segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Saiba tudo sobre os fenícios e sua importância para o comércio



Globalização antiga. Imagem: Revista Aventuras da História.

A partir do Líbano, os fenícios dominaram o comércio do Mediterrâneo por séculos. Em Cartago, descobriram a guerra. Fundaram um império, mas acabaram erradicados da História.

Por mais de mil anos, os fenícios foram o shopping center ambulante da Antiguidade. Se algo pudesse ser vendido, eles vendiam: vinho, azeite, móveis, joias, ferramentas, armas, tecidos, peles, escravos e, por uma taxa especial, seus serviços como os melhores marinheiros do mundo. Entre 1200 a 730 a.C., sua rede conectava povos da Inglaterra até a Grécia e com ela também viajou sua grande invenção: o alfabeto, que deu origem ao grego, latim, hebraico e árabe.

Os fenícios originais não eram muito de guerra – preferiam fundar colônias com a permissão dos habitantes locais, sem avançar para o interior. Mas uma colônia fenícia mudou tudo: Cartago se tornou um verdadeiro império, e por pouco não pôs abaixo o futuro Império Romano. Como a criatura superou o criador e como ambos foram varridos da História é o que veremos a seguir.

Fenício? Que fenício?


Originários do que é atualmente o Líbano, a própria geografia empurrou os fenícios para o mar. A cadeia de montanhas que forma o monte Líbano limita a habitação humana à costa. Ao sul e ao norte, impérios bloqueavam o caminho. Partindo das cidadesestado de Tiro, Sidon e Biblos, as primeiras colônias foram em ilhas próximas, como Chipre e Malta. 

Aliás, não existia isso de “fenício” para os próprios fenícios. “A Fenícia não existiu como entidade política unificada até os romanos fazerem uma província com esse nome, milhares de anos depois”, afirma o historiador Richard Miles, da Universidade de Sidney, na Austrália. O nome vem do grego e era um apelido: a palavra phoinix quer dizer algo como “os roxos”, por causa de um dos seus principais produtos, os tecidos tingidos de roxo. “Eles provavelmente chamavam a si próprios de cananeus. Foram os gregos que os agruparam como fenícios”, diz Miles.

Canaã designava mais que apenas as terras dos ditos fenícios, era toda a região entre o sul da Síria e a Palestina, habitada também por outros povos, como os hebreus e os filisteus – cuja história, de fato, se confunde com a deles. “Até 1200 a.C., não havia diferença entre a história das cidades do litoral e do interior. Ou seja, nós temos uma civilização sírio-palestina, não fenícia. É só com a independência das cidades-estado (que já existiam) que começa a história fenícia propriamente dita”, afirmou o historiador italiano Sabatino Moscati (1922-1997) em The Phoenicians (sem tradução).

O que fez surgir o comércio fenício foi o chamado colapso da Idade do Bronze, que ocorreu por volta de 1200 a 1100 a.C.. Por motivos não muito claros, grandes civilizações como egípcios, gregos micênicos e hititas entraram em rápida decadência. O vácuo de impérios permitiu às cidadesestado uma independência inédita, que propiciou o surgimento de sua rede comercial. No começo, os fenícios ofereciam os produtos de sua própria região para os vizinhos: madeira de cedro-do-líbano, o mesmo material do qual seus barcos eram feitos, e tecidos pintados com extrato dos caramujos do gênero Murex, de um púrpura belo e intenso.

Conforme novos povos entravam em sua rede comercial, os fenícios os apresentavam a produtos de outros povos que conheciam. Assim eles passaram a vender vinho grego aos egípcios, e papiro egípcio aos gregos – a palavra “byblos” passou a significar “papiro” em grego por que eram os comerciantes de Biblos que os supriam com o material. Com o tempo, “biblos” passou a querer dizer também o conteúdo do papiro, isto é, o livro – daí as palavras biblioteca e Bíblia.

Dependendo de remos quando o vento não ajudava, os navios fenícios não tinham muita autonomia e faziam rotas próximas à costa, com paradas constantes. Assim, eles estabeleceram mais de 300 colônias, normalmente meras vilas costeiras de menos de mil habitantes. Essas vilas não eram possessões coloniais no sentido moderno – eram estabelecidas com o consentimento dos moradores da região e não tinham zona rural, dependendo dos locais para suprir-lhes alimentos. Era mais um free shop que colônia, num modelo que os portugueses repetiram 2 mil anos depois com suas feitorias asiáticas.
A grande exceção ao modelo fenício era Cartago, que tinha territórios no interior, e passou a ser o entreposto principal. Localizada na atual Tunísia, ficava no meio do caminho para as rotas que vinham da Espanha, e próxima da Sardenha e Sicília.

O preço da paz

A independência e prosperidade vinham a um custo – em espécie. O método fenício de sobrevivência era basicamente pagar pela paz. Sem um grande exército e sem qualquer aliança durável entre as cidades-estado, eles sobreviviam por causa de sua conveniência para os impérios vizinhos. Com a imensa fortuna de sua rede de comércio, aplacavam a ira dos conquistadores com tributos. Assim eles sobreviveram ao novo reino do Egito (1550-1069 a.C.) e o reino de Israel (1030-930 a.C.), que os tornaram vassalos – “protegidos” mediante pagamento.


domingo, 9 de dezembro de 2012

Sangue para o El Niño


A religiosidade politeísta dos incas era marcada pela adoração de vários elementos da natureza, como o sol, a lua, o raio e a terra. No sistema de valores da religião inca, todos os benefícios alcançados deveriam ser retribuídos com algum tipo de sacrifício que expressava a gratidão dos homens. Por esse fato, observamos que os incas organizavam vários rituais onde os sacrifícios, inclusive de humanos, eram comuns. Imagem: Teia dos Fatos.
Dois túmulos com dezenas de ossadas humanas encontrados em uma pirâmide no Peru abalam a arqueologia latino-americana. Eles revelam que a refinada civilização mochica fazia sacrifícios humanos para manter o poder e controlar o clima.
Os esqueletos estavam por toda parte. Brotavam do chão como sinistras flores brancas, reluzindo ao sol do deserto peruano. Onde quer que se pisasse ou cavasse, havia crânios macerados, vértebras cortadas, fêmures partidos. “Escavar foi um pesadelo”, lembra-se o arqueólogo canadense Steve Bourget. Em julho de 1996, depois de dois meses limpando e catalogando osso a osso, mais de setenta corpos, Bourget descobriu estar diante da maior evidência de sacrifícios humanos na América do Sul. Uma vala comum onde os mochicas, que dominaram a costa norte do Peru entre os séculos I e VIII, despejavam as vítimas de seus rituais – jovens guerreiros capturados em combate e imolados em grandes cerimônias públicas. Essa violência exemplar, que intimidava a população e sustentava o poder dos líderes mochicas, também tinha propósito religioso.

Aquela civilização acreditava que o sangue humano era a única forma de conter aquilo que agora conhecemos como El Niño, o fenômeno meteorológico que, de tempos em tempos, enlouquece o clima do planeta. É justamente ali, no árido litoral peruano, que as águas do Oceano Pacífico esquentam acima do normal, provocando o El Niño. Nas épocas em que o fenômeno era muito violento, as cidades mochicas sofriam com chuvas torrenciais e enchentes. “O sacrifício humano era uma forma de tentar devolver a ordem ao mundo”, disse Bourget.

Que a prática fosse corriqueira os arqueólogos já desconfiavam. Cenas de animais fantásticos como pumas esfaqueando prisioneiros são comuns nas pinturas que adornam os potes de cerâmica daquele povo. Só que nunca ninguém havia encontrado os corpos dos sacrificados. “Muita gente pensava que as narrativas dos martírios fossem pura mitologia”, conta o canadense, que está escrevendo um livro sobre a descoberta.

Não fosse Bourget um especialista em arte mochica, o segredo dos supliciados poderia ter ficado escondido sob o barro. Desde 1986 ele observava pinturas que mostravam prisioneiros sendo atirados do alto de uma montanha. “Minha hipótese era de que o morro fosse uma espécie de altar”, diz. Em 1995, ele foi apresentado à Huaca de la Luna (Pirâmide da Lua, em português), situada a 6 quilômetros ao sul da atual cidade de Trujillo, onde deparou com uma plataforma rochosa bem parecida com aquelas das pinturas nos vasos. Não deu outra. Era mesmo o altar.

Codecs Tudela. Imagem: Teia dos Fatos.

A iconografia mochica também serviu de pista para outro arqueólogo, o peruano Santiago Uceda, da Universidade Nacional de Trujillo. No ano passado ele encontrou um segundo fosso sacrificial, que começará a ser escavado em maio próximo. O que haverá dentro dele? As descobertas tornam a Huaca de la Luna a mais importante pista de que os estudiosos dispõem para decifrar o mistério dos assassinatos rituais entre as antigas culturas americanas.

Execuções para ordenar o mundo

Se os mochicas tivessem escrita, seus best-sellers falariam das propriedades milagrosas do sangue humano para resolver qualquer tipo de problema. Havia sacrifícios para comemorar boas colheitas, para lamentar desastres naturais, para controlar secas e chuvas e, acima de tudo, para manter o poder sobre a sociedade.

Eles não escreviam, mas pintavam. Seu tema favorito eram as batalhas rituais, que tinham o objetivo de capturar prisioneiros para a imolação. “Os mochicas fizeram do sacrifício humano um elemento religioso central”, diz Steve Bourget. Os murais coloridos da Huaca de la Luna mostram uma figura assustadora, com dentes de felino, que traz um machado em uma mão e uma cabeça na outra. Seu nome é Ai-Apaec, também chamado El Degollador em espanhol. O deus-sacrificador é uma figura comum entre as culturas andinas. Supõe-se que o seu culto tenha começado há mais de 3 000 anos. “Os mochicas elevaram o degolador ao posto de divindade máxima”, diz Santiago Uceda. Daí o nome. Ai-Apaec significa todo-poderoso na língua deles.

Faraós latinos

A subida de Ai-Apaec ao poder no mundo espiritual aconteceu por volta do ano 50 da nossa era. Foi quando uma classe de sacerdotes-guerreiros tomou o poder nos vales da costa norte peruana. Esses homens, conhecidos como lordes mochicas, criaram uma confederação de cidades-estado que dominou um território de 400 quilômetros de extensão. Transformaram enormes faixas de deserto em terras cultiváveis, construindo aquedutos tão eficientes quanto os da Roma antiga e que até hoje são usados pelos camponeses peruanos. Os mochicas também ergueram algumas das maiores construções da América pré-colombiana, como as huacas de El Brujo e Del Sol. Esta última tinha mais de 40 metros de altura e ocupava uma área superior à da famosa Pirâmide de Quéops, a maior do Egito. Sua principal cidade, no vale do Rio Moche, chegou a ter 15 000 habitantes. Lá, artesãos e ourives produziram as obras de arte mais espetaculares de toda a América pré-hispânica.

Escavações no sítio arqueológico no Peru. Imagem: Super Interessante.

“Os lordes criaram uma estrutura social incrivelmente complexa, baseada no controle da autoridade religiosa, política e militar”, disse o arqueólogo Walter Alva, diretor do Museu Brüning de Arte Pré-Colombiana em Lambayeque, Peru. Assim como os faraós egípcios, eles reivindicavam para si mesmos o status de divindade. Os cultos sangrentos eram demonstrações públicas intimidadoras. O Estado mochica usava o terror religioso – com requinte – como instrumento de poder político.

Culto à fertilidade

Também como os egípcios, os mochicas habitavam um deserto onde a água era o bem mais precioso. Como viviam da agricultura, dependiam inteiramente dos rios que descem da Cordilheira dos Andes. O calendário religioso acompanhava o ciclo das chuvas nas montanhas. Seus momentos mais importantes eram os cultos de fertilidade, duas vezes por ano, na chegada do verão e do inverno.

sábado, 8 de dezembro de 2012

A verdadeira história do Clube Bilderberg de Daniel Estulin.


O totalitarismo é uma solução patológica a uma vida insegura e atomizada, de maneira que permite vender a vontade imagens demagógicas à populações desmoralizadas. Este fato geral foi facilmente entendido pela força diretriz onipresente em organismos multinacionais como a Comissão Trilateral, o FMI, o secreto Conselho de Relações Exteriores e outras entidades corporativas-financistas-estatais, que formam parte de uma “rede universal” junto com o Grupo Bilderberg, que é o tumor dominante do sistema entrelaçado (que funcionava antes do retorno a um futuro “sem alternativa”).

Manter a maioria da população em um estado contínuo de ansiedade interior funciona, porque a gente está muito ocupada, assegurando nossa própria sobrevivência, ou lutando por ela, assim como, para colaborar na constituição de uma resposta eficaz. A técnica do "Clube", repetidamente utilizada, consiste em submeter a população e levar a sociedade a uma forte situação de insegurança, angústia e terror, de maneira que a gente chegue a sentir-se tão transbordada, que peça aos gritos, uma solução, seja qual for. No livro é explicado detalhadamente como aplicaram esta técnica com as faixas nas ruas, as crises financeiras, as drogas e o atual sistema educacional.

Não esperemos, pois, castigos, nem agressões claras e explicitas por parte dos senhores do mundo sobre a população em geral (sim sobre pessoas concretas), pelo menos até que consigam reduzir a população até o nível que eles consideram “manejável” e estejam seguros de não perder o controle sobre ela. Sua tática, por hora, é muito mais sutil e matreira; estão utilizando o conhecimento de todos os “grandes cérebros” do último século para conseguir seus objetivos: a submissão absoluta da população.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Nazistas na Amazônia: missão secreta para atacar países vizinhos.



Livro conta a história de expedição nazista à região. Na imagem uma cruz de 3 m, decorada com uma suástica, é colocada na cachoeira de Santo Antônio em homenagem a Joseph Greiner, membro da equipe que faleceu de malária durante a expedição. Imagem: Einestages Spiegel.

Os oficiais de Hitler estiveram aqui, gostaram do que viram e fizeram um plano audacioso e assustador: enviar uma missão secreta à Amazônia para atacar os países vizinhos e começar a ocupação da à América do Sul.
Os gringos querem tomar a Amazônia. Você já deve ter ouvido essa teoria conspiratória, que volta e meia aparece em conversas de bar. O que você provavelmente não sabe é que esse risco já existiu de verdade. Uma superpotência já esteve aqui mapeando o terreno. E não foram os EUA - foi a Alemanha nazista. "A tomada das Guianas é uma questão de primeira importância por razões político-estratégicas e coloniais." Essa frase faz parte de um relatório de 1940 preparado pelo biólogo e geógrafo Otto Schulz-Kamphenkel para a SS - a força de elite do Terceiro Reich. O objetivo da chamada Operação Guiana era colonizar as guianas Francesa, Inglesa e Holandesa. A invasão seria feita pelo norte do Brasil, pois os nazistas já haviam passado por aqui - e gostado do que viram. De 1935 a 1937, Schulz-Kamphenkel liderara uma expedição que começou em Belém do Pará e percorreu as margens do rio Jari, no atual estado do Amapá, até chegar à fronteira da Guiana Francesa.

Os metais preciosos da região e a forte influência dos ingleses na América do Sul foram os principais incentivadores da Operação Guiana. Em carta endereçada a Hitler, no dia 3 de abril de 1940, o oficial da SS Heinrich Peskoller diz que as reservas de ouro e diamantes locais seriam suficientes para sanar a situação financeira da Alemanha em poucos anos. "Na Guiana Britânica, a extração de ouro e diamante é mantida em baixa para não atrapalhar o mercado sul-africano (dominado também por ingleses). Nas mãos do Führer, cada metro quadrado de solo poderia ser em pouco tempo explorado pela grande Alemanha", escreveu o oficial.

Peskoller não queria apenas criar uma colônia para alimentar a economia do Terceiro Reich. A região teria importância na construção do Espaço Vital da raça ariana - pois os nazistas acreditavam que seria possível transformar a região em um lugar bom de viver. "O empenho e a técnica alemã poderiam domar as inúmeras cachoeiras na forma de usinas hidrelétricas colossais. Podendo fazer uma rede elétrica em todo o país com bondes, navegação fluvial, produção de madeiras nobres, pontes, aeroportos, escolas e hospitais. A comparação entre o antes e o depois da tomada dos alemães contaria pontos para o Führer", argumentava Peskoller.

A conquista das Guianas também traria outro grande benefício para os alemães: atrapalhar a Inglaterra. Os ingleses compravam muitas matérias-primas das Américas, e boa parte dos cereais consumidos no território inglês vinha da Argentina. Depois de montar a base na América do Sul e tomar as Guianas, o próximo passo dos nazistas seria mandar submarinos para a região - para que os navios que se dirigiam à Inglaterra fossem abatidos.

Em 1940, o projeto foi encaminhado a Heinrich Himmler, líder da SS e um dos principais nomes do governo nazista. "O plano parece romântico, mas é factível", defendeu Schulz-Kamphenkel. A operação, de acordo com o pesquisador, deveria ser feita em sigilo. Os alemães atacariam em duas frentes. Uma tropa de 150 soldados navegaria o rio Jari, no Amapá, para chegar a Caiena, capital da Guiana Francesa. Ao mesmo tempo, pequenas embarcações e 2 submarinos atacariam pela costa da Guiana.

A América do Sul e a Sibéria deslumbravam Schulz-Kamphenkel pelas riquezas naturais. Esses territórios eram considerados áreas ideais para a expansão do Terceiro Reich. Mas a invasão militar na Sibéria estava temporariamente descartada. Os Russos dominavam a região. E, até 22 de junho de 1941, estava em vigor um pacto de não-agressão germano-soviético. Sobrava a América do Sul.

Na avaliação dos nazistas, os países vizinhos não impediriam a invasão. O Brasil dera apoio irrestrito à primeira viagem de Schulz-Kamphenkel pela Amazônia, em 1935 (quando o pretexto dele era estudar a flora e a fauna locais), e não sabia dos planos de ataque. Uma possível represália dos EUA também era considerada improvável. Em 1940, eles ainda não estavam em guerra contra a Alemanha. Pela lógica da SS, a troca de poder nas colônias seria uma mera substituição de nações europeias na região - e não afetaria a influência dos americanos por aqui.

O plano também incluía previsões assustadoras para o período do pós-guerra. Após a conquista da Europa, o novo alvo seria o Japão. "Se conseguirmos assegurar (o território das Guianas), teremos uma posição estratégica para enfrentar o Japão", diz o relatório. Era uma questão de defesa. "Há o risco terrível de domínio amarelo no mundo. A raça branca está ameaçada pela raça amarela."

Antes de a guerra estourar, o jovem Otto Schulz-Kamphenkel já desfrutava de prestígio entre os homens fortes de Hitler. Sua primeira grande expedição foi na África, na atual região da Libéria, onde ele caçou animais - que vendeu para o zoológico de Berlim. Seu grande desejo era conhecer a floresta amazônica. A expedição ao Jari, em 1935, colocou o pesquisador no patamar dos mais prestigiados cientistas alemães da época. O Museu de História Natural de Berlim ainda expõe animais empalhados trazidos por Schulz-Kamphenkel, que também gravou um filme de 90 minutos, tirou 250 fotos e escreveu o livro O Enigma do Inferno Verde, que vendeu 100 mil exemplares na época. "A descrição da paisagem é muito precisa. Ainda hoje é possível se guiar na região com as referências dadas no livro", diz Cristoph Jaster, chefe do Parque Nacional Tumucumaque, no estado do Amapá.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Estrela e a crescente do Islã


 Estrela e a Crescente do Islã. Imagem: Simbol Dictionary.

Este emblema, comumente reconhecido como o símbolo da fé islâmica, é mais por ter adquirido essa associação à fé do que pela intenção.

A estrela e o crescente são um símbolo em si muito antigo, que remonta ao início de civilização suméria, onde foi associado com o deus Sol e a deusa Lua (sua primeira datação remonta 2100 aC) e, mais tarde, como as deusas Tanit e Diana. O símbolo permaneceu em uso constante, e acabou por ser adotado como padrão em batalhas pela dinastia otomana, que são os principais responsáveis ​​por sua associação com o Islã. 

Como a dinastia era também responsável pela fé, era inevitável que seu símbolo estaria associada ao Islã também. Note-se que não há nenhuma menção de tal símbolo no Corão, o livro sagrado do Islã, não há qualquer relação entre o crescente e a estrela ao Profeta (cuja bandeira era preto e branco, com a inscrição "Nasr hum min Allah "," com a ajuda de Deus. ")

Yggdrasil (Árvore da Vida na mitologia nórdica)


Símbolo nórdico que representa a Yggdrasil, a árvore da vida. Imagem: Simbol Dictionary.

Uma imagem estilizada de Yggdrasil, a gigantesca árvore dos mundos na mitologia nórdica que une os Nove Mundos ou reinos da existência. Esta imagem aparece na famosa tapeçaria Överhogdal, que remonta ao ano de 1066 e retrata os acontecimentos do Ragnarok, a profecia apocalíptica pré-cristã da lenda nórdica.O freixo do mundo engloba os nove mundos, e é guardada pela Serpente Jörmungandr. Yggdrasil é uma das muitas variações do eixo cósmico ou Árvore do Universo,  conhecida por todas as culturas humanas.


Gravura da Idade Média representando a Yggdrasil. Imagem: Simbol Dictionary.

Yggdrasil é o lar de muitas criaturas, especialmente a serpente Nidhogg ou Dragão, que se esconde na base, o Galo Gullinkambi (pente de ouro), que vive no pico da árvore, e o esquilo, Ratatosk, que transmite mensagens entre eles. 

Sleipnir (Corcel de Odin)

Sleipnir, o Corcel de Odin, em sua forma de roda de oito raios solares. Imagem: Simbol Dictionary.

Sleipnir (em nórdico, ”Corcel deslizante”) é o lendário cavalo de oito patas pertencente a Odin, o deus-pai do panteão nórdico. Sleipnir carrega Odin entre o mundo dos deuses e o mundo da matéria ou Midgrad. As oito pernas simbolizam as direções da bússola, e Sleipnir a capacidade de viajar através de terra e ar.   
Sleipnir, em uma gravura clássica. Imagem:  Simbol Dictionary.

As oito pernas de Sleipnir também eram o simbolo da roda com oito raios solares, e, provavelmente, dizem respeito a uma forma anterior de Odin como um deus-sol. Há alguma evidência de que Odin foi uma época antropomorfizado como um cavalo; com as mesmas capacidades de Sleipnir para viajar instantaneamente e associado com a luz solar.

Martelo de Thor (Mjolnir)


Martelo de Thor (Mjolnir). Imagem: Simbol Dictionary.


Este Mjolnir , ou Martelo de Thor, é um antigo símbolo nórdico, uma representação estilizada da lendária arma mágica do deus nórdico Thor. "Mjolnir" significa "relâmpago", e simbolizava o poder do deus sobre Trovão e Relâmpago. O martelo Mjolnir foi criado para retornar sempre após ter sido lançado.

O amuleto de Thor Martelo era usado frequentemente pelos crentes como um símbolo de proteção, uma prática tão popular que continuou mesmo depois que a maioria da população escandinava tinha se convertido ao cristianismo. Nos tempos modernos, é frequentemente utilizado como um emblema de reconhecimento para os membros da fé Asatru, e como um símbolo da herança nórdica.

Dragão de Galês (Y Ddraig Goch-O Dragão Vermelho)


Dragão Galês. Imagem: Simbol Dictionary.

 O “onipresente” Dragão Galês, à esquerda é o símbolo nacional do País de Gales. Esta imagem em particular aparece na bandeira de Gales e é derivado de um padrão antigo da família Tudor, que é por sua vez derivado do nome 'Draco' da Legião romana.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Bravos e loucos contra o Terceiro Reich



Mapa da ocupação nazista na Europa. Imagem: Arquivo pessoal CHH.

Um resgate impossível, o maior duelo homem a homem, um cozinheiro que derrubou aviões, um espião que fez Hitler de bobo, cidadãos que se armaram contra o jugo nazista...
O mundo estava sob grave ameaça. Adolf Hitler e os seguidores do Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista) moviam sua máquina de guerra para estender os domínios do 3º Reich pela Europa - e além dela. Ao mesmo tempo conduziam o infame expurgo das "raças inferiores" matando em massa, nos campos de concentração e nas câmaras de gás, judeus, poloneses, homossexuais, comunistas, deficientes... Itália, Japão e algumas nações menores uniram-se ao Führer no chamado Eixo. Cerca de 50 países, capitaneados por Reino Unido, União Soviética e Estados Unidos, aliaram-se contra eles. Este capítulo é dedicado aos líderes militares, aos guerreiros solitários, aos ousados espiões e aos cidadãos comuns que foram às armas e deram sua contribuição - por vezes a própria vida - em nome do bem maior: a liberdade.

O mais condecorado da história dos EUA 

QUEM?
AUDIE MURPHY

NASCIMENTO :
TEXAS (EUA)

ONDE ATUOU?
EUROPA OCUPADA

POR QUE É HERÓI?
GANHOU 32 MEDALHAS POR BRAVURA, UM RECORDE.


Audie Murphy. Imagem: National Archives.

Primeiro ele tentou ser fuzileiro naval. Mas, com apenas 1,65 m de altura e magro, acharam-no pequeno demais. De fato, quem olhava para Audie Leon Murphy dificilmente adivinharia que ali estava o futuro soldado mais condecorado da história dos Estados Unidos. Seriam 32 medalhas por bravura em combate (e outras homenagens) nos 3 anos em que esteve no front.

Nascido em 1924 em uma numerosa e pobre família do Texas, Murphy trabalhava na colheita de algodão ao lado dos nove irmãos. Ao chegar aos 17 anos, mentiu que já era maior de idade para ser aceito no Exército - queria se alistar de qualquer jeito depois do ataque japonês a Pearl Harbor. Não convenceu e teve de esperar os 18. No treinamento, no qual o chamavam de "bebê", era vítima constante das brincadeiras dos colegas. Até que chegou seu grande dia. Primeiro foi destacado para a África do Norte. Em 1943, chegou à Sicília (Itália) com a 3ª Divisão de Infantaria. E logo mostrou aos "grandões" do que era capaz. 
O feito mais notável do pequeno soldado - agora segundo-tenente - se deu na gélida batalha de Holtzwihr (França), em janeiro de 1945. Seu pelotão fora quase todo dizimado. De 128 homens, restavam apenas 19. Murphy mandou seus companheiros para trás. E começou a atirar. Quando acabou a munição, subiu em um tanque em chamas e acionou a metralhadora na direção da infantaria alemã. Foi ferido na perna, mas continuou sua luta solitária por mais 1 hora até o recuo do inimigo. Estima-se que, nos combates dos quais participou na Itália, na França e na Alemanha, tenha matado 240 nazistas. Voltou para casa sofrendo de estresse pós-traumático, com crises de depressão e insônia. 

Seus atos de heroísmo ficaram conhecidos do público. O astro James Cagney, famoso por interpretar gângsteres violentos no cinema, viu a foto dele na capa da revista Life e o convidou para ser ator em Hollywood. Murphy aceitou e novamente se deu bem: fez 44 filmes em 25 anos, além de uma série de TV. Também escreveu poemas e canções. Morreu quando o pequeno avião em que viajava a trabalho bateu em uma montanha na Virgínia, em 1971.
  
O kamikaze americano

QUEM?
HENRY MUCCI

NASCIMENTO:
CONNECTICUT (EUA)

ONDE ATUOU?
FILIPINAS

POR QUE É HERÓI?
LIBERTOU 500 ALIADOS PRESOS POR 8 MIL JAPONESES. 


Henry Mucci. 
 Imagem: National Archives.

As tropas do general de divisão Edward King tinham se rendido ao general japonês Masaharu Homma em 9 de abril de 1942. Os prisioneiros ficaram detidos em um lugar infernal chamado Cabanatuan, nas Filipinas, onde sofriam torturas e mutilações. Um soldado foi decapitado por sair da fila para beber água em um riacho. Todos, inclusive os japoneses, passavam fome. O número de mortes chegou a 700 por mês - provocadas por desnutrição, doenças tropicais e maus-tratos. 

Só três anos depois os 121 fuzileiros comandados pelo tenente-coronel Henry Mucci foram enviados para libertar os 500 prisioneiros sobreviventes, ajudados por guerrilheiros filipinos. Os americanos imaginaram que, naquele canto do Pacífico, enfrentariam um pequeno número de inimigos, tão cansados de lutar quanto eles. Encontraram 8 mil japoneses pela frente. Os primeiros "olheiros" viram tantos tanques e soldados que compararam a estradinha do acampamento a uma avenida central de Tóquio. Era tudo ou nada. Os guerrilheiros tomaram uma ponte de acesso, e os fuzileiros abriram fogo intenso. Um sentinela japonês levou tantos tiros que parte de seu corpo desapareceu. Até os prisioneiros demoraram para entender o que acontecia. Quase 300 resgatados foram levados de navio aos EUA e ainda enfrentaram submarinos japoneses no caminho. Em Cabanatuan, um muro de mármore lista o nome dos 2656 americanos que lá morreram.
  
Inimigos: os japoneses e o racismo 

QUEM?
DORIS MILLER

NASCIMENTO:
TEXAS (EUA)

ONDE ATUOU?
PEARL HARBOR, HAVAÍ (EUA)

POR QUE É HERÓI?
COZINHEIRO, PEGOU UMA METRALHADORA E DERRUBOU 5 AVIÕES JAPONESES.




Doris Miller.  Imagem: National Archives.

Para um negro americano, a vida na Marinha não era muito diferente daquela que conhecia nas ruas de seu país: a segregação racial dava o tom das relações sociais e profissionais. Doris Miller, aos 22 anos, não havia conseguido nada além de um posto de cozinheiro no navio USS Pyro. Em janeiro de 1940, foi transferido para o navio USS West Virginia, onde se tornou "campeão" de boxe. Encarregado de preparar a comida e de pequenos serviços, recolhia a roupa suja para a lavanderia na base de Pearl Harbor, no Havaí, quando o alarme soou na manhã de 7 de dezembro de 1941. Era o início do ataque japonês. Miller não recebeu treinamento militar formal e não sabia atirar. Mesmo assim, correu para o tombadilho. Por seu tamanho, foi designado para ajudar no resgate de vários feridos. Na confusão, assumiu uma das metralhadoras antiaéreas Browning calibre 50 e começou a disparar contra os nipônicos. Teria derrubado cinco aviões japoneses até ficar sem munição. Durante o ataque, aviões japoneses lançaram duas bombas blindadas que perfuraram o convés do navio. Miller só abandonou o West Virginia quando ele começou a afundar. Dos 1541 homens a bordo, 130 foram mortos e 52 ficaram feridos. Tempos depois Miller declararia que não teve problemas em derrubar os aviões. "Não foi difícil. Eu puxei o gatilho, e a metralhadora funcionou muito bem. Eu tinha visto outros soldados usando essas armas. Atirei por cerca de 15 minutos. Peguei alguns desses aviões japoneses. Eles mergulhavam muito perto de nós."

Miller recebeu a Cruz da Marinha em 1942 - foi o primeiro negro da frota do Pacífico a ganhar a honraria. Na ocasião, ele também foi elogiado pelo secretário da Marinha Frank Knox e pelo comandante Chester Nimitz.

Na máquina de criar ídolos que movia a propaganda de guerra, o mais comum seria poupá-lo de novos combates. Mas a Marinha insistiu em mandá-lo de volta ao front. Estava novamente servindo mesas, agora a bordo do Liscome Bay, quando o navio foi atingido por um torpedo japonês na Batalha de Tarawa, em 24 de novembro de 1943. Apenas 272 marinheiros sobreviveram ao naufrágio; 646 morreram - Miller era um deles. Seu corpo nunca foi encontrado. Não recebeu a Medalha de Honra, a mais alta condecoração militar americana, nem mesmo quando ela foi concedida postumamente a 15 homens - todos brancos - que lutaram na defesa de Pearl Harbor. Nenhum negro recebeu a honraria durante todo o conflito. 

Após a guerra, a história de Doris Miller se tornou um símbolo contra a segregação. Ele foi retratado (como coadjuvante) nos filmes Tora! Tora! Tora! (1970) e Pearl Harbor (2001).
   
25 missões por amor

QUEM?
ROBERT K. MORGAN

NASCIMENTO:
CAROLINA DO NORTE (EUA)

ONDE ATUOU?
EUROPA E JAPÃO

POR QUE É HERÓI?
DIRIGIU 50 ATAQUES AÉREOS.
 


Robert K. Morgan. 
Imagem: National Archives.

O Memphis Belle era um bombardeiro B-17 sem nome quando Robert K. Morgan batizou-o com o apelido da namorada (Margaret Polk). Nos primeiros três meses na base inglesa de Bassingbourn, as perdas de bombardeiros chegaram a 80%. O moral estava baixo. Como incentivo, a Força Aérea Americana estabeleceu que, após 25 missões, os sobreviventes poderiam voltar para casa. Em uma das missões, Morgan pousou só com metade da cauda, destruída pelo fogo alemão. Foram 128 horas de voo despejando 60 toneladas de bombas. Em maio de 1943, a tripulação se tornou a primeira a completar, sem baixas, as 25 missões. No ano seguinte, Morgan estava de volta à guerra para bater a mesma meta, agora no Japão. Ele e Belle não se casaram.
  
Manila John: mito ou verdade? 

QUEM?
JOHN BASILONE

NASCIMENTO:
NOVA YORK (EUA)

ONDE ATUOU?
GUADALCANAL (ILHAS SALOMÃO)

POR QUE É HERÓI?
MONTOU UMA METRALHADORA E, COM MAIS DOIS SOLDADOS, ENFRENTOU MILHARES DE JAPONESES. 


John Basilone. 
Imagem: National Archives.

Três mil enfurecidos japoneses contra um só americano? Foi assim, segundo a versão mais romântica do episódio, que o sargento John Basilone venceu a primeira grande batalha em terra contra o Japão na ilha de Guadalcanal (Ilhas Salomão), em 1942. Chamado de Manila John pelos colegas por ter servido em uma base nas Filipinas, ele já era conhecido por sua habilidade com metralhadoras. Mas ninguém tinha ideia de que seu talento em mecânica faria tanta diferença como na noite de 24 de outubro. À frente de 16 homens, o sargento topou com um regimento japonês inteiro. Todo o pelotão foi ferido ou morto até sobrarem Basilone e mais dois soldados. Pior: suas metralhadoras, superaquecidas, pararam de funcionar. Basilone, juntando peças, conseguiu montar uma nova arma. E começou a atirar até derrubar 38, centenas ou 3 mil japoneses - os historiadores divergem quanto ao número de vítimas. O que é consenso é a bravura do sargento. De volta aos EUA, em 1943, ele foi o primeiro americano a receber a Medalha de Honra do presidente Franklin Roosevelt, além de dezenas de homenagens. Logo cansou da vida de celebridade e pediu para voltar ao front. A Marinha, temerosa quanto ao efeito no moral do país caso ele viesse a ser ferido ou morto, tentou convencê-lo a aceitar um posto longe dos combates. Recusou. Estava entre os fuzileiros que desembarcaram na ilha de Iwo Jima em fevereiro de 1945 para enfrentar 22 mil japoneses entrincheirados. Atingido por um morteiro, morreu diante do pelotão. John Basilone virou nome de porta-aviões, prédios e monumentos nos EUA. Mas ficou mais conhecido graças à série The Pacific, da HBO.

O maior duelo

QUEM?
VASILI GRIGORIEVITCH ZAÏTSEV

NASCIMENTO:
ELINISK (RÚSSIA)

ONDE ATUOU?
STALINGRADO (URSS)

POR QUE É HERÓI?
FOI O MAIOR FRANCO-ATIRADOR DA GUERRA.


Vasili Grigorievitch Zaïtsev. Imagem: National Archives.

O cenário eram os escombros de Stalingrado. De um lado, o major Heintz Thorvald, tido como o melhor atirador alemão e enviado ao front especialmente para matar "o exterminador de nazistas". Do outro lado, o tal exterminador, o russo Vasili "Zaitsev" Grigorievitch, que só na Batalha de Stalingrado tinha aniquilado, com seu rifle e sua pontaria extraordinária, 242 alemães. Thorvald, também conhecido como Erwin Konig, tinha uma vantagem: estudou todos os passos e métodos do adversário.