sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sem essa de Halloween, hoje é o dia do Saci!


Pioneiro na criação de sacis, município paulista de Botucatu encontrou uma maneira divertida de lidar com o mito brasileiro.

Neste 31 de outubro, muitas cidades brasileiras comemoram o Halloween. A festa, originária da cultura celta, veio parar no Brasil por influência principalmente dos Estados Unidos. Muitos brasileiros, entretanto, ficam arrepiados só de pensar nisso. Não pelas típicas bruxas e abóboras iluminadas, mas porque eles acreditam que os mitos brasileiros são tão ou mais ricos do que os importados, como é o caso do nacionalmente conhecido saci-pererê.

O Brasil tem até mesmo um projeto de lei para transformar a data em “Dia do Saci e seus Amigos”. Uma das associações mais atuantes na defesa da personagem é a Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci), de São Luiz do Paraitinga (SP). Mas foi outra cidade paulista, Botucatu, situada na região das “cuestas”, a pioneira na criação. A Associação Nacional dos Criadores de Sacis (ANCS) existe desde 1981 e conta com cerca de 100 associados.

Muita gente deixou de acreditar em saci – personagem imaginário do interior do Brasil, ora visível, ora invisível. Virou coisa do passado. Mas, na região de Botucatu, interior de São Paulo, eles voltaram a aparecer – com pito no canto da boca e carapuça vermelha. Dar nó em crina de cavalo, bagunçar as roupas estendidas no varal, sumir com óculos e ferramentas, coalhar o leite e desandar o doce são suas estripulias prediletas. E tudo culpa do engenheiro José Oswaldo Guimarães, 39 anos, que foi buscar dois casais de sacis em Itajubá, sul de Minas Gerais, e obteve permissão para “criá-los” no sítio de um amigo. “Os sacis andavam sumidos de Botucatu por causa do desenvolvimento. Com a urbanização e a luz elétrica, muitos morreram ou fugiram. Eles odeiam a claridade”, explica Guimarães, sério como se criar sacis fosse a coisa mais normal do mundo. Para ele, de fato é. Guimarães preside a curiosa Associação Nacional dos Criadores de Saci. Fundada há dez anos, com sede em Botucatu, tem o objetivo de resgatar o hábito de contar histórias.


“Quando o trabalho começou houve uma série de resistência”, diz o presidente da associação, José Oswaldo Guimarães, um gerente de telecomunicações que está com os criadores desde o começo. “Hoje, o saci tem movimentado a economia rural da cidade”, explica. Para quem não sabe, o saci é um animalzinho, um pequeno primata da fauna brasileira que estava quase em extinção, sobretudo na em Botucatu, quando Oswaldo soube que ainda havia animais vivendo na região de Itajubá (MG). Ele foi até lá e, a muito custo, conseguiu levar dois casais dos bichinhos para serem criados livremente nas matas botucatuenses.

 “Ele fica solto nas matas e reservas de Botucatu para que não haja uma visitação intensa ao local”, explica Oswaldo, temendo o risco que um turismo desenfreado possa trazer aos animais. A estratégia deu certo e hoje Botucatu tem 60 animais recenseados, o que tem provocado uma pequena transformação na economia da cidade, cuja produção agrícola está baseadas nas plantações de laranja, na silvicultura e na pecuária. “Muitas pessoas estão investindo em suas chácaras e sítios para tornar os ambientes propícios ao saci”, diz Oswaldo. Tanto, que, desde 2001, sempre no mês de outubro, a Secretaria de Turismo da cidade realiza o “Festival do Saci”.

Oswaldo acha perfeitamente natural que o saci seja conhecido como um menino negro de capuz vermelho e uma perna só. “Houve uma série de mudanças, o próprio mito vai recebendo informações”, diz. “O povo negro, grande contador de histórias, acrescentou elementos à personagem, uma figura que zombava dos brancos e era totalmente livre”, explica.


A associação não gosta muito da ideia de sobrepor o mito brasileiro ao norte-americano. “Acaba reforçando o dia do Hallowen e nós achamos que essa energia deveria ser canalizada para fortalecer o mito do saci. Eu não consigo fazer um movimento que seja contra outra cultura, mas acho que nós temos mitos muito mais legais que o Hallowen”, diz.

Quem quiser uma prova viva, pode dar um pulo em Botucatu. “A probabilidade de ver o bichinho é grande, mas a pessoa também pode não ver, e digo isso para não passar por mentiroso”, acrescenta Oswaldo. Mentira que, em se tratando de mitos, confunde-se com a própria imaginação.

Para Guimarães, criar saci significa divulgar os “causos” e atuar para manter acesas tradições como essa. “Mais do que criar o saci na mata, queremos criá-lo na imaginação das pessoas”, explica. “Quando não havia luz elétrica e a maioria da população morava na roça, muita gente criava saci. Os contadores de histórias eram os ídolos da meninada. Talvez o racionamento de energia ajude nossa causa”, diz. Para ele, a tevê é uma das maiores responsáveis pela extinção dos sacis. O horário das histórias se transformou no horário da novela. “Já não existem figuras como Tio Barnabé”, resume Guimarães. No Sítio do pica-pau amarelo, de Monteiro Lobato, Tio Barnabé é o velho matuto que ensina Pedrinho a capturar o negrinho de uma perna só: “Arranja-se uma peneira de cruzeta, dessas com duas taquaras mais largas que se cruzam bem no meio e servem de reforço, e fica-se esperando um dia de vento forte em que haja rodamoinho de poeira e folhas secas. Chegada essa ocasião, vai-se com todo o cuidado para o rodamoinho e zaz! – joga-se a peneira em cima. Em todos os rodamoinhos há saci dentro”, garante o velho.

Lobato é considerado o maior “sacizólogo” do País. Em 1917, antes mesmo de inventar o Sítio, incentivou os leitores do jornal O Estado de S.Paulo a enviar “causos” à redação. O resultado foi a publicação do livro O sacy-pererê – resultado de um inquérito. Para o pai de Emília e Tia Nastácia, os sacis nascem em bambuzais, vivem 77 anos, têm um furo na palma da mão e, quando morrem, se transformam em orelhas-de-pau. Os sacis imaginados por José Oswaldo Guimarães são diferentes. Primatas de pele escura, parecidos com o homem, eles atingem um metro e meio de altura e têm uma penugem cor de fogo na cabeça, parecida com um gorro. “O cachimbo também não passa de um pedaço de bambu que eles gostam de mastigar”, explica

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Winston Churchill, uma breve biografia.


Winston Chuschill (1874-1965) foi político britânico. Foi ministro da Guerra e ministro da Aeronáutica. Foi Primeiro-Ministro inglês. Foi também jornalista e escritor. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura e a cidadania honorária dos Estados Unidos. Nasceu no condado de Oxfordshire, Inglaterra, no dia 30 de novembro de 1874. Filho do político Lord Randolph Churchill e de Jenny Jerome, filha do proprietário do jornal americano New York Times. Foi aluno do Harrow Scholl. Em 1893 ingressa na Academia Militar de Sandhurst. Considerado oficial brilhante, se forma em 1895, ano da morte de seu pai.

Depois de formado, pede licença do exército e viaja para Cuba, onde trabalha como correspondente do Daily Graphic, durante a insurreição local contra a Espanha. De volta ao exército, participa de uma série de operações militares na Índia, na repressão de tribos que se rebelavam contra o domínio inglês.

Winston Churchill vai para o Sudão, em 1899, como oficial da 21ª Divisão de Lanceiros e correspondente do Morning Post, na luta contra o Reino dos Dervixes, federação religiosa que se opunha aos britânicos. De volta à Inglaterra, candidata-se a deputado pelo distrito de Oldham e perde as eleições.

No mesmo ano, Churchill retorna às atividades jornalísticas, seguindo para a África do Sul, onde cai prisioneiro dos bôeres, colonos holandeses que entraram em guerra contra a Inglaterra. Depois de uma fuga cheia de peripécias, os bôeres põem sua cabeça a prêmio mas, Winston consegue atingir as linhas britânicas.

Em 1900, elege-se para a Câmara dos Comuns, como deputado do Partido conservador. Em pouco tempo é nomeado subsecretário das Colônias britânicas. Em 1911, é nomeado Primeiro Lord do Almirantado, ou seja é o comandante supremo da Marinha. Logo moderniza a esquadra inglesa mas, entra em choque com a opinião dos demais membros do gabinete, sobre as estratégias da Inglaterra na I Guerra Mundial. Em 1915 renuncia o posto de comandante.

Winston Churchill, em 1915, apresenta-se como voluntário e serve como oficial no front francês. De volta à Inglaterra, retorna à Câmara dos Comuns. Em 1918 terminada a I Guerra Mundial, depois de um saldo de 750 mil mortos, movimentos de independência surgem em várias colônias britânicas.

Com a invasão da Polônia, em 1939, pelas forças de Hitler, a França e a Inglaterra declaram guerra à Alemanha. Logo, Churchill entra para o Gabinete de guerra, voltando ao comando supremo da Marinha.

No dia 10 de maio de 1940, assume o cargo de Primeiro-Ministro. Em seu discurso, diante dos comuns, pronuncia a frase que se tornaria famosa: "Nada tenho a oferecer senão sangue e trabalho, suor e lágrimas". Winston Leonard Spencer Churchill faleceu em Londres, no dia 24 de janeiro de 1965.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A Dinastia Persa Aquemênida


Dinastia Aquemênida.

A dinastia Aquemênida (em persa antigo: Hakhāmanishiya) governou o primeiro Império Persa  (559 - 330 a.C.) que por causa disso é chamado também de Império Aquemênida (em persa Emperâturi-ye Hakhâmaneshi). Sua linhagem remonta ao rei Aquêmenes (Haxāmanish) que governou a Pérsia entre  705 e 675 a.C. Os Aquemênidas alcançaram o domínio do Oriente Médio sob o governo de Ciro II da Pérsia, bisneto de Aquêmenes, quando este subjugou a Média e todas as outras tribos arianas da área do atual Irã conquistando em seguida a Lídia, a Síria, a Babilônia, a Palestina, a Armênia e o Turquestão, fundando o Império Persa.  Abaixo, genealogia dos Aquemênidas preparada por Ignacio Seligra Abella.

As conquistas foram levadas adiante por seu filho Cambises II, que conquistou o Egito, e Dario I, que expandiu o poderio persa até a Europa, conquistando a Trácia e consolidando seu poder na Anatólia formando o maior império que o mundo de então tinha visto. No auge de seu poder, os Aquemênidas governavam um império que abrangia cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados ao longo de três continentes: Ásia, África e Europa. Em 480 a.C., estima-se que 50 milhões de pessoas viviam no Império Aquemênida ou cerca de 44% da população mundial na época. Abaixo, mapa do Império Persa sob os Aquemênidas em sua máxima expansão.


Máximo avanço do Império Persa. 

Os governantes aquemênidas caracterizaram sua administração pela tolerância com as diferentes culturas e religiões dos povos conquistados, gerando uma lealdade sem precedentes entre seus súditos. Deve se levar em conta o tratamento terrível que os assírios e babilônios (antecessores dos persas) davam aos povos conquistados, incluindo deportações em massa. Também construíram estradas ligando as principais cidades e um sistema de correios eficiente. As estradas também se destinavam ao comércio do Egito e da Europa com a Índia e a China, do qual a Pérsia muito se beneficiou.


Rede de estradas reais do Império Aquemênida

Após a tentativa frustrada de Dario de conquistar a Grécia, o Império Aquemênida começou a declinar. Décadas de golpes, revoltas e assassinatos enfraqueceram o poder da dinastia, embora o império continuasse relativamente poderoso.  Em 333 a.C., os persas não suportaram as incursões e ataques do rei macedônio Alexandre, o Grande. Sendo assim, em 330 a.C., o último rei aquemênida, Dario III, foi assassinado por um de seus sátrapas, Besso, e o primeiro Império Persa caiu em mãos dos gregos e macedônios. Abaixo mosaico que retrata a Batalha de Isso (333 a.C.) uma das que fizeram parte da queda do Império Aquemênida.

Legado

Na história do antigo Oriente Próximo, o Império Aquemênida tem um lugar especial. Ele deixou uma impressão duradoura sobre a herança e a identidade cultural da Ásia e do Oriente Médio, e influenciou o desenvolvimento e a estrutura de vários impérios posteriores. Sob o reinado dos Aquemênidas estiveram reunidos diversos países e povos entre o Indo e o Mar Egeu. Reinos anteriores desapareceram terminantemente, substituídos pela organização administrativa do Império Aquemênida que por sua vez preservara as tradições dos povos conquistados e as refundiu em um novo conjunto através da introdução de uma nova ideologia, como mostrado em particular na arte aquemênida ou em certas tradições administrativas. No entanto, a extrema diversidade dos povos dentro do império torna difícil uma visão precisa da natureza exata da influência do poder real sobre as nações que o compunham. Sua estrutura governamental e composição étnica multifacetada pode ter dificultado a sua transformação em um Estado-nação gerando uma falta de unidade maior e consolidada.


Representação de indianos trazendo tributo ao Grande Rei

Esta eventual fraqueza permitiu aos gregos e macedônios levarem seus ataques contra o Império Persa. Alexandre, o Grande, derrotou os persas, mas tomou parte do modelo aquemênida reivindicando ser sucessor do rei Dario III, o que atrai a oposição da nobreza macedônia, que não consegue manter unificado o império de Alexandre, após a sua expedição à Índia e falecimento na Babilônia. A criação de grandes reinos helenísticos (gregos) que se seguiram na região é, em parte, devido a continuidade da prática aquemênida. Os gregos e, mais tarde, os romanos adotaram o que consideravam os melhores aspectos do método com que os persas governavam seu império, em especial a partição em províncias (inspiradas na satrápia aquemênida). Alguns reis helenísticos incluem até mesmo na sua corte as práticas sociais dos persas para criar uma cultura comum com os nobres do país conquistado. O legado da construção política aquemênida se reflete em seus impérios sucessivos, incluindo o selêucida e o parto, embora a abordagem pragmática e flexível, característica do domínio aquemênida, seja de difícil restauração uma vez que as dinastias que o sucedem lutam para se sustentar interna e externamente.


Os reinos helenísticos que sucederam ao Império Aquemênida

As dinastias iranianas dos Arsácidas (partos) e dos Sassânidas (persas), ocasionalmente alegaram descendência dos Aquemênidas. Recentemente, houve alguma corroboração para a pretensão parta evidenciada numa doença hereditária (neurofibromatose), demonstrada através das descrições físicas dos governantes e das evidências de doenças familiares em moedas antigas. Os Aquemênidas vão encontrar seus herdeiros étnicos na dinastia persa dos Sassânidas que, no século III d.C., emerge do centro antigo do primeiro Império Persa. Eles vão se vincular aos tradicionais locais dos Aquemênida (Persépolis e Naqsh-e Rostam) através de inscrições e baixos-relevos, colocando-se na continuidade de seus antepassados ilustres. Porém, a historiografia persa sassânida bem como o período islâmico realmente não mantém a memória dos reis aquemênidas, limitado a algumas menções de Ciro ou Dario I, possivelmente para exaltar sua própria época e grandeza. Com a redescoberta dos monumentos aquemênidas por exploradores e arqueólogos europeus e, especialmente, a chegada ao poder de Reza Shah em 1925 no Irã, a memória do primeiro império persa tornou-se totalmente integrada ao patrimônio nacional iraniano moderno. Segundo o notável orientalista estadunidense Arthur Upham Pope (1881–1969),"o mundo ocidental tem uma dívida enorme a ser paga à civilização persa".

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Perguntas frequentes sobre o zoroastrismo e o Avesta


Zoroastro: Professor e reformador.

O QUE É O ZOROASTRISMO?

Uma breve visão geral

Zoroastrismo é uma religião fundada nos tempos antigos pelo profeta Zaratustra, conhecida pelos gregos como Zoroastro.

Zoroastrismo era a religião dominante no mundo durante os impérios persa (559 aC a 651 AC), e foi, assim, a mais poderosa religião do mundo na época de Jesus. Ele teve uma grande influência sobre outras religiões. Ele ainda é praticada em todo o mundo, especialmente no Irã e na Índia.

Para citar Mary Boyce,

"O profeta Zaratustra, filho de Pourushaspa, da família Spitaman, nos é conhecido principalmente a partir dos Gathas , dezessete grandes hinos que compôs e que foram fielmente preservados por sua comunidade. Estas não são obras de instrução, mas inspirado, apaixonado enunciados, muitas delas dirigidas diretamente a Deus, e sua forma poética é muito antigo, que foi rastreada (através de paralelos Norse) aos tempos indo-européia Parece ter sido associada com uma tradição mântica, isto é,. ter sido cultivado por videntes sacerdotais que procuraram expressar em palavras sublimes sua apreensão pessoal do divino, e é marcada por sutilezas de alusão, e de grande riqueza e complexidade do estilo tal poesia só pode ter sido plenamente compreendido por aqueles que aprendem.; e desde Zoroastro acreditava que ele tinha sido confiada por Deus com uma mensagem para toda a humanidade, ele também deve ter pregado uma e outra vez em palavras simples para as pessoas comuns. Seus ensinamentos foram transmitidos oralmente de sua comunidade, de geração em geração, e estavam em passado a escrito sob os sassânidas, governantes do terceiro império iraniano. A língua então falada era persa médio, também chamado de Pahlavi; e os livros Pahlavi fornecer as chaves de valor inestimável para interpretar as obscuridades magníficas do Gathas-se. "- zoroastristas, suas crenças religiosas e práticas , Londres, 1979, pg 17.


Zoroastro trazendo de volta a Luz e a lei. 

Alguns dos principais dogmas do Zoroastrismo incluem:

Deus: Ahura Mazda

O Ser Supremo é chamado de Ahura Mazda (Filipenses. Ohrmazd), que significa "Senhor Sábio". Ahura Mazda é tudo de bom, e criou o mundo e todas as coisas boas, inclusive pessoas. Ele se opõe Anghra Mainyu (Filipenses. Ahriman) , que significa "espírito destruidor", a personificação do mal e criador de todas as coisas más. A batalha cósmica entre o bem eo mal acabará por levar à destruição de todo o mal.

Profeta: Zaratustra

A religião foi fundada por Zaratustra. Sua data é incerta, mas é provavelmente algo em torno de 1200 aC. Ele viveu e pregou nas estepes asiáticas Interiores. Zaratustra recebeu suas revelações diretamente de Ahura Mazda, e de seu Arcanjos (Amesha Spentas).

Escritura: Avesta

A escritura central é o Avesta . As seções mais sagrados do Avesta são os Gathas ou hinos de Zaratustra; eles também são os mais enigmático. Literatura sagrada posterior inclui os textos Pahlavi , que contêm extensas citações e paráfrases de textos Avesta perdidos.

Credo:

O credo está resumido na Yasna 12. É provável que tenha sido composta por Zaratustra si mesmo, e têm sido usados ​​como uma confissão de fé dos primeiros conversos (cf. Boyce, Zoroastrismo, sua antigüidade e Constant Vigor , p. 102-4 ).


Zoroastro na corte de Vishtasp. 

Observâncias

Duas vestes sagradas, o sudreh (camisa) e kusti (medula) são os emblemas da religião. Zoroastristas realizar um ritual de purificação curto (Padyab), e reatar as várias vezes Kusti um dia com outro ritual curto (Nirang-i Kusti) como um sinal de sua fé. Outras orações são recitadas diariamente do Khorda Avesta . A oração é feito em grande parte na língua avéstico. Os fiéis devem também participar de festivais sazonais comuns ("Gahambars") durante o ano.

Fogo e "Asha"

Fogo, como um símbolo de "Asha" e "luz original de Deus", ocupa um lugar especial de estima na religião. A oração é muitas vezes feito na frente de um fogo e incêndios consagradas são mantidos perpetuamente queima nos principais templos.

Quantos zoroastristas existem atualmente?

Eu acredito que a última figura que vi foi em torno de 140.000. As maiores populações estão na Índia e Irã. Livreto J Hinnells ' zoroastrismo e os parses (p.8) tem 17 mil no Irã e 92.000 na Índia. Norte-americanos zoroastristas são relatados para ser em torno de 5.000.

Que escrituras são sagradas para o zoroastrismo?

A mais antiga escritura de Zoroastro é o Avesta. É cerca de mil páginas. Algumas partes, incluindo os Gathas , estão em um dialeto mais antigo chamado 'Old avéstico' ou 'Gathic avéstico'. As principais divisões sobreviventes são:

Yasna

Sagrada Liturgia e Gathas / Hinos de Zaratustra

Khorda Avesta

(Livro de Oração Comum), incluindo Yashts (hinos aos seres sagrados), Niyayeshes (ladainhas ao sol, Mitra, Água, Fogo, ea Lua), Gahs (Orações para os cinco períodos do dia), Afrinagans (cerimônias de bênção), e outras orações.

Visperad

Extensões para a Liturgia

Vendidad

Principalmente as leis de pureza, mitos e alguns textos médicos


Seu nascimento milagroso. 

Fragmentos

O original Avesta canon composto por vinte e dois livros, (litúrgicas, históricas, médicas, legais). A sua existência no século EC 9 é bem documentada. Desde então, a maior parte dos textos não-litúrgicas foram perdidos.

Além do Avesta, zoroastristas têm inúmeras escrituras do período sassânida, que estão escritas em um dialeto meio-persa chamado Pahlavi. Muitos são os comentários exegéticos (chamados Zand), que se traduzem, resumir e explicar o Avesta. Os textos Pahlavi também preservar grandes resumos e traduções de textos Avestan perdidos. Eles são considerados de menor autoridade do que o Avesta.


O milagre da ponte de gelo.

Quando Zaratustra viveu?

De acordo com Bruce Lincoln,

"No momento, a opinião da maioria dos estudiosos, provavelmente, se inclina em direção ao final do segundo milênio, ou o início do primeiro, embora ainda existam aqueles que possuem uma data no século VII para." ( Morte, Guerra, e Sacrifice , 1991, pg 150) Humbach e Ichaporia parecem favorecer a data Xanthos de 1080 aC, mas mencionar a data 630 também. ( Heritage , 1994, pg 11).

A data comumente dado é o sétimo século AEC, eu acho que Boyce tem demonstrado convincentemente o sétimo século data a ser um erro. Humbach também desconta a base deste cálculo em seu Gathas 1991 (pg 30). Boyce vacilou em uma data real: entre 1400 e 1000 aC (1975), entre 1700 e 1500 (1979), por volta de 1400 aC (1988), entre 1500 aC e 1200 aC ", com este último mais provável" (1992).


Sua morte no templo do fogo. 

O que é "Asha"?

Like 'Dao' no taoísmo, Asha é um conceito chave nos Gathas e toda a Escritura. Também como "Dao", é demasiado complexo para ser traduzível por um único termo. Prefiro deixá-lo sem tradução, mas dar uma definição em algum lugar. As traduções mais comuns: verdade, retidão, ordem mundial, lei eterna, fitness. Veja também a discussão em Dhalla, História do Zoroastrismo (1938, cap. 7).

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mazdeismo/Zoroastrismo: história, religião e filosofia.



Simbolo do Zoroastrismo. A chama sagrada (Avarkhvarsh, o fogo radiante).

Sobre o Autor: Paul Du Breuil é hoje o maior especialista do zoroastrismo, da filosofia masdaica e da religião dos parses.

OBSERVAÇÃO: Os reis aquemênidas foram “reis justos”, segundo as Gâthâs, tendo introduzido uma forma de governo humanizado, suscetível de servir de exemplo a toda a nação humana. É preciso compreender que entre os grandes reis Ciro, Dario e Xerxes, a noção de raça, procedia de uma ordem superior e espiritual. Atualmente só os ossetas do Cáucaso representariam a última ilhota dos antigos arianos. Os proto-arianos vindos provavelmente da bacia do Volga, ao norte do Cáspio, como seus predecessores do fim do terceiro milênio. Ora, originados de tribos arianas, isto é, indo-européias, da Rússia meridional, essas faces aquemênidas, persas e medas ofereceram uma morfologia muito diferente daquela da europeia nórdica, dolicocéfala e loira de olhos azuis, como Tácito se divertiu em descrever no seu Germânia, ou como os poetas gregos, de Homero a Eurípides, construíam a imagem dos heróis mitológicos. Isso mostra até que ponto a reinvindicação do termo ariano pelo pangermanismo podia é abusiva. Os arianos, ou primeiros habitantes indo-europeus do Irã interior e exterior, país que tira seu nome desses povos, persas e medas, cimérios e citas, e, a leste, os da Índia bramânica, não teriam mais que um longínquo parentesco étnico com os indo-europeus que fundaram os povos da Europa ocidental.


Zoroastro, segundo ilustração de fieis.

§ A moral do Estado sassânida protegia o casamento, a família, condenava o aborto, encorajava a adoção. O zoroastrismo tradicionalmente monogâmico. As mulheres possuíam uma liberdade até então desconhecida no mundo antigo.

§ Primeiros crentes na ressurreição da alma, os parses estimam que dar o seu corpo aos abutres, após a morte é uma ato de generosidade última de sua vida para com a natureza criada por Ahura Mazda.

§ Somente consideravam fieis masdeianos os filhos de pais parses, não aceitavam casamentos mistos.

§ Ainda bebê a criança parse terá sido previamente apresentada ao templo e marcada com cinza do fogo sagrado na testa.

§ O fogo sagrado do fiel masdeiano deve ser alimentado com madeira de sândalo (Machi).

§ Para os parses o casamento é o ato primordial da vida, os noivos recebem arroz sobre seus corpos em sinal de prosperidade.

§ O masdeismo ignora a reencarnação, crendo em uma única vida terrena e uma única vida eterna no pós-morte.

§ As façanhas da cavalaria persa, que antecipou em um milênio o nascimento da cavalaria europeia. A perenidade desse fenômeno moral na tradição zoroástrica confirma bem que ela foi a fonte da ética cavalheiresca, tal qual se elaborou na cavalaria dos partas e dos sassânidas, muito tempo antes de nossos orgulhosos paladinos da Idade Média saírem formando cruzadas. De resto, Eugene d’Ors não se enganara quando reconheceu a ética de um código de cavalaria na moral zoroástrica.

§ Os parses demonstram também a mais perfeita tolerância para com as outras religiões.

§ O aborto permanece sendo, no parsismo, um crime contra a vida, tão grave como fazer uma colheita antes do tempo, revestindo-se, praticamente, do caráter de um assassinato metafísico.

§ Zoroastro condena as matanças de bois em rituais de sacrifícios, bem como serão severamente rejeitadas também, e vivamente, o êxtase artificial das drogas alucinógenas (haoma, cânhamo).
           
          A carência que se constata no campo do conhecimento do parsismo é agravada pelo fato de que esta etnia está em diminuição demográfica alarmante e que muitos dos seus representantes estão em vias de perder sua identidade cultural.

*Parse: Povo persa do antigo Irã (palavra que tem origem nos povos Indo-arianos) que também era chamado de Pérsia.



Ahura Mazda 

            A obra de Zoroastro nos é dada a conhecer pelas Gâthâs, textos arcaicos que lhe são formalmente atribuídos por textos contemporâneos (Yashts). E pelos textos do Avesta tardio, que reagruparam o conjunto das tradições nas épocas parta, sassânida e pós-sassânida. O termo Zend-Avesta, retomado por Anquetil du Perron e Darmesteter, é impróprio para designar o Avesta, palavra derivada do pálavi apastâk, de onde a forma persa avasta: prescrição, fundamento. Zend significa “conhecimento” no dialeto médio-parta e designava não um livro mas a glosa do texto sagrado. Apastak-u-Zand “Avesta e Zend” foi durante muito tempo e abusivamente atribuído ao conjunto da literatura avéstica e do seu comentário original (Haug). A língua das Gatas originais é do velho iraniano oriental, parente vago do sânscrito dos vedas e de certos velhos dialetos afegãos.

            O que resta do Avesta limita-se apenas a um quarto do Avesta primitivo, que contava com 21 livros (nasks). O conjunto do Avesta compõe-se dos principais textos seguintes, que simplificamos para maior clareza:

GÂTHÂS: composto por 72 hinos.

YAST: 22 hinos de adoração.

VIDEVDÁT: código religioso, dogmas, regras e informações médicas da época parta.

VISPERED: textos litúrgicos.

NIRANGANSTAN: código ritual, liturgia dos mortos.

            Agora seguem os textos mais tardios, redigidos na época sassânida (212/642) ou pós sassânida no século IX sob o Islã.

BAHMAN YASHT: apocalipse pálavi do mundo e de suas idades, que remontam igualmente a tratados avésticos perdidos.

ARTA VIRAF NAMAK: livro da descida de Arta Viraf ao inferno, viagem mítica de um fiel, antigo precursor de Dante.

MAINYO I-KHARD: livro que responde 72 questões doutrinárias zoroástricas.

BUNDAHISN: manual de cosmologia religiosa.

VICITAKIHA I ZATSPRAM: seleções de Zatspram, de tendências zervanita acentuada.

DENKART: análise do Avesta, compreendendo também nasks perdidos do antigo Avesta, que data do século IX.

DASDISTAN I DENIK: relata a respostas de um eminente estudioso, Mihr Xvarset, sobre 92 questões de liturgia e de dogmática.

SRAND GUMANIK VICAR: obra de apologética zoroástrica de Martanfarrux, e de polêmica doutrinária contra as religiões estrangeiras (maniqueísmo, cristianismo, judaísmo e islamismo) e as heresias.

SAYAST NE SAYAST: é um tratado de casuística no tocante às questões de ritual e de orações.

SADDAR: espécie de manual do crente masdiano perfeito.

RIVAYATS: coleção de correspondência em persa entre os parses da Índia e os zartoshtis do Irã, mantida do século XV ao século XVIII, sob a forma de perguntas e reposta sobre o ritual, os costumes, as prescrições, cerimônias, usos, cultos etc.


Fiel orando diante do Fogo Sagrado (Avarkhvarsh).

Idiomas falados pelos fieis masdeianos desde a origem dos escritos com Zoroastro.

AVESTICO à PÁLAVI à PERSIANO à GUJARATI

Origem do Sábio do antigo Irã.

            Hermódoro, Plutarco, Plínio o Velho, fazem remontar a fundação do zoroastrismo e citam Eudóxico, que o faz viver 6.000 anos antes da morte de Platão, e Hermipo diz que Zoroastro compôs dois milhões de versos e que Agonaces, que foi o mestre de Zoroastro, viveu 5.000 anos antes da guerra de Tróia. Plutarco repete que Zoroastro, o Mago, viveu 5.000 anos antes da guerra de Tróia. Heraclito o vê sobrevivente da Atlântida. Da mesma forma, uma cronologia mítica de um ciclo cósmico de seis milênios justifica a datação fabulosa emprestada àquele de quem eles forma o profeta. Esta datação audaciosa teve seus partidários, cujas hipóteses se fundamentaram na tradição hiperbórea, de onde reputava-se vir o povo ARYA (ariano) depois da última época glacial. Pela história, contra a lenda, Zoroastro teria lançado sua pregação pouco antes da seca, que, mais ou menos em -800, começou a desertificar a Ásia central, e ele seria, pois, um contemporâneo dos últimos assírios e dos primeiros aquemênidas, ancestrais de Ciro e Dario.

Bakdhi: a criação de Ormasd (o mito zoroastrico da criação)

“Um príncipe semita de nome Azhi Dahak (forma arabeizada em Zohak) destronou Yima, o primeiro rei dos árias, que acabara de perder sua proteção divina simbolizada pela glória luminosa de Xvarnah. Mas Atar, o Fogo Celeste, salva esta luz divina das mãos tenebrosas do dragão Zohar “de três goelas”. Então o astucioso bandido turaniano Afrasiab também procura apoderar-se da Glória dos povos arianos e, não conseguindo, lança este desafio demoníaco : ‘Pois seja! Eu não consegui apoderar-me da Glória que pertence aos povos arianos e não conseguindo, lança este desafio demoníaco: ‘Pois seja! Mas eu corromperei tudo, grãos e licores, todas as coisas de grandeza, de bondade, de beleza que Ahura-Masda cansa-se de produzir, sempre ardente por criar’ (Yt. 19, 57, 58).


Procissão de Parsis com o Avarkhvarsh, o fogo radiante.

            Zohak, demônio das tempestades, dragão de três cabeças que deseja devastar o mundo preso por mil anos pelas forças da luz, no monte Demavant, onde fica até o fim dos tempos. Libertado por Ahriman para devastar o mundo, o dragão será, então, morto a cacetadas por Karsasp, um dos reis imortais da gesta ariana. O Avesta, por seu lado, enunciará uma diferença radical entre arianos e não-arianos: a religião e a realeza são as melhores que existem, a Boa Religião sendo a dos descendentes de Yima (o primeiro rei dos Árias), e a má a dos povos árabes descendentes de Dahak/Zohak.

           As duas etnias proto-arianas que, sedentarizadas, vão formar as colunas do antigo Irã de onde sairá o império Aquemênida, formam os persas elamizados desde Aquemenes (-700), e Teispes (-675/-640), e os medas, Madaia (Daiku, -715).

           Os proto-arianos vindos provavelmente da bacia do Volga, ao norte do Cáspio, como seus predecessores do fim do terceiro milênio. Ora, originados de tribos arianas, isto é, indo-européias, da Rússia meridional, essas faces aquemênidas, persas e medas ofereceram uma morfologia muito diferente daquela da europeia nórdica, dolicocéfala e loira de olhos azuis, como Tácito se divertiu em descrever no seu Germânia, ou como os poetas gregos, de Homero a Eurípides, construíam a imagem dos heróis mitológicos. Isso mostra até que ponto a reinvindicação do termo ariano pelo  pangermanismo podia ser abusiva.

Várias celebrações diante do Fogo Sagrado (Avarkhvarsh, o fogo radiante).

            Os arianos, ou primeiros habitantes indo-europeus do Irã interior e exterior, país que tira seu nome desses povos, persas e medas, cimérios e citas, e, a leste, os da Índia bramânica, não teriam mais que um longínquo parentesco étnico com os indo-europeus que fundaram os povos da Europa ocidental. Atualmente só os ossetas do Cáucaso representariam a última ilhota dos antigos arianos.

      Zoroastro condena as matanças de bois em rituais de sacrifícios, bem como serão severamente rejeitadas também, e vivamente, o êxtase artificial das drogas alucinógenas (haoma, cânhamo).

         Segundo os Gâthâs, a biografia se relata assim: Zoroastro nasceu de uma rica família de criadores, os Spitama, de casta sacerdotal e herdeira de uma tradição de poetas inspirados. O profeta foi o terceiro filho de Dugdova, que irradiou luz durante sua concepção, e de Purushaspa, nome cuja terminação indica ainda a etimologia de cavalo, que se encontra também no Vishtaspa, sinais de uma antroponímia bem característica do meio de criadores de cavalo do primeiros clãs sedentarizados nos confins das estepes e das regiões irrigadas.

Vida e vocação de Zoroastro

            Plinio afirma, com a lenda masdaica, que Zoroastro veio ao  mundo rindo e que ele ria em cada um de seus aniversários, mas acrescenta que as vibrações do cérebro da criança eram tão fortes que dificilmente se podia pousar a mão em sua cabeça. Desde sua tenra idade Zoroastro foi atacado por mágicos que, enciumados de sua santidade, o arrebataram de seu pai. Dpois, tendo acendido uma enorme chama no deserto, eles ali jogaram o menino, que não sofrerá nenhum mal. Este foi seu terceiro milagre, depois do riso no seu nascimento e depois de ter escapado do gládio do cavi Durasrab. Antes do sétimo e último milagre no qual ele sairá vencedor do veneno, ele foi precipitado, sem danos, nos cascos dos touros e abandonado entre os lobos. Desde a idade dos 7 anos seu pai o confiara a um mestre eminente, Burzin-Curus, com o qual ele fez progressos admiráveis. Aos 15 anos ele já fazia muito de bom e mergulhava em longas meditações. Sua reputação se espalhou tanto entre os humildes como entre os grandes, embora ele denunciasse as crueldades dos carapans e dos cavis, uns por sua magia e suas imolações de bois, outros por sua injustiça e pela proteção que davam aos primeiros. Zoroastro já tinha o hábito de se isolar nas montanhas e ali viver de frutas e de um queijo incorruptível, abstendo-se de toda alimentação animal. Quando completou 20 deixou seus pais e se retirou para meditar numa gruta. Seu pai quis oferecer-lhe bens, mas o Sábio só conservou, em memória dele, o seu custi, o cordão sagrado indo-iraniano. Com a idade de 30 anos impossibilitado de difundir sua doutrina ele foge da Meda, onde nasceu até Seistão e Bactriana, onde Zoroastro se refugia numa montanha vizinha, elevado sítio da Ariana Vaeja, onde seu sucesso na Bactriana, juntoa Vishtaspa.

“Pela sua pregação Zoroastro aparece como um adversário apaixonado da religião ariana tradicional.”

          Durante muitos anos Zoroastro e seu primo Maidiomaha viajaram de aldeia em aldeia para converter chefes de tribos em favor de sua causa. Começou então, para o Sábio, um longo retiro de uma dezena de anos, vinte anos segundo Plínio o Velho, tendo como único discípulo consigo seu querido primo Maiodiomaha.

“Ele via, então, o sobrevoo da humanidade por poderosos anjos dirigidos por prodigiosas entidades, cada uma delas respondendo por um domínio, que governavam segundo o Reino de Ahura Masda. Zoroastro as definirá em sete expressões divinas:”

1- SABEDORIA (Masda).

2- BOM PENSAMENTO (Vohu Manah).

3- ORDEM JUSTA (Asha Vahista).

4- REINO DIVINO (Khshatra).

5- DEVOÇÃO (Armaiti).

6- SAÚDE (Haurvatat).

7- IMORTALIDADE (Ameretat).

*Tão intimamente ligados como as sete cores do arco-íris, esses seres sagrados identificados mais tarde como os “arcanjos” do zoroastrismo antes  dos da tradição bíblica são unicamente os atributos personificados de Masda e seus principais modos de atividade entre os homens e na natureza.

“Arquétipos supremos do Deus único Ahura Masda, foi ele que, antes de tudo, pensou o mundo, ele que pôs a felicidade na luz celeste... Tu fizeste aparecer divinamente o Soberano universal.”

(Y.31.7).


           Zoroastro casou com a filha de Frashaoshtra (membro da corte do rei Vishtaspa, que recorreu a seu irmão Jamaspa para introduzir Zoroastro na corte), que lhe deu três filhos: Isatvastar, Urvatatnar e Quirshid-Chichar, e três filhas: Freni, Trithi e Puruchista.

      Na corte de Vishtaspa, Zoroastro percorreu, sem cessar, as regiões vizinhas a pé, a cavalo, camelo ou iaque, para difundir a fé masdaica, durante 30 anos. Zoroastro e seu benfeitor erigiram altares de fogo por toda parte e os templos do fogo.

      Para Zoroastro, Deus não é somente a fonte  da luz física do sol e dos astros cintilantes. Ele é o apelo secreto que desperta na consciência toda luz moral e espiritual.

      Com a divisão do povo ária em Índia e em Irã no segundo milênio, ergue-se também uma oposição dos deuses e dos demônios. Os deuses hindus, tornam-se demônios no mazdeismo como daevas da corte Ahrimaniana.


ATAR: fogo primordial, o Polo da Luz essencial que precede e engendra os fogos estelares do cosmos. Que no principio do mazdeismo fora criado pelo próprio Ahura-Mazda, mas depois de interpretações teológicas distintas de Zoroastro, que colocaram Ahura-Mazda além do universo e somente o veste. O que permanece é a ‘luz’ do grande deus masdeano torna-se, para o Autor de Gâthâs, sinônimo de ‘pensamento puro’.

            O deus único de Zoroastro torna-se o menos objetivado e o menos formal de todos os deuses, situando Ahura Masda isento de todas as trevas e de toda implicação direta no conflito cósmico. Ahura Masda  (Ormasd em pálavi) domina o duelo dos dois Espíritos: SPENTA MAINYU (Espírito Santo) e AHRA MAINYU (Espírito do Mau; Ahriman – Y. 45.2), seu irmão gêmeo YEMA, combate do qual Ahura Masda não participa diretamente no espaço-tempo desdobrado por ele com parapeito e armadilha contra o Espírito Mau, Ahriman, nome pelo qual é mais conhecido. A criação ideal, portanto permanece puro de todo o mal de toda a eternidade, pois é por livre-arbítrio que um dos dois Espíritos primitivos, o antigo Ahriman, mergulhou numa via tenebrosa (Y.30.3). Ahura Masda/Ormasd só aparece como criatura espiritual pela virtual existência da matéria erigida em suporte do Reino divino, KHSHATRA. Ahura Masda não podia manter Ahrima no Reino que por definição, não pode conter a mínima parcela tenebrosa. Conserva-lo seria o risco de eternizar a ameaça ahrimaniana. Aprisioná-lo no espaço-tempo limitaria a atividade deletéria. Eis por que a criação material GETE tornada necessária pela má escolha e a obstinação do Mau Espírito, o espaço-tempo se tornou um gigantesco campo de batalha no qual os elementos puros devem lutar contra os elementos impuros.



“Ormazd criou antes o universo espiritual, depois fez o universo material e misturou o espiritual ao material.”

            Uma grande confusão, em virtude do sincretismo operado pelos magos, entre o zoroastrismo e o zervanismo, acabou atribuindo a Zoroastro a paternidade do dualismo. No zervanismo, Ormazd, ele próprio e não o Espírito Santo, fica diretamente oposto a Ahriman. Ormazd e Ahriman se veem engendrados pelo deus Zervan, o tempo divinizado e ilimitado AKARANA, deus de origem caldéia, ignorado por Zoroastro mas importante na teologia dos magos. Dualismo radical que, a partir de agora, vai marcar abusivamente o zoroastrismo legalitário dos magos, ao passo que os verdadeiros zoroastrianos permanecerão essencialmente monoteístas até os nossos dias.

“Ahura Masda/Ormazd revela-se o único Mestre do mundo, pois foi ele quem criou o espaço-tempo para que o Espírito Mau nele se aprisione e diante dele se proste até o fim dos tempos.”

            Zoroastro era iconoclasta, ele derruba todos os ídolos antropomórficos e zoomórficos, substituindo-os por uma ética universal na qual os ritos anteriores são estigmatizados, como tantos outros erros.

            O problema do bem e do mal não está exposto de maneira simplista, senão à primeira vista. No espírito avéstico é o bem que aumenta a vida, é o mal que lhe cria obstáculos e que faz crescer a entropia do mundo. O bem, virtude suprema de Masda, corresponde, no plano físico, á luz das estrelas e do Sol, que permite e faz crescer a vida. As trevas se identificam com o mal, não somente no que respeita à ausência, mas no que respeita à recusa de luz. Este ato negador leva ao CONGELAMENTO ESPIRITUAL. O bem se desenvolve pela foça centrífuga dos pensamentos, das palavras e das boas ações, Humata, Hukhta, Huvarshta, isto é, dos pensamentos que se pretendem elevados e generosos. O mal se manifesta em todo egocentrismo e na vontade de dividir maus pensamentos, más palavras, más ações, Dushmata, Duzukukta, Duzvarshta.

Spenta Mainyu (O Espírito Santo de Ahura Mazda lutando com Ahrima, o espírito do mal. 

            Para Zoroastro os homens são seres dotados de livre-arbítrio que podem escolher livremente entre a luz e a mentira e Ahriman é a mentira viva, o mais temível dos pecados do antigo Irã. Assim, a busca da verdadeira felicidade depende da única liberdade real de uma vida transfigurada pela fé e pela vontade, que libertam o homem da mentira cósmica. Segundo a sabedoria avesteana, a própria origem da doença e da morte deriva da intrusão, na criação do Ormazd, de 99.999 doenças lançadas por Ahriman, “O Portador da Morte”. O papel do Espírito Santo e da humanidade consiste, pois, em curar o mundo da moléstia ahrimaniana.

            Depois da morte os Justos (Ashavantes) vão para a GARO-DEMANA, a Casa dos Cânticos extáticos, enquanto os servidores de Ahriman vão para a DRUJO-DEMANA, a casa da Mentira, na qual eles habituaram suas almas. Existe ainda o HAMESTAGAN (Púrgatorio), destinado as almas iguais em boas e más ações. SRAOSHA, anjo psico-esplendor, acompanha a alma do morto durante os três dias que precedem sua passagem pela PONTE CHINVAT.

            Os reis aquemênidas foram “reis justos”, segundo as Gâthâs, tendo introduzido uma foram de governo humanizado, suscetível de servir de exemplo a toda a nação humana, suscetível de servir de exemplo a toda a nação humana. É preciso compreender que entre os grandes reis Ciro, Dario e Xerxes, a noção de RAÇA, procedia de uma ordem superior e espiritual.

            Quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia ele queimou os livros da Lei. Ele matou os sábios homens e os eruditos do país. Ele semeou o ódio entre os grandes. Alexandre também violou o túmulo de Ciro, acreditando poder encontrar ouro. Diferente dos gregos as tradições orientais não separavam a teologia das ciências, fé da razão. Em Persépolis os gregos pilharam a biblioteca real, cuja riqueza só era ultrapassada pela de Alexandria. Os livros persas e notadamente os do primeiro Avesta, contendo toda a ciência persa da astronomia e da medicina, serviram por sal vez à ciência helênica. O incêndio de Persépolis teria sido acidental ou ateado pela vingança grega e seu ciúme pela antiguidade da cidade Santa dos grandes reis sobre o Partenon?

Zoroastro.

            Não se sabe se foi em Persépolis ou em Marakanda (Samaracanda), que foi queimado o primeiro Avesta que continha, originalmente, vinte e um nasks (livros).

            Os dois grandes símbolos do mazdeismo são Hvarekshaeta, o sol glorioso, e Avarkhvarsh, o fogo radioso.

            A partir de 641d.C, a Síria, o Egito e a Pérsia acabaram, praticamente, nas mãos dos árabes. Yazdagird III (632-642 d.C) é derrotado pelos árabes, com a queda do último rei sassânida masdaíco do Irã, os treze séculos de uma glória que os gregos não puderam ofuscar viram o primeiro império do mundo desmoronar.

“Quando é incerto se uma ação é justa ou injusta, abstém-te” (Saddar dos Guebros masdaícos/Os Guebros ou a tolerância, escrito por Voltaire, louvando as regras morais desse povo).

            A fé zoroástrica repousa na esperança do milagre profundo de transfiguração do mundo pelo esforço e pela metamorfose interior do homem. A pretensão deriva de que o orgulho humano procede, precisamente, de uma origem metafísica. Zoroastro espera dos humanos que se conduzam como adultos espirituais e que trabalhem para sua própria salvação, graças a esta faculdade de consciência colocada em nossa alma. Uma má escolha, como a original de Ahriman, que se perpetua na obstinação e na burrice, conduz necessariamente a consequências nefastas. Contudo, a boa escolha, o bom pensamento, a boa palavra, a boa ação (Yt.31).