segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Viagem do “Dragão Feliz” Fukuryu Maru.


            O trabalho que se segue é uma exposição clara da falta de respeito e responsabilidade das autoridades envolvidas em testes com armamentos nucleares tanto no passado, quanto no presente. E nós como historiadores não podemos deixar eventos como o ocorrido com o navio pesqueiro Fukuryu Maru (Dragão Feliz) serem esquecidos. O perigo nuclear está presente hoje tão vivo quanto estava na década de 1950, do século passado, a diferença é a aparente estabilidade das grandes nações nucleares, mas elas mesmas são cientes de quão tênue é está paz, que negam-se a desfazerem-se de seus arsenais. Sendo os Estados Unidos o líder com 13 mil ogivas (ICBM’s - intercontinental ballistic missile) em mísseis, seguido da Rússia com 10 mil ogivas em mísseis (ICBM’s). Compete agora a cada leitor do Construindo História Hoje, tirar suas próprias conclusões a respeito do perigo nuclear.

“A comovente história de um pequeno barco de pesca japonês e seus 23 tripulantes, vítimas de uma catástrofe inesperada (...) com efeitos de significação para todo o mundo em toda parte.”


            Pouco antes do alvorecer do dia 1° de março de 1954, o barco japonês de pesca de arrasto Fukuryu Maru (Dragão Feliz) vagava com os motores parados pelas águas clamas do Pacífico Central. Tinha lançado suas linhas de pesca de atum pela última vez e não tardaria a rumar para seu porto de Yaizu, 200 quilômetros ao sul de 
Tóquio.

            De repente os céus se incendiaram a oeste e um grande clarão de luz amarelo-esbranquiçada se esparramou de encontro às nuvens. Foi como se a transição gradual da noite para a aurora tivesse sido afastada bruscamente para que se inundasse de luz o oceano. A cor mudou para um vermelho-amarelo e finalmente para uma bola de chama vermelho-alaranjada no horizonte. O vistoso espetáculo parecia um sol poente, sendo, porém várias vezes mais brilhante, embora não o fosse bastante para magoar a vista.

            Na ponte, o mestre-de-pesca Yoshio Misaki fitou sem acreditar o estranho espetáculo. A tripulação subiu para o tombadilho, falando excitadamente.

            __O Sol está nascendo no ocidente! __ exclamou um dos homens.

            Disse outro:

            __Não será um pika-don?



            O termo é novo na língua japonesa. Nascido no terror em Hiroshima compõe-se das palavras “trovão” e “clarão”.

            O comandante Hisakichi Tsutsui, que dormia no seu beliche, reagiu devagar. Quando se reuniu a Misaki, na ponte, a cor a oeste mal se distinguia. A escuridão voltara. Reinava completo silêncio.

            Alguns minutos depois o barco estremeceu como se tivesse sido sacudido por baixo e um grande ruído o envolveu, parecendo vir ao mesmo tempo de cima e de baixo. Aterrorizados, alguns homens se atiraram ao chão e cobriram a cabeça.

            Os oficiais tiveram uma rápida conferência. Em seguida Misaki deu a ordem:

            __Ligar os motores e recolher as linhas.

            Os homens trabalhavam depressa ansiosos por deixar aquelas águas.

            O radiotelegrafista Aikichi Kuboyama de 39 anos era um dos mais velhos dos 23 homens da tripulação. Tinha também fama de ser o mais inteligente. Provou isso calculando a velocidade do som. Haviam transcorrido quase sete minutos desde que viram o clarão até que ouviram o estrondo. A multiplicação desse tempo pela velocidade do som daria a distancia entre o navio e a explosão.


             O resultado aproximado foram 140 quilômetros ---- e os cálculos de Misaki com o sextante indicaram que o navio se encontrava a 137 quilômetros a lés-nordeste do Atol de Biquíni, nas Ilhas Marshall. Não podia haver: dúvida: o clarão brilhante viera de Biquíni.

            Umas duas horas depois o céu começou a mudar de aspecto, como se um grande nevoeiro estivesse se formando. Os homens que estavam trabalhando no tombadilho ficaram espantados a principio quando começaram a cair minúsculas partículas de uma cinza arenosa.

            __Parece o começo de uma tempestade de neve --- disse um deles.

            De repente vários tripulantes começaram a sentir dor nos olhos. O guincheiro Sanjiro passou a mão pelo cabelo e esfregou os olhos ardidos. Alguns dos homens provaram os flocos cinzentos-esbranquiçados. Uns disseram que era sal, outros que era areia. Todos concordaram em que era uma coisa muito desagradável.

            Pouco depois do meio-dia, todas as linhas tinham sido recolhidas. A estranha poeira branca havia, afinal, parado de cair, e Misaki ordenou ao timoneiro que rumasse para o norte. Os tripulantes que estavam limpando o convés principal verificaram que havia algo de esquisito naquelas areias brancas: não era fácil removê-las com água. A hora do almoço vários dos tripulantes manifestaram pouco apetite --- coisa rara, porque eles estavam sempre famintos depois de trabalhar tantas horas.


Queimaduras, efeitos da Bomba de Hidrogênio nos marinheiros.

            Após o almoço os tripulantes foram limpar o equipamento de pesca. Os quilômetros de corda molhada pareciam absorver especialmente bem a poeira branca. A corda foi guardada em caixas de madeira e estas empilhadas na popa, logo atrás da cozinha.

            Na manhã seguinte a tripulação acordou estranhamente indolente. O guincheiro Masuda verificou, consternado, que não podia abrir os olhos, pois tinha as pálpebras grudadas por um grosso corrimento amarelo. O chefe de máquinas Todashi Yamamoto teve dificuldade em enxergar, quando quis verificar os manômetros na casa de máquinas. Vários homens tinham enjoado durante a noite, mas apenas um, cujo beliche ficava na cabina de ré, passara tão mal que não aguentara o quarto de serviço da meia-noite. Os homens que tinham pegado nas cordas se queixavam de coceira e ardor na palma das mãos.

            Um dos marinheiros deu um pouco daquela cinza branca, embrulhada num papel, a Kuboyama. O radiotelegrafista, tencionando examiná-la depois, colocou a cinza debaixo do travesseiro em sua cabina. Ali ficou ela durante os 14 dias que o Dragão Feliz levou para chegar ao porto. Outros tripulantes também recolheram um pouco da estranha cinza; um deles pensou que poderia ser um símbolo de sorte.

            No dia 1° de março foi divulgada a seguinte comunicação, em Washington: “Lewis L. Strauss, Presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos comunicou hoje que a Sétima Força Mista Especial detonou um dispositivo atômico no Campo de Provas da C.E.A. , nas Ilhas Marshall. Esta detonação foi a primeira de uma série de experiências”.


Perda de cabelo e queimaduras, resultantes da exposição a radiação.

            Não fora noticiado antes que a C.E.A. levaria a efeito uma experiência nuclear na data em questão. A Junta Japonesa de Segurança Marítima havia recebido uma comunicação no dia 10 de outubro de 1953, aumentando a área interditada em torno do Atol de Eniwetok, que fora isolada para a experiência da primeira bomba de hidrogênio no dia 1° de novembro de 1952. Essa área acrescida incluía o Atol de Biquíni, mas nem o Comandante Tsutsui nem o mestre-de-pesca Misaki sabiam que Biquíni ia ser o local dessas novas experiências. Na realidade, o Dragão Feliz, no ponto em que mais se aproximara da zona perigosa, ainda ficara mais de 30 quilômetros para além de seu limite oriental. Ao que tudo indica, ventos de grande altitude arrastaram a nuvem da bomba na direção oposta à que esperavam os técnicos das provas.

            Aconteceram coisas curiosas durante a viagem de volta daquele pequeno barco de pesca ao seu porto. A tripulação da casa de máquinas subia constantemente ao tombadilho, queixando-se de estar passando mal. Todos os homens ficaram com um aspecto terroso, como se estivessem seriamente queimados de sol. O guincheiro Masuda disse aos companheiros de cabina que seu sentia febril. Quando o contramestre Masayoshi Kawashima coçava a cabeça, seu cabelo caía. Espantado, puxou o cabelo e um punhado dele ficou-lhe na mão.


Marinheiro Sangiro Masuda, do Fukuryu Maru.

            Isso fez soar uma campainha na mente de Kuboyama. Sua tia estava em Hiroshima quando a bomba atômica foi lançada, e ele se lembrava de que a queda de cabelo era um efeito ulterior da “doença da bomba atômica”. Kuboyama e Misaki conversaram sobre a possiblidade de uma relação entre a doença da tripulação e a estranha cinza que tombara do céu.

            Logo que o “Dragão Feliz” atracou em Yaizu, no dia 14 de março, seu proprietário notou que a tripulação estava escura. E, quando o mestre-de-pesca lhe falou na doença dos homens, concordou que deviam ir imediatamente para o Hospital.

            O Dr. T. Ooi, médico do hospital não conseguiu explicar o aspecto dos homens. Masuda, o mais gravemente afetado, apresentava queimaduras no rosto e nas mãos, mas todos estavam com boa disposição. Um dos pescadores opinou que haviam sido atingidos pelo que lhes pareceu uma explosão de uma bomba atômica. Mas como a luz não fora ofuscante, o médico concluiu que deviam estar a uma distância segura; se assim não fosse, alguns dos homens já teriam morrido. Alarmado, e com razão, concordou, não obstante, em mandar dois dos tripulantes para Tóquio a fim de serem examinados por um especialista em doenças provocadas por emanações radioativas. Foram escolhidos Masuda, por causa de suas graves queimaduras, e o maquinista Yamamoto, que apresentava a contagem de glóbulos brancos mais baixa.


             Na manhã de 16 de março, terça-feira, o Yomiuri Shimbun, um dos maiores jornais do Japão, dava este furo, em manchete, de um lado a outro de sua primeira página:

TESTE DE BOMBA ATÔMICA EM BIQUÍNI ATINGE PESCADORES JAPONÊSES.
23 Homens Sofrendo de Doença Atômica
BOMBA DE HIDROGÊNIO?

            Alertada pela notícia do jornal (cujo ponto de partida fora a indicação de um estudante de 17 anos que tinha parentes em Yaizu), a Divisão Sanitária da Prefeitura de Yaizu pediu ao Dr. Takanobu Hiokawa que fosse ao hospital e ao cais da cidade e verificasse se havia radioatividade. No hospital, o Dr. Shiokawa colocou o contador Geiger perto da cabeça de um dos tripulantes. O homem estava radioativo! Como não devia estar então o barco de pesca?

            O Dr. Shiokawa correu para o cais. Estava ainda a 30 metros do Dragão Feliz e já o contador Geiger começara a tiquetaquear aceleradamente. Nunca o Dr. Shiokawa encontrara radioatividade tão forte. O navio se encontrava superlotado de jornalistas, e, quando o Dr. Shiokaw abriu caminho através do tumulto, ficou evidenciado que a principal fonte de radioatividade estava localizada em algum ponto acima do compartimento de ré da tripulação. Era ali que os rolos de corda se achavam empilhados. Estavam intensamente radioativos. Durante toda a longa viagem de volta os homens da cabina de ré tinham dormido debaixo de uma poderosa fonte de irradiação.


Atum contaminado com radiação.

            Yaizu não foi à única cidade japonêsa a ser presa de nervosismo por causa da radioatividade. Em Osaka, o Dr. Yasushi Nishiwaki, professor de Biofísica na universidade local, foi chamado ao mercado central para ver se tinham sido mandados peixes de Yaizu para lá. Encontrou um atum que fez seu contador Geiger chocalhar com uma contagem alta. Os presentes murmuraram, com espanto: “Os peixes estão chorando!” --- e dali por diante o peixe radioativo passou a ser chamado “peixe chorão”. As autoridades descobriram que umas cem pessoas haviam comido  peixes contaminados. O medo invadiu a cidade e todos deixaram imediatamente de comprar peixe. Ao saber-se que o peixe fora eliminado do regime alimentar do Imperador, a história espalhou-se por todo o Japão. Alguns industriais do pescado foram levados à falência.

            Entrementes, os médicos que cuidavam dos marinheiros lutavam contra o tempo para descobrir o conteúdo da cinza. Podiam recorrer a dados médicos oriundo do estudo de milhares de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaqui. Mas o que tornava então confusa a situação era a presença de radioatividade residual. O cabelo do guincheiro Masuda, por exemplo, estava ainda tão radioativo que um pouco dele colocado sobre um filme fotográfico reproduzia no filme revelado uma imagem perfeita, como se tivesse sido fotografado com luz comum. Mesmo depois de se terem lavado e esfregado bem, os pescadores conservavam certa radioatividade na pele. Isso era algo sem precedentes na Ciência Médica.


Médico verifica o nível de contaminação em marinheiro do Fukuryu Maru.

            Por esse tempo foram divulgadas informações semi-oficiais sobre a tremenda explosão. O Deputado James Van Zandt, do Comitê Misto Sobre Energia Atômica do Congresso dos Estados Unidos, declarou que a bomba de hidrogênio que explodira em Biquíni possuía um incrível poder de destruição. A explosão equivalera ao rebentar de 12 a 14 milhões de toneladas de TNT --- era mil vezes mais forte do que a bomba atômica de Hiroshima.

            Aquela altura, todos os pescadores tinham sido transferidos para dois hospitais de Tóquio. Verificou-se que estavam sofrendo de uma redução do nível de glóbulos brancos e vermelhos do sangue e, para combater a anemia, fizeram-se repetidas transfusões. Ministraram-lhes antibióticos para aumentar sua resistência. Como as células sexuais são muito sensíveis à radiação, durante os meses de abril e maio os pescadores ficaram completamente estéreis.

            Ao chegar à primavera, os doentes se sentiram mais animados com cicatrização das lesões da pele e o renascimento dos pelos do corpo. Isso foi um bom sinal, porque com doses quase letais de radiação pode ocorrer perturbação permanente do crescimento do pelo. Parecia que os homens estavam sarando. O Japão inteiro respirou mais aliviado, também, quando os Estados Unidos comunicaram, em meados de maio, que as experiências de 1954 com as bombas, em Biquíni, haviam terminado.

            Mas o enigma persistia: que eram as “cinzas da morte”, as shi no hai que tinham caído sobre o Dragão Feliz? Duas vezes foi feita esta pergunta por cientistas japoneses a representantes norte-americanos, e duas vezes, por motivos de “segurança nacional”, ela deixou de ter resposta. Na terceira vez, Merril Eisenbud, Diretor do Laboratório de Saúde e Segurança e perito em poeira atômica, deu esta enigmática resposta.

            __Perguntem ao Dr. Kimura.

            O Dr. Kenjiro Kimura, brilhante radioquímico da Universidade de Tóquio, havia trabalhado em 1939 com o físico japonês Yoshio Nishina na desintegração do átomo de urânio e na produção de um tipo até então desconhecido, que denominaram urânio-237. O Dr. Kimura e uma equipe de 16 membros, juntamente com outros grupos de cientistas japoneses, passaram a trabalhar dia e noite na análise da cinza de Biquíni. Não tinham dúvida quanto ao fato de que o grosso da radioatividade da cinza era causada por átomos de urânio desintegrados. Era inevitável que o Dr. Kimura e os outros cientistas descobrissem a verdade sobre a bomba. Não se poderia esperar que o homem que descobriria o urânio-237 deixasse de nota-lo quando fosse posto diante dos seus olhos.

            Pela primavera de 1954 os cientistas japoneses tinham decifrado o enigma: a bomba de Biquíni era uma superarma numa embalagem de três em um. Primeiro estágio consistia numa espoleta comum de bomba atômica, que por sua vez fazia detonar um segundo estágio e provocava a fusão de átomos de hidrogênio. Essa reação da bomba de hidrogênio liberava então um dilúvio de nêutrons de alta energia que provocava o rompimento de uma camisa de urânio. No processo, produzia-se o urânio-237 como denunciador subproduto.

            Uma vez conhecida a natureza da cinza radioativa, puderam os cientistas japoneses avaliar a quantidade de radiação a que os pescadores tinham estado expostos. Calcularam que os tripulantes que estavam trabalhando no convés durante a manhã do dia 1º de março podiam ter, até ao meio-dia, recebido até 100 roentgens (medida de radiação ionizante) de radiação. (Uma dose letal vai de 300 a 700 roentgens.) Dali por diante a exposição devia ter diminuído de dia para dia.

            O Dragão Feliz não foi o único navio pulverizado com chuva atômica. Dez navios de guerra norte-americanos encontravam-se nas imediações, a 50 quilômetros de Biquíni, para observar a detonação, numa área que se considerava segura. Cerca de uma hora após se ter espalhado a enorme nuvem em forma de cogumelo, os oficiais notaram que o vento estava arrastando para o lado deles resto de nuvem. Os contadores Geiger do tombadilho começaram a funcionar. Na mesma hora os navios foram “abotoados”, isto é, todos os marinheiros desceram, depois de prenderem as escotilhas e vigias e cobrirem os respiradouros de bordo. Grandes quantidades de água foram espalhadas sobre os navios por meio de mangueiras e esguichos especiais para lavar a contaminação radioativa. Durante metade de um dia as tripulações suaram lá embaixo. Afinal, decidiu-se que já se podia “desabotoar” os navios sem perigo, e homens com roupas de borracha, capuzes e máscaras foram limpar a poeira caída que a cortina protetora de água não tinha lavado. Assim a C.E.A. e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos ficaram conhecendo, poucas horas depois da experiência, as dimensões e a intensidade da chuva atômica. Mas nenhum aviso foi irradiado para os navios que se achavam nas imediações, provavelmente porque os lábios das pessoas participaram da experiência estavam selados por motivos de segurança.


 Aikichi Kuboyama, a vítima fatal da atrocidade com o Fukuryu Maru.

            Em setembro, os tripulantes japoneses sofreram um choque terrível; morreu o seu querido companheiro, o radiotelegrafista Kuboyama. Com tantas transfusões de sangue tinham aumentado as probabilidades de hepatite infecciosa. Embora os outros não tardassem a sarar dos ataques de icterícia, a de Kuboyama persistira. Na noite de 20 de setembro ele parecia estar sofrendo muito; foi chamada a sua família. Em dado momento gritou:

“Sinto como se meu corpo estivesse sendo queimado com eletricidade.”
            Kuboyama morreu no dia 23.

            Ao saberem de sua morte, as tripulações de inúmeros barcos de pesca e navios, no mar, enviaram mensagens de pêsames para o hospital. No dia seguinte o Embaixador dos Estados Unidos enviou uma nota ao Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, com um cheque de um milhão de ienes em favor da Sr.ª Kuboyama, “como prova de solidariedade do povo e do governo norte-americano”. (mais tarde foi-lhe acrescentado um milhão e meio).


Familiares de Aikichi Kuboyama. 

            No dia 20 de maio de 1955, os 22 tripulantes tiveram altas dos dois hospitais de Tóquio onde haviam passado mais de um ano. Tinham pela frente um futuro incerto: já não aguentariam o pesado trabalho de um barco de pesca.  Dedicaram-se, então, a ocupações como agricultura e comércio; apenas dois voltaram ao mar, e assim mesmo em navios de treinamento. Pouco depois, os Estados Unidos ofereceram ao Governo Japonês dois milhões de dólares --- ex gratia, isto é, sem que o oferecimento importasse no reconhecimento de qualquer culpa --- dos quais cada membro da tripulação recebeu cerca de 5.000; o restante se destinou ao pagamento de suas despesas de hospitalização e tratamento e dos prejuízos causados à indústria do atum pela chuva atômica.

            O que aconteceu aos 23 pescadores a bordo do Dragão Feliz, naquela fatídica manhã de março, foi um pequeno exemplo do perigo radioativo que seria desencadeado por uma guerra nuclear. Quando homens que se encontram a uma distância de 160 quilômetros da explosão podem ser mortos pelo silencioso toque de uma bomba, revela-se o terrível poder de destruição do átomo desintegrado. A bomba que explodiu em Biquíni foi uma arma nova e revolucionária. Mas se não fosse o acidente do Dragão Feliz, o mundo poderia encontrar-se ainda na ignorância quanto à natureza dessa arma e à sua significação para todos os homens.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Estudo Teórico da Ponerologia (estudo científico sobre o que podemos claramente chamar Mal).



“A boa saúde do Mundo ainda não restaurada; e os restos da grande doença estão ainda bastante ativos e ameaçam uma repetição da doença.”

Dr. Andrew Lobaczewski

Apresento uma introdução dessa matéria que, no momento atual, volta a ser de suma importância, quando examinada sob o prisma de pessoas portadoras desse tipo de perfil psicológico, que chegam a ocupar altos cargos de um país.

Consegui encontrar o significo do título: ponero, do grego = MAL. Ponerologia seria estudo do mal. Portanto ponerologia política seria..... é melhor lerem os especialistas.

Ponerologia Política: Uma Ciência sobre a Natureza do Mal, ajustada para propósitos políticos.

Caros leitores, gostaríamos de chamar a vossa atenção para este artigo de extrema importância para compreender o atual mal-estar do nosso Mundo, e onde se encontra a origem para tal miséria.

O artigo, escrito por Laura Knight-Jadczyk, é uma revisão e sumário de um livro redigido por um psicologo Polaco de seu nome Andrew M. Lobaczeski. De acordo com a Srª. Knight-Jadczyk este pode ser o livro mais importante que alguém pode ler durante a sua vida. Explica a incidência da psicopatia e outras desordens de personalidade (caracteropatias) e como se infiltram em todas as áreas da sociedade, que tem como resultado um efeito tremendamente negativo nas nossas vidas e mentes. Também nos proporciona com ferramentas, e uma mensagem de esperança em relação a como nos podemos proteger e a melhor nos imunizarmos desta influência.

A plutocracia é uma doença de grandes movimentos sociais seguidas por sociedades inteiras, nações e impérios. Durante o curso da historia Humana, ela afetou movimentos sociais, políticos e religiosos, bem como as ideologias que as acompanhavam. Tornando-as caricaturas delas próprias. Isto ocorreu devido à participação de agentes patológicos num processo patodinâmico similar. Isto explica porque é que todas as plutocracias do Mundo são, e sempre foram tão similares nas suas propriedades essenciais.

A identificação deste fenômeno através da história e a sua classificação correta de acordo com a sua verdadeira natureza e conteúdos – não de acordo com a ideologia em questão, que sucumbiu ao processo de caricatura – é um trabalho para historiadores.

As ações de uma plutocracia afetam uma sociedade inteira, começando pelos líderes e infiltrando-se em cada cidade, negócio e instituição. A estrutura social patológica cobre gradualmente todo o país criando uma nova “classe” dentro da nação. Esta classe privilegiada [de plutocratas] sente-se constantemente ameaçada pelos “outros”, ou seja, pela maioria das pessoas normais. Nem tão pouco os plutocratas têm ilusões sobre o seu destino pessoal se houvesse um retorno ao sistema do Homem normal. [Andrew M. Lobaczewski Political Ponerology: A science on the nature of evil adjusted for political purposes].

A palavra psicopata evoca geralmente imagens do pouco restringido – mas surpreendentemente urbano – Dr. Hannibal Lecter do filme “Silêncio dos Inocentes”. Eu admito que era esta a imagem que me que ocorria à mente sempre que ouvia a palavra. Mas estava errada, e iria aprender esta lição de forma bastante dolorosa por experiência direta. Os detalhes exatos são contados num outro sítio; o que é importante é que esta experiência foi provavelmente um dos mais dolorosos e instrutivos episódios da minha vida e permitiu-me superar um bloqueio de percepção do mundo à minha volta e das pessoas que nele habitam.”­

            Em relação a bloqueios de percepção, preciso comunicar para que fique registrado, que passei 30 anos a estudar psicologia, historia cultura, religião, mitologia e o chamado paranormal. Também trabalhei durante muitos anos com hipnoterapia – que me facilitou um conhecimento mecânico bom sobre como a mente/cérebro dos seres humanos opera a níveis bastante profundos. Mas mesmo assim, eu ainda funcionava com certos dogmas firmemente ancorados que foram estilhaçados com a minha pesquisa sobre psicopatia. Percebi que existiam um grupo de ideias, que tinha sobre os seres humanos que eram sacrossantas. Tendo até escrito sobre isso a uma dada altura da seguinte forma:

            O meu trabalho mostrou-me que a vasta maioria das pessoas querem fazer bem, experienciar coisas boas, ter bons pensamentos e tomar decisões com bons resultados. E elas tentam com toda a sua força fazê-lo! Com a maioria das pessoas a ter este desejo interno, porque diabo não está a acontecer.

            Fui ingénua, admito. Houve muitas coisas que desconhecia e que aprendi desde que escrevi essas palavras. Mas mesmo nessa altura estava consciente de como as nossas mentes podem ser usadas para nos enganar.

Mas, que crenças possuía eu que me faziam vítima de um psicopata?

            O primeiro e mais óbvio é que eu acreditava verdadeiramente que no âmago, todas as pessoas são basicamente “boas” e que elas “querem fazer bem, experienciar coisas boas, ter bons pensamentos e tomar decisões com bons resultados. E elas tentam com toda a sua força fazê-lo…”

            Como é sabido, isto não é verdade como eu – e todas as pessoas envolvidas no nosso grupo de trabalho – aprendi para o nosso desgosto, como se costuma dizer. Mas também aprendemos para a nossa edificação. De maneira a chegar a algum entendimento sobre exatamente que tipo de ser humano pode fazer as coisas que me foram feitas a mim (e a outros chegados a mim), e como podem eles ser motivados – até impulsionados – a comportarem-se desta maneira, começamos a pesquisar literatura sobre psicologia à procura de pistas porque precisávamos de entender para a nossa própria paz de espírito.

            Se existe uma teoria psicológica que pode explicar comportamentos prejudiciais e viciosos, esta ajuda grandemente a vítima de tais atos ter essa informação para que não passe todo o tempo a sentir-se magoada e zangada. E certamente, se existe uma teoria psicológica que pode ajudar uma pessoa a encontrar o tipo de palavras e ações que podem atravessar o abismo entre pessoas, em ordem a sarar desentendimentos, esse é um objetivo digno. Foi a partir de uma tal perspectiva que começamos o nosso extenso trabalho sobre o assunto do narcisismo que depois deu origem ao estudo de psicopatia.

            Claro, que não começamos com esse diagnóstico ou rotulo para o que estávamos a testemunhar. Começamos com observações e pesquisamos literatura à procura de pistas, perfis, e de qualquer coisa que nos ajudasse a compreender o mundo interno do Ser Humano – em boa verdade de um grupo de Seres Humanos – que pareciam ser absolutamente depravados e totalmente diferentes de tudo o que tínhamos encontrado anteriormente.

            Imaginem se puderem não possuir uma consciência, nenhuma de todo, não terem sentimentos de culpa ou remorso independentemente dos atos praticados, não terem um limitante sentido de preocupação para com o bem-estar de estranhos, amigos ou até membros familiares. Imaginem não ter que lutar contra a vergonha, nenhuma vez durante a vossa vida, independentemente do ato egoísta, indolente, prejudicial ou imoral que tenham tido.

            E finjam que o sentido de responsabilidade é desconhecido para vocês, exceto como um fardo que os outros parecem aceitar sem questões, como tolos crédulos.

            Agora junte a esta estranha fantasia a habilidade de dissimular ou ocultar de outras pessoas que o vosso perfil psicológico é radicalmente diferente do deles. Desde que todas as pessoas assumam simplesmente que a consciência é algo universal em todos os seres humanos, esconder o fato de que se é livre de consciência é praticamente feito sem esforço.

            Você não se retrai por culpa ou vergonha de nenhum dos seus desejos, e nunca se é confrontado por outros pela sua frieza. A água gelada nas vossas veias é tão bizarra, tão completamente fora da experiência pessoal dos outros, que eles raramente se dão conta da vossa condição.

            Por outras palavras, vocês são completamente livres de restrições internas, e a vossa liberdade sem entraves para fazer o que quiserem, sem dores de consciência, é convenientemente invisível ao mundo.

            Vocês podem fazer tudo o quiserem, e mesmo assim a vossa estranha vantagem sobre a maioria das pessoas, que são colocadas em linha pela sua consciência, vai com toda a probabilidade permanecer não descoberta.


Como irá viver a sua vida?

            O que vai fazer com esta sua enorme e secreta vantagem, e com a desvantagem correspondente das outras pessoas (consciência)?

            A resposta vai depender em larga medida dos desejos que tem, porque as pessoas não são todas iguais. Até mesmo os profundamente pouco escrupulosos não são todos iguais. Algumas pessoas – apesar de terem uma consciência ou não – dão preferência à facilidade da inércia, enquanto outros estão cheios com sonhos e ambições selvagens. Alguns seres humanos são brilhantes e talentosos, alguns são pouco inteligentes, e a maior parte, com consciência ou não, estão algures no meio. Existem pessoas violentas e não violentas, indivíduos que são motivados pela sede de sangue e aqueles que não têm tal apetite.Dando-se o caso de que não é forçosamente parado, pode fazer o que quiser.

            Se nascer no momento certo, com algum acesso a fortunas familiares, e tem um talento especial para “enaltecer” o sentido de ódio e de privação de outras pessoas, pode arranjar maneira de matar largos números de pessoas desavisadas. Com dinheiro suficiente, pode realizar isto de bastante longe, e pode sentar-se confortavelmente e observar com satisfação.

Louco e assustador – e real, em cerca de 4 por cento da população….

            A taxa de prevalência para desordens relativas à anorexia está estimada em 3,43 por cento, considerada como quase epidémica, e mesmo assim este número é uma fracção mais baixo do que a taxa de transtorno de personalidade antissocial. As desordens de maior grau classificadas como esquizofrenia ocorrem em apenas 1 por cento da população – um mero quarto da taxa de personalidade anti-social – e os centros de controle de doenças e prevenção afirmam que a taxa de cancro do cólon nos Estados Unidos da América, considerada alarmantemente alta, é de cerca de 40 para 100.000 – mil vezes mais baixa que a taxa de transtorno de personalidade antissocial.

            A alta incidência da sociopatia na sociedade humana tem um profundo efeito no resto de nós que também temos de viver neste planeta, mesmo para aqueles de nós que não foram clinicamente traumatizados. Os indivíduos que constituem estes 4 por cento secam as nossas relações, as nossas contas bancárias, os nossos feitos, a nossa autoestima, a nossa própria paz na Terra.

            Porém surpreendentemente, muitas pessoas nada sabem sobre esta desordem, ou se sabem, pensam apenas em termos de psicopatia violenta – assassinos, assassinos em série, assassinos em massa – pessoas que conspicuamente quebraram a lei vezes sem conta, e que, se apanhadas, serão encarceradas, talvez até sujeitas à pena de morte, onde esta se aplicar.

            Comumente não temos percepção, nem usualmente identificamos, o grande número de sociopatas entre nós, pessoas que muitas vezes não são violadores da lei flagrantes, e contra as quais o nosso sistema legal pouca proteção oferece.

            A maioria de nós não imaginaria nenhuma correspondência entre conceber um genocídio étnico e, por exemplo, mentir sem sentimento de culpa ao nosso patrão sobre um colega de trabalho. Mas a correspondência psicológica não está apenas lá; é de arrepiar. Simples e profundo, o elo é a falta do mecanismo interior que nos castiga, emocionalmente falando, quando efetuamos uma escolha que vimos como imoral, antiética, negligente ou egoísta.

            A maioria de nós sente-se mais ou menos culpada se comer a ultima fatia de bolo na cozinha, sem falar como nos deveríamos sentir se intencionalmente e metodicamente nos propuséssemos a magoar outra pessoa.

            Aqueles que, de todo, não têm consciência são um grupo próprio, quer sejam déspotas homicidas ou meramente atiradores furtivos sociais sem escrúpulos.

“A presença ou ausência de consciência é uma profunda divisão humana, sem questão mais significante que a inteligência, raça ou mesmo sexo.”

            O que diferencia um sociopata que vive do trabalho dos outros de um que ocasionalmente rouba uma loja, ou de um que seja um barão criminoso contemporâneo – ou o que diferencia um ordinário “bully (provocador)” de um assassino sociopata – não é mais nada que o estatuto social, motivação, intelecto, sede de sangue ou simplesmente oportunidade.

            O que distingue todas estas pessoas do resto de nós é um buraco absolutamente vazio na psique, onde deveria estar a mais evoluída de todas as funções humanizantes.

[Martha Stout – The Sociopath Next Door] (altamente recomendado)

            Nós não tivemos a vantagem do livro da Dr. Stout no inicio do nosso projeto de pesquisa. Tivemos, com certeza, Hare e Cleckley e Guggenbuhl-Craig e outros. Existem ainda mais que apareceram nos últimos anos em resposta às questões que estavam a ser formuladas por muitos psicólogos e psiquiatras sobre o estado do nosso mundo e a possibilidade de existir uma diferença fundamental entre indivíduos como George W. Bush e muitos dos chamados Neocons, e o resto de nós.

            O livro da Dr. Stout tem uma das explicações mais extensas sobre o por que de nenhum dos seus exemplos se assemelharem a nenhuma pessoa que eu tenha lido. E depois, num capítulo inicial, ela descreve um caso “compósito” onde o sujeito passou a sua infância a explodir rãs com bombas de carnaval. É bastante conhecido que George W. Bush fez isto, dai que uma pessoa naturalmente se questione.

            De qualquer maneira, mesmo sem o trabalho da Dr. Stout, na altura em que estávamos a estudar o assunto, apercebemo-nos do que o que estávamos a aprender era bastante importante para todos porque à medida que os dados se iam juntando, vimos que as pistas, os perfis, revelaram que os problemas que estávamos a enfrentar foram enfrentados por todos em uma ou outra altura, em uma ou outra proporção. Também começámos a apercebermo-nos que os perfis que emergiram também descreviam, de uma maneira acertada muitos indivíduos que procuram posições de poder em campos de autoridade, particularmente na política e comércio. Isto realmente não é uma ideia surpreendente, mas honestamente não nos tinha ocorrido até termos visto os padrões e os reconhecermos em comportamentos de numerosas figuras históricas, e ultimamente em George W. Bush e em membros da sua administração.

            Estatísticas atuais dizem-nos que existem mais pessoas consideradas doentes psicologicamente que saudáveis. Se se tirar uma amostra de pessoas de um determinado campo, vai provavelmente constatar que um número significativo delas irá demonstrar sintomas patológicos com vários graus de gravidade. A política não é exceção, e pela sua própria natureza, tenderia a atrair mais patologias do “tipo dominador” do que noutros campos. Isto é apenas lógico, e nós começámos a entender que não era apenas lógico, era horrificamente preciso; horrificamente porque patologias entre pessoas com poder podem ter efeitos desastrosos em todas as pessoas sob o controle de tais indivíduos patológicos. Daí, decidimos escrever sobre este assunto e publicá-lo na Internet.

            Conforme o material foi sendo divulgado, cartas dos nossos leitores começaram a chegar agradecendo-nos por pôr um nome naquilo que estava a acontecer nas suas vidas pessoais assim como a ajuda-los a compreender o que estava a acontecer num mundo que parece que ficou completamente louco. Começámos a pensar que era uma epidemia e num certo sentido, estávamos corretos; apenas não no sentido que pensávamos. Se um indivíduo com uma doença altamente contagiosa trabalha num emprego que o põem em contato com o publico, uma epidemia é o resultado. No mesmo sentido, se um indivíduo numa posição de poder politico é um psicopata, ele, ou ela, pode criar uma epidemia de psicopatologia em pessoas que não são, em essência, psicopáticas. As nossas ideias ao longo desta linha demoraram pouco tempo a receber confirmação de uma fonte inesperada. Eu recebi um e-mail de um psicologo Polaco que me escreveu da seguinte forma:

Caras Senhoras e Senhores.

Tenho o vosso projeto de investigação especial sobre psicopatia no meu computador. Vocês estão a fazer um trabalho da maior importância e valor para o futuro das nações. […]

Sou um psicólogo clínico, bastante envelhecido. À quarenta anos atrás participei numa investigação secreta sobre a verdadeira natureza e psicopatologia do fenômeno macro-social chamado “comunismo”. Os outros investigadores eram os cientistas da prévia geração, tendo já falecido.

O estudo profundo da natureza da psicopatia, que desempenhou o papel essencial e inspirador neste fenômeno psicopatológico macro-social , e que o distingue de outras anomalias mentais, parecia ser a preparação necessária para a compreensão de toda a natureza do fenómeno.

A maior parte do trabalho, que estão a efetuar agora, foi feita nesses tempos.

Tenho possibilidade de vos facilitar um, deveras valioso, documento científico, útil para os vossos propósitos. É o meu livro “PONEROLOGIA POLITICA – Uma ciência sobre a natureza do mal ajustada para propósitos políticos”. Podem também encontrar uma cópia deste livro na Biblioteca do Congresso e algumas universidades e bibliotecas públicas nos EUA.

Tenham a amabilidade de me contatar para que vos possa enviar uma cópia.
Atenciosamente!
Andrew M. Lobaczewski

          

quarta-feira, 18 de junho de 2014

August Hirt: Deadly Collector of the Victims


by Anne S. Reamey

S.S.-Hauptsturmführer Prof. Dr. August Hirt was born April 28, 1898 in Mannheim, Germany1 to an old Strasbourg family. Little is known of the life of August Hirt prior to his involvement with the Ahnenerbe leading up to and during World War II, but due to his role in several radical medical experiments and collections, his works during the war have been closely examined. He joined the Institute of Anatomy at the Reichsuniversität (initially the University of Strasbourg, overtaken and turned to the Anatomisches Institut der Reichsuniversität2) early in 1941 where he became the chairman of the anatomy department3. When Hirt became employed at the University4 he was already an established member of the S.S. and the Ahnenerbe Society5 (the Society for the Heritage of the Ancestors).6

August Hirt, like many Nazi doctors, is most closely associated with his role in the medical experimentation on and gassings of groups of Jewish prisoners. What makes him unique was motive: instead of seeing the gassing of prisoners as a quick and effective method of extermination, Hirt wanted to significantly expand the skull and skeleton collection for his institute at the University of Strasbourg.7 He wanted to create a museum of "sub-humans, in which proofs of the degeneracy and the animality of the Jews would be collected." Hirt considered it to be a task of upmost importance and extremely time-sensitive since soon the Jewish population would be completely exterminated, at which point Jewish "skeletons would be as rare and precious as a diplodocus… "." 8

The Report of Death: Catalyst for the Collection of Medical Research

Attached to a letter from Ostuf. (Obersturmführer - First Lieutenant) Wolfram Sievers (Reich Secretary of the Ahnenerbe Society) to Stbf. (Sturmbannführer - Major) Dr. Rudolf Brandt,9 was a report written by Hirt in February 1942 describing the minimal amount of Jewish skulls existing at the Strasbourg Reich University (Reichsuniversität Strasbourg), and how to best procure the desired number of additional skulls through the assistance of the field Military Police ("Feldpolizei").10 It should be noted that in the report, the skulls requested for procurement were those of "Jewish Bolshevik Commissars". Historian Heather Pringle points out in her book, The Master Plan: Himmler's Scholars and the Holocaust, that "by "commissars," the army actually meant "Jews." Nazi propagandists had skillfully portrayed Soviet political officers and officials as Jews for years, and so deeply engrained was this notion in the minds of many SS and Wehrmacht officers that they simply accepted it as fact."11

In addition to Hirt's personal interest in the collection of skulls he hoped to obtain, it has also been suggested that Hirt himself had considered getting into the skull mail-order business12 as an additional source of income.

Himmler's Response to Hirt's Deadly Proposal

Reichsführer SS Heinrich Himmler received Hirt's report with great enthusiasm. He was "prodigiously interested" in the project, considering it to be of "enormous value,"13 and according to Jean-Claude Pressac, he "unceasingly gave his entire support to Professor Hirt's proposal."14 Soon after his receipt of the report, Himmler sent Wolfram Sievers15 of the Ahnenerbe Society to meet with Hirt personally, and agreed to the importance of his research. Sievers then worked with Hirt to determine the best method of transportation of his victims.


         A letter used as evidence during the war crime trials at Nuremburg, includes an attachment with a report on "securing skulls of Jewish-Bolshevik Commissars for the purpose of scientific research," which initially allowed Dr. August Hirt to begin his gassings of Auschwitz Jews at Natzweiler - Struthof. A reproduction can be found here.

The Compounding of Hate: Multi-faceted Anti-Semitism Meets the "Final Solution"

So what was it in Hirt's report that caught the eye of Himmler and caused him to be supportive of the proposed "scientific" endeavor? While the Jews were on the top of Hitler's list for extermination, Himmler and Hirt brought together two strands of anti-Semitism: rumors of Jewish conspirators and racism. During the proceedings of the fourth Yad Vashem International Historical Conference, Robert Jay Lifton explained, "On one hand, there is the mystical tradition of anti-Semitism and racism as exemplified by the Protocols of the Elders of Zion - the notorious forgery around the idea of a Jewish world conspiracy involving Jewish Bolsheviks and Jewish capitalists. On the other, there is the "scientific" racism that his study of these skulls directly reflects."16

In the case of Hirt's proposed skull collection enhancement, timing was everything: Only a month prior to Hirt's proposal, a new policy had been secretly adopted at a villa overlooking Großer Wannsee17 that would be known as the "Final Solution." In addition to their decision to exterminate the Jews of Europe, and eventually the world, was the debate of what to do with the Mischlinge ("part-Jews"). "Himmler was keen to take action. He wanted the SS Race and Settlement Office (Rasse- und Siedlungshauptamt-SS (RuSHA)) to racially evaluate all children of mixed marriages and their progeny for three or four generations, just as agriculturalists did when attempting to breed superior varieties of plants and animals. Descendants who exhibited Jewish traits could then be at least sterilized, if not murdered. For this, the SS needed a much clearer picture of the Jewish Race." 18

The Beginning of the End for the Prisoners of Auschwitz

After receiving permission from Himmler, Hirt began the task of selecting his victims from the prisoners of Auschwitz (although there is some debate as to whether Hirt himself made the selection, or if it was done by SS members Dr. Hans Fleischhacker [Tübingen] and SS-Hauptsturmführer Dr. Bruno Berger19 [Munich], who arrived in Auschwitz the first half of 1943 )20, as indicated by Tübingen Professor, Dr. Hans-Joachim Lang21, with the initial selection totaling 115 people - 79 Jewish men, 30 Jewish women, 2 Poles, and 4 "Asians" (most likely Soviet POWs). Once his selections were made, SS-Hauptsturmführer Dr. Bruno Berger collected personal data and biometrical measurements from the prisoners, completing his task by June 15, 1943.22

Although the Ahnenerbe supported Hirt by instructing all members working in the concentration camps to collect "any particularly interesting and demonstrative"23 anatomical specimens, the only known victims for the Institute's skeleton collections came directly from Auschwitz-Birkenau. Robert J. Lifton explained that "there were apparently difficulties in rounding up Jewish-Bolshevik commissars and possibly in severing heads, so that it was decided to make use of full skeletons rather than merely skulls and to collect specimens in the place where any such task could be accomplished - namely, Auschwitz." 24

While there were killings in such substantial numbers at Auschwitz that an extra hundred here or there would make relatively little difference, the fate of Hirt's victims was not a well-kept secret among the camp doctors. "Dr. L. had seen enough of Auschwitz to suspect the terrible truth ("I told myself immediately,…. 'They are going to a museum' "), though she and others refrained in saying so because they "lacked the courage," felt it would be more kind to remain silent, and could not in any case be certain of their suspicion." 25

Meanwhile, the collection of potential victims wasn't the only problem to be dealt with. In a memo from Sievers to Brandt, Sievers quotes the concerns of Hirt: the preparations of Natzweiler-Struthof were going too slowly. More importantly, the camp's administration demanded that Hirt's Institute pay for the prisoners throughout their stay at the camp. This spurred great debates as to who was to pay for the project, and how payments were to be made.

The reproduction of a letter that describes the relationship between Dr. Hirt and the Natzweiler-Struthof camp administration, including the attempt to attach a price to each victim gassed as part of Hirt's "research" as compensation to the camp, can be found here.

Death at Natzweiler-Struthof

Following the initial selection, the prisoners were held inside of the quarantine office at Auschwitz due to the outbreak of a typhus epidemic26 before being relocated to Natzweiler-Struthof, the only extermination camp on French territory.27

Both prior to and following the second World War, Natzweiler-Struthof (31 miles outside of Strasbourg), perched 2,500 feet up on the top of a mountain in the Vosges Mountains, was used as a ski resort for tourists. It is only during WWII that the now-serene location (ironically one that mimicked the German Schwarzwald across the Rhine River) was used as a concentration camp. Originally the camp, known as "Le Struthof" to the French, was not intended as a death camp for mass exterminations, but rather to house Anti-Fascist resistance-fighters and convicted German criminals,28 often referred to as the "Nacht und Nebel" (Night and Fog) operation because fighters were arrested without warning, and without notification to their families, making them appear to simply disappear into the fog. 29

The camp itself, holding only about 1,500 prisoners at a time30 (one of the smaller camps constructed by the Germans), was run by the "brutality incarnate" Joseph Kramer 31 (condemned to death and executed, 10th Military Region archives). Instead of being located immediately within the camp, the building was located about a mile away off a small side road, making the location almost peaceful.32 Due to the local quarries filled with red granite, the prisoners of Struthof were subjected to manual labor in order to create new monuments for Germany.33

The building eventually used as the gas chamber was originally used as a refrigerator room with cold storage chambers by the Struthof hotel, and converted in April 1943 to a site to test the gas masks of SS recruits34 by filling the building with tear-gas35 to help prepare the recruits for the dangers of chemical warfare.

The gas experimentation chamber was modified in August of 1943 to allow for the gassings at the suggestion of Kramer. He considered the similarities of the tear-gas testing with the requirements of a building that was to use the "hydrocyanic salts" Hirt provided to Kramer for the killings. Already lined with white tiles and kept cool by blocks of ice, the SS works doctorate named the site "Bauwerk 10" or building site 10.36 The adaptation of the building was completed between August 3 and 12, 1943.37

The wall of the chamber was perforated below and to the right of the peep-hole. A metal pipe was passed through, with the inside end opening into a small porcelain basin, and the outside wnd consisting of a 1.5 litre fullel equipped with a tap flow and safety control. According to a plan drawn up when the camp was liberated, it seems that a protective housing was installed, hiding the equipment from view… Kramer proceeded as described in his 2nd deposition of the 6 December 1945. In fact, there was no other way to carry out the operation. Water poured into the funnel flowed onto a substance previously placed in the basin, triggering the release of hydrocyanic gas ("Gas Blausäure") .38
As knowledge of the camp spread to the United States, so did the awareness of Hirt's victims, according to The Simon Wiesenthal Center and the United States Holocaust Memorial Museum.

The Nuremberg IMT (International Military Tribunal) records indicate that an assistant to Dr. Hirt secretly noted the numbers tattooed on the arms of the 86 victims, making their identification possible.39

The Arrival of Hirt's Victims at Natzweiler-Struthof

Although there is little information regarding the time gap between June 15, 1943 when Dr. Bruno Berger completed his part of the record-keeping and the time of the arrival of the prisoners from Auschwitz to Natzweiler-Struthof, the records that are available indicated that the 2 month gap took place during the quarantine of prisoners during the typhus outbreak at Auschwitz. Once it was considered that the prisoners could be transported, they were moved to Natzweiler-Struthof in August of 1943. Joseph Kramer, commandant of Natzweiler-Struthof, recalled, "during the month of August 1943, I received from the Supreme S.S. Commandant in Berlin an order to accept about 80 prisoners from Auschwitz. I was to get in touch with Professor Hirt." 40

Once the prisoners did arrive, we have a clear account of the events that followed given at the Military Tribunal in Strasbourg by Joseph Kramer. Kramer was instructed to meet Hirt at the Institute of Anatomy. During their meeting, Hirt provided Kramer with instructions to gas the convoy using crystals Hirt supplied for their "treatment." There is some debate as to the exact contents of the flask given to Kramer by Hirt, but it usually falls within two possible answers:

Either the flask provided by Hirt, with a capacity of about 250 ml, contained an inert combination of sodium or potassium cyanide thoroughly mixed with a crystalline acid, such as citric, oxalic or tartic acid, these being two agents that react with one another only in an aqueous medium. Or the flask contained calcium cyanide, which has the peculiarity of decomposing in water with hydrocyanic acid release. It would be possible to determine exactly what substance was used by complicated calculations, based on the volume of the gas chamber (approximately 20m cubed), the quantity used (1/3 or ¼ of 250 ml), and the expected HCN release, as a function of the amount of water added, needed to bring the room's atmosphere rapidly up to a lethal concentration for man.41
During his conversation with Hirt, Kramer was also told he was to divide the bodies into smaller groups to be delivered directly to Hirt following the gassings.42

One evening, about nine o-clock, the eighty prisoners arrived. I led about fifteen women to the gas chamber. I told them they were going to be 'disinfected.' With the help of some of the S.S. guards, I got them completely undressed and pushed them into the gas chamber. When I closed the door they began to scream. I put some of the crystals that Hirt had given me into the funnel above the observation window. I would watch everything that was going on inside through it. The women continued to breathe for half a minute and then fell to the floor. I turned on the ventilation, and when I opened the door they were lying dead on the ground, full of shit. I told some of the male S.S. nurses to put the bodies in a truck and take them to the Institute of Anatomy at 5:30 the next morning.43

Following the initial gassing, the same procedure was repeated with four or five more groups over a period of three nights.44 In total, 86 people would fall victim to Kramer's gassings. It should be noted that the discrepancy in numbers by multiple sources (86 versus 87 bodies) was due to an incident that took place at Natzweiler-Struthof. As the victims were being herded into the gas chamber, one prisoner resisted and was shot by an SS officer. Due to the pistol's bullet wound, the body was not sent to Strasbourg with the others because it was considered "spoiled."45
   
Extract from interrogation of Josef Kramer by Major Jadin, military investigative judge with the Military Tribunal in Strasbourg on the 26 July 1945:

'As soon as I locked the door, they started to scream..Once the door was locked, I placed a fixed quantity of the salts in a funnel attached below and to the right of the peep-hole....