido em terra cristã, nota-se em muitas partes contatos no campo da ética.”31 Ou, então: “ela compromete o maçom só com aquela religião com a qual todos os homens concordam e deixa a cargo de cada indivíduo suas convicções especiais.”32

Em contraposição à religião, todo o esforço dos maçons concentra-se na vida nesta terra; não se refere à eternidade: não realizam cultos e sua grande diferença em relação à religião é não possuir uma doutrina salvífica. Assim também o jesuíta Michel Diereck reconheceu que a maçonaria não é religião, mas um estilo de vida e não possui um dogma escrito, mas regras de vida.”33 No ritual fúnebre da maçonaria fica expresso que pelo avental depositado na sepultura, os maçons são “lembrados da pureza e conduta da vida tão essenciais para ser admitido na Loja Celestial lá do alto, onde o Supremo Arquiteto do Universo reina em eterno esplendor.”34

Como se vê, os maçons negam serem religião ou substitutivo para ela. Ao mesmo tempo afirmam serem religiosos e por isso possuem ritos cultuais. Negam que aspiram ser uma religião que una a todos; ao mesmo tempo afirmam combater o fanatismo, tirarem de cada religião as verdades universais e lutarem por uma união. Possuem o seu deus, se bem ser-lhes o mesmo desconhecido. Dão-lhe o nome de Grande Arquiteto do Universo – G.A.D.U.35 Iniciam suas reuniões em nome desse Arquiteto. Cultuam esse deus não por ensinamentos dogmáticos, mas por ritos simbólicos. Têm seus próprios ritos funerais.

Se a religião se ocupa com a relação do homem com Deus, então a maçonaria é religião. Pretendem ser uma religião que toda a pessoa possa aceitar. Portanto uma religião segundo a carne, que não aceita as coisas do Espírito de Deus. São religião tolerante, tão em moda em nosso tempo de ecumenismo, cujo denominador comum é: “União na diversidade e aceitar a verdade de cada um, pela tolerância.” Dentro de seu princípio de tolerância, usam o livro religioso mais em voga na localidade, mas na verdade não aceitam nenhum, pois têm sua própria concepção das coisas.

Bem afirmou um líder maçônico: “Nós só aceitamos “procuradores”, não aceitamos “achados” em nossas fileiras. Quem deseja ser um maçom o percebe primeiramente em seu interior, então confia-se a um amigo.”

Assim consta num antigo documento maçom. Esta frase espelha a verdadeira índole maçônica. Maçons são pessoas que procuram a verdade. São eternos procuradores. Procuram a verdade, a justiça e o aperfeiçoamento. Em tudo isso, seus olhos não estão voltados para a eternidade, nem atentos à voz de sua razão. Realmente é uma religião pobre e vazia. Falam em Deus, mas não o conhecem. Veneram um deus mudo que não lhes fala. Confiam em suas próprias obras, julgando que por elas são aceitos pelo deus desconhecido na eternidade. Como não possuem uma verdade expressa, aceitam de certa forma qualquer religiosidade, desde que concorde com seus princípios. Mas, no confronto com a verdade revelada do verdadeiro Deus, a rejeitam.Chamam o apegar-se à verdade divina, revelada na Escritura, de fanatismo e a combatem, revelando assim a índole da natureza humana que não aceita as coisas do Espírito de Deus (2Co 2.14). Reúnem pessoas que buscam a verdade e a paz, por não a terem encontrado nas religiões existentes.

 Luteranos e a Maçonaria

Diante do que vimos sobre a maçonaria, especialmente as afirmações de que o maçom é um eterno procurador da verdade, que luta pelo aperfeiçoamento moral da pessoa e julga ser capaz disso, queremos mostrar porque um cristão convicto, especialmente o cristão luterano, não se filia à maçonaria, e porque um maçom, ao abraçar a fé cristã, não permanecerá na maçonaria. As razões o poeta sacro expressou assim: “Achei o eterno fundamento, em que minha âncora firmar; é Cristo e seu atroz tormento. Eterno, prévio à terra e mar, nem mesmo irá estremecer, quando o universo perecer.”36