sábado, 1 de agosto de 2015

A economia feudal


Uma economia de base agrária

A agricultura era a fonte principal do sustento da população. As aldeias e domínios tendiam a ser autossuficientes. Tendo por base a agricultura de subsistência, a economia feudal também possuía comércio e artesanato.       A unidade agrícola senhorial era chamada de senhorio. Nela produziam-se quase tudo para a sobrevivência dos moradores (alimentos, ferramentas, vestimentas e utensílios domésticos). No senhorio havia celeiros para armazenar colheitas, moinho pra triturar os grãos e fornos para pães.

O senhorio medieval

Manso senhorial: produtos dessa terra eram exclusivos do senhor e nela trabalhavam servos e camponeses. Terras comunais: os produtos destas terras eram tanto dos servos como dos senhores. Constituídas de pastos para os animais, florestas e baldios (terra sem cultivo ou edificações). Manso servil: terras destinadas aos servos. Produziam o que era necessário para sua sobrevivência. Em troca deviam obrigações ao senhor.

A agricultura e o trabalho servil

Os servos, com seu trabalho abasteciam toda a sociedade e pagavam tributos pela utilização das terras dos senhores, cada imposto tinha um objetivo como segue: Corveia: Cultivo pelos servos do manso senhorial de duas a três vezes por semana sem pagamento e toda produção pertencia ao senhor. Talha: Os servos entregavam ao senhor uma taxa entre 30% e 40% de tudo que era produzido no manso servil. Capitação: Imposto por servo que morava no feudo. Banalidades: O uso da reserva senhorial (fornos e moinho), deviam ser pagas pelos servos por meio de parte de sua produção.

O comércio medieval

Muito fraco, mas praticado durante toda a Idade Média próximos aos castelos. Reduzido uso de dinheiro e prevalência da troca direta de produtos, prática chamada escambo. Houve grande desigualdade no comercio europeu durante a Idade Média, pois na região da Escandinávia e Península Itálica já havia, no século X centros de comércio de longa distância com mercadores europeus e orientais.

Alimentação na época feudal.

Os cereais eram os alimentos mais importantes da dieta dos camponeses. Havia também legumes e verduras que completavam sua dieta. A dos nobres se acrescentava a carne e a variedade. 

Feudo do senhorio medieval

MANSO SENHORIAL: Terras de cultivo, Florestas, Terras para caça, (exclusiva do senhor), Moinhos, Celeiros.

TERRAS COMUNAIS: Pastos, Florestas e Baldios.
MANSO SERVIL: Terras destinadas aos servos, nelas produziam seu sustento.


O Ensino e a Cultura na Europa feudal


A Igreja Católica cumpriu um papel importante na preservação da cultura clássica, no ensino e no desenvolvimento intelectual durante a Idade Média.

O Renascimento Carolíngio: Durante seu reinado, Carlos Magno promoveu um movimento que foi chamado de Renascimento Carolíngio. O principal objetivo era preparar intelectualmente o clero cristão, para que pudesse orientar os fiéis com autoridade e sabedoria. Carlos Magno reuniu conhecedores da cultura antiga, como Alcuíno e Eginhardo. Com a orientação desses estudiosos, a Bíblia foi revista e copiada pelos monges, e os textos gregos, romanos e cristãos serviram de base para desenvolver o ensino. O movimento carolíngio preservou a cultura da Antiguidade clássica e fez dos mosteiros e das escolas palatinas (localizadas no palácio do imperador) centros de difusão do conhecimento antigo.

As transformações no ensino: Até o século X, a Igreja mantinha escolas junto aos mosteiros ou às catedrais. O ensino era voltado, principalmente, à formação eclesiástica e consistia no estudo de textos religiosos, como a Bíblia, e de textos de pensadores cristãos, em especial os de Santo Agostinho. Nas escolas cristãs, estudava-se o trívio (gramática, retórica e dialética) e o quatrívio (aritmética, geometria, astronomia e música). O alcance dela ,porém, era pequeno, pois, em geral, apenas os membros do clero e os filhos dos nobres podiam frequentá-las.

A literatura medieval: do oral ao escrito: A língua escrita utilizada nos primeiros séculos da Idade Média era o latim. Outros idiomas mantiveram-se por séculos como línguas faladas e eram empregados pelos distintos grupos da sociedade medieval. Aos poucos, o latim foi se misturando às diferentes línguas germânicas locais, originando as línguas modernas, como francês, alemão, italiano, espanhol, português e inglês e outras. Elas se afirmaram a partir dos séculos XI e XII, com o desenvolvimento de uma literatura escrita e profana. Essa literatura tinha, por base, antigas histórias, sem autoria definida, que eram transmitidas oralmente de geração em geração. Para a diversão dos frequentadores das cortes dos senhores feudais, exibiam-se os jograis, compostos de recitadores, cantores e músicos ambulantes, contratados pelo senhor. Eles executavam acrobacias, cantavam e tocavam instrumentos musicais, principalmente a viola e o alaúde. Esses artistas levavam uma existência nômade, viajando em caravanas compostas de homens e mulheres que viviam de doações feitas pelos nobres.

As novelas de cavalaria: No século XII, surgiram os primeiros romances, que ficaram conhecidos como novelas de cavalaria. Escritas em versos e em prosa, as novelas adaptavam antigas narrativas orais que abordavam os feitos heroicos e as guerras históricas travadas por Carlos Magno e os doze pares de França, as lendas do rei Arthur e dos cavaleiros da távola redonda ou os amores de Tristão e Isolda. O enredo das novelas de cavalaria apresentava um verdadeiro código de conduta no qual se destacavam o heroísmo, a honra e a lealdade, que eram os ideais da cavalaria medieval. Valorizava-se a ação do cavaleiro, em defesa da honra e a lealdade ao rei e à Igreja. A mulher era o objeto do amor cortês do homem, a dama que deveria ser tratada e amada com respeito e delicadeza. Esses primeiros romances ajudaram a divulgar os valores da sociedade medieval.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Investigando nossa origem:


Quem acompanha o Blogue Construindo História Hoje, sabe que eu como seu administrador, possuo a postura de que tanto a Teoria Criacionista como a Evolucionista seja ensinada nas escolas. Por isso não omito de postar trabalhos que possuem por base a Teoria Evolucionista de Charles Darwin, ainda que discorde dela pela falta de evidências científica que a comprovem.
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Quando surgiu a vida na Terra? Quando apareceram os primeiros seres humanos? Para os cientistas o Universo possui aproximadamente 15 bilhões de anos, o planeta Terra em torno de 4,5 bilhões de anos, o surgimento das primeiras formas de vida datam de 3 bilhões de anos atrás, já os dinossauros perambulavam no planeta entre 230 milhões a 65 milhões de anos atrás. Os primeiros primatas surgiram logo após a extinção dos dinossauros e entende-se que os primeiros hominídeos (nossos ancestrais) apareceram a 7 milhões de anos, os primeiros ancestrais de nossa espécie teriam surgido e se expandido por volta de 1,5 milhões de anos e há apenas 200 mil anos os seres humanos como nós conhecemos sobrevivem. A maioria dos animais primitivos não existe mais. Não conseguiram sobreviver por causa das mudanças climáticas, da disputa por comida e dos ataques de outros animais. Ao longo de milhões de anos foram substituídos por outras espécies, que por sua vez também se extinguiram. Somente os que tiveram descendentes mais adaptados puderam evoluir e sobreviver.

A Teoria da Evolução: A explicação para a evolução das espécies começou a ser dada pelo cientista inglês Charles Darwin (1809-1882), autor da famosa Teoria da Evolução das Espécies. Darwin provou que ao longo de milhares de anos todas as espécies de seres vivos se transformaram, ou seja, evoluíram. Algumas espécies não conseguiram sobreviver e extinguiram-se. Outras espécies foram evoluindo, ou seja, foram se modificando através de milhões e milhões de gerações. Há cerca de 32 milhões de anos surgiram os primatas. São animais mamíferos com capacidade de agarrar coisas com as mãos. Nos dias atuais, os macacos e os seres humanos são considerados primatas. Há 7 milhões de anos, os primatas começaram a evoluir para 2 espécies diferentes. Uma parte deles teve descendentes que deram origem aos macacos. Outra parte desses primatas teve descendentes que evoluíram até se tornarem a espécie humana. Portanto não é verdade que o ser humano evoluiu a partir do macaco. O que acontece é que seres humanos e macacos têm um antepassado comum. Os seres humanos e seus antepassados são chamados de hominídeos. Há dois milhões de anos havia três ou mais espécies de hominídeos. Depois elas desapareceram, substituídas por espécies de hominídeos. Os nossos antepassados hominídeos até que eram bem parecidos com macacos. O Australopitecus tinha um cérebro pequeno como o do chimpanzé, maxilares salientes e era coberto de pêlos. Mas andava sobre dois pés e não tinha uma cauda como os macacos. O fóssil mais antigo de Australopitecus foi encontrado na Etiópia (África) em 1974. Ele tinha 3,5 milhões de anos. Era uma fêmea adulta e recebeu o nome de Lucy. Não se sabe exatamente por que os Australopitecus desapareceram. Mas, centenas de milhares de anos antes de isso acontecer, surgiu outro gênero de hominídeos: o HOMO. O homo tem inteligência, isto é, tem capacidade de raciocinar, de fabricar utensílios, de articular uma linguagem e de se comunicar. Mas estas capacidades foram surgindo aos poucos. Os cientistas constataram que o gênero Homo dividiu-se em 4 espécies distintas (nós pertencemos a uma delas), sendo que uma não gerou a outra e algumas delas podem ter convivido entre si em curtos períodos de tempo. Foram elas: Homo habilis, Homo erectus, Homo Sapiens neanderthalensis, Homo sapiens e Homo Sapiens sapiens.

Pré-história geral: A Pré-História corresponde ao período que vai do surgimento do homem (hominídeo) até a invenção da escrita. O termo Pré-História tem sido criticado, pois pode sugerir que o homem desse período não deva ser incluído na História. Ora, o homem, desde seu aparecimento, é um ser histórico, ainda que ele não utilizasse a escrita. Outras expressões foram propostas para denominar os povos sem escrita, como: povo pré-letrado, povo ágrafo etc. O emprego dessas expressões, entretanto, não se generalizou. Como o termo Pré-História é de uso universal, vamos também empregá-lo, mas conscientes de que esse período integra a História, em sentido amplo.

Fontes para o estudo da pré-história: Atualmente utilizamos diferentes fontes históricas para reconstituir nosso passado, utilizamos documentos escritos ou mesmo fotografias, como fizemos em aula. E se quiséssemos reconstituir a Pré-História, que fontes utilizaríamos? O homem pré-histórico deixou uma série de vestígios de sua existência e de modo de vida: fósseis, instrumentos, pinturas etc. Entre as ciências que pesquisam essas fontes pré-históricas destacam-se a Paleografia Humana e a Arqueologia Pré-Histórica. A Paleografia Humana estuda os fósseis dos corpos dos homens pré-históricos, geralmente ossos e dentes, partes mais resistentes, que se preservaram ao longo do tempo. A Arqueologia Pré-histórica estuda objetos feitos pelo homem pré-histórico, procurando descobrir como eles viviam. Instrumentos de pedra e metal, peças cerâmicas, sepulturas são alguns desses objetos. DIVISÃO DA PRÉ-HISTÓRIA. As fontes pré-históricas indicam que nesse período, existiram diferentes culturas. Deduz-se que os objetos inicialmente tiveram formas variadas e foram feitos de diferentes materiais: madeira, osso, pedra lascada, pedra polida, metal. A partir de constatações dessa natureza, dividiu-se a Pré-História em três grandes períodos: Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, Neolítico ou Idade da Pedra Polida e Idade dos Metais.

Como saber se os hominídeos eram inteligentes? Supõe-se que a inteligência esteja relacionada ao tamanho do cérebro. A medição do espaço interno dos crânios encontrados indicou que o cérebro do Austrophitecus tinha 450 cm³; do Homo habilis, 500 cm³; o do Homo erectus, entre 825 e 1,2 mil cm³ e o do Homo sapiens sapiens, 1,5 mil cm³.  Cultura: modo de vida de cada povo, transmitido de geração a.geração. Abrange tanto a produção material (instrumentos, vestimentas, edificações etc.) quanto a produção a não-material (crenças, artes, ciência, linguagem religião, leis, costumes etc.) do ser humano.   Fóssil: resto ou traço visível da matéria original de um organismo morto há muito tempo.

Os nativos brasileiros e os indígenas da América do Norte.



Os nativos do Brasil: No território do Brasil atual, os portugueses entraram em contato com povos diversos. Havia grande heterogeneidade étnica, linguística e cultural. A maioria dos grupos vivia da coleta, a da caça e da pesca, e alguns praticavam a agricultura. Não há um consenso entre os especialistas sobre a quantidade de nativos que vivia no território hoje pertencente ao Brasil quando ocorreu a invasão portuguesa. Os números oscilam entre 2,5e 5 milhões de pessoas pertencentes a centenas de povos. Cada povo tinha costumes e tradições próprios. De forma geral, pode-se dizer que os grupos se organizava em aldeias fixas ou itinerantes (no caso de grupos nômades), dependendo da etnia.

A visão religiosa era semelhante,  respeitando a diversidade de cada grupo. Cultuavam elementos e algumas forças da natureza como o Sol, a Lua, o trovão, as águas. Organizavam rituais, danças festas, criavam adornos e faziam pinturas corporais e com motivos religiosos. Não havia entre eles a noção de propriedade. A terra e o que nela fosse produzido ou coletado eram bens comuns a todos da mesma aldeia. A aldeias eram organizadas hierarquicamente e havia um chefe, responsável pela tomada de decisões e pela liderança do grupo em caso de guerras. As decisões eram tomadas de acordo com os costumes de cada grupo : alguns consultavam os membros masculinos do grupo ou os homens mais idosos, por exemplo. Alguns grupos relacionavam-se com outros, mantendo contatos pacíficos e por sua vez reunindo-se em festas e rituais. Outros eram considerados inimigos e era para caça, coleta,  agricultura e armazenamento.

As técnicas de produção, dependendo da cultura e do local onde habitam; alguns, por exemplo, usavam cerâmica queimada, outros não. Para os portugueses, o contato com os saberes indígenas foi muito importante. Eram os nativos que conheciam as matas e seus recursos, como as plantas comestíveis ou as que podiam ser usadas como remédios, bem como a localização de fontes de água. O contato inicial dos portugueses foi com os tupis, habitantes do litoral. Por isso, os missionários que fizeram parte da colonização do Brasil elegeram o tupi como língua geral, desconsiderando a imensa variedade linguística  entre os nativos. Muitas manifestações culturais e línguas indígenas, que existiam quando os portugueses fizeram contato com eles, permaneceram entre seu descendentes nos diversos grupos  indígenas atuais. Os tupis se referiram aos demais grupos indígenas como tapuia, que quer dizer “inimigo”. Por isso, os portugueses classificaram os indígenas brasileiros em dois grupos: tupis, os do litoral, e tapuia, os do interior do território. Pelo que se sabe por cronistas e viajantes que estiveram no Brasil nos primeiros séculos da colonização, os indígenas aceitaram melhor os portugueses do que o contrário.

Os indígenas da América do Norte: Centenas de grupos indígenas habitavam a região hoje chamada de América do Norte, antes da chegada dos europeus. E assim, como nos outros lugares do continente, os indígenas norte-americanos também apresentavam grande diversidade étnica e cultural. Estima-se que havia mais de 300 línguas diferentes na região. Havia tribos nômades e sedentários que ocupavam a extensão entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Sioux (ou Dakotas), apaches, comanches iroqueses, cheroquis, algonguinos, cheyennes e crow são alguns dos grupos indígenas norte-americanos. Nas regiões do Ártico, viviam os inuits ou esquimós, com características bastantes distintas dos demais grupos em razão da adaptação a um ambiente extremamente hostil.

A economia desse grupo estava fundamentada na busca pelo que a natureza oferecia, como a caça da foca e de aves, a pesca da baleia e de outros animais de grande porte. Dos animais caçados, aproveitavam a pele para o vestuário, e o marfim e os ossos para a confecção de instrumentos de caça, como pontas de lanças e flechas, além da produção de esculturas. A domesticação do cachorro possibilitou aos esquimós o uso de trenós para locomoção e caça. Cada etnia indígena tinha seu idioma e, entre os grupos diferentes, a comunicação ocorria por meio de sinais. Entre as tribos nômades, uma das formas de obter alimentos era a caça de grandes animais, como antílopes, alces, búfalos e bisões. Dentre os grupos citados, destacavam-se os iroqueses, que ocupavam a área do Grandes Lagos e dos Apaches centrais. Sua organização social era matriarcal. Tinham uma forte estrutura guerreira, o que lhes possibilitou resistir por quase sois séculos à dominação inglesa, dificultando a expansão das colônias.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Introdução aos Estudos Históricos.





O quê é História? História é o que o historiador diz do passado. O passado é diferente de História, toda História é uma construção baseada na interpretação do passado que é feita pelo historiador e os fatos passados podem ser vistos de maneiras diferentes (interpretações).

Tempo Histórico: Tentar compreender o outro de acordo com seu tempo, ou seja, colocar-se na visão do individuo que vivia os acontecimentos tratados naquele período da História. Não podemos entender a visão de um legionário romano do século VI como se ele fosse um soldado do exército do Brasil. Temos que nos colocar no tempo e espaço do individuo histórico.

Fatos Históricos: Marcam a transição de um período para outro. Exemplo: 476 d.C, a queda do Império Romano do Ocidente marcou o inicio da Idade Média (476 d.C – 1492 d.C). Em 1789, a Revolução Francesa marcou o fim da Idade Moderna (1492 d.C, queda de Constantinopla – 1789 d.C, Revolução Francesa) e inicio a Idade Contemporânea (1789 d.C – dias atuais). Não existe uma divisão certa da História o que existe são rupturas e continuidades. Os povos que avançam primeiro se viam no dever de inserir os atrasados no seu meio, o que houve na colonização europeia na África e na América.

Dois argumentos da Teoria História: A História constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo. Esses discursos não criam o mundo, mas dão significado ao mundo. A parte do mundo que a História investiga é o passado. Passado e História são coisas diferentes. Dada à distinção entre Passado e História, como conciliar as duas coisas?  O historiador tenta entender o passado, mas o objeto de investigação está ausente na maioria de suas manifestações, pois só restam vestígios do passado. Contudo, pode muito bem ser que esse esclarecimento sobre a distinção entre passado e História pareça coisa vã. Talvez você pense: “E daí? Que importância tem isso?” Permita-me oferecer um exemplo de por que é importante entender a distinção entre passado e História:

Passado e História: O passado já aconteceu. Ele já passou, e os historiadores só conseguem trazê-lo de volta mediado por veículos muito diferentes, de que são exemplo os livros, artigos, documentários, filmes etc., e não como acontecimentos presentes. O passado já passou, e a História é o que os historiadores fazem com ele quando põem mãos à obra. A História é o ofício dos historiadores. Quando os historiadores se encontram, a primeira coisa que perguntam uns aos outros é: “No que vocês estão trabalhando?” Esse trabalho, expresso em livros, periódicos etc., é o que você lê quando estuda História. Isso significa que a História está, muito literalmente, nas estantes das bibliotecas e de outros lugares. Assim, se você começar a fazer um curso de História espanhola do século XVII por exemplo, não vai precisar ir ao século XVII nem à Espanha; com a ajuda de uma bibliografia (Uma bibliografia é uma lista estruturada de referências a livros ou outros documentos, designadamente artigos de periódicos, com características comuns, como por exemplo, o mesmo autor ou o mesmo assunto), vai, isto sim à biblioteca. É ali que está a Espanha do século XVII, catalogada, pois aonde mais os professores poderiam mandar você estudar? Claro, você poderia ir a outros lugares onde é possível encontrar outros vestígios do passado – por exemplo, aos arquivos espanhóis. Mas, aonde que vá, sempre terá de ler/interpretar. Essa leitura não é espontânea nem natural. Ela é aprendida (ou seja, dotada de significado) por outros textos. A História (historiografia) é uma construção linguística intertextual (feita por meio de vários textos, vindo de fontes diferentes).

Não quero dizer com isso que nós simplesmente inventamos histórias sobre o mundo ou sobre o passado. Pelo contrário ainda que tenhamos essa vasta gama de interpretações, também possuímos o estudo de campo na História, aonde o historiador vai de encontro a locais históricos, sítios arqueológicos e áreas de patrimônio histórico e cultural aonde o mesmo tem acesso a fontes matérias, mas não existirá uma interpretação do passado 100% neutra, pois cada historiador possui suas linhas pensamento e influências de sua própria realidade.


Pré-história do Rio grande do Sul


O perfil geográfico do Rio Grande do Sul foi formado por sucessivas transformações que iniciaram há cerca de 600 milhões de anos. Esse território já foi um mar, já foi um deserto, e em várias regiões aconteceram soterramentos massivos por derrames de lava. Crê-se que somente há dois milhões de anos a geografia se definiu mais ou menos como hoje a conhecemos, quando se fixou a faixa arenosa do litoral. A vida na pré-história do Rio Grande do Sul foi rica em espécies animais e vegetais.

Há apenas cerca de 12 mil anos antes do presente (AP) iniciou a ocupação humana, com a chegada de grupos de caçadores-coletores vindos do norte.Várias regiões da América do Sul nesta época já haviam sido povoadas, algumas ao que parece desde alguns milênios antes, por populações de origem asiática. A tese predominante é que elas tenham originalmente cruzado o Estreito de Behring, no extremo norte da América do Norte, que então estava seco por causa de uma glaciação global, migrando em seguida para o sul, ocupando neste percurso muitos espaços ao longo de gerações.

Os pioneiros que chegaram no território do Rio Grande do Sul encontraram uma região bastante diferente da que hoje vemos. Em 12 mil anos AP, a glaciação, que cobrira de gelo toda a Patagônia (região ao sul da Argentina atual) e esfriara o clima global, começava a regredir, e o clima da região, mais seco e frio do que no presente, se aquecia e umedecia. No entanto, provavelmente a neve ainda caía na região todos os invernos. O nível do mar subia, ao derreter o gelo glacial que se acumulara no mundo, e inundava a planície litorânea. A vegetação local provavelmente era esparsa, composta principalmente de savanas, com matas apenas nas terras altas e nas margens dos rios. A fauna local também era outra, composta de muitas espécies gigantes, como os milodontes, gliptodontes e toxodontes.

A penetração humana deu-se aparentemente através da fronteira oeste, ao longo do rio Uruguai, onde o estado hoje faz divisa com a Argentina e o Uruguai. No município de Alegrete, localizado nesta área, às margens do rio Ibicuí, foi encontrado o sítio arqueológico com vestígios humanos mais antigo do estado, cuja datação o situou com 12.770 anos. Esses primeiros povos, que compartilhavam de uma mesma cultura material, conhecida como tradição Umbu, viviam da caça e da coleta nas planícies do pampa, entre seus campos abertos e matas ciliares. Eram nômades, e devem ter estabelecido acampamentos temporários de acordo com a abundância sazonal de determinados recursos naturais, seguindo rotas de migração de animais ou épocas de amadurecimento de vegetais comestíveis.

Deixaram registros relativamente pobres. Os sítios arqueológicos incluem vestígios de assentamentos, restos de alimentação como ossos de animais e sementes, além de adornos pessoais e artefatos líticos como pontas de flecha e lança em pedra lascada, boleadeiras, cortadores, raspadores e outras ferramentas. Sua cultura predominou por cerca de 11 mil anos, ainda que exibisse adaptações regionais ao variado cenário do território, que se compõe de diferentes tipos de ecossistemas.

Deve ser lembrado que as mudanças climáticas que a região atravessou ao longo de milênios determinaram importantes modificações na composição da flora e da fauna, às quais as populações humanas precisaram se adaptar, e isso se refletiu em variações em seus costumes e culturas. Durante o ótimo climático, um período de importante elevação nas temperaturas globais ocorrido a partir de 6 mil anos AP, esses povos passaram a colonizar as matas das serras e a subir o planalto. Aparecem gravuras rupestres e ferramental adaptado ao trabalho com madeira, especialmente machados bifaciais. Formava-se ali a chamada tradição Humaitá.

Enquanto isso, se completava a conquista do litoral, formando-se uma cultura específica, a tradição Sambaqui, adaptada à vida junto ao mar e nas planícies costeiras. São característicos dessa tradição os depósitos de conchas, carapaças de crustáceos e restos de peixes que lhe deram o nome, os sambaquis, onde também são encontrados enterramentos e artefatos indicativos de sua associação com o mar, tais como anzóis e pesos de redes. Também se encontram indícios de práticas agrícolas rudimentares, sugerindo que eram sedentários pelo menos em parte do ano. Outras características que os distinguem são os assentamentos sobre colinas artificiais baixas, conhecidas como cerritos, formadas em zonas alagadiças da planície costeira.

Por volta de 3 mil anos AP o clima esfriou novamente e se estabilizou em uma condição semelhante à do presente, produzindo novas adaptações na vida selvagem e nas culturas humanas que floresciam. Nas serras e no planalto, onde o clima permaneceu relativamente frio, com nevadas e geadas frequentes, os povos da tradição Humaitá, que colonizaram a área durante o ótimo climático, precisaram se adaptar, aparecendo então típicos abrigos subterrâneos cobertos de palha, que podiam se organizar em aldeias com várias unidades.

Pouco mais tarde, coincidindo com o início da era cristã, chega a segunda grande onda humana a atingir a região, composta de indígenas Guaranis procedentes da Amazônia. Cogita-se que eles também devem ter sido impelidos à migração pelas mudanças climáticas globais. Eles tinham uma desenvolvida cultura agrícola, domesticavam animais e dominavam a técnica da terracota e da pedra polida. Colonizaram os vales florestados da depressão central, o litoral e parte das serras, evitando porém as regiões mais altas e frias, e pouco avançaram sobre o pampa, já que preferiam climas mais quentes e o ambiente florestal a que estavam acostumados no norte, mas sua influência cultural foi mais ampla. Seus sítios se distinguem das outras tradições pela forma dos assentamentos, em aldeias mais estáveis e estruturadas, e pela abundância de artefatos em pedra polida como pontas de flecha, machados, maceradores, e vasos em cerâmica de diferentes formatos e decoração, técnicas que se observa doravante aparecer nos sítios de outros grupos. A sua influência também se revelou na expansão da agricultura.

Outro grupo a descer do norte junto com os guaranis foi o dos Jês, de cultura similarmente desenvolvida, deixando uma marca maior no planalto, onde primeiro influenciaram os povos da tradição Humaitá e logo os suplantaram. Mas quando o Brasil foi "descoberto", em 1500, quase todos os índios do estado, que somavam de 100 mil a 150 mil na estimativa dos estudiosos, já eram Guaranis ou estavam misturados a eles. Os grupos menos afetados por essa invasão foram os Jês do planalto médio, e os Charruas e Minuanos, do pampa.

domingo, 26 de julho de 2015

A Conquista da América



A conquista da América pelos europeus não foi um acontecimento rápido. Foi um longo, continuo processo que durou vários séculos. Sob a visão etnocêntrica do colonizador Europeu, acrescida de outros elementos como a dominação militar a (principalmente no caso dos espanhóis), a religiosidade e desestruturação provocada pelo choque entre culturas tão distintas nas sociedades indígenas da América. A religião influenciou tanto os dominadores, que impuseram suas crenças, quanto os dominados; os astecas, por exemplo, interpretaram miticamente que a chegada dos espanhóis era o cumprimento de presságios e sinal de novos tempos.

As primeiras décadas após a chegada europeia foram as mais marcantes. Estimasse que grande parte da população nativa americana tenha sido dizimada nos primeiros 50 anos, principalmente na América hispânica. Portanto, o contato entre Europa e América pode ser considerado um dos mais violentos da História da humanidade.

A natureza, o clima, os animais, encontrados pelos europeus na América encantavam cronistas e viajantes. E isso fez com que plantas nativas fossem levadas e introduzidas na alimentação de suas metrópoles. O ‘Novo Mundo’ começava a influenciar os costumes do ‘Velho Mundo’.

Ao mesmo tempo a organização de algumas cidades causava espanto, surpresa e admiração como pode ser observado na  cidade de Tenochtitlán.

Já os costumes e modos de vida dos grupos indígenas causavam perplexidade aos que chegavam. Ainda que admirassem alguns aspectos, outros causavam rejeição e foram severamente combatidos como a nudez de alguns grupos. Ou práticas como politeísmo e poligamia. Para a maioria dos europeus os indígenas viviam em um estágio atrasado sem norma e nem religião. Esse discurso foi a base da exploração e do processo de colonização instituído, principalmente, com violência.
Os indígenas foram analisados com base nos parâmetros das cidades europeias e apontados como primitivos, brutos, sem almas e obscenos.  Eram raros os defensores dos indígenas como Frei Bartolomé de Las Casas e o filosofo francês, Montaigne.

A reação dos indígenas foi variada. A chegada de pessoas tão diferentes no modo de vestir agir e falar, deve ter causado  curiosidade e estranheza de maneira geral. Foram amistosos, como nos relatos de Colombo e Cabral. Em alguns casos como entre os astecas os colonizadores foram vistos como deuses, e sua chegada, como o cumprimento de profecias. Houve também, casos de hostilidade revelando que os indígenas resistira a presença estrangeira. Mesmo com reações diferentes quando os nativos perceberam a real intenção dos invasores eles reagiram com lutas. De qualquer maneira a chegada os europeus significou para os nativos perdas do território.

Os espanhóis na América: os espanhóis chegaram a América graças a expansão marítimo-comercial. Ficou explicito nas campanhas de Hernan Cortéz, apartir de 1519, na região do México, mesmo com um menor número de soldados ele massacrou os astecas.
O espanhol Francisco Pizarro em 1527, ele explorou a costa do Peru. E recolheu informações úteis sobres os territórios andinos. Se aproveitando dos conflitos internos pelo trono entre Atahualpa e Huáscar, Pizarro entrou e aprisionou Atahualpa e assim a cidade de Cuzco foi tomada por espanhóis. No entanto a resistência nativa pedurou até 1572 quando o último soberano inca Tupac Amaru, foi executado.

Além disso as doenças-sarampo, varíola e gripe. A violência foi a tônica da conquista. A barbárie cometida pelos conquistadores espanhóis descrita em relatos do Frei Bartolome de Laz Casas. Toda essa violência era justificada pelo que a igreja chamava de Guerra Justa. Era um embate autorizado pela Coroa ou pelos governadores como as guerras travadas em legitima defesa contra os ataque indígenas.

A América antes dos europeus:



Estudar a história da América antes da invasão europeia é uma tarefa difícil, pois muitas sociedades ameríndias não deixaram textos escritos, e os documentos encontrados até hoje sofreram diversas interpretações, o que dificulta um percepção adequada de como os nativos americanos viviam. Devemos destacar ainda que inúmeros povos desapareceram sem deixar muitos vestígios, tornando o estudo complexo e sujeito a constantes revisões.

A procura e interpretação desses vestígios feitos pelos arqueólogos que buscam, em objetos, pinturas e outros registros, indícios de costumes, cultos religiosos, hierarquia social, alimentação, hábitos funerários, entre outras pistas possibilita-nos entender melhor as sociedades ameríndias anteriores à chegada dos europeus. Durante um longo período, o continente americano foi povoado por caçadores e coletores. Somente por volta de 5000 a.C. iniciou-se na região um processo que culminou na agricultura. Esse processo não abrangeu todas as sociedades, e aquelas que desenvolveram a agricultura não o fizeram da mesma forma.

Enquanto alguns grupos de nativos americanos mantiveram a caça e a coleta como atividades principais – como foi o caso dos esquimós, que habitavam as regiões geladas, outros incorporaram também a agricultura a suas atividades, por exemplo, algumas sociedades indígenas brasileiras. Outras sociedades, como a dos maias, astecas e incas, por sua vez, organizaram-se em torno de Estados, com uma hierarquia bem definida e construção de grandes centros habitacionais e áreas agrícolas capazes, inclusive, de produzir excedentes utilizados em relações de troca de produtos.

Quando os europeus chegaram à América no século XV, encontraram sociedades organizadas vivendo na região da América do Norte, da Mesoamérica (terras do atual México e parte da América Central) e na região andina (atuais territórios do Peru, Equador, norte do Chile e Bolívia). Algumas  dessas culturas apresentavam sistemas de escrita, desenvolvimento matemático e astronômico, calendários (muitos deles mais precisos que os dos europeus) e grandes centros habitacionais que chegaram a surpreender os recém chegados.

►Os maias: A civilização maia desenvolveu-se na Península de Yucatán, onde hoje é o sul do México, Guatemala, Belize e partes de El Salvador e Honduras. A data mais antiga de uma inscrição maia e de 292 a.C., e foi encontrada em Tikal, atual Guatemala. Contudo, sabe-se que essa civilização começou a se desenvolver muito antes e foi influenciada culturalmente por povos que os antecederam na região, destacando-se os olmecas, zapotecas e teotihuacanos. Sabe-se da existência de mais de 50 centros maias que se sucederam em importância durante vários períodos.

De 250 a 900, denominado pelos historiadores de Período Clássico: Tikal, Uaxactún e Piedras Negras, na Guatemala; Nakum, em Belize; Copán, em Honduras; Palenque, Bonampak e Yaxchilán, no estado mexicano de Chiapas.

De 900 a 1250,  (Período Pós-Clássico), destacaram-se, na Península de Yucatán, os centros de Chichén Itzá e Uxmal. A hegemonia de Chichén Itzá foi quebrada por volta de 1250 d.C. pela cidade de Mayapán.

A base da economia maia era a agricultura. As terras eram cultivadas coletivamente, porém os camponeses tinham de pagar tributos pelo seu uso, já que, em última instância, elas pertenciam ao Estado. Do ponto de vista político, os centros urbanos estavam ligados a vários tipos de ‘confederações’ ou ‘reinos’. Uma elite de sacerdotes e militares detinha o poder e executava as cerimônias religiosas. Á frente dos ‘reinos’, estava o halac uinic (o ‘homem verdadeiro’), uma espécie de rei-sacerdote. Corporações de artistas, artesãos, camponeses e escravos completavam o quadro social. Os maias eram politeístas, sua religião deificava a natureza e seus cultos eram singulares. Em falta de registros precisos, não podemos afirmar com segurança quais foram os motivos que levaram ao declínio da sociedade maia. Mas acreditasse que um processo de desestruturação social iniciado em 900 d.C, levou a população a abandonar os grandes centros urbanos e a dispersar-se. Somado isso a um período de seca que assolou a América Central nesse período a fragmentação gradativa da sociedade maia foi uma questão de tempo.

►Os astecas: ao chegar ao México, vindos da região de Aztlán, os astecas (ou mexicas), guerreiros conquistadores, foram paulatinamente influenciados pelas culturas toltecas e zapotecas, que já estavam em declínio. Por volta de 1325, os mexicas fundaram Tenochtitlán, que se tornou uma das mais importantes cidades astecas. Depois de violentas lutas durante o reinado de Itzcoatl (Serpente de Obsidiana), este, em aliança com o governador de Texcoco, formou a Tríplice Aliança (Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán). O fortalecimento militar, combinado com a confiança que tinham em seu próprio destino, possibilitou a contínua expansão política e econômica. Povos de línguas e costumes diferentes foram submetidos pelos mexicas (Astecas). Com relação a estrutura social sabe-se que a sociedade asteca era estratificada e diretamente relacionada com a hierarquia política e econômica. O grupo dominante, dividido em vários níveis hierárquicos, referencias e cargos e títulos diversos, controlava os altos cargos administrativos e não pagava tributos. Ciosos de seus privilégios, os nobres teriam forjado a imagem de que eles eram os responsáveis pela urbanização e embelezamento da cidade, pelo estabelecimento de rotas comerciais, por artes e ofício, pela propagação da língua náhuatl, pela boa administração e pela manutenção e renovação do Sol e da humanidade por intermédio das oferendas, cujo objetivo era a restauração da energia divina. O poder político era centralizado e o tlatoani (aquele que comanda) era eleito vitaliciamente pela elite mexica. Os mexicas estabeleceram uma intensa área de comércio. Os comerciantes chamados pochtecas, constituíam um grupo social a parte, que, além dos produtos trazidos pelos mercadores recebiam tributos pagos pelos povos dominados.

Os astecas adotavam um calendário solar com 18 meses de 20 dias, mais um décimo nono mês de cinco dias, perfazendo 365 dias.

Sua arquitetura era grandiosa sofisticada. A cidade de Tenochtitlán tinha pontes, canais, calçadas, praças e avenidas. Os manuscritos hieroglíficos e pictográficos (chamados códices) atestam a habilidade dos escribas-pintores.

Já a religião mexica caracterizou-se pela variedade de manifestações, pelo politeísmo, pela origem heterogênea e pelos sacrifícios aos deuses. Os astecas empreendiam as chamadas ‘guerras floridas’ para conseguir prisioneiros que, depois, seriam sacrificados.

►Os incas: Na região da Cordilheira dos Andes, na costa oeste da América, desenvolveu-se um grande império: ou Império de Tawantinsuyu – que significa ‘quatro caminhos’ -, também chamado de Império Inca. A origem dos incas é incerta, mas sabe-se que eles estabeleceram na região a partir do século XIV, tendo Cuzco como o centro de seu império. Ao longo do século XIV, uma série de monarcas guerreiros conquistou a hegemonia local e Cuzco passou a ser o centro do mundo incaico. A maioria da população inca vivia em uma multiplicidade de pequenas coletividades agropastoris. O chefe do ayllu era o kuraka, que, entre outras funções, distribuía terras, organizava os trabalhos coletivos e era responsável pela resolução dos conflitos. O território do ayllu chamava-se marca. Cada família tinha, para usufruto, lotes de terra. Extensas áreas de estepes eram utilizadas coletivamente para a atividade agropastoril, com a criação da alpaca e da lhama animais típicos da região. A terra, em última instância, pertencia ao Império Inca, que recebia parte da produção e tinha o direito de exigir a prestação de serviços dos súditos. Todos tinham de trabalhar, somente os inválidos e doentes estavam dispensados. Os instrumentos de trabalho eram simples, como a enxada de madeira chamada taclla. Cultivavam cerca de 300 variedades de batatas, plantavam milho nos vales mais quentes, produziam uma bebida chamada chicha. Nas áreas úmidas produziam a coca, a mastigação dessa planta reduzia a fome e o cansaço e possuía importância em seus rituais religiosos. Produziam a quinoa o arroz andino. As técnicas agrícolas eram avançadas, com a construção de terraços e canais. O guano (excremento de ave marinha) era utilizado como fertilizante.

A sociedade inca era hierarquizada e subdividia-se: No topo da pirâmide social estava o sapa inca ( o ‘único inca’), soberano absoluto e adorado como um deus. Os incas construíram estradas pavimentadas, criaram um sistema de correio. Os templos e palácios bem como as fortalezas, destacavam-se, ainda hoje, pelas técnicas de construção. Os incas integraram as construções às paisagens andinas, como podemos observar em Machu Picchu e Ollantaitambo. Produziam cerâmica e tecidos. Quanto a religião, os incas eram politeístas e idólatras. Cultuavam o deus Sol (Inti) que ocupava um lugar de destaque no panteão andino. Acreditavam em um deus criador Viracocha, cultuavam os mortos e realizavam sacrifícios principalmente de animais, mas também de humanos. Os soberanos eram mumificados e guardados no templo do Sol. Procissões, sacrifícios, danças, jejum e abstinência sexual caracterizavam o ritual dos diversos festivais religiosos.