segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pré-história do Rio grande do Sul


O perfil geográfico do Rio Grande do Sul foi formado por sucessivas transformações que iniciaram há cerca de 600 milhões de anos. Esse território já foi um mar, já foi um deserto, e em várias regiões aconteceram soterramentos massivos por derrames de lava. Crê-se que somente há dois milhões de anos a geografia se definiu mais ou menos como hoje a conhecemos, quando se fixou a faixa arenosa do litoral. A vida na pré-história do Rio Grande do Sul foi rica em espécies animais e vegetais.

Há apenas cerca de 12 mil anos antes do presente (AP) iniciou a ocupação humana, com a chegada de grupos de caçadores-coletores vindos do norte.Várias regiões da América do Sul nesta época já haviam sido povoadas, algumas ao que parece desde alguns milênios antes, por populações de origem asiática. A tese predominante é que elas tenham originalmente cruzado o Estreito de Behring, no extremo norte da América do Norte, que então estava seco por causa de uma glaciação global, migrando em seguida para o sul, ocupando neste percurso muitos espaços ao longo de gerações.

Os pioneiros que chegaram no território do Rio Grande do Sul encontraram uma região bastante diferente da que hoje vemos. Em 12 mil anos AP, a glaciação, que cobrira de gelo toda a Patagônia (região ao sul da Argentina atual) e esfriara o clima global, começava a regredir, e o clima da região, mais seco e frio do que no presente, se aquecia e umedecia. No entanto, provavelmente a neve ainda caía na região todos os invernos. O nível do mar subia, ao derreter o gelo glacial que se acumulara no mundo, e inundava a planície litorânea. A vegetação local provavelmente era esparsa, composta principalmente de savanas, com matas apenas nas terras altas e nas margens dos rios. A fauna local também era outra, composta de muitas espécies gigantes, como os milodontes, gliptodontes e toxodontes.

A penetração humana deu-se aparentemente através da fronteira oeste, ao longo do rio Uruguai, onde o estado hoje faz divisa com a Argentina e o Uruguai. No município de Alegrete, localizado nesta área, às margens do rio Ibicuí, foi encontrado o sítio arqueológico com vestígios humanos mais antigo do estado, cuja datação o situou com 12.770 anos. Esses primeiros povos, que compartilhavam de uma mesma cultura material, conhecida como tradição Umbu, viviam da caça e da coleta nas planícies do pampa, entre seus campos abertos e matas ciliares. Eram nômades, e devem ter estabelecido acampamentos temporários de acordo com a abundância sazonal de determinados recursos naturais, seguindo rotas de migração de animais ou épocas de amadurecimento de vegetais comestíveis.

Deixaram registros relativamente pobres. Os sítios arqueológicos incluem vestígios de assentamentos, restos de alimentação como ossos de animais e sementes, além de adornos pessoais e artefatos líticos como pontas de flecha e lança em pedra lascada, boleadeiras, cortadores, raspadores e outras ferramentas. Sua cultura predominou por cerca de 11 mil anos, ainda que exibisse adaptações regionais ao variado cenário do território, que se compõe de diferentes tipos de ecossistemas.

Deve ser lembrado que as mudanças climáticas que a região atravessou ao longo de milênios determinaram importantes modificações na composição da flora e da fauna, às quais as populações humanas precisaram se adaptar, e isso se refletiu em variações em seus costumes e culturas. Durante o ótimo climático, um período de importante elevação nas temperaturas globais ocorrido a partir de 6 mil anos AP, esses povos passaram a colonizar as matas das serras e a subir o planalto. Aparecem gravuras rupestres e ferramental adaptado ao trabalho com madeira, especialmente machados bifaciais. Formava-se ali a chamada tradição Humaitá.

Enquanto isso, se completava a conquista do litoral, formando-se uma cultura específica, a tradição Sambaqui, adaptada à vida junto ao mar e nas planícies costeiras. São característicos dessa tradição os depósitos de conchas, carapaças de crustáceos e restos de peixes que lhe deram o nome, os sambaquis, onde também são encontrados enterramentos e artefatos indicativos de sua associação com o mar, tais como anzóis e pesos de redes. Também se encontram indícios de práticas agrícolas rudimentares, sugerindo que eram sedentários pelo menos em parte do ano. Outras características que os distinguem são os assentamentos sobre colinas artificiais baixas, conhecidas como cerritos, formadas em zonas alagadiças da planície costeira.

Por volta de 3 mil anos AP o clima esfriou novamente e se estabilizou em uma condição semelhante à do presente, produzindo novas adaptações na vida selvagem e nas culturas humanas que floresciam. Nas serras e no planalto, onde o clima permaneceu relativamente frio, com nevadas e geadas frequentes, os povos da tradição Humaitá, que colonizaram a área durante o ótimo climático, precisaram se adaptar, aparecendo então típicos abrigos subterrâneos cobertos de palha, que podiam se organizar em aldeias com várias unidades.

Pouco mais tarde, coincidindo com o início da era cristã, chega a segunda grande onda humana a atingir a região, composta de indígenas Guaranis procedentes da Amazônia. Cogita-se que eles também devem ter sido impelidos à migração pelas mudanças climáticas globais. Eles tinham uma desenvolvida cultura agrícola, domesticavam animais e dominavam a técnica da terracota e da pedra polida. Colonizaram os vales florestados da depressão central, o litoral e parte das serras, evitando porém as regiões mais altas e frias, e pouco avançaram sobre o pampa, já que preferiam climas mais quentes e o ambiente florestal a que estavam acostumados no norte, mas sua influência cultural foi mais ampla. Seus sítios se distinguem das outras tradições pela forma dos assentamentos, em aldeias mais estáveis e estruturadas, e pela abundância de artefatos em pedra polida como pontas de flecha, machados, maceradores, e vasos em cerâmica de diferentes formatos e decoração, técnicas que se observa doravante aparecer nos sítios de outros grupos. A sua influência também se revelou na expansão da agricultura.

Outro grupo a descer do norte junto com os guaranis foi o dos Jês, de cultura similarmente desenvolvida, deixando uma marca maior no planalto, onde primeiro influenciaram os povos da tradição Humaitá e logo os suplantaram. Mas quando o Brasil foi "descoberto", em 1500, quase todos os índios do estado, que somavam de 100 mil a 150 mil na estimativa dos estudiosos, já eram Guaranis ou estavam misturados a eles. Os grupos menos afetados por essa invasão foram os Jês do planalto médio, e os Charruas e Minuanos, do pampa.

domingo, 26 de julho de 2015

A Conquista da América



A conquista da América pelos europeus não foi um acontecimento rápido. Foi um longo, continuo processo que durou vários séculos. Sob a visão etnocêntrica do colonizador Europeu, acrescida de outros elementos como a dominação militar a (principalmente no caso dos espanhóis), a religiosidade e desestruturação provocada pelo choque entre culturas tão distintas nas sociedades indígenas da América. A religião influenciou tanto os dominadores, que impuseram suas crenças, quanto os dominados; os astecas, por exemplo, interpretaram miticamente que a chegada dos espanhóis era o cumprimento de presságios e sinal de novos tempos.

As primeiras décadas após a chegada europeia foram as mais marcantes. Estimasse que grande parte da população nativa americana tenha sido dizimada nos primeiros 50 anos, principalmente na América hispânica. Portanto, o contato entre Europa e América pode ser considerado um dos mais violentos da História da humanidade.

A natureza, o clima, os animais, encontrados pelos europeus na América encantavam cronistas e viajantes. E isso fez com que plantas nativas fossem levadas e introduzidas na alimentação de suas metrópoles. O ‘Novo Mundo’ começava a influenciar os costumes do ‘Velho Mundo’.

Ao mesmo tempo a organização de algumas cidades causava espanto, surpresa e admiração como pode ser observado na  cidade de Tenochtitlán.

Já os costumes e modos de vida dos grupos indígenas causavam perplexidade aos que chegavam. Ainda que admirassem alguns aspectos, outros causavam rejeição e foram severamente combatidos como a nudez de alguns grupos. Ou práticas como politeísmo e poligamia. Para a maioria dos europeus os indígenas viviam em um estágio atrasado sem norma e nem religião. Esse discurso foi a base da exploração e do processo de colonização instituído, principalmente, com violência.
Os indígenas foram analisados com base nos parâmetros das cidades europeias e apontados como primitivos, brutos, sem almas e obscenos.  Eram raros os defensores dos indígenas como Frei Bartolomé de Las Casas e o filosofo francês, Montaigne.

A reação dos indígenas foi variada. A chegada de pessoas tão diferentes no modo de vestir agir e falar, deve ter causado  curiosidade e estranheza de maneira geral. Foram amistosos, como nos relatos de Colombo e Cabral. Em alguns casos como entre os astecas os colonizadores foram vistos como deuses, e sua chegada, como o cumprimento de profecias. Houve também, casos de hostilidade revelando que os indígenas resistira a presença estrangeira. Mesmo com reações diferentes quando os nativos perceberam a real intenção dos invasores eles reagiram com lutas. De qualquer maneira a chegada os europeus significou para os nativos perdas do território.

Os espanhóis na América: os espanhóis chegaram a América graças a expansão marítimo-comercial. Ficou explicito nas campanhas de Hernan Cortéz, apartir de 1519, na região do México, mesmo com um menor número de soldados ele massacrou os astecas.
O espanhol Francisco Pizarro em 1527, ele explorou a costa do Peru. E recolheu informações úteis sobres os territórios andinos. Se aproveitando dos conflitos internos pelo trono entre Atahualpa e Huáscar, Pizarro entrou e aprisionou Atahualpa e assim a cidade de Cuzco foi tomada por espanhóis. No entanto a resistência nativa pedurou até 1572 quando o último soberano inca Tupac Amaru, foi executado.

Além disso as doenças-sarampo, varíola e gripe. A violência foi a tônica da conquista. A barbárie cometida pelos conquistadores espanhóis descrita em relatos do Frei Bartolome de Laz Casas. Toda essa violência era justificada pelo que a igreja chamava de Guerra Justa. Era um embate autorizado pela Coroa ou pelos governadores como as guerras travadas em legitima defesa contra os ataque indígenas.

A América antes dos europeus:



Estudar a história da América antes da invasão europeia é uma tarefa difícil, pois muitas sociedades ameríndias não deixaram textos escritos, e os documentos encontrados até hoje sofreram diversas interpretações, o que dificulta um percepção adequada de como os nativos americanos viviam. Devemos destacar ainda que inúmeros povos desapareceram sem deixar muitos vestígios, tornando o estudo complexo e sujeito a constantes revisões.

A procura e interpretação desses vestígios feitos pelos arqueólogos que buscam, em objetos, pinturas e outros registros, indícios de costumes, cultos religiosos, hierarquia social, alimentação, hábitos funerários, entre outras pistas possibilita-nos entender melhor as sociedades ameríndias anteriores à chegada dos europeus. Durante um longo período, o continente americano foi povoado por caçadores e coletores. Somente por volta de 5000 a.C. iniciou-se na região um processo que culminou na agricultura. Esse processo não abrangeu todas as sociedades, e aquelas que desenvolveram a agricultura não o fizeram da mesma forma.

Enquanto alguns grupos de nativos americanos mantiveram a caça e a coleta como atividades principais – como foi o caso dos esquimós, que habitavam as regiões geladas, outros incorporaram também a agricultura a suas atividades, por exemplo, algumas sociedades indígenas brasileiras. Outras sociedades, como a dos maias, astecas e incas, por sua vez, organizaram-se em torno de Estados, com uma hierarquia bem definida e construção de grandes centros habitacionais e áreas agrícolas capazes, inclusive, de produzir excedentes utilizados em relações de troca de produtos.

Quando os europeus chegaram à América no século XV, encontraram sociedades organizadas vivendo na região da América do Norte, da Mesoamérica (terras do atual México e parte da América Central) e na região andina (atuais territórios do Peru, Equador, norte do Chile e Bolívia). Algumas  dessas culturas apresentavam sistemas de escrita, desenvolvimento matemático e astronômico, calendários (muitos deles mais precisos que os dos europeus) e grandes centros habitacionais que chegaram a surpreender os recém chegados.

►Os maias: A civilização maia desenvolveu-se na Península de Yucatán, onde hoje é o sul do México, Guatemala, Belize e partes de El Salvador e Honduras. A data mais antiga de uma inscrição maia e de 292 a.C., e foi encontrada em Tikal, atual Guatemala. Contudo, sabe-se que essa civilização começou a se desenvolver muito antes e foi influenciada culturalmente por povos que os antecederam na região, destacando-se os olmecas, zapotecas e teotihuacanos. Sabe-se da existência de mais de 50 centros maias que se sucederam em importância durante vários períodos.

De 250 a 900, denominado pelos historiadores de Período Clássico: Tikal, Uaxactún e Piedras Negras, na Guatemala; Nakum, em Belize; Copán, em Honduras; Palenque, Bonampak e Yaxchilán, no estado mexicano de Chiapas.

De 900 a 1250,  (Período Pós-Clássico), destacaram-se, na Península de Yucatán, os centros de Chichén Itzá e Uxmal. A hegemonia de Chichén Itzá foi quebrada por volta de 1250 d.C. pela cidade de Mayapán.

A base da economia maia era a agricultura. As terras eram cultivadas coletivamente, porém os camponeses tinham de pagar tributos pelo seu uso, já que, em última instância, elas pertenciam ao Estado. Do ponto de vista político, os centros urbanos estavam ligados a vários tipos de ‘confederações’ ou ‘reinos’. Uma elite de sacerdotes e militares detinha o poder e executava as cerimônias religiosas. Á frente dos ‘reinos’, estava o halac uinic (o ‘homem verdadeiro’), uma espécie de rei-sacerdote. Corporações de artistas, artesãos, camponeses e escravos completavam o quadro social. Os maias eram politeístas, sua religião deificava a natureza e seus cultos eram singulares. Em falta de registros precisos, não podemos afirmar com segurança quais foram os motivos que levaram ao declínio da sociedade maia. Mas acreditasse que um processo de desestruturação social iniciado em 900 d.C, levou a população a abandonar os grandes centros urbanos e a dispersar-se. Somado isso a um período de seca que assolou a América Central nesse período a fragmentação gradativa da sociedade maia foi uma questão de tempo.

►Os astecas: ao chegar ao México, vindos da região de Aztlán, os astecas (ou mexicas), guerreiros conquistadores, foram paulatinamente influenciados pelas culturas toltecas e zapotecas, que já estavam em declínio. Por volta de 1325, os mexicas fundaram Tenochtitlán, que se tornou uma das mais importantes cidades astecas. Depois de violentas lutas durante o reinado de Itzcoatl (Serpente de Obsidiana), este, em aliança com o governador de Texcoco, formou a Tríplice Aliança (Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán). O fortalecimento militar, combinado com a confiança que tinham em seu próprio destino, possibilitou a contínua expansão política e econômica. Povos de línguas e costumes diferentes foram submetidos pelos mexicas (Astecas). Com relação a estrutura social sabe-se que a sociedade asteca era estratificada e diretamente relacionada com a hierarquia política e econômica. O grupo dominante, dividido em vários níveis hierárquicos, referencias e cargos e títulos diversos, controlava os altos cargos administrativos e não pagava tributos. Ciosos de seus privilégios, os nobres teriam forjado a imagem de que eles eram os responsáveis pela urbanização e embelezamento da cidade, pelo estabelecimento de rotas comerciais, por artes e ofício, pela propagação da língua náhuatl, pela boa administração e pela manutenção e renovação do Sol e da humanidade por intermédio das oferendas, cujo objetivo era a restauração da energia divina. O poder político era centralizado e o tlatoani (aquele que comanda) era eleito vitaliciamente pela elite mexica. Os mexicas estabeleceram uma intensa área de comércio. Os comerciantes chamados pochtecas, constituíam um grupo social a parte, que, além dos produtos trazidos pelos mercadores recebiam tributos pagos pelos povos dominados.

Os astecas adotavam um calendário solar com 18 meses de 20 dias, mais um décimo nono mês de cinco dias, perfazendo 365 dias.

Sua arquitetura era grandiosa sofisticada. A cidade de Tenochtitlán tinha pontes, canais, calçadas, praças e avenidas. Os manuscritos hieroglíficos e pictográficos (chamados códices) atestam a habilidade dos escribas-pintores.

Já a religião mexica caracterizou-se pela variedade de manifestações, pelo politeísmo, pela origem heterogênea e pelos sacrifícios aos deuses. Os astecas empreendiam as chamadas ‘guerras floridas’ para conseguir prisioneiros que, depois, seriam sacrificados.

►Os incas: Na região da Cordilheira dos Andes, na costa oeste da América, desenvolveu-se um grande império: ou Império de Tawantinsuyu – que significa ‘quatro caminhos’ -, também chamado de Império Inca. A origem dos incas é incerta, mas sabe-se que eles estabeleceram na região a partir do século XIV, tendo Cuzco como o centro de seu império. Ao longo do século XIV, uma série de monarcas guerreiros conquistou a hegemonia local e Cuzco passou a ser o centro do mundo incaico. A maioria da população inca vivia em uma multiplicidade de pequenas coletividades agropastoris. O chefe do ayllu era o kuraka, que, entre outras funções, distribuía terras, organizava os trabalhos coletivos e era responsável pela resolução dos conflitos. O território do ayllu chamava-se marca. Cada família tinha, para usufruto, lotes de terra. Extensas áreas de estepes eram utilizadas coletivamente para a atividade agropastoril, com a criação da alpaca e da lhama animais típicos da região. A terra, em última instância, pertencia ao Império Inca, que recebia parte da produção e tinha o direito de exigir a prestação de serviços dos súditos. Todos tinham de trabalhar, somente os inválidos e doentes estavam dispensados. Os instrumentos de trabalho eram simples, como a enxada de madeira chamada taclla. Cultivavam cerca de 300 variedades de batatas, plantavam milho nos vales mais quentes, produziam uma bebida chamada chicha. Nas áreas úmidas produziam a coca, a mastigação dessa planta reduzia a fome e o cansaço e possuía importância em seus rituais religiosos. Produziam a quinoa o arroz andino. As técnicas agrícolas eram avançadas, com a construção de terraços e canais. O guano (excremento de ave marinha) era utilizado como fertilizante.

A sociedade inca era hierarquizada e subdividia-se: No topo da pirâmide social estava o sapa inca ( o ‘único inca’), soberano absoluto e adorado como um deus. Os incas construíram estradas pavimentadas, criaram um sistema de correio. Os templos e palácios bem como as fortalezas, destacavam-se, ainda hoje, pelas técnicas de construção. Os incas integraram as construções às paisagens andinas, como podemos observar em Machu Picchu e Ollantaitambo. Produziam cerâmica e tecidos. Quanto a religião, os incas eram politeístas e idólatras. Cultuavam o deus Sol (Inti) que ocupava um lugar de destaque no panteão andino. Acreditavam em um deus criador Viracocha, cultuavam os mortos e realizavam sacrifícios principalmente de animais, mas também de humanos. Os soberanos eram mumificados e guardados no templo do Sol. Procissões, sacrifícios, danças, jejum e abstinência sexual caracterizavam o ritual dos diversos festivais religiosos.


quarta-feira, 22 de julho de 2015

A chegada dos europeus a América



O caso dos espanhóis: A serviço da Espanha, Cristóvão Colombo (1451-1506) chegou ao continente que mais tarde foi chamado de América no dia 12 de outubro de 1492, em uma ilha que os indígenas denominavam de Guaanani, pertencente ao atual arquipélago das Bahamas e a qual batizou de São Salvador. Acreditando ter chegado às ilhas do continente asiático, na região que era chamada genericamente de Índias, denominou os nativos de índios. Colombo realizou ainda mais três viagens à América (493-1494; 1498; 1502-1504), sempre acreditando tratar-se da Ásia Oriental. O nome América apareceu pela primeira vez em um mapa de Martin Waldseemüller (1507), como homenagem ao navegador florentino Américo Vespúcio, que, na obra Mundus Novus (Novo Mundo), relatara suas viagens ao novo continente. Em seus contatos com os povos originários da América, Colombo escreveu que nunca tinha encontrado pessoas de tão bom coração e tanta franqueza e descreve os indígenas como curiosos e amistosos com os desconhecidos. No entanto, desde o primeiro momento, Colombo deixou claro seus objetivos colonizadores construindo um forte e aprisionando alguns indígenas para enviá-los como curiosidade ao rei Fernando e à rainha Isabel , da Espanha. A partir do século XVI, os espanhóis instalaram-se nos territórios americanos, apropriaram-se deles e submeteu a população local pela força, assumindo desse modo o controle da região.

O caso dos portugueses: No decorrer do século XV, os portugueses enviaram diversas expedições em busca de caminhos alternativos para alcançar as Índias. Assim, encontraram diversas regiões habitadas e passaram a conquista-las. A primeira foi Ceuta, em 1415, seguindo a exploração das regiões costeiras do continente africano. Somente em 1498, numa expedição comandada por Vasco da Gama, os portugueses aportaram em Calicute, na Índia. Após o retorno de Vasco da Gama, o reino português enviou uma nova expedição para formalizar as relações comerciais com as Índias. Essa expedição, que partiu de Portugal em março de 1500, era comandada por Pedro Álvares Cabral, que, propositalmente ou não, desembarcou em terras ao sul do atual estado da Bahia em 22 de abril de 1500. Assim como as regiões a que os espanhóis chegaram, a porção sul da América era habitada por  povos étnica e culturalmente diferentes, espalhados por um imenso território. Os contatos iniciais foram pacíficos, conforme relata o escrivão Pero Vaz de Caminha na carta escrita ao rei de Portugal, Dom Manuel, descrevendo as terras e os povos que habitavam a ilha de Veraz Cruz, primeiro nome dado às terras que hoje formam o Brasil. Nas expedições dos anos seguintes, eles perceberam que não se tratava de uma ilha e alteraram o nome para Terra de Santa Cruz. A primeira riqueza encontrada nessas terras e enviada à Europa foi o pau-brasil, árvore abundante, cujo tronco se extraía um corante para tecidos de alto valor comercial. Nas primeiras décadas (1500-1530), os portugueses vieram ao Brasil basicamente para extrair pau-brasil. Essa árvore acabou inspirando um apelido para as novas terras portuguesas: Terra do Brasil. Inseridos no modo de pensar europeu, o portugueses não procuravam compreender o universo cultural do indígena. Sua concepção de mundo estava fundamentada na religião e  nas práticas mercantilistas, e era difícil entender as crenças e práticas dos nativos que cultuavam elementos da natureza e praticavam (alguns grupos) a antropofagia (canibalismo ritual). Os nativos também não entendiam o conceito europeu de propriedade da terra ou de exploração de seus recursos naturais para a obtenção de lucro. A relação dos indígenas com a terra era bem diferente da estabelecida pelos europeus. Além de usufruir coletivamente dela, os nativos identificavam nos elementos naturais suas representações religiosas. Dessa forma, os indígenas não tinham a intenção de explorar a terra com exclusividade, uma vez que eles se consideravam parte dos elementos presentes nela. Apesar da associação dos indígenas à imagem de passividade, a curiosidade e amorosidade iniciais, descritas nos relatos de colonizadores e visitantes do Novo Mundo, foram substituídas por reações contrárias à colonização a partir do momento em quem as intenções portuguesas de implantação de um sistema agrícola para exploração, escravização dos povos indígenas, catequização, entre outros objetivos religiosos e mercantilistas foram reveladas.

O caso dos britânicos: Os ingleses não foram pioneiros na chegada ao território que hoje conhecemos como América. Há, por exemplo, vestígios concretos da presença dos Vikings no atual Canadá, quase cinco séculos antes da chegada de Colombo ao continente. Franceses, espanhóis e muitos outros já haviam chegado aos atuais Estados Unidos e feito, inclusive, contato com as populações indígenas da região. Entretanto, a partir do século XV, os portugueses e espanhóis, que detinham o controle hegemônico da navegação no Oceano Atlântico, dividiram a nova porção de terras encontradas com o intuito de explorá-las com exclusividade. Contestado o controle do novo continente exercido por Portugal e Espanha, a Inglaterra passou a praticar pirataria realizando muitos saques às riquezas carregadas pelas embarcações das potências de então. A Inglaterra, todavia, não se concentrou apenas em roubar os navios ibéricos. No fim do século XV, a Coroa inglesa nomeou encarregados para explorar a América e, na década de 1580, a rainha Elizabeth I concedeu permissão para que a colonização na região fosse iniciada. O projeto inicial de colonização inglês era parecido com os projetos ibéricos, nos quais o soberano europeu concedia partes das novas terras a nobres, que passavam a ser responsáveis por seu povoamento e desenvolvimento econômico. Mesmo assim, os ingleses inicialmente tiveram muitas dificuldades para se instalar nas novas terras, pois sofreram com doenças e ataques indígenas. 

A formação das monarquias nacionais na Europa e a visão do outro: europeus e americanos.




Luis XIV da França.

As Monarquias Nacionais e o Estado Absolutista: A consolidação das monarquias nacionais assumiu formas diferentes em cada lugar da Europa ocidental. Na França, o poder do rei começou a se fortalecer na Baixa Idade Média (século X–XV), para se tornar absoluto na Idade Moderna (século XV-XVIII). Mas na Inglaterra não foi assim. Fortemente centralizado nos séculos XI e XII, o poder real se enfraqueceu progressivamente no final da Idade Média, transformando-se em uma monarquia com poderes limitados pela Magna Carta. No Sacro Império Romano-Germânico, na península Itálica (Itália) e na península Ibérica (Portugal e Espanha). O exercito perdeu seu caráter feudal por meio de novas leis reais ao qual permitiam ao rei convocar os homens livres (burgueses, artesãos e cavaleiros) para o exército. Por meio do capitalismo comercial, política mercantilista e o sistema colonial o Estado Absolutista, com seu soberano autocrático, não era um simples Estado de transição entre o Estado feudal e o Estado burguês que emergiria da Revolução Francesa em fins do século XVIII. Trata-se de um estado forte, centralizado e duradouro que tomou a forma de monarquia nacional. Com a ascensão das monarquias nacionais e os Estados Absolutistas as nações europeias começaram a organizar-se de forma mais estável. A partir do século XV a economia europeia conheceu um período de grande crescimento. Mas surgiu também um novo obstáculo a essa expansão, configurando uma crise de crescimento.

A expansão comercial e marítima europeia: uma das saídas encontradas para a superação da crise forma as Grandes Navegações. A partir do século XV, os europeus se lançaram à exploração de mares que pouco conheciam. Essa aventura permitiu a abertura de novas rotas para os mercados tradicionais do Oriente, além do encontro de novas fontes de metais preciosos para a cunhagem de moedas. Os pioneiros na expansão marítima foram os portugueses e os espanhóis, seguidos depois por ingleses, franceses e holandeses.

A visão do outro: europeus e americanos: no final do século XV, em 1492, os espanhóis aportaram em terras americanas e, em 1500, foi a vez dos portugueses. A partir daí, começou o processo de conquista e colonização do continente por povos da Europa. Nos anos seguintes, diversos deles, como os franceses, ingleses e holandeses, desembarcaram em terras americanas formando colônias e buscando riquezas. Dessa forma, em vários lugares do continente americano, no decorrer do século XVI, europeus foram se organizando e tomando posse de terras que já eram habitadas por comunidades com raízes culturais e hierárquicas há muito definidas. Esses povos estavam distribuídos em diferentes pontos do continente e organizavam-se em sociedades com características próprias, muitas delas altamente complexas, causando admiração aos recém-chegados. Entretanto, a colonização, para os europeus, sempre esteve relacionada à expansão territorial e comercial, o que, de certa forma, restringiu o conato entre eles e os nativos à obtenção de gêneros cuja extração ou produção gerasse o acúmulo de riquezas nos cofres europeus. Esse fato, somado à grande importância da religião na cultura europeia, contribuiu para que os costumes europeus fossem impostos em detrimento dos costumes nativos. Assim, primeiro, o contato entre europeus e povos nativos alterou os costumes vigentes nas terras encontradas e, apesar do menor impacto, mostrou aos conquistadores realidades e costumes diferentes dos conhecidos na Europa. Além da relação América-Europa, a colonização do novo continente alterou a realidade africana, com a implantação do sistema de trabalho escravista, que realocou milhares de africanos para supri a necessidade de mão de obra na América. As relações que se seguiram à chegada dos europeus com a chamada conquista da América (e também de outros continentes) foram de dominação, trocas culturais, assimilação e destruição de muitas das organizações sociais nativas. Nessa relação, a inexistência da noção de direitos humanos, somada à certeza dos europeus de que seu modo de vida e religião eram os corretos, além da intenção de explorar as novas terras, contribuíram para a desintegração quase completa de diversas culturas nativas. É possível afirmar que a colonização das Américas, assim como a que ocorreu em outros lugares no período, seguindo a lógica das expansões marítimas e comerciais, foi um processo marcado pelo etnocentrismo – europeus priorizavam suas crenças e objetivos comerciais, deixando de lado os costumes preestabelecidos pelos povos nativos.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Mitologia brasileira: será que você conhece os deuses?

Afinal, em povos tribais, a maior parte das explicações para fenômenos naturais era atribuída a entidades sobrenaturais, o que pode parecer ridículo, mas até hoje é aplicado: afinal, quem nunca pediu ajuda pra São Longuinho pra achar alguma coisa?

Tupã

Esse mítico deus dos trovões e tempestades brasileiro é uma versão tupiniquim do deus nórdico Thor, e, da mesma forma, era a explicação dos povos antigos para a raiva luminosa dos relâmpagos que iluminam o céu. Onipresente, também poderia ser uma analogia ao deus grego Zeus, já que é considerado o líder da cúpula divina da mitologia tupinambá.

Jaci
Essa deusa da lua e da noite seria a responsável pela magia e encanto na vida dos homens, e teria sido criada por Tupã para embelezar o mundo que havia criado. Irmã de Iara, a deusa dos lagos serenos, mais tarde Jaci acabou se tornando a própria esposa de Tupã.

Guaraci (ou Quaraci)
Uma representação indígena do deus Sol, é associado à pureza e verdade, assim como Brahma (hinduísmo) e Osíris (egípcio).

Yorixiriamori
Era um deus que encantava as mulheres com seu talento e beleza, e que por isso acabou virando alvo de ódio dos homens, transformando-se num pássaro para fugir. Essa história é contada no conto “A árvore cantante”, um clássico dos Ianomâmis.

Anhangá

O análogo a Hades e o Diabo, esse é o inimigo de Tupã e deus do “inferno”, e pode se transformar em vários animais diferentes. Quando alguém o vê, esse costuma ser um sinal de azar.

Ceuci
Deusa das lavouras, moradias e filha de Jurupari (que é o nome de um peixe brasileiro), nasceu dos frutos da árvore Purumã, que representa a morte e a vida para os Tupi-Guarani (como a Yggdrasil nórdica).

Akuanduba
Uma divindade dos índios araras, toca a sua flauta para dar sustentação e ordem ao mundo, representando a harmonia divina.

Wanadi
Deus dos iecuanas, faz parte de um mito no qual teria criado três seres vivos para habitar o mundo. Os dois primeiros, entretanto, teriam saído defeituosos, tornando-se os males do mundo, enquanto o terceiro teria nascido perfeito.

Yebá Bëló
Chamada de “mulher que apareceu do nada”, é citada como a responsável pela criação da humanidade segundo os Dessanas. De acordo com a lenda, teria moldado os homens e mulheres das folhas de coca que masca, chamadas de ipadu.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Por que existem poucos edifícios históricos e monumentos na África subsaariana!

Mansa Musa, foi o imperador do império de Mali do século XIV que cobria os atuais Mali, Senegal, Gâmbia, e Guiné.
O motivo é simples. Os europeus destruíram a maior parte. Só nos restam os desenhos e descrições de viajantes que visitaram os lugares antes das destruições. Em alguns lugares, ainda se podem ver ruínas. Muitas cidades foram abandonadas e viraram ruína quando os europeus trouxeram doenças exóticas (varíola e gripe) que começaram a se espalhar e matar gente. As ruínas dessas cidades ainda se encontram escondidas. De fato, a maior parte da história de África está ainda soterrada.

Neste artigo, vou compartilhar fragmentos de informação sobre África antes da chegada dos Europeus, as cidades destruídas e as lições que podemos aprender, enquanto africanos, para o futuro.

A coleta de fatos que dizem respeito ao estado das cidades africanas antes da sua destruição é feito por Robin Walker, um distinto pan-africanista e historiador, autor do livro ‘When We Ruled’ (Quando Governamos), e por PD Lawton, uma grande pan-africanista, que se prepara para lançar o livro “African Agenda” (A Agenda Africana).
Todas as citações e excertos neste artigo são dos livros de Robin Walker e PD Lawton. Recomendo comprar o livro de Walker ‘When We Ruled’ para uma história completa da beleza do continente antes da sua destruição. Pode obter mais informação sobre o trabalho de PD Lawton visitando o blog da autora: AfricanAgenda.net

Robin Walter e PD Lawton citam bastante outro grande pan-africanista, Walter Rodney que escreveu o livro ‘How Europe Underdeveloped Africa‘ (Como a Europa subdesenvolveu a África). Mais informações no canal YouTube ‘dogons2k12 : African Historical Ruins’, e no trabalho da Fundação Ta Neter Foundation.

Muitos desenhos são do livro African Cities and Towns Before the European Conquest (Cidades Africanas Antes da Conquista Europeia) de Richard W. Hull, publicado em 1976. Só esse livro destrói a visão estereotípica dos africanos vivendo em aglomerações simples, primitivas e dispersas sem qualquer apreciação por planejamento e design.

De fato, no final do século 13 quando um viajante europeu encontrou a grande Cidade de Benin na África Ocidental (atual Nigéria, Estado de Edo), ele escreveu o seguinte:
“A cidade parece ser muito grande. Quando entramos, vimos uma larga avenida, não pavimentada, que parece ser sete ou oito vezes mais larga que a rua Warmoes em Amsterdã… O palácio real é um conjunto de edifícios que ocupam tanto espaço quanto a cidade de Harlem, e que está rodeado de muralhas. Existem numerosos aposentos para os ministros do Príncipe e belas galerias, a maioria delas tão grandes quanto as da bolsa de Amsterdã. São suportadas por pilares de madeira revestidos de cobre, onde as suas vitórias estão representadas, e que são cuidadosamente mantidos. A cidade é composta de trinta ruas principais, bem retas e com 36 metros de largura, além de uma infinidade de pequenas ruas transversais. As casas são próximas umas das outras, bem organizadas. Este povo não tem nada de inferior aos holandeses em termos de limpeza; lavam e esfregam suas casas tão bem que elas estão bem polidas e brilham como cristal.”

Infelizmente, em 1897, a cidade de Benin foi destruída pelas forças britânicas sob as ordens do Almirante Harry Rawson. A cidade foi saqueada, explodida e queimada. Uma coleção dos famosos Bronzes de Benin está agora no Museu Britânico de Londres. Parte dos 700 bronzes roubados pelas tropas britânicas foram vendidos à Nigeria em 1972.
Outra história da grande cidade de Benin que diz respeito às suas muralhas: “Elas se estendem por um total de 16 000 quilômetros, num mosaico de mais de 500 junções de assentamento. Cobrem 6500 quilômetros quadrados e foram todas construídas pelo povo Edo. No total, elas são quatro vezes mais longas que a Grande Muralha da China e consumiram cem vezes mais materiais que a Grande Pirâmide de Quéops. Levaram cerca de 150 milhões de horas de escavação para serem construídas, e são talvez o maior fenômeno arqueológico do planeta.”
Vista da cidade de Benin em 1891 antes da conquista britânica. H. Ling Roth, Grande Benin, reprodução Barnes and Noble. 1968. 

 Sabia que no século 14, a cidade de Timbuktu na África ocidental era cinco vezes maior que a cidade de Londres, e a mais rica do mundo?

Hoje, Timbuktu é 236 vezes menor que Londres. Nada tem de cidade moderna. A sua população é metade que cinco séculos atrás, empobrecida com pedintes e vendedores de rua. A cidade é incapaz de conservar seus monumentos e arquivos do passado.
De volta ao século 14, os três lugares mais ricos da terra eram a China, o Irã/Iraque, e o império do Mali na África ocidental. Dos três, o único que ainda era independente e prospero era o império do Mali. A China e todo o Oriente Médio tinham sido conquistados pelas tropas mongóis de Genghis Kan que arrasou, pilhou e estuprou os lugares.
O homem mais rico na história da humanidade, Mansa Musa, foi o imperador do império de Mali do século 14 que cobria os atuais Mali, Senegal, Gâmbia, e Guiné.
Quando morreu em 1331, Mansa Musa valia o equivalente a 400 bilhões de dólares. Nessa época o império de Mali produzia mais de metade do abastecimento mundial de sal e de ouro.
Em baixo imagen do imperador Mansa Musa, o homem mais rico da história.


Quando Mansa Musa foi em peregrinação a Meca em 1324, levou e gastou tanto ouro, que o preço daquele metal caiu por 10 anos. 60 000 pessoas o acompanharam.
Foi fundador da biblioteca de Timbuktu, e os famosos manuscritos de Timbuktu que tratavam de todas as áreas de conhecimento foram escritos durante o seu reinado.
Testemunhas da grandeza do império do Mali vinham de todas as partes do globo. “Sergio Domian, um acadêmico de arte e arquitetura italiano, escreveu o seguinte sobre esse período: ‘Assim foi lançada a fundação da civilização urbana. Na época áurea do seu poder, Mali tinha pelo menos 400 cidades, e o interior do delta do rio Niger era densamente populoso.’

A cidade de Timbuktu no Mali tinha uma população de 115,000 no século 14 – 5 vezes mais que a Londres medieval.
O National Geographic descreveu recentemente Timbuktu como a Paris do mundo medieval, devido à sua cultura intelectual. De acordo com o Professor Henry Louis Gates, existiam na cidade 25,000 estudantes universitários.
“Muitas famílias antigas da África ocidental têm bibliotecas privadas com coleções de centenas de anos. As cidades mauritanas de Chinguetti e Oudane possuem um total de 3,450 livros medievais manuscritos. É possível que ainda existam cerca de 6,000 livros na cidade de Walata. Alguns datam do século oito. Existem 11,000 livros em coleções privadas no Niger.
Finalmente em Timbuktu, Mali, existem cerca de 700,000 livros que sobreviveram. Estão escritos em Mande, Suqi, Fulani, Timbuctu, e Sudani. Os conteúdos dos manuscritos incluem matemática, medicina, poesia, direito e astronomia. Este trabalho foi a primeira enciclopédia, no século 14, antes dos europeus terem a mesma ideia no século 18, 4 séculos depois.

Uma coleção de 1600 livros era considerada uma pequena biblioteca para um acadêmico da África ocidental no século 16. Existe registro do Professor Ahmed Baba de Timbuktu dizendo que possuía a menor biblioteca entre seus amigos – só tinha 1600 volumes.
Com respeito a estes velhos manuscritos, Michael Palin, na sua série de TV Sahara, disse que o Imam de Timbuktu “tem uma coleção de textos científicos que mostra claramente os planetas circulando em torno do Sol. Datam de centenas de anos . . . É prova convincente que os acadêmicos de Timbuktu sabiam mais que seus colegas europeus. No século 15 em Timbuktu os matemáticos conheciam a rotação dos planetas, detalhes do eclipse, coisas que tivemos de esperar 150 quase 200 anos para conhecer na Europa quando Galileu e Copérnico fizeram os mesmos cálculos e pagaram por isso.

A velha capital do Mali, capital de Niani possui um edifício do século 14 chamado Salão de Audiências. Sobreposto por uma cúpula e adornado de arabescos vivamente coloridos. As janelas do andar superior eram talhadas de madeira e emolduradas em prata; as do andar inferior eram talhadas de madeira e emolduradas em ouro.

Marinheiros do Mali chegaram às Américas em 1311, 181 anos antes de Colombo. O pesquisador egípcio Ibn Fadl Al-Umari, publicou o feito em cerca de 1342. No capitulo décimo do seu livro, existe um relato de duas grandes viagens marítimas ordenadas pelo predecessor de Mansa Musa, um rei que herdou o trono do Mali em 1312. Este rei marinheiro não é nomeado por Al-Umari, mas autores da atualidade identificam-no como Mansa Abubakari II.”

Esses acontecimentos aconteceram na mesma época que o continente europeu estava mergulhado nas trevas, destruído pela peste e pela fome, com seus povos se matando por motivos religiosos e étnicos.