terça-feira, 5 de outubro de 2010

PLÍNIO SALGADO, O CANDIDATO DO POVO.

O CANDIDATO DO POVO
Manoel Ferraz Hasslocher
(Diretor da Revista “Anauê!”)



Embora Plinio Salgado, Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira, tenha, mais de uma vez affirmado em artigos, livros, discursos e conferencias, que os regimens dictatoriaes só são
acceitos por povos barbaros, os adversarios ignorantes e inescrupulosos do Sigma ainda procuram atacar o movimento dos “camisas verdes” dizendo-o ser anti-democratico. Essa a pecha com a qual procuram comprometter o Integralismo perante o povo brasileiro. Porém o Chefe Nacional tem sabido com factos concretos, materiaes, destruir tal affirmação a todo momento fazendo os seus soldados participarem da responsabilidade de orientação e de direcção do movimento integralista. O plebiscito realizado no mez maio, é uma das provas mais
evidentes e tocantes de que o Chefe Supremo confia, de modo absoluto no criterio, no bom senso, na honestidade e na consciencia de seus commandados porque só a elles entregou a solução do gravissimo problema concernente á escolha de um candidato que, nas proximas eleições presidenciaes, deverá comparecer perante o eleitorado do paiz, desfraldando a bandeira
Azul e Branca dos principios fundamentaes da Doutrina do Sigma. Por isso, em todos os nucleos do Brasil, no mesmo dia e na mesma hora, os “camisas verdes” foram chamados a dizer, alto e bom som, sem constrangimento de qualquer especie, livremente manifestando o seu pensar, qual o companheiro que julgavam dever represental-os como candidato á Presidencia da Republica na
proxima jornada eleitoral. Esse o mais vivo e puro acto de fé e confiança democratica já
praticado entre nós pela Chefia de quaesquer dos movimentos ou partidos politicos em outros tempos existentes, ou que ainda actuem no scenario nacional. Eis porque não poderá haver
candidato mais democratico do que aquelle que se originou desse plebiscito. Pois este não é fructo de conchavos, de combinações partidarias, de accordo entre governadores representantes de
oligarchias regionaes, porém a verdadeira expressão do querer de mais de oitocentos mil brasileiros que o apontaram á Nação como digno e capaz de conduzi-la para o seu engrandecimento e gloria. Plínio Salgado é, portanto, o unico candidato do Povo. Sem contar com a protecção dos palacios, dos magnatas das altas finanças, dos chefetes eleitoraes, elle e os seus adeptos têm trabalhado com desinteresse e denodo, na realização da mais vasta obra de organização nacional até hoje planejada no Brasil. Obra essa que já vem sendo executada com grande exito por todos os quadrantes do paiz, atravez de centenas e centenas de lactarios, ambulatorios e postos medicos, escolas, restaurantes populares, centros de assistencia e muitas outras iniciativas que bem attestam o dynamismo e a efficiencia do pensamento politico e social da Acção Integralista Brasileira. E tudo isso é feito apenas com a collaboração e auxilio de brasileiros. Nem um nickel siquer, para tal fim, sahiu dos thesouros publicos ou das caixas fortes do Capitalismo Internacional. Esta a esplendida folha de serviços já prestados á nossa Pátria
por Plinio Salgado, a magnifica credencial com que milhares e milhares de brasileiros o indicaram á Nação na qualidade de legitimo representante do Povo, candidato que só ao Povo entrega
o destino da sua candidatura á Presidencia da Republica.

(Transcrito da Revista “Anauê!”, Rio de Janeiro, Anno III,
Numero 17, 1º de Julho de 1937, pág. 11. Foi conservada a grafia
do original.)

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VINICIUS DE MORAES FOI INTEGRALISTA?

Afinal, vestiu – ou não – a camisa-verde dos integralistas?



Poucos são os escritores, tanto poetas quanto prosadores, que merecem a atenção – uma desmesurada atenção – dos resenhistas ou noticiaristas da mídia, como o poeta, o cronista e autor de musica popular Vinicius de Moraes, atenção que culminou, há poucos anos, com a publicação de sua Poesia completa e prosa, volume imenso de 1.571 paginas, pela Nova Aguilar, em 1998, e que prossegue, incansavelmente, sem perspectiva de interrupção. Não se pretende, aqui, mergulhar na produção intelectual de Vinicius. A outros, e em melhor oportunidade, já foi dada esta chance, em paginas inúmeras de jornais de grande circulação, onde as suas mutações são devidamente avaliadas. Um momento, entretanto, da existência de nosso poetinha (como por muitos e denominado) merece aqui ser anotado: o que se encerra em seus primeiros livros, aos
quais Octavio de Faria dedicou a metade e uma substanciosa obra, a outra metade dedicada a Augusto Frederico Schmidt: Dois poetas. No volume da Nova Aguilar, essa fase e classificada como O sentimento de sublime e, por ela, Vinicius e associado ao grupo de intelectuais brasileiros prenhe da agonia católica, onde se agasalhavam vultos como o citado Schmidt, o próprio Octavio, Otto Lara Resende, Pedro Nava, etc...
Estamos na época pos-revolução de 1930, quando no Brasil uma juventude sequiosa de mudanças políticas e sociais se atirava febrilmente para compor as hostes da Ação Integralista Brasileira, cuja doutrina, o Integralismo, fora lançado por um escritor de projeção, Plínio Salgado, ou para os quadros do Partido Comunista Brasileiro, então em grande fermentação, juntamente com outros movimentos de esquerda que nãoaceitavam a submissão religiosa que seus acólitos votavam a Stalin. Foi o momento em que universitários da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, como San Thiago Dantas, Antonio Galotti, Vicente Chermont de Miranda também conviveram com Vinicius de Morais. Com uma característica, entretanto: quase todo grupo do celebre CAJU envergava a camisa-verde do Integralismo. O que acontece, porem, com Vinicius?
Vestiu ele – ou não – a camisa-verde?... Um depoimento taxativo, a nosso ver, soluciona o problema. Esta la, no livro de Joel Silveira e Genaton Moraes Neto, Hitler- Stalin, o pacto maldito (ed. Record, RJ, 1989. p.464), o depoimento do jornalista Pompeu de Souza, claramente escrito:
“Conheci companheiros nossos usando camisa-verde, como Neiva Moreira, San Tiago Dantas, Dom Helder Câmara. Depois que o tempo passa, a gente faz a síntese a partir da tese e da antítese e chega a seguinte conclusão: naquela época, as contradições e os problemas eram tão gritantes que quem tivesse caráter ou era comunista ou era integralista nesse pais. Eu não compreendia os integralistas; odiava-os e brigava com eles. E ate Vinicius de Moraes eu cheguei a conhecer de camisa-verde, embora depois ele negasse terminantemente. Mas eu conheci magrinho – e de camisa-verde” Vinicius de Moraes, então, se vestiu a camisa-verde, grande honra para ele, pois ela foi uma característica marcante na vida política e cultural brasileira de grande parte do século XX, marcando profundamente o ritmo histórico do Brasil. E se desistiu, no meio do caminho, embrenhando-se em rumo diferente, abandonando os seus companheiros, não há porque recriminá-lo: ele usufruiu de uma característica fundamental do ser humano – o direito de escolha.
Para o bem ou para o mal.
Autor: Gumercindo Rocha Dorea

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A HISTÓRIA DO JORNAL INTEGRALISTA AÇÃO.

O JORNAL INTEGRALISTA AÇÃO



O Jornal Ação (1936-1938), foi um periódico em formato de tablóide diário fundado em São Paulo pela Ação Integralista Brasileira (AIB). Seus principais diretores eram Alfredo Egidio de Souza Aranha e Miguel Reale. Este jornal como outros 87 periódicos faziam parte de um consorcio jornalístico denominado; ‘Sigma’ – ‘Jornais Reunidos’, subordinado à Secretaria Nacional de Propaganda e a Secretaria Nacional de Imprensa (SNI). O primeiro numero de Ação, editado a 7 de outubro de 1936, apresentava um editorial de autoria de Miguel Reale intitulado “O destino das maquinas”. Nele era mencionada que as impressoras Marinoni tinham “ritmos precisos” e representavam a “consubstanciação esplendida do poder da inteligência”, e que essa gráfica já servira a diferentes objetivos: “Agora, nesta mesma oficina, este mesmíssimo prelo vai ensinar outra linguagem, vai falar aos homens uma linguagem nova. Liberal anteontem, comunista ontem, Integralista hoje. Que seqüência maravilhosa na historia destas maquinas”. E prosseguia: “Este prelo d´ação não será usado para outro fim que não seja o da felicidade, educação e grandeza do Brasil”. Nesta primeira edição do jornal eram ainda homenageados os “heróicos operários integralistas vitimados pelas balas assassinas de comunistas covardemente entocaiados”,(largo da Sé, São Paulo, 7 de outubro de 1934), e era anunciado o fechamento da AIB na Bahia, com a observação de que “o enfraquecimento do integralismo representa uma vantagem para os comunistas”. A linha editorial de Ação era definida e reiterada pelos ideais integralistas. Assim é que desde o primeiro numero do jornal o Integralismo era reafirmado como um partido nacional, visto que neste ano a Ação Integralista Brasileira começava a deixar de ser um movimento cívico e cultura e passava a se tornar um partido político. Nessa mesma
primeira edição, o Chefe Nacional Plínio Salgado assinava um artigo em que afirmava: “Ate há pouco, no jogo das forcas políticas, levaram-se em linha de conta três grandes estados: São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul. Agora pode-se dizer que apareceu um quarto grande estado, que é o Integralismo.” E mais adiante: “O partido nacional ‘constitui apenas um dos aspectos do nosso prodigioso movimento’, pois somos, alem disso, uma ‘ação cultural’, uma ‘ação educacional’, uma ‘ação social’. Duas eram as preocupações centrais da linha editorial de Ação: a promoção e reafirmação dos ideais integralistas, e o combate ao comunismo. Coerentemente ao programa da Ação Integralista Brasileira, o nacionalismo ocupava lugar de destaque nas paginas do jornal. Em setembro de 1936 (edição do dia 15), o jornal Ação publicou uma entrevista de Monteiro Lobato (simpatizante do Integralismo), na qual este afirmava: “A minha única esperança esta em vocês
Integralistas. A verdade sobre a nossa economia está nos livros de Gustavo Barroso.” O jornal Ação foi um importante instrumento para candidatura do Chefe Nacional Plínio Salgado, foi através das paginas do periódico que Plínio Salgado fazia abertamente campanha a Presidência da Republica: “O Integralismo não é ditadura, nem extremismo da direita, como alardeiam os ignorantes ou os de má-fé” (manchete da edição de 8 de dezembro de 1936). Outro exemplo de como foi utilizado o jornal para mostras a face democrática do Integralismo e o artigo assinado por Miguel Reale, “A democracia e o Sigma”, publicado na edição de 7 de maio de 1937, onde se lê: “A democracia sempre foi o nosso ideal. E foi por amor à democracia que repudiamos o liberalismo e o socialismo, que dela se têm servido como mero instrumento, ora para a prepotência das minorias plutocráticas, ora para a exploração demagógica dos sofrimentos populares.” Depois do golpe do Estado Novo (10/11/1937), a campanha anticomunista ganhou novo vigor. Em 11 de novembro o jornal informou que a AIB, a partir daquela data, transformava-se apenas num centro de estudos e educação moral, cívica e física. A partir de então, igualmente, a linha editorial de Ação colocou ênfase no noticiário internacional, com destaque para a Guerra Civil Espanhola. Em 23 de abril de 1938 circulou o ultimo numero de Ação (n.464), com direção de Miguel Reale, secretaria de Paulo Paulista e gerencia de Jose Ribeiro de Barroso, no artigo de fundo dessa edição não existe uma explicação para o desaparecimento do jornal, mas uma reafirmação da esperança do ideal semeado: “Esta tribuna vai desaparecer; nós não conversaremos mais com o Brasil através das colunas de Ação; porém, isso não significa que temos desaparecido: há no coração de todos nós uma chama sempre viva acalentando um ideal e o ideal não morre quando uma tribuna desaparece!”.

Fonte: Ação; CHASIN, J. Integralismo.

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Breve resumo sobre a História do Integralismo

RESUMO DA HISTÓRIA DO INTEGRALISMO



No começo de 1932, Plínio Salgado iniciou à articulação de diversos grupos nacionalistas fundando, no mês de Fevereiro, a Sociedade de Estudos Políticos (SEP), reunindo intelectuais de pensamento nacionalista. O sucesso dessa iniciativa levou à criação, em Outubro daquele ano, da Ação Integralista Brasileira (A.I.B.).
O Manifesto Integralista lançado em 07 de Outubro de 1932, resume o ideário básico da nova organização: Espiritualismo, justiça social, nacionalismo, democracia, corporativismo, combate ao liberalismo (político e econômico) e rejeição ao socialismo. A A.I.B. apresentava uma estrutura hierarquizada, cabendo ao próprio Plínio Salgado, como Chefe Nacional, a liderança. A Ação Integralista Brasileira criou uma série de exterioridades, dotando o Movimento de uma Mística profunda e de uma unidade inquebrantável: O Sigma, letra grega, que simboliza o somatório de todos os valores nacionais; a Saudação Anauê, palavra Tupi, que significa “Tu és meu Irmão!”; o uniforme, a heróica Camisa-Verde; os diversos Rituais, como as Matinas de Abril, a Noite dos Tambores Silenciosos, e diversos outros; os Desfiles, etc. O lema “Deus, Pátria e Família” sintetiza perfeitamente o conteúdo doutrinário do ntegralismo. Nos anos que se seguiram à sua fundação, a A.I.B. teve rápido crescimento. Em Abril de 1933 realizou seu primeiro desfile público em São Paulo e em Fevereiro do ano seguinte reuniu seu I Congresso Nacional, em Vitória (ES).
Plínio Salgado era auxiliado por um Conselho Nacional, com funções consultivas, e por
departamentos nacionais. A Milícia Integralista foi extinta por Plínio Salgado em 1935. A A.I.B. possuía uma importante estrutura de imprensa, composta por diversos jornais e revistas, um órgão oficial, o “Monitor Integralista”. O principal periódico Integralista era “A Offensiva”, o maior jornal diário do Brasil e o primeiro a circular em todo o território nacional. A A.I.B. foi o primeiro partido político organizado nacionalmente no Brasil Republicano. O número de adesões foi imenso. Em 1937, quando foi ilegalmente fechada, contava com mais de um milhão e meio de filiados. Em 12 de Junho de 1937, a A.I.B. lançou Plínio Salgado como candidato à eleição presidencial prevista para Janeiro de 1938. A eleição, contudo, não se realizou em virtude do golpe do Estado Novo, em 10 de Novembro de 1937. Em Dezembro de 1937, Vargas decretou o fechamento de todos os Partidos Políticos, e entre eles encontrava-se a AIB. Em maio de 1938, os Integralistas, unidos as demais forças democráticas do País, tentaram derrubar o Ditador e restabelecer a Democracia e o Estado de Direito, mas a Revolução fracassou. A perseguição aos Integralistas foi brutal e selvagem, muitos morreram, outros foram superlotar as prisões da Ditadura. Plínio Salgado foi exilado em Portugal. Durante os anos do obscurantismo totalitário estadonovista (1937/1945), o Integralismo não esmoreceu, mesmo na clandestinidade continuou atuando, inclusive, criando organizações NÚCLEOS NTEGRALISTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO legalizadas, como a Cruzada Juvenil da Boa-Imprensa, o Auxílio às Famílias Empobrecidas, o Apollo Sport Club e outras.
Em 1945, pressionado pelo Integralismo e demais correntes democráticas do País, o Exército derruba o Ditador, pondo fim ao mais bárbaro e sanguinário Governo da História do Brasil. Em Setembro desse mesmo ano, os Integralistas fundam o P.R.P. - Partido de Representação Popular. O P.R.P., apesar de não ter conseguido o mesmo grau de popularidade da antiga A.I.B., obteve resultados político-eleitorais muito mais expressivos elegendo Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais e uma gigantesca quantidade de Prefeitos e Vereadores. Mas, o Integralismo não se limitou ao P.R.P., criando diversas outras organizações, de âmbito nacional ou regional: Instituto Brasileiro de Cultura, Guanabara Football Club, União Operária e
Camponesa do Brasil, Confederação dos Centros Culturais da Juventude, Associação Cívico-Cultural Minuano, etc. Também nessa fase, o Integralismo teve os seus periódicos como, por exemplo, os jornais “Idade Nova” e “A Marcha” e a revista “Avante!”. Em 1964, os Militares derrubam o Presidente Goulart, todos os Partidos Políticos são fechados (entre eles o P.R.P.), uma nova Constituição é promulgada, cassações políticas ocorrem, etc. Os Integralistas continuam suas atividades, mas, em associações civis políticoculturais. É fundada a Cruzada de Renovação Nacional, como reforço a atuação das organizações citadas no parágrafo anterior. São fundados novos jornais, como “Renovação Nacional” e “Renovação Trabalhista”, entre outros.
No dia 07 de Dezembro de 1975, falece em São Paulo o Fundador do Integralismo, Plínio
Salgado. Mas, o Movimento Integralista prossegue. Na década de 80, entre outras importantes iniciativas destacam-se a fundação da Casa de Plínio Salgado e a recriação da Ação Integralista Brasileira, cujas atuações adentram os anos 90. Surgem os jornais “O Integralista”, “A Voz do Oeste”, “Ação Nacional”, etc. Ainda na década de 90, cabe destacar a ação do Centro Cultural Plínio Salgado, em Rio do Ouro (São Gonçalo, RJ), que exerceu grande influência em todo território nacional. Variados periódicos circularam nesse período. O Século XXI abre-se com o Centro de Estudos e Debates Integralistas, pioneiro na utilização da Internet para a difusão da Doutrina do Integralismo. Em Dezembro de 2004, realiza-se em São Paulo, com o apoio da Casa de Plínio Salgado, um Congresso Nacional Integralista, onde é fundada a Frente Integralista Brasileira – F.I.B., que é na atualidade a única organização do Integralismo há nível nacional.
Pelo bem do Brasil!
Anauê!
Sérgio de Vasconcellos.

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CARTA DE JUSCELINO KUBITSCHEK PARA PLÍNIO SALGADO.

Carta enviada a Plínio Salgado a respeito do seu livro “13 anos em Brasília” e a construção da nova capital Brasileira.



Meu caro Plínio.
Seu livro “13 Anos em Brasília” impressionou-me profundamente. A criticá-lo não me
atrevo, elogiá-lo será supérfluo. O livro impõe-se por dois fatores essenciais: o renome universal do Autor e a divulgação sócia-política de Brasília, irreversível desde que homens de seu porte moral e intelectual, com o conhecimento esmiuçado e sistemático dos problemas nacionais e
apoiaram sem restrições. Lendo o livro, ocorreu-me imediatamente outro, de ferrenho adversário nosso, “El imperialismo d”El Brasil” e que me foi oferecido pelo nosso comum amigo, Guimarães Rosa. O publicista boliviano percebeu um relance a significação de Brasília, pressentida desde o século XVIII e preparada pelo grito que você, meu caro Plínio, deu conclamandotodos para a marcha rumo Oeste. O seu livro não e um depoimento, mas, como diz muito bem, a interpretação de Brasília, no tempo e no espaço e o que você escreve a pagina 29 sobre a carga demográfica do mundo e o risco que ocorrem terrenos desocupados, os espaços ociosos, e a expressão da verdade, de uma observação que reflete o cruel realismo que dirige a historia Moderna, possuidora desses métodos sumários de destruição que são as armas
modernas. Todavia o seu livro não engloba apenas os problemas sociais, econômicos ou administrativos. Você vai alem e desce a minúscula admiráveis: frutas silvestres, o artesanato simples da terra e ate mesmo o som choroso das violas. A descrição de sua viagem lembra os roteiros que fazem a fascinação do leitor – e eu, tão generosamente citado por você, não sei expressar o que verdadeiramente sinto, a impressão que o livro me deixou e que vai ficar nas letras para a posteridade como a maior justificação de Brasília. Por tudo, por esse prazer do espírito e da sensibilidade, só posso agradecer-lhe abraçando afetuosamente com esta amizade que a cada dia se solidifica e aumenta.

Sinceramente,
Juscelino Kubitschek

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PORQUE ME ODEIAS?

PORQUE ME ODEIAS?
Por Plínio Salgado.



“Quero personificar singularmente em ti, patrício, o estado de espírito de outros, como tu mesmo, que de maneira tão cruel e agressiva, investem contra mim e contra aqueles que me acompanham neste esforço por edificar um Brasil Cristão, digno dos nossos antepassados e dos nossos descendentes. Quero fazer-te algumas perguntas, que a ti mesmo responderás sinceramente, naqueles instantes – se ainda os tens – em que a consciência do Homem se ergue, como um clarão, pairando acima das paixões e de todas as confusões perturbadoras da
serenidade da alma. Sim; a ti mesmo, e não a mim, nem a alguém, responderás honestamente, porque talvez não tiveste ainda ocasião de te propor as questões que agora te proponho, a fim de te ajudar, no segredo mais recôndito do teu coração, a raciocinar com justiça, deduzindo a verdade que, sendo uma só, pela sua unidade se torna o liame das almas, ligando-as pelo
sentimento de confraternidade que gera a Paz, a única Paz verdadeira. Em primeiro lugar, te perguntarei: tu me conheces realmente? Já me viste; já me ouviste, numa conversa cordial? Homens injustos pintaram-me aos teus olhos como um indivíduo rancoroso e violento, de áspera catadura e palavra contundente, inacessível a qualquer objeção e eriçado contra qualquer ponderação. Asseguro-te que esse retrato não é meu. Quem o diz são aqueles que, não me conhecendo antes, conheceram-me depois, manifestando-se surpresos e espantados pela total diferença entre a pintura feita pelos maus e a realidade que lhes foi posta diante dos olhos. É possível, portanto, que tenhas visto aquele retrato deformado e abstruso, como as imagens refletidas em espelhos côncavos ou convexos, desses com que se divertem as multidões nas feiras; mas nunca me viste no original. Pergunto-te, se tal caso se dá, o seguinte: achas justo,
achas honesto, lançares o veredicto do teu julgamento sobre um homem que pensas conhecer pelo fato de teres visto um retrato que não é o dele, um retrato confeccionado pelos seus inimigos? Como podes formar uma idéia de alguém com quem nunca falaste? Se o fizesses, verias em mim um modesto brasileiro, cuja simplicidade não provém de uma atitude estudada, mas exprime o próprio modo de ser dos caboclos humildes da nossa terra. Porque o que existe em mim é o que se pode encontrar em nossos patrícios do sertão: o amor a tudo o que se chama brasilidade, o apego as nossas tradições, o sentimento familiar e patriarcal inerente ao teor de vida das cidades do interior, o instinto de defesa da Nacionalidade e da Religiosidade patrícias, resultando tudo naquele senso de equilíbrio e de justas medidas ao qual repugna a demagogia que envenena as turbas e as agitações perturbadoras do ritmo tranqüilo e fecundo do trabalho nacional. É isto o que sou e como tal me conhecem os que me viram e ouviram os que observaram a minha vida de homem particular e de homem público. Se não me observaste a fundo, como podes emitir um juízo a meu respeito? E se o teu juízo não se baseia em realidades experimentalmente colhidas, por que te apóias num julgamento falso a tal ponto de me odiares sem me conheceres e odiares os que trabalham comigo, sem aprofundar no exame dos motivos que determinaram a adesão desses brasileiros às idéias que prego? Dirige estas perguntas a ti mesmo, confidencialmente, silenciosamente, e deixa que te responda não a tua paixão política, mas a tua consciência. As idéias que prego... Sabes quais são elas? Não me venhas dizer que sabes, pelo fato de haveres lido o que dizem delas aqueles homens sem consciência que as deturpam, deformam e até as substituem por outras idéias que nunca estiveram nem no meu
pensamento nem nas minhas palavras. A fonte verdadeira das idéias que prego e que propagam os meus companheiros neste apostolado cívico-político em que nos empenhamos, não pode ser outra senão os documentos em que expomos a nossa doutrina. Há mais de quarenta anos trabalho por nossa Pátria, e, trabalhando por ela, trabalho por ti, patrício, e pelos teus filhos. Nesse árduo labor, tenho procurado demonstrar, preliminarmente, que a crença em Deus e nos destinos sobrenaturais do Homem deve ser o fundamento de toda a ordem social. Responde-me, sinceramente: achas que, por esse motivo, meus companheiros e eu devemos ser odiados?
Se ainda acreditas que uma sociedade, uma pátria, um governo só pode realizar justiça e produzir administração honesta, tomando a Deus e aos destinos superiores do Homem como base de toda a sua ação, pergunto-te: como podes detestar-me e detestar os meus correligionários que outra coisa não fazemos senão proclamar e propagar essa verdade? Merecemos o teu ódio pelo fato de crermos em Deus e na existência, imortalidade, liberdade e responsabilidade da alma humana?
Acreditando em Deus que nos traçou leis imprescritíveis e na existência da alma do homem, logicamente pugnamos pela Liberdade, sem a qual o mesmo Homem não poderia escolher o seu caminho. O corpo do Homem, sendo matéria, não é livre, porque está sujeito às leis físicas, mas o Espírito do Homem é livre, porque independe da sujeição da matéria. Logicamente todo aquele que afirmar ser o Homem apenas um ser físico, de cujo mecanismo orgânico em funcionamento decorre uma inteligência mortal, simples superestrutura (como dizem os comunistas), todo aquele que se manifestar desse modo, materialista, não pode dizer que defende a liberdade humana. Só os espiritualistas podem e devem pugnar pela Liberdade. Essa a razão pela qual meus amigos e eu nos batemos pela Liberdade contra toda a espécie de despotismo, entre
cujas formas avultam o Estado Totalitário, seja o nazista, seja o comunista. Pergunto-te, agora, patrício: merecemos ser odiados por andarmos pregando a Liberdade contra a Opressão? Enquanto não sabias disso, podias justificar o teu ódio na falsidade que te apresentaram como realidade. Mas desde este momento em que chegaste a esta linha do meu escrito, já não tens direito de crer que meus correligionários e eu somos contrários à Liberdade. Seria um contra-senso em homens espiritualistas, um absurdo que a tua inteligência não pode aceitar. Medita sobre esse fato e responde a ti mesmo, com a mão na tua consciência. Depois, com absoluta imparcialidade, dirige-te a ti mesmo todas as perguntas que deixo implícitas neste artigo e outras que uma voz recôndita te formulará no íntimo do teu ser e responde patrício. Sim; responde enquanto é tempo e vem enquanto é possível. Porque se não responderes logo e não vieres ao meu chamado amigo, talvez que seja tarde para evitares as desgraças que pairam como uma nuvem ameaçadora sobre a tua Pátria, a tua Família e tua própria Pessoa!”. Nota: - Este foi o último artigo de Plínio Salgado, publicado no “Diário de São Paulo” em 14 de dezembro de 1975,
uma semana depois do seu falecimento, aos quase 81 anos de idade, na cidade de São Paulo.

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IN HOC SIGMA VINCES!

Jornal A Offensiva, 11/10/1934, pág. 2



O Congresso de Vitória foi uma força pivotante. O de Petrópolis será uma grandeza de extensão. Ante o silêncio da imprensa, que abre colunas a todas as inutilidades, o Congresso ficará mais nítido em sua simplicidade heróica. Movimento de mocidade e de força nova, sem ricos e sem diretores de “opinião pública”, o Integralismo derrubou toda a primeira serie de seus inimigos e torna posição para deslocá-los dos pontos onde a inércia da liberal-democracia lhes tinha permitido ficar e fixar-se. Imprensa que não tem redação e apenas gerência, marxistas de mentalidade hemiplégica, com função unilateral, políticos com antolhos para que vejam apenas a trilhas dos programas inviáveis, sociólogos de entrevistas que só pretendeis aderir depois da vitória, independentes a preço fixo, professores de Direito a quem o Estado Burguês entrega sua mocidade para vossas experiências de tóxicos, burocratas da religião automáticas para quem Pio XI é menos ortodoxo que vosso vigário que não lê “Charitates Christi Compulsi”; meninos-bonitos que citam Lênin afagando camisinhas de seda, banqueiros cegos, industriais
surdos, guias paralíticos, gente do meu Brasil sonolento, distraído, indiferente, gozador, apático,
desdenhoso, sorridente, convencido que as chuvas do dilúvio não cairão jamais, despertai para o combate e para a glória! Sobre esse vosso braço inútil pregai a letra chamejante que vos distinguirá da manada confusa, do rebanhismo informe, da multidão incolor. Vinde para as fileiras verdes do Integralismo, trabalhar, estudar e sofrer conosco. Não deveis preparar desde já a explicação de vossa comodidade ante o arranco de nossa vitória definitiva. Ficareis marcados para sempre entre os que renegaram a Deus, a Pátria e a Família, material posto de lado, gasto antes do uso, inservível para outra coisa que não seja adesão ruidosa para a continuidade de
vossa digestão de oito lustros. Lembrai-vos que só existe no Brasil um sinal para reconhecermos os brasileiros que estão construindo uma Pátria, na perpetuidade do esforço e do sacrifício. Esse sinal é o Sigma. Brasileiro, mano, camarada, companheiro de varias e de poucas virtudes, a época passou para as vossas literaturas de artifício e de confeitaria. Estais diante de um minuto que definirá vosso pensamento. Lembrai-vos que este é o momento da Escolha, da Coragem, do Passo Inicial, a marcha para o alto como as nossas saudações. Soltai o volante da “baratinha”, espaçai o banho de sol afrodisíaco, deixai o livrinho que o marxista pinto de ouro para a vossa ignorância, ausência de raciocínio e clareza de dedução. Vêde as ruas, as praças, as estradas de todo o Brasil, cheias de “camisas verdes” de todas as idades da Fé. Ficareis isolados deste
movimento, único em toda nossa existência política? Nós não queremos vossa amável companhia depois que vencermos. Somos diverso. Um trapo verde não vos identificará como integralista. É preciso uma profissão de fé. Lembrai-vos das duzentas mil vozes que ressoam pela terra da Pátria. Curvai o ouvido a grande voz esparsa e sonora que sobe de todos os recantos. Em vós, brasileiro por acaso, pousam os olhos inquietos e sofredores de Plínio Salgado, perguntando vossa resposta a pergunta que ele fez ao Brasil. Deveis saber que todos nós nos erguemos, sacrificando tudo, para segui-lo porque acompanhamos o esperado...
IN HOC SIGMA VINCES!...
Lembrai-vos enquanto sois apenas neutros...

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11 de Maio de 1938 A reação contra a ditadura!

A reação contra a ditadura!



I – O OBJETIVO DA CONTRA-REVOLUÇÃO:

O movimento de 11 de maio de 1938 tinha como objetivo a deposição do Presidente da República - que governava como ditador desde o golpe de Estado de l0 de novembro de 1937 - e redemocratizar o país, reconstituindo o primado da Constituição de l6 de julho de 1934. Para isso reuniram-se os liberais em uma conspiração liderados pelo tribuno baiano Octávio Mangabeira - "À sua volta se irão aglutinando os revoltosos e desencantados, os que não quiseram e os que não puderam caber na nova situação." (Hélio Silva, "1938 - Terrorismo em campo verde", pg. 133). De outro lado, reuniram-se os integralistas, liderados por Plínio Salgado, líder nacional da Ação Integralista Brasileira. Na origem, tratava-se de duas conspirações que se desenvolviam separadamente, a partir da publicação do decreto presidencial que determinou a dissolução de todos os partidos políticos existentes, impedindo, assim, a realização das eleições presidenciais marcadas para o início do ano de 1938. Posteriormente, por interesses convergentes - garantia das eleições para as quais tanto Armando de Salles Oliveira, pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, como Plínio Salgado eram candidatos à Presidência da República - uniram-se num único movimento revolucionário.
A comprovação dessa assertiva é confirmada pela documentação existente no Arquivo Nacional
do Rio de Janeiro - Processos n. 588, 600, 606 e outros do Tribunal de Segurança Nacional -; pelas pesquisas realizadas pelo historiador Hélio Silva, publicadas em várias de suas obras em
que tratou sobre o tema, assim como, em pesquisas realizadas por outros autores (ver bibliografia).

II - COMO SE DESENVOLVEU A CONSPIRAÇÃO:

A conspiração se desenvolveu em dois níveis: o das altas lideranças - chefes políticos, militares de alta patente, intelectuais, empresários, e o dos militantes de ambas as facções. Severo Fournier representando os liberais, como homem de confiança do então Coronel Euclides de Oliveira Figueiredo, e os médicos Belmiro Valverde e Raimundo Barbosa Lima, representando os integralistas. Reuniões foram realizadas à exaustão nos dois níveis e entre os representantes
dos dois grupos então unificados.
Ocorre que entre as altas lideranças a decisão de executar o plano, com maior apoio, se prolongava, aguardando, novas adesões significativas. Entretanto, um fato novo determinou a
definição da data para o ataque ao Palácio Guanabara, residência oficial do Ditador. O tenente
Júlio Barbosa do Nascimento que aderira ao movimento era um dos Comandantes da Guarda
Militar do Palácio e fora designado, para o seu plantão no dia 10 de maio, entrando em serviço
às 10 horas da noite daquele dia. Assim sendo, determinou-se que o ataque ao Palácio seria realizado na primeira hora do dia 11 de maio de 1938. Acordado entre todas as lideranças o plano de ataque elaborado por Severo Fournier, com a supervisão do Coronel Euclides Figueiredo deveria ser executado, sem demora - "Meu pai havia lido esses planos, fazendo-lhes observações à margem. Falhada a intentona promovida por integralistas dissidentes de Plínio Salgado e seguidores de Belmiro Valverde, de sociedade com oficiais não-integralistas e contrários à ditadura fascistóide, como Severo Fournier e outros, estava Euclides Figueiredo, o ex-comandante do Movimento Constitucionalista de São Paulo e membro do grupo que apoiava a candidatura de Armando de Salles Oliveira". Meu pai foi condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional - a quatro anos de prisão". Este texto consta do livro "DE UM OBSERVADOR MILITAR - A 2a. Guerra Mundial vista de dentro uma prisão do Estado Novo", escrito por Euclides Figueiredo e editado pela Câmara de Deputados (Centro de Documentação e Informação), em Brasília, no ano de l983, na BREVE EXPLICAÇÃO, escrita pelo intelectual e escritor Guilherme Figueiredo, às páginas l9 e 20. Severo Fournier no seu DIÁRIO SECRETO, publicado pelo jornalista David Nasser (Edições Cruzeiro, R. J., l956, 2a. edição), à página 56 diz:
"Nosso movimento estava, além de tudo, baseado em várias forças armadas do País e se
apoiava em duas das maiores correntes e organizações políticas: na democracia representada
pelo Partido Constitucionalista, que significa dizer com o Brasil. E com o Integralismo". Confirmando este depoimento de Severo Fournier, Hélio Silva, na obra acima citada, às páginas
78 e 79, diz:
"A figura que sobressai pelo seu passado e, sobretudo, pela sua combatividade é o Ex-Chanceler
de Washington Luís, Otávio Mangabeira. A ele se deve, principalmente, o fato de não ter cabido
o comando da ação rebelde ao próprio chefe integralista, Plínio Salgado. Por indicação de Mangabeira, foi escolhido o Gen. João Cândido Pereira de Castro Júnior. A conspiração se desenvolveu utilizando esses elementos, sem distinções ideológicas. A participação integralista não pretendeu imprimir, ao menos nessa fase, características doutrinárias. Tratava-se de articular um plano subversivo, utilizando elementos das classes armadas, antigetulistas ou filiados ao integralismo. Se vitorioso, o movimento constituiria uma junta militar que, seguindo o
modelo clássico, prometeria eleições, logo que tivesse saneado a política.”

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Carta de Plínio Salgado para Getúlio Vargas

Carta de Plínio Salgado para Getúlio Vargas:
ENGANADOS, MAS FIÉIS A PALAVRA DADA.



A maior de todas as surpresas que tive em 10 de Novembro foi o discurso de V. Exª.
Nessa noite fiquei completamente convencido de fôramos enganados, desde o primeiro
dia. Não houve uma palavra de carinho para o Integralismo ou para os Integralistas.
Entretanto, era um movimento e eram homens que tudo fizeram pela Nação e que
sempre foram leais para com V. Exª. nos momentos os mais difíceis. Por todo o país,
ouvindo o rádio, um milhão e meio de brasileiros considerava o fato amargamente.
Apressai-me, leal à palavra empenhada, em extinguir a feição política da “Ação
Integralista Brasileira”. O único partido nacional, o único que estava em consonância
com o proclamado corporativismo do Estado Novo, era paradoxalmente o ÚNICO que
vinha espontaneamente declarar-se extinto, para só viver como sociedade cultural,
esportiva e beneficente.
Isso antes de qualquer lei, de qualquer decreto...
O Integralismo iria continuar, sob essa forma, conforme lhe prometeram os
responsáveis pela situação, prestando os serviços que só ele até então tinha prestado ao país.
Eu não supunha, porém, que o que se arquitetava contra o Integralismo era tão grande.
Logo os jornais, havendo censura oficial, começaram a atacar-me, a ridicularizar o
movimento integralista. Alguns diretores de jornais informavam-me que recebiam
ordens de autoridades para abrir fogo contra nós.

LOUVORES QUE NÃO HONRAM E CAMPANHA QUE NÃO DIGNIFICA

Em todas as rodas de políticos da cidade só se falava, então, do “tombo” que V. Exª. nos dera; no novo “pirarucu” que V. Exª. pescara; na rasteira que V. Exª. passara no
Integralismo, como se tais proezas atribuídas a um homem que todos brasileiros devem
olhar como honrado, dedicando-lhe todo o respeito, não ferissem mais a V. Exª. do que
ao Integralismo.
Houve mesmo uma palestra assistida por pessoa que os comensais não sabiam integralista, em que um dos diretores de uma Companhia, de que o Ministro da Justiça
fora advogado, afirmava haver sido eu chamado pelo Dr. Campos, o qual me impusera
(isso logo no dia 10 de Novembro) o fechamento imediato do integralismo. Essa
conversa deixou-me bem claro o projeto que se continha no meu chamado na manhã de
10, de improviso convertido em um pedido de noticia no “O Povo”.
A censura de imprensa começou a dar ordens que mais parecem de inimigos de V. Exª.
Proibiu a publicação do meu nome muitas vezes ou em tipo que ultrapassasse o
tamanho indicado; proibiu elogios literários sobre livros de minha autoria; proibiu que se dissesse que fundei o Integralismo, ou que fiz campanha nacionalista; proibiu que se usassem as palavras Integralismo, Integralista, Integral, etc.
Fomos, desde o primeiro dia do golpe, tratados como inimigos.
Já não quero falar a V. Exª. o que se passou nos Estados, antes mesmo do nosso
trancamento oficial. Meus retratos foram destruídos por esbirros, meus companheiros
presos e espancados, sendo numerosíssimos os telegramas que ao Dr. Campos foram
apresentados, relativos às mais inomináveis violências em todos os pontos do país, onde os Governadores irritados com o estado novo ao qual aderiram por interesses pessoais, vingavam-se nos integralistas, apontados como sustentáculos de V. Exª.

FASCISMO CONTRA INTEGRALISMO

Assim passamos angustiadamente até 19 de Novembro. Tive noticias de que nesse dia
seriam lançadas as “legiões” iguais aquelas kakis, de tentativa fascista de outros tempos.
Mas, não sei por que motivo, talvez devido à copiosa chuva, não fomos pelo fascismo
governamental esmagados e substituídos nesse dia. No dia 20, o General Góis Monteiro
pediu-me para chegar até sua residência. Lá, fez-me veemente apelo para que eu não
fechasse o integralismo, dizendo-me mesmo que tal medida seria desastrosa para o
Brasil.
Dizia-me que o Integralismo já havia cumprido uma grande missão e agora tinha de
cumprir outra. Essa ultima era a de manter uma sagrada mística onde tudo era interesse e hipocrisia. Elogiou as intenções de V. Exª., mas lamentou que os políticos estivessem estragando tudo. Disse que o destino do Brasil muito dependia do Integralismo. Em seguida insistiu para que eu falasse imediatamente ao Ministro da justiça, Dr. Campos, e, indo ao telefone, marcou o encontro. Foi isso exatamente na ocasião em que V. Exª. designava nova entrevista que desejava ter comigo e que seria dessa vez em Petrópolis.

PROMESSA QUE NÃO FOI CUMPRIDA; AFLIGEM-SE OS GENERAIS GOIS
MONTEIRO E NEWTON CAVALCANTI.

O Dr. Francisco de Campos disse-me logo de inicio da conversa, que a colaboração
pessoal minha no Governo de V. Ex.ª dependia, preliminarmente, do fechamento do
Integralismo, pois no Estado Novo, só haveria o partido do Governo. Respondi-lhe que
já havia fechado o partido político, porém que, de acordo com o combinado, ficava
aberta sociedade civil “Ação Integralista Brasileira”, de fins culturais e educacionais.
A esta altura da minha carta, lembro-me, Sr. Presidente, de que na manha do dia 10 de
Novembro, quando fui chamado pelo ministro da Justiça, Dr. Campos, para receber a
encomenda de uma noticia de imprensa, eu lhe perguntei ao despedir-me, já de pé, se na nova Constituição tinha sido incluída alguma disposição dentro da qual ficasse
assegurada a existência da “Ação integralista Brasileira” como sociedade civil, ao que ele me respondeu prontamente que sim.
Agora, eu apelava para a afirmativa do Sr. Ministro, ao que ele retrucava que era uma
exigência de V. Ex.ª o nosso fechamento.
Eu disse, então, ao Ministro Campos, que se o fechamento da Ação integralista
Brasileira também como sociedade civil, e não só como partido, era inevitável, então
que partisse do próprio governo, pois essa deliberação jamais partiria de mim porque a minha dignidade não o permitia. Foi esse o pensamento que ele levou a V. Ex.ª.
Abalado por tão imprevistos acontecimentos, julguei um dever comunicar o fato ao
General Góis Monteiro, que apelara para mim no sentido de que eu não fechasse o
Integralismo, e ao General Newton Cavalcanti que prometera ser o advogado dos
Integralistas. O General Góis Monteiro, relembrando os serviços que o Integralismo
prestara ao Exército e expondo com muita clarividência a sua crítica sobre a situação do país, prometi falar com o Sr. Presidente da república, demonstrando a V. Ex.ª a extrema gravidade que representava para o exército e o País o fechamento do Sigma naquela ocasião. Quanto ao General Newton Cavalcanti tão profundamente chocado ficou com a noticia contrária ao que V. Ex.ª lhe assegurara que, já noite, debaixo de um forte temporal, saiu da Vila Militar para a cidade, a fim de se entender com o Sr. Ministro da Guerra, pedindo-lhe que se dirigisse a V. Ex.ª.

O MINISTRO CAMPOS OFERECE-ME DINHEIRO

No dia seguinte, estive novamente com o Ministro Francisco Campos, que já havia
estado com V. Ex.ª e que me informou da resolução de V. Ex.ª de baixar um decreto
fechando todos os partidos políticos, inclusive o Integralismo, que não poderia
funcionar, mesmo como sociedade civil sem as características do partido. Reclamei,
então, veemente, contra isso dizendo ao Dr. Campos que tal medida nos deixaria numa
situação dificílima, pois a Ação Integralista Brasileira tinha relações civis e comerciais, com responsabilidades para com terceiros, tinha dividas, inclusive a relativa ao empréstimo do Sigma de milhares de contos, tinha ambulatórios médicos, lactários, escolas, bibliotecas, jornais e revistas. Seria uma calamidade e nós não mereceríamos isso, pois não praticamos nenhum crime para sermos tratados dessa maneira. O Sr.
Ministro da Justiça respondeu-me que esses prejuízos financeiros o Governo poderia
pagar porque tinham sido despesas feitas com obras DE BENEMERÊNCIA. Eu lhe
respondi que a dignidade do Integralismo não permitia que aceitássemos a oferta, pois
daríamos à impressão de haver transacionado o nosso apoio ao governo. Encerrando a
conversa, o Ministro disse que iria estudar o caso.

O PRESIDENTE ENCONTRA-SE COMIGO NO LUGAR DE COSTUME

Foi depois disso que estive com V. Ex.ª, novamente, em casa do Dr. Renato da Rocha
Miranda. Depois de palestrarmos sobre vários assuntos, V. Ex.ª me declarou que iria
baixar um decreto fechando todos os partidos e eu tive de concordar com essa
providencia, porque assim deveria ser pela Constituição do Estado Novo. Falei então, a V. Ex.ª que, a “Ação integralista Brasileira” já não seria atingida pelo decreto, porque deixara de ser partido, desde o dia 11 de novembro, e que ela deveria apenas continuar como sociedade cultural, educacional, esportiva, e beneficente, em que porventura se transformassem os partidos, teriam de mudar de nome.
Dignando-se V. Ex.ª transmitiu-me essas informações, reiterou o convite que
anteriormente me fizera para ocupar o lugar de Ministro da Educação em seu governo.
Eu procurei mostrar a V. Ex.ª como a proibição, de chofre, dos gestos, uniformes e
distintivos integralistas, iria ferir profundamente a massa de mais de um milhão de
brasileiros que me acompanhava. Lembrei a V. Ex.ª que os nossos inimigos eram
justamente aqueles que nos odiaram por verem em nós o sustentáculo do Poder Central
e que, agora, esses homens tendo aderido hipocritamente ao Estado Novo e não se
conformando, no intimo, com a situação, iriam vingar-se nos integralistas,uma vez que
não tinham hombridade para lutar contra o Presidente da Republica. Falei a V. Ex.ª das grandes opressões que os integralistas já estavam padecendo antes mesmo do
fechamento do Sigma e do quanto iriam sofrer de autoridades covardes que
exorbitariam na ocasião do trancamento das sedes municipais.
Pedi a V. Ex.ª, em nome dos serviços que prestáramos na luta contra o bolchevismo, na
sustentação da autoridade do Presidente da República, no combate ao regionalismo
separatista e, em nome dos mártires que já contávamos que a “Ação integralista
Brasileira”, embora fechada como partido pudesse continuar a viver como sociedade
civil, sem que, portanto, fosse preciso o encerramento das sedes nacionais, estaduais e municipais, que ocasionaria tropelias e barbaridades em todo território da republica. A esse apelo, V. Ex.ª, atendendo-me, prometeu que falaria com o Ministro da Justiça, a fim de que combinasse ele comigo as instruções que eu julgasse necessárias, de modo a evitar maiores aborrecimentos aos integralistas.
Diante disso, para demonstrar a V. Ex.ª a minha boa vontade esquecendo todos os
dissabores dos últimos dias, prometi que, logo que saísse o decreto fechando os partidos políticos e desde que, pelo seu texto, os integralistas verificassem que continuavam a sua obra patriótica, eu reuniria as personalidades de mais projeção do integralismo e as consultaria sobre o convite que me era feito para colaborar como Ministro de V. Ex.ª.

O GENERAL NEWTON CAVALCANTI, FIADOR DA PALAVRA ALHEIA, PEDE DEMISSÃO.

Nos dias que se seguiram, no que me parece, os Generais Góis Monteiro e Newton
Cavalcanti deram alguns passos junto ao Ministro da Guerra, em continuação às
providencias que estavam tomando anteriormente, no sentido de obterem de V. Ex.ª o
não fechamento do Integralismo como sociedade civil. Isto suponho, porque o General
Góis Monteiro teve a bondade de me procurar em minha casa para me fazer a
comunicação de que esgotara todos os argumentos a nosso favor, porém não pudera
evitar o nosso fechamento. Quanto ao General Newton Cavalcanti, tive conhecimento (e
toda a população do Rio de Janeiro) de uma longa carta que ele endereçou ao Sr.
Ministro da Guerra, pedindo demissão do Comando da Vila Militar, por não concordar
com a providencia que nos atingia, em desacordo com a palavra em contrário que se lhe
havia dado. Logo depois, saia o decreto. E eu não fui ouvido pelo Ministro da justiça, conforme ficara combinado com V. Ex.ª.

DESENCADEIA-SE A PERSEGUIÇÃO AOS INTEGRALISTAS.

Não se descreve o que se passou no país, Sr. Presidente. As maiores tropelias e
violências foram praticadas. Centenas de sedes foram depredadas. O meu retrato
arrastado para as ruas e queimado. Numerosas prisões efetuadas. Homens e mulheres
espancados barbaramente. Domicílios particulares invadidos e saqueados. Houve um
caso até (no Paraná) de incêndio na casa de um médico, chefe integralista municipal,
enquanto este se encontrava encarcerado. Os relatórios que possuo são deprimentes para os esbirros estaduais. Era o ódio recalcado dos próprios inimigos de V. Ex.ª
(separatistas e comunistas) desforrando-se naqueles que pregaram a unidade da Pátria, o prestigio do Poder Central e as doutrinas corporativistas agora de certa forma adaptadas pelo Estado Novo. Foi proibida a revista “Anauê”, que se publicava nesta capital,havendo ameaça de fechamento dos nossos jornais. Em diversos Estados foram apreendidos, nas livrarias, livros de autores integralistas. No Estado do Rio chegaram até a confiscar os livros de minha autoria que nada tinham a ver com o Integralismo: romances, ensaios, literatura em geral, com prejuízos financeiros para os meus editores e para mim particularmente. A onda de ódio desencadeou-se violenta por todo o país com ameaças tremendas, vexames de toda espécie e brutalidades indescritíveis.

AS CONSEQÜÊNCIAS FATAIS

Encontro-me hoje, Sr. Presidente, na mais dolorosa das situações a que um homem de
bem, pelo seu patriotismo, pela sua desambição, pela sua lealdade e pela sua dignidade poderia ser levado.
As autoridades exigem de mim duas coisas que se repelem, duas coisas que constituem
o impossível:
Que eu não me considere mais “Chefe Nacional” dos Integralistas;
Que eu lhes de ordens, que seja obedecido e que responda por todos eles;
As autoridades exigem também outro absurdo da massa integralista, pela imposição de
duas exigências contraditórias:
Que se acabe definitivamente com a “mística”, isto é, com o uniforme, os símbolos, a
saudação, os distintivos, o nome “Integralista” e a palavra “Integralismo”, o respeito ás ordens do Chefe, porque o governo não quer que exista mais Chefe para os mesmo Integralistas;
Que essa massa, sem mística, sem características, sem disciplina e sem chefe, tenha um procedimento uniforme e responda coletivamente por atos isolados de qualquer de seus membros.
A tentativa que fiz para organizar uma sociedade (“Associação Brasileira de Cultura”), não logrou êxito no Ministério da Justiça onde os papeis se arrastam há dois meses.
Muitos Integralistas, aliás, não se conformam com outras denominações e não querem
abrir mão das exterioridades do seu culto cívico. Outros revoltados diante da campanha dos jornais esquerdistas (em plena vigência da censura) contra o Integralismo, desgarram-se dos quadros disciplinadores do antigo movimento, ligando-se a políticos liberais por não acreditarem na sinceridade do Governo.
Vários companheiros têm morrido sob maus tratos policiais. Diante de tudo isso, que
devo fazer?
Cerca de cinco mil integralistas passaram, em sucessivas comissões, pela minha
residência, por ocasião do Natal e do Ano Bom. A esses falei e aconselhei. Mas o Rio
tem dezenas de milhares de integralistas e o Brasil centenas de milhares. Que estarão
fazendo? As cartas que recebo revelam um estado de animo estranhamente tenso.
O Comandante Américo Pimentel, da Casa Militar de V. Ex.ª, vindo cumprimentar-me
em nome de V. Ex.ª na passagem daquelas datas festivas, foi algumas vezes testemunha
de meus esforços pacificadores. Indague V. Ex.ª, por exemplo, de pessoas que lhe
merecem crédito, como o Dr. Renato Rocha Miranda, Dr. Amaro Lanari, Dr. Belisário
Pena, o General Vieira da Rosa, o Dr. Rocha Vaes, o Dr. Gustavo Barroso, sobre o
quem tem sido a minha ação, desde o fechamento do Integralismo, a acalmar exaltado, a
descobrir grupo que cometam ou despertam ou se desesperam, reduzindo-os à disciplina
a fim de evitar que façam loucuras.
O Integralismo, arrebentadas as comportas da hierarquia, a través da qual chegava, de
chefe em chefe, a minha palavra é hoje uma ebulição que se pode tornar incontrolável.
Entre as coisas que mais amargam essa massa, cumpre notar a inexistência, nestes dias, da menor palavra do Governo, que tanto deve ao Integralismo e que no Integralismo sempre reconheceu um movimento que tudo sacrificou pela grandeza da Pátria, sem nada haver pedido em troca.
A coletividade integralista só tem recebido asperezas, remoques, ironias, perseguições injustificadas, não só de certa imprensa como mesmo de algumas autoridades superiores do país. E que crime praticou o Integralismo?
Os argumentos que se usam contra nós são os mais absurdos e irrisórios.
Afirma-se que devemos estar satisfeitos porque nossas idéias estão triunfantes e que,
por isso, qualquer atitude de desgosto só pode revelar ambição pessoal. Mas ao mesmo
tempo, autoridades policiais proíbem a palavra “integralismo”, proíbem que os jornais
nossos se refiram à obra realizada por nosso movimento no país, permitem que sejam
feitos contra nós ataques em certa imprensa até a pouco reconhecidamente bolchevista
e, em todos os quadrantes do país, as autoridades, invertendo a realidade, nos chamam
de “extremismo de direita” e ao Estado Novo de “defensor da democracia”!...
Nos meios políticos e em algumas esferas governamentais sempre fomos maltratados
desde o dia 10 de Novembro. E quando se esgotaram todos os recursos para nos
levarem ao desespero, começaram a fantasiar as mais ridículas conspirações, que se nos atribuíam, seguidas de prisões as mais injustas. As tropelias policiais em lares humildes são freqüentes e cruéis, com espancamentos e torturas que se produzem. Numerosas famílias estão privadas de seus chefes. Criou-se uma atmosfera de animosidade e desconfiança e desconfiança, dentro da qual se pretende asfixiar os Integralistas.
Essa é a situação que precisa ser encarada com o maior realismo e o mais alto
patriotismo por todos nós.

CONCLUSÃO

De minha parte, nos superiores interesses do Brasil, estou sempre disposto a procurar
fórmulas salvadoras e dignas. É com esse estado de espírito que me dirijo a V. Exª.
antes de um novo encontro pessoal, por meio desta carta que constitui um documento
que lego à história do Brasil, mostrando a elevação de vistas, o desinteresse pessoal, o conciliador patriotismo e a firme dignidade com que me portei nestes dias que considero os mais tristes de minha vida toda, dedicada ao serviço da minha Pátria.
Falei nestas linhas, francamente, confiadamente, sem nenhuma restrição mental a V.
Exª., como um bom brasileiro deve falar ao Chefe de sua Nação. Penso que esta questão
do Integralismo precisa ser colocada no terreno exclusivo da confiança e lealdade. É o que faço. E V. Exª. agora, sabedor do motivo porque ainda não aceitei o convite de V. Exª. para seu Ministro, poderá concluir em que setor do Governo e de que maneira
poderíamos trabalhar com dignidade pela grandeza do Brasil.

(a) Plínio Salgado.
Rio de Janeiro, 28 de Janeiro de 1938.

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A SECA DE 1932

Histórico da Seca de 1932



Na seca de 1932, milhares de flagelados pretendiam seguir do sertão para Fortaleza em busca de alimentos e melhores condições de vida. Temendo uma invasão maciça da Capital, o governo concentrou os retirantes num campo improvisado na barragem do Açude Patu, em Senador Pompeu. Centenas de famílias foram mantidas ali sob a promessa de trabalho, mantimentos e água. Mas repentinamente, a construção foi paralisada e os sertanejos abandonados à própria sorte. Logo vieram a fome e as doenças. Sem amparo, muitos morreram. Não existem números oficiais, mas o povo da cidade estima que pelo menos sete mil homens, mulheres e crianças foram enterrados no cemitério da barragem.

Para entendermos uma página negra da história do Brasil, ocorrida no Ceará, primeiramente durante a seca de 1915 e depois repetida em 1932, é necessário voltarmos um pouco no tempo, até 1877, época de outra grande seca que assolou o estado nordestino.



ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SENADOR POMPEU

Como é sabido por todos(ou ao menos deveria ser) a seca sempre foi um flagelo sazonal no Cariri. A falta de uma política efetiva, nesse sentido, perpetua o sofrimento dos irmãos nordestinos ao longo dos séculos.
Em 1877, ainda no tempo do império, a grande seca que assolou o sertão cearense, fez com que uma grande massa humana se deslocasse em direção das grandes cidades da época, como por exemplo Fortaleza, que obviamente era dominada pelas elites. Pressionados pela fome e pela falta de condições de sobrevivência e não encontrando resposta para as mesmas, esse famélico cortejo invadiu a capital da terra do sol e passou a saqueá-la.
Durante esse período (1877-1879) a solução encontrada pelo governo foi incentivar os flagelados a colonizarem a Amazônia, originando assim o primeiro Ciclo da Borracha.
Em 1915, nova seca fez com que os sertanejos se dirigissem para as grandes cidades, desta feita o Governo do Ceará, optou por criar o primeiro ”campo de concentração, no alagadiço, hoje Otávio Bonfim, ao oeste da cidade de Fortaleza, lá foram “abrigadas” mais de 8 mil almas a quem eram fornecidas alimentação sob a vigília constante de soldados. Mais uma vez foi estimulada a migração para a Amazônia e o campo ( curral humano ) foi desativado em novembro do mesmo ano.

Em 1932, nova seca assola o Ceará e novamente o movimento dos sertanejos se faz em direção às grandes cidades atendidas pela via férrea. Desta feita o governo instala novos campos de concentração, cercados por arames farpados e vigiados por soldados em:
Senador Pompeu, Ipu, Quixeramubim, Cariús, Crato (Buriti, por onde passaram 65.000 pessoas) além do já conhecido campo do Alagadiço( Otávio Bonfim) e o novo campo a noroeste da capital, o Pirambu, mais conhecido como o Campo do Urubú.


Campos projetados para abrigar 2000 pessoas, chegaram a manter 18.000 flagelados. As condições de higiene inexistiam, as pessoas viviam em verdadeiros currais.
Ao chegar tinham suas cabeças raspadas e eram obrigadas a usar um uniforme feito de sacas de açúcar, confeccionado por eles mesmos.
A cabeça raspada impedia a proliferação de piolhos, no entanto, as péssimas condições de higiene, alimentação precária e um surto de cólera, dizimaram milhares de sertanejos presos nesses campos de concentração tupiniquins.

“A seca de 1932 foi uma das maiores da história do Ceará. Fome e doenças como cólera, febre amarela e varíola marcaram aquele povo sofrido pela sede e fome. Senador Pompeu foi uma das cidades que abrigou um dos sete campos de concentração, criados pelo governo da época para deter a vinda de retirantes à Fortaleza.”

Mais uma vez o governo mandou milhares de cearenses para a amazônia , dando origem ao segundo ciclo da borracha.
Estima-se que cerca de 73 000 flagelados foram confinados nesses campos onde as condições eram desumanas, o que resultou em inúmeras mortes.
Ainda durante essa seca, flagelados cearenses foram enviados para o combate nas trincheiras da Revolução de 1932 em São Paulo.
Com o advento da segunda guerra mundial e temendo comparações com os campos de concentração nazistas os tais campos de concentração foram totalmente desativados e em outras ocasiões subsequentes e semelhantes, criaram-se albergues onde a população flagelada recebia melhor tratamento.
Quanto ás mortes também não se pode considerar que os campos de concentração cearenses tinham a intenção de serem campos de extermínio, mas sim o de afastar do olhar das elites das grandes cidades a face da pobreza de seus semelhantes que viviam no sertão.

-Qualquer semelhança com fatos contemporâneos não será mera coincidência.

De qualquer maneira, milhares de pessoas morreram, outro tanto foi enviado para bem longe, de forma que, ao invés de se solucionar o problema das secas, dava-se sumiço aos que dela padeciam.
Toda documentação desses infames campos de concentração tupiniquins tem sido oculta ao longo das décadas, embora haja hoje ação na justiça solicitando a identificação, via dna de todos os mortos sepultados em valas comuns e seu translado para cemitérios regulares.
Pleiteia-se também indenização para os sobreviventes e seus descendentes.
A “Justiça” cearense, manobra de todas as formas possíveis, extinguindo as ações sem julgamento de mérito , tentando com isso fazer permanecer no esquecimento essa página negra da nossa história.
Em Senador Pompeu, esta triste memória permanece viva graças ao misticismo das pessoas que acreditam que as almas sofridas, enterradas no improvisado “cemitério da barragem” atendem a pedidos e fazem milagres.

“O governo obrigava as vítimas da seca a trabalhar na construção da barragem do açude Patu. No entanto, repentinamente, a obra teve seus trabalhos paralisados e, junto com a paralisação, o governo deixou de manter o posto de saúde e o setor de fornecimento de alimentos que funcionava no campo. Com isso, os retirantes foram adoecendo e morrendo.

Atualmente, Senador Pompeu é o único município onde se encontra viva a memória do campo de concentração. O cemitério da Barragem do Patu é considerado um espaço sagrado para visitação. Há romarias, pessoas que rezam e pagam promessas. Os moradores acreditam que as almas dos concentrados são milagrosas, porque sofreram muito”.

VOCÊ QUER SABER MAIS?

http://valdecyalves.blogspot.com/2009/11/caminhada-da-seca-em-2009-em-senador.html


http://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_de_concentra%C3%A7%C3%A3o_no_Cear%C3%A1


http://opovo.uol.com.br/opovo/ceara/834054.html


http://institutocasarao.blogspot.com/2010/05/campo-de-concentracao-da-seca-de-1932.html


http://www.direitoshumanos.etc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3713:barragem-do-patu-ce-monumento-homenageara-vitimas-da-seca&catid=15:dhescas&Itemid=158


http://www.google.com.br/webhp?sourceid=navclient-ff#q=Campo+de+Concentra%C3%A7%C3%A3o+da+Barragem+do+Patu,+na+Seca+de+1932&hl=pt-BR&sa=G&biw=720&bih=342&prmd=v&source=univ&tbs=vid:1&tbo=u&ei=nE-qTK-FCYP_8AbN7rnhDA&oi=video_result_group&ct=title&resnum=4&ved=0CCYQqwQwAw&fp=b5795d582281b2b0


http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=591129