sexta-feira, 22 de julho de 2011

América Latina e as Ditaduras Militares

Autor: Leandro CHH

Ao procurarmos traços comuns a regimes militares das décadas de 1960 a 1980 e situações políticas diversas notamos que o nacionalismo e “populismo” de Velasco Alvaro no Peru e de Ovando Candia na Bolivia diferem em muito dos regimes repressivos e entreguitas de Pinochet no Chile, de Costa e Silva no Brasil e de Videla na Argentina. Mas nunca havemos de esquecer os pontos comuns entres eles: dissolução das instituições representativas, falência ou crise dos partidos políticos tradicionais, militarização da vida política e social em geral.

Nos três golpes militares na década de 1960, houve a influência determinante da diplomacia norte-americana. Devido aos seus interesses na América Latina e ao iminente confronto com a URSS por áreas de influência no mundo. Impregnaram a América Latina da idéia de que as democracias eram incapazes de conter o comunismo.

No Brasil o golpe militar de 1964 contou como apoio do governo dos Estados Unidos que apoiou a derrubada do governo Goulart. Nesse período o embaixador norte-americano era assíduo freqüentador do palácio presidencial. Onde sugeria nomes para compor ministérios e censurava as escolhas de “esquerdistas.

É evidente o grau de envolvimento dos Estados Unidos na preparação e execução do golpe de abril de 1964. Examinemos a Operação Brother Sam que consistiu no envio às costas brasileiras de um porta-aviões, destróieres dentre outros artefatos bélicos como o objetivo de fornecer apoio logístico, material e militar aos golpistas. Mas para surpresa dos gringos os nossos militares deram conta do recado de acabar com o regime democrático contrariando os prognósticos da CIA que previa uma guerra civil prolongada.

O Estado militar instaurando credenciava-se principalmente como guardião do capital internacional e defensor da “restauração econômica, com foco constante na luta contra o comunismo internacional que pretendia acabar coma propriedade privada.

Em 9 de abril de 1964 como AI-1 decretou a morte do regime baseado na Constituição de 1946, na harmonia e independência dos Poderes, na inviolabilidade do mandato parlamentar. Com a criação da SNI (Serviço Nacional de Informação, com o objetivo de levar adiante os “princípios” da Doutrina de Segurança Nacional que tinha por objetivo principal caçar os “inimigos internos”.

Em 1966 foi a vez da Argentina ser tomada por um governo militar com os iguais ares de “refundação institucional” que o exército argentino tomou o poder comandado por Juan Carlos Onganía.

O projeto de penetração norte-americana na América Latina tinha exigido a deposição de vários governos civis para garantir a “calma” necessária ao andamento dos negócios e o combate à Revolução Cubana. Bolivia, Brasil em 1964 e Argentina em 1966 eram elos de um processo comum, que por toda parte se auto-intitulava “revolução”.

Nos anos de 1968-1969 os governos militares entraram em profunda crise, devido à onda de mobilizações populares que percorreu toda a América Latina, desde o México até a Argentina e o Uruguai. Na realidade esses eventos estavam relacionados com uma crise mundial que se instaurava como posso citar: “o maio francês”, a Primavera de Praga, a Ofensiva Tet pelos Vietcongs e do Vietnã do Norte contra a ocupação da Indochina pelo exército dos Estados Unidos, todos esses eventos deram-se no ano de 1968.

Neste mesmo ano houve no Brasil importantes manifestações estudantis contra a ditadura militar brasileira, as manifestações foram violentamente reprimidas. Haviam no Brasil grupos organizados e oposição ao regime, atuando na clandestinidade, empreendendo ações armadas em todo o país. Podemos citar a Ação Libertadora Nacional (ALN), e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Grupos armados como os citados eram duramente perseguidos e eliminados, com enorme mobilização de tropas do aparelho repressivo do Estado.

Ainda no inesquecível ano de 1968, depois de atacar e reprimir os movimentos grevistas em São Paulo, foi decretado o Ato Institucional de número 5 (AI-5), que restringia mais as liberdades políticas. Documentos liberados em 2001pelo governo brasileiro revelam que, em dezembro de 1968, o governo norte-americano viu o fechamento do Congresso e a suspensão dos direitos políticos no Brasil como uma “reação lógica” ao perigo comunista. Temiam um Brasil comunista, pois como afirma Henry Kissinger, então conselheiro de Nixon: “Se o Brasil se perder, não será uma outra Cuba. Será uma outra China.”

Uma questão que não pode deixar de ser salientada é a ocorrida em agosto de 1971 na Bolívia, que vivia por uma situação de “duplo poder”, com um governo militar do general Juan José Torres e um poder real concretizado na Assembléia Popular. Nesse beco sem saída o exército pelo comando do general Hugo Banzer Suárez, deflagrou um golpe militar singularmente brutal. Aonde as Forças armadas ocupavam todo o espaço político e econômico. Com uma crise econômica galopante devido ao declínio das exportações, a Bolívia viu-se obrigada a reciclar-se em torno do narcotráfico, que passou a ser crescentemente administrado pelos próprios militares donos do poder. Mesmo sabendo dessa situação o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger em viagem a Bolívia para aplacar diplomaticamente o ímpeto narcoexportador, agradeceu, no entanto, o empenho no combate contra o “comunismo” do governo boliviano.

Diferentemente das ditaduras da década de 1960, que possuíam um caráter mais “preventivo” de um eventual contágio de Revolução Cubana, as ditaduras da década de 1970 possuíam um caráter evidentemente contra-revolucionário. Esse ciclo golpista latino-americano da década de 1970 marcou a passagem definitiva do “caudilhismo” militar da primeira metade do século XIX que eram baseadas em um líder para o domínio. Agora o poder seria imposto por meio institucional das Forças Armadas, por toda parte governavam juntas militares.

Foi nessa década que os Estados Unidos tornou-se o maior exportar de armamento para o terceiro mundo, superando a URSS. Mesmo assim ainda os gastos militares latino-americanos eram baixos por ficarmos longe dos pontos de maior conflito do planeta.

Ainda assim o fortalecimento das forças militares era uma evento a notar-se. Fato esse que provinha do acirramento dos conflitos de fronteira e a proliferação dos enfrentamentos internos. Um dos maiores objetivos desses gastos era a “contra-insurgência” e o combate aos eventuais conflitos regionais, mas também fazia parte da corrida armamentista mundial. Em grande parte deve-se também a briga dos países industrializados pelo mercado de armamentos na América Latina. Nessa área a hegemonia política dos Estados Unidos, porém, continuou sendo incontestável. A submissão política do exército argentino, por exemplo, à política hemisférica norte-americana era histórica e condicionou os militares argentinos, inclusive no diz respeito à produção e compra de armamentos. Criando um militarismo dependente que anulava não só a Argentina, mas todos os países da América Latina, pois o modus operanti era praticamente o mesmo para todas as nações em relação aos Estados Unidos.

No Chile em 1973, o golpe de Pinochet se destaca pela selvageria com a qual destrói seus opositores e toma o poder, pois não perdoou representantes da cultura chilena reconhecidos internacionalmente. Foi um governo extremamente violento, voltado para torturas e assassinatos.

No Brasil, no mesmo período procurava-se legitimar o Estado Militar, aplicando uma repressão seletiva para a sustentação do Estado. Com o resultado das eleições de 1974 favoráveis ao partido da oposição o MDB. A oposição teve sua representação no Congresso significativamente aumentada. Ainda assim quem mandava era o regime ditatorial que reprimia greves com assassinatos.

Na Argentina, o governo peronista (1973-1974) vivia em crise permanente. Em 1974 Perón deu seu aval ao golpe policial que derrubou o governo a esquerda peronista de Córdoba e a AAA (Aliança Anti-comunista Argentina) conhecida como esquadrão da morte, operava com toda força.

Com o golpe militar na Argentina, todo o Cone Sul e parte do resto do subcontinente estava sob controle de ditaduras militares. A segunda metade da década de 1970 seria a etapa mais sombria da história da América do Sul.

O componente decisivo da instauração das ditaduras foi o terror, “terrorismo de Estado”. Onde tortura, prisões em nome da segurança nacional, assassinatos, produção de provas fraudulentas, coação para confessar crimes não cometidos, seqüestro de recém nascidos etc. foi comum em todas as ditaduras que se seguiram neste período.

A ligação do governo dos Estados Unidos com as ditaduras no Brasil, Argentina,Uruguai, Chile e Paraguai eram coordenadas pela chamada “Operação Condor”. Seu objetivo era manter os países governados por militares trabalhando juntos e com o apoio da CIA.

O fim das ditaduras militares na América Latina foi um complexo processo político de dimensões e alcance internacionais. A Guerra das Malvinas reduziu a pó em pouco tempo o sistema de cooperação entre as ditaduras militares e os Estados Unidos. A ditadura mais pró-imperialista do Cone Sul a argentina, foi deixada na mão pelos Estados Unidos que tomou partido ao lado da Inglaterra no conflito. E se não bastasse outras ditaduras militares como a chilena que deu apoio logístico a Inglaterra e brasileira cedeu seu espaço para pousos caças ingleses em Porto Alegre.

Os regimes militares do Cone Sul estavam com seus dias contados. É dentro de um quadro de instabilidade econômica e social que avançam as lutas pela liberdade ante as ditaduras. Com o apoio da Anistia Internacional e da ampla adesão popular e de órgãos da Igreja, Imprensa e Advogados, bloqueou as tentativas de reinstalar medidas coercitivas.

No Brasil o sindicalismo foi um elemento essencial na luta contra a ditadura por meio das ondas grevistas de 1978. Em 1983 é criada a CUT (Central Única dos Trabalhadores) acrescentou um novo fator de crise do regime.

Embora os sindicalistas não atingiram seu objetivo nas eleições diretas para presidente no ano seguinte, foi suficiente para quebrar a base política do regime militar. Então temos o nosso conhecido José “múmia” Sarney do Arena, já PDS, levar um setor do partido governista chefiado pelo mesmo a aliar-se com a oposição. Levando a eleições indiretas e a eleição de Tancredo Neves (PMDB) para presidente. Com o falecimento de Tancredo, temos inacreditavelmente a posse de Sarney, político vindo do próprio regime militar posto como presidente. E não é de se admirar que no acorde final temos, o regime militar-arenista no poder político da nação.

As passagens de regimes militares para regimes democráticos, resultaram, portanto, da virada política dos Estados Unidos junto com a crise de dominação política das próprias ditaduras que afundaram devido a crise econômica mundial.

Você quer saber mais?

GOGGIOLA, Osvaldo. Governos Militares na América Latina. São Paulo: Editora Contexto, 2001.

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terça-feira, 19 de julho de 2011

O ESCRAVO NO RIO GRANDE DO SUL

Autor: Leandro CHH
Para a historiografia sulina durante décadas o escravo africano inexistiu, sendo esse um consenso entre os historiadores a pouca importância que teria tido o escravo na formação do Rio Grande do Sul. Avaliavam ser o homem livre o fator preponderante na formação de nosso Estado.
Acreditavam que os escravos eram pouco utilizados, e quando se falava neles era para ressaltar que aqui, se houve escravismo, ele foi paternal, benigno. Pelo conceito vigente acreditavam que havia sido pequena a contribuição de sangue africano na etnia rio-grandense. Diante desses fatos cria-se então o difuso mito da Província libertária, obra do braço livre, inocente, ou quase, da pecha da escravidão. Mas os primeiros escritos sérios sobre o assunto irão provar o contrário. Participando do amplo movimento da década de 30, que reiniciará o estudo mais sistemático da “africanologia” brasileira, aparecerão os primeiros trabalhos do advogado Dante de Laytano que procurará, nos documentos, relatos e mapas estatísticos do século XVIII e XIX, o traço da passagem da escravidão pelo Rio Grande do Sul. Tece duras palavras sobre a benignidade do tratamento aos escravos, pois enquanto os negros estavam no pastoril do Rio Grande tiveram um tratamento mais humano, mas ao habitar a senzala dos granjeiros ou as charqueadas esse tratamento foi modificado pelas chicoteadas do feitor e pela barbárie escravagista.

Na verdade, a história do escravo no sul está, ainda, por escrever-se. Isso deve-se a resistência dos historiadores gaúchos a escrever a história como ela é, pois tornará pouco simpático os heróis aparecerem como senhores-de-escravos. Junta-se a esse problema a raridade das fontes históricas, pois muitas foram propositalmente destruídas. A saga do escravo no Rio Grande do Sul não deve ser esquecida, pois ali nas fétidas e úmidas senzalas das charqueadas, nos suicídios do escravo desesperado, no negro aquilombado, nas tentativas de fuga e insurreições está o passado do nosso povo.

No fim do século XVII, Portugal funda a Colônia de Sacramento e uma das mercadorias procuradas que mais chegavam à mesma colônia era o negro. Era um gigantesco mercado de mão-de-obra servil devido a sua posição geográfica que facilitava tanto o recebimento como a distribuição pela região. O comercio com o homem escravizado será uma realidade cotidiana na Colônia. Outra atividade importante para a Colônia de Sacramento além do contrabando era o couro, sebos carnes salgadas e os escravos africanos como citados anteriormente. A caça ao gado da Banda Oriental, pelo seu couro, será permanentemente, um dos pilares econômicos da Colônia. Conseguindo o couro, era ele secado e exportado para o Brasil, ou para o exterior.

Com a abertura do ciclo mineiro, com o descobrimento dos campos auríferos em Minas Gerais. As “vacarias” do sul serão agora valorizadas não somente pelo couro que se podia extrair. O gado vale como animal de carga, como fonte de suprimento.
Nos primeiros anos do novo século, começarão a descer, em direção ao sul, tropeiros vicentinos em busca do valorizado e abundante gado. Isso possibilita a fixação do homem: as primeiras “estâncias”, os primeiros povoados. A ocupação do sul, que vinha dando-se em função da Colônia de Sacramento, torna-se independente desta, toma uma razão em si. Mas isso não significa que a ocupação do Rio Grande do Sul tenha-se dado baseada essencialmente sobre o braço livre. Mesmo sendo obvio que a caça ao gado selvagem não se combinava com o trabalho compulsório. Os peões que trabalhavam na courama eram senhores de seus destinos, pois se encontravam com boas montarias e armados. Coisas que não se encaixavam com o homem escravizado. Alguns escravos que participavam dessas atividades transformavam-se em acompanhantes de seus senhores como guarda-costas e pajens. A escravidão era meramente jurídica.

A abundância de mão de obra para estas atividades estava relacionada com a dificuldade de obter terras e o orgulho impedia os colonos de competir com os escravos índios e negros pela agricultura, pois isso os faria manchar a honra espanhola. O negocio do gado era diferente. Era “Sport”, não trabalho. O mesmo era válido para o lusitano. Desse modelo social nasce o gaudério, changador ou gaúcho. Em regra homens de má índole, vagabundos e fugitivos. O gaúcho foi parte fundamental de nossa história que esqueceu do eterno presente : o escravo. Embora, até quase o início do século XIX não tivéssemos um regime social de produção escravista a presença do homem escravizado era constante e significativa. O nosso território começa a ser ocupado durante um período aonde a sociedade brasileira esta toda alicerçada sobre a exploração do trabalho servil. A posse de um escravo significava status social.

A presença do escravo em nossas primeiras estâncias e algo pouco estudado, mas seu papel importante esta presente na analise de mapas estatísticos da Capitania. A agricultura ocupará, também, nesses primeiros anos o braço escravo. Não o fará porém com exclusividade. O regime social de escravidão se estrutura com a expulsão dos espanhóis e a fundação da primeira charqueada, ao nível industrial, que teremos uma atividade produtiva de primeira ordem, baseada na exploração do trabalho escravo. Iniciando a introdução sistemática de escravos para a exploração na atividade produtiva.

O ato de charquear era uma pratica artesanal e o próprio peão podia preparar o couro e carneá-lo, estender as carnes. O começo da produção industrial de charque no Rio Grande do Sul deve-se as secas do final do século XVIII, no nordeste que até então era o produtor da carne seca. Desse modo o mercado do produtor; o Rio Grande do Sul o substituirá. O ciclo da charqueada inaugura a definitiva estruturação do escravismo como modo social de produção dominante de uma ampla região de nosso território. As conseqüências e determinação que isso trará para a nossa história não foram, ainda, nem mesmo delineadas.

Por mais de cem anos, a classe economicamente mais dinâmica viverá da exploração direta do trabalho escravo. Teremos então nossas senzalas, feitores, tronco, nossas “casas grandes” e nelas frente a frente, o senhor e o escravo. Pode-se dizer que o limite da jornada de trabalho na charqueada era a resistência física do escravo. A violência na charqueada era extrema, o escravo mau trabalhador era na maioria das vezes castigado e torturado. Era um nodo de coerção muito eficiente para os senhores das charqueadas.


Com a supressão “Legal” da entrada de novos escravos em 1850, pressionado pela marinha inglesa, o império começa efetivamente a reprimir o tráfico negreiro. Teremos porém ainda os desembarques clandestinos. O contrabando de escravos que desembarcaram em Montevidéu no

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Estados Unidos e América Latina. Relações Conturbadas.

Autor: Leandro CHH

O historiador Voltaire Schilling nasceu em Porto Alegre, em 1944. Leciona História há mais de 30 anos em diversas instituições de ensino. Em seu livro Estados Unidos e América Latina: Da Doutrina Monroe á ALCA (Editora Leitura XXI, 2002, 144p) ele procura levar seus leitores há uma visão interpretativa das diferenças culturais entre os norte-americanos e seus vizinhos do sul. Fixando as idéias bases que nortearam as relações dos Estados Unidos com a América Latina. Relações estas que ataram o destino dos latinos americanos a um processo de subserviência neocolonial.

Voltaire Schilling aborda as relações entre Estados Unidos e América Latina de forma muito resumida nas idéias bases como: as doutrinas, os ideários, os corolários e os enunciados, não levando em consideração a complexidade envolvida em cada uma destas idéias que envolvem contextos temporais e regionais. Do mesmo modo que enfatiza a admiração dos latinos pelo sucesso dos Estados Unidos o autor nos mostrar o ressentimento com as constantes intromissões dos mesmos nos assuntos da América Latina, demonstrando uma plena lucidez sobre os fatos que envolvem os interesses dos Estados Unidos e suas intervenções.

O autor aponta a questão religiosa como grande barreira de desenvolvimento para a América Latina, de maioria Católica. Em contra posição a Anglo-saxã, de maioria protestante. Colocando deste modo um ponto de vista religioso, pois os Católicos tem por primazia o espiritual e no protestantismo o espiritual pode andar lado a lado com o material. Crendo o mesmo ser este um dos motivos do melhor desenvolvimento dos Estados Unidos em relação ao restante da América Latina Católica.

Apontando de forma variada no decorrer dos séculos os interesses dos Estados Unidos em substituir o domínio colonial europeu pelo seu domínio imperialista por meio da criação de Doutrinas, Regras, Estatutos e Leis (Destino Manifesto, Doutrina Draco, Doutrina Monroe dentre outras) para controlar as nações latino-americanas recém-emancipadas, mas esquecendo-se que estas nações foram deixadas em situação de pleno abandono pelas metrópoles deixandas a mercê dos interesses comercias e expansionistas norte-americanos.

Deste modo as guerras travadas pelas oligarquias locais incentivaram ainda mais a presença ianque, pois como esquece de relatar o autor, deixava claro para os interessados a total desordem deixada pelos colonizadores europeus diante de suas colônias e levava os Estados Unidos como cita Schilling a “acreditar” ter uma “missão civilizadora” a cumprir nesse vácuo político-social.

Vemos nas palavras do autor um pequeno mas importante ponto que fica de fora sobre a questão cubana. Cuba sempre foi vista pelos ianques como uma continuação do litoral norte-americano e deste modo sempre sofreu intervenções dos mesmos para mantê-la como tal. Primeiro expulsando os espanhóis e depois lutando contra os nativos para manter o estado cubano como um mero satélite de Washington. Foi diante dessa situação que a Revolução cubana se desencadeou, não tendo opção, pois de um lado estava à Espanha colonial e do outro os Estados Unidos imperialistas, Fidel e seus revolucionários procuraram refúgio nas idéias comunistas da URSS, onde encontraram apoio para manter sua dignidade com independência política, mas com apoio internacional vindo de Moscou.

No decorrer do livro o autor demonstrar que caberia aos Estados Unidos manter a ordem na América Latina, como esta nas entrelinhas da Doutrina Monroe, e desse modo manteria afastada as intervenções européias. Podemos ver até nos dias de hoje que isto ficou somente no papel, começando pela Guerra das Malvinas, podemos citar várias intervenções de interesses europeus diretamente ou indiretamente pelos Estados Unidos serem impostos na América Latina.

A política norte-americana de intervenções militar reafirmam seu poder na região no inicio da Primeira Guerra, usando como sempre a proteção dos interesses dos Povos da América em relação aos europeus.

Um fato a destacar na obra de Voltaire Schilling é seu ataque ao revolucionário mexicano Pancho Villa, que atuou como guerrilheiro durante a Revolução Mexicana. O autor indaga que “comandou terríveis cenas de vandalismo e assassinatos”. Desse modo tenta manipular a opinião do leitor, pois Pancho Villa é considerado até hoje um dos grandes heróis da Revolução Mexicana, contra os interesses estrangeiros e de governos vassalos como era o do México. Um homem em guerra que merece ser lembrado pela dedicação aos interesses dos agricultores mexicanos que morriam de fome enquanto seu governo vassalo engordava os cofres de Washington.

Durante a Grande Depressão vemos os Estados Unidos tomar uma posição mais moderada em relação aos vizinhos, criando a política da “boa vizinhança”, mas com a Segunda Guerra as portas, Roosevelt, não hesitaria em intervir caso os latinos se posicionassem favoráveis ao Eixo. O autor nesta parte do texto deixa de avaliar uma questão histórica importante que corresponde as intenções ianques de invadir o Brasil pelo nordeste, caso este tomasse posição contraria aos seus interesses.

Os Estados Unidos investem em regimes militares na América Latina para manter sua hegemonia, mas isso acaba quase se tornando uma faca de dois gumes, pelas simpatias que os mesmos apresentaram ao Nazismo e Fascismo.

Schilling afirma que o principal temor norte-americano em relação ao Eixo e a Alemanha Nazista eram comerciais, mas esse fato não tem bases, pois diante de uma clara política racial e imperialista por espaço vital duvido que os ianques estavam realmente apegados a esse temor como motivo principal. Mesmo sendo Hitler uma alternativa econômica interessante para os regimes latino-americanos.

A Segunda Guerra elevou os Estados Unidos a uma nação globalizada com tropas por todo o mundo, expandindo desse modo seu controle econômico e político. Mas no final da Segunda Grande Guerra ligou em parte os países latino-americanos definitivamente aos norte-americanos, pois após a guerra houve uma seqüência de eventos que levaram a divisão do mundo em dois grandes blocos. Comunistas e Capitalistas, criando aqui na América um enclave comunista chamado Cuba. Fruto do Imperialismo norte-americano e do colonialismo espanhol.

A partir de então os Estados Unidos assume uma postura defensiva contra o comunismo tanto internamente como em relação a toda a América Latina. Não visando unicamente seus interesses como afirma o autor mas também das nações latinas ligadas diretamente a sua economia, por isso a OEA é criada para barrar a URSS e seus interesses nos Estados Unidos e seus aliados latinos.

As ditaduras latinas alimentadas pelos interesses norte-americanos que visavam barrar as revoltas populares e proteger os interesses econômicos ianques, agora também deveriam servir para barrar o “monstro” comunista de Moscou.

Nesse interem a Revolução Cubana aproximou os interesses soviéticos da América Latina para desespero ianque. Mas não como cita Schilling, ao afirmar que a Revolução Cubana teve efeitos semelhantes aos da Revolução Francesa e pela Revolução Russa, pois as ditaduras militares já eram um meio de conter as revoltas populares que prejudicassem os interesses norte-americanos. Com a Revolução Cubana somou-se mais uma ideologia para as ditaduras combaterem em prou de seus senhores ianques. Digam os adeptos do comunismo o que quiserem mas sua aceitação entre os países latino-americanos era pequena e na maioria das vezes por falta de opção oposicionistas em relação às ditaduras vassalas ianques.

Isso é uma ironia, pois o militarismo que havia sido sepultado com o nazi-fascismo em 1945, ressurgia com todo o vigor. Trazendo com sigo velhas técnicas barbarias como a tortura (segundo Schilling advindas da Idade Média). Mas para infelicidade do autor ele esquece de frisar que essas práticas sempre foram empregadas em guerras desde os princípios dos tempos, como o foi na conquista da América pelos europeus, como foi na Revolução Mexicana e como tem sido hoje em Guantánamo, no Iraque e no Afeganistão.

Aproximaram-se das ditaduras militares, por considerara-las “autoritárias” e por tanto com possibilidade de aliança em contraposição consideravam os regimes comunistas “totalitários” e impossíveis de reformar. Criando uma guerra ideológica entre ambos, incentivadas pelas falácias norte-americanas esquecidas pelo autor. Quando esquece de abordar que o armamento inserido nessas ditaduras pelos iaques visava manter um equilíbrio entre as ditaduras latino-americanas e do mesmo modo servir de barreira as guerrilhas comunistas.

Com o fim do comunismo vemos acentuadas as questões do livre comercio e a briga entre a ALCA, que visa à aceitação da hegemonia norte-americana na economia latina e o MERCOSUL, com raízes e interesses no mutuo desenvolvimento latino. Neste ponto o autor deixa de citar que a ALCA, dizem os especialistas, “Beneficia poucos e prejudica muitos”, consiste em um pacote de propostas contra o povo latino-americano e suas conseqüências são fáceis de serem previstas: dependência econômica política e tecnológica, invasão territorial e cultural. Isso sem contar o fato de que os países em desenvolvimento precisariam de altos investimentos para entrar em um mercado econômico tão grandioso como a ALCA. Pois para a infelicidade do autor ele afirma que a ALCA, integraria as três Américas, superando bem mais para o futuro todas as suas diferenças num sistema político econômico comum. Claro todos superados subservientes aos Estados Unidos por meio da “ALCApone” .

Colocando a situação do confronto ideológico e cultural entre as duas Américas vemos que desde sua independência os Estados Unidos tem voltado a maioria de suas pretensões ao domínio dos latino-americanos. Seja por meio de intervenção direta informal, direta formal, armada indireta ou indireta. Visavam sempre afastar os interesses europeus e estabelecer sua hegemonia econômica, militar e cultural junto aos latinos, considerados inferiores e incapazes de se autogovernar de forma segura para os interesses norte-americanos.

Você quer saber mais?

SCHILLING, Voltaire. Estados Unidos e América Latina: Doutrina Monroe à Alca. Porto Alegre: Ed. Leitura XXI, 2002.


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Enfermeiras "Blusas-Verdes" Integralistas.


O estudo objetiva investigar a atuação designada à enfermeira integralista e a instrução que recebia para desempenhar com a máxima eficácia o seu papel nos quadros da Ação Integralista Brasileira, partido político de extrema direita, que emerge no Brasil, na década de 1930. Utilizam como fonte documental jornais integralistas, a coleção “Enciclopédia Integralista” e os prontuários sobre a Escola de Enfermagem Integralista que compõem o acervo criminal da Polícia Política, organizado pela Delegacia Especial de Segurança Política e Social. Como resultado, a pesquisa apresenta um expressivo investimento do integralismo na formação de enfermeiras, mulheres que aproveitaram o ensejo do momento para ampliar seus espaços sociais. Conclui que, embora o integralismo reforçasse os papéis descritos socialmente como femininos, a relação das mulheres com o movimento foi inovadora, pois possibilitou novas práticas e representações que elas passaram também a desenvolver na esfera pública, à exemplo, a atuação como enfermeiras.

A década de 1930 representou um marco na trajetória da política social brasileira, uma vez que a “questão social” passou a receber um tratamento diferenciado em relação ao período da Primeira República. Uma variedade de orientações ideológicas, presentes especialmente a partir de 1920 (nacionalismo, tenentismo e outras), denota a presença de marcante inquietação e heterogeneidade sociocultural no período. Nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, as transformações do espaço urbano e a expansão econômica trouxeram novas oportunidades para as mulheres na esfera pública, possibilitando assim, uma maior visibilidade feminina em espaços antes de exclusividade masculina.

Nesse contexto de mudanças, as mulheres passaram a se fazer mais presentes na vida pública, não só nas manifestações político-partidárias como também no mercado de trabalho, gerando na sociedade brasileira algumas tensões e conflitos diante das inovações culturais do período. Eram solicitadas por vários setores que até então as excluíam, bem como reivindicavam o direito de acesso ao espaço público, mesmo que enfrentando críticas e reações frente às tradições e ao conservadorismo predominante. Impulsionada pelos acontecimentos do período, em face de uma Nação que buscava se modernizar, a área da saúde pública ampliou suas atividades na sociedade de modo a promover o controle da população mais pobre, mediante a vigilância e a educação sanitária através de visitas domiciliares. Tais intentos possibilitaram às mulheres, que lutavam por um espaço no mercado de trabalho, a atuação como enfermeiras. Diante das constantes lutas femininas por melhores condições de trabalho e mais igualdade de direitos na sociedade, a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido político de extrema direita do Brasil, na década de 1930, não ficou inerte,  incentivando o desenvolvimento da enfermagem no interior do movimento. Provavelmente, as conquistas sociais alcançadas pelas mulheres, naquele momento, como a obtenção de empregos, antes restritos aos homens, e o direito ao voto, fizeram a AIB, assim como o restante da intelectualidade, adaptar seu discurso repressor, de forma que atraísse a mulher.

Também para o campo da enfermagem o integralismo direcionou as mulheres militantes, integrantes de suas fileiras. A AIB compreendia que, no exercício da enfermagem, os atributos considerados intrínsecos à natureza feminina eram valorizados, tornando-se indispensáveis à prestação de um cuidado que era, ao mesmo tempo, técnico e abnegado. Assim, a profissão de enfermeira foi entendida como uma extensão do papel da mulher no recesso do lar, como esposa, mãe e dona de casa, no desempenho de funções ligadas ao cuidado do outro, em relação ao qual havia que se exercitar uma vigilância permanente. O integralismo conferia à mulher enfermeira o papel de combater as endemias existentes, a fim de fazer do povo brasileiro um povo forte, capaz de tornar o País “a potência das potências”. Desse  modo, a AIB investiu em propagandas e cursos integralistas de enfermagem, formando diversas turmas que atuariam em seus laboratórios, lactários e ambulatórios, além de “[...] servirem nos trabalhos geraes ou especializados das clínicas privadas, dos hospitaes e, se necessário, nos serviços sanitários nacionaes”. 


Os cursos de enfermagem ofertados pela AIB também são objeto de investigação deste estudo. Considerando a expressividade da AIB no cenário político da época e compreendendo a crescente participação das mulheres na sociedade do período, com destaque neste estudo para a participação da mulher no integralismo, a pesquisa objetiva investigar a atuação designada à enfermeira integralista e a instrução que recebia para desempenhar com a máxima eficácia o seu papel nos quadros da AIB, para que pudesse tornar fortes e saudáveis os integralistas, aptos a lutar pelas causas do movimento. Ao realizar um levantamento dos estudos desenvolvidos sobre o integralismo e sobre a história da enfermagem na década de 1930 foi possível observar que poucos autores investiram esforços na compreensão sobre a atuação da mulher, como enfermeira, nos quadros da AIB. Pôde-se constatar que as enfermeiras integralistas são mencionadas em estudos que se dedicaram a investigar a participação da mulher no integralismo, mas que esses estudos não se aprofundam na análise da temática em questão, limitando-se a apontar a enfermagem como um campo de ação das militantes.

Desse modo, o estudo justifica-se pela análise do destacado papel desempenhado pelas enfermeiras integralistas nas fileiras da AIB e na sociedade do período, dado que assinala uma trajetória histórica não evidenciada pela área da enfermagem. Justifica-se, também, pelo ineditismo da temática, que aponta para um significativo espaço de atuação destinado à mulher numa sociedade em que a esfera pública se caracterizava como um lugar de circulação predominantemente masculina.

ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA



Esta pesquisa histórica, de cunho qualitativo, apresenta como recorte temporal o período de 1932 a 1938, cuja delimitação emerge do próprio objeto de estudo, uma vez que 1932 é o ano de fundação da Ação Integralista Brasileira e, 1938, o ano de extinção da Associação Brasileira de Cultura (ABC), antiga AIB. Vale lembrar que no início do Governo ditatorial de Getúlio Vargas todos os partidos políticos foram suprimidos, juntamente com eles a AIB, o que demandou uma readaptação das suas funções, levando-a a se transformar em sociedade civil com a denominação de Associação Brasileira de Cultura. Como ABC, funcionou até 1938, quando foi extinta, e seus líderes foram enviados para o exílio. O estudo utiliza como fonte documental jornais integralistas – “A Offensiva”, “Monitor Integralista” e “Província de Guanabara” – a coleção “Enciclopédia Integralista” e os prontuários sobre a Escola de Enfermagem Integralista, que compõem o acervo criminal da Polícia Política, organizado pela Delegacia Especial de Segurança Política e Social (DESPS/RJ)** e que se encontra no Arquivo do Estado do Rio de Janeiro. Do jornal A Offensiva, órgão de divulgação doutrinária da AIB, foram selecionados cinco artigos e algumas notas, dos 748 exemplares publicados, de 17 de maio de 1934 a 19 de março de 1938. 

As notas publicadas nas seções Movimento Integralista e na Página Médica possibilitaram o acompanhamento dos acontecimentos ocorrentes na Escola de Enfermagem da AIB. Do jornal Monitor Integralista, periódico doutrinário e prescritivo do movimento, publicado da primeira quinzena de 1933 (n. 1) a 7 outubro de 1937 (n. 22), foram utilizados os Estatutos da Secretaria Nacional de Arregimentação Feminina e dos Plinianos  (SNAFP), presentes no exemplar de número oito, que foi veiculado em 1934. Do jornal Província de Guanabara, o estudo fez uso das notícias referentes ao Curso Prático de Enfermagem, com ênfase à notícia publicada em 19 de abril de 1937, presente na página dois do exemplar quatro, que tratava da organização do referido curso. 

À Enciclopédia Integralista, composta por um compêndio de textos elaborados por integrantes da AIB, inclusive por alguns escritos do Chefe Nacional do movimento, Plínio Salgado, recorreu-se para análise e compreensão sobre o Regimento da Secretaria Nacional de Arregimentação Feminina e dos Plinianos, que coordenava, de modo mais abrangente, todas as atividades femininas no integralismo, inclusive as atividades desempenhadas pelas enfermeiras. Finalmente, recorreu-se aos prontuários da Polícia Política, órgão de repressão do governo no período, para análise dos documentos apreendidos e dos relatórios elaborados após a extinção da AIB, por determinação do governo ditatorial de Vargas. A seleção do material se deu pelo levantamento prévio dos artigos e documentos relacionados à temática em questão. Como ferramenta metodológica foi utilizada a análise dos documentos em separado e, posteriormente, relacionados entre si. Desse entrecruzamento entre as diferentes fontes de pesquisa foram elaboradas unidades de significado que possibilitaram melhor compreender a atuação das enfermeiras nos quadros do integralismo e as ações empreendias pelo movimento para a formação dessas militantes.

A Ação Integralista Brasileira e atuação feminina em seus quadros


 Com Núcleos organizados em todo território nacional e contando, em 1937, com mais de um milhão de adeptos, segundo informações divulgadas em o Monitor Integralista, a AIB buscou transmitir a imagem de um movimento preocupado com a população, com os problemas sociais do Brasil. O integralista, além dos deveres para com a Pátria e com o movimento, que iriam até o sacrifício da própria vida, teria o dever de prestar assistência e socorro a todos os brasileiros. Para levar a cabo seus intentos de conquistar novos adeptos, inclusive por intermédio da caridade e beneficência, o integralismo não poupou esforços e atuava com vigor nos centros beneficentes, ambulatórios e lactários por intermédio das militantes. Compreendendo a nova posição social que a mulher assumia e sua presença mais marcante no espaço público, o integralismo aproveitou para direcionar a “energia feminina” para as atividades de assistência social, educação e saúde, além do trabalho de arregimentação e doutrinamento de jovens e crianças. As mulheres inscritas na AIB eram chamadas de “blusas-verdes”, em alusão ao uso do uniforme constituído por blusa de meia-manga de cor verde. Essa vestimenta deveria ser utilizada pela militante em aparições públicas, desfiles, reuniões, batizados, casamentos e outros eventos integralistas ou não-integralistas, sendo seu uso obrigatório em solenidades do movimento. A presença oficial feminina na AIB, na qualidade de membros efetivos, foi definida institucionalmente a partir do Regimento da Secretaria Nacional de Arregimentação Feminina e dos Plinianos (SNAFP), aprovado em 10 de agosto de 1936, obedecendo aos princípios hierárquicos da agremiação. Nota-se que a Secretaria era chefiada por mulheres e a posse dos cargos era comemorada em reuniões solenes e divulgada nos jornais integralistas que enfatizavam a “[...] nobreza de caráter da mulher integralista, sendo ela a mais indicada para organizar e chefiar o trabalho das companheiras blusas-verdes”.  A SNAFP compreendia dois Departamentos: Feminino e dos Plinianos. De acordo com o regimento da SNAFP, o Departamento Feminino tinha por objetivo “[...] orientar, dirigir, controlar e arregimentar as atividades Femininas no Movimento”,10:170 e o Departamento dos Plinianos “[...] reunir, disciplinar e educar, por intermédio da escola ativa, todos os brasileiros, de ambos os sexos, até 15 anos de idade, de modo a realizar o seu aperfeiçoamento moral, cívico, intelectual e físico”.