sábado, 8 de abril de 2017

Aristóteles

Aristóteles (384–322 a.C) foi um importante filósofo grego. Um dos pensadores com maior influência na cultura ocidental. Foi discípulo do filósofo Platão. Elaborou um sistema filosófico no qual abordou e pensou sobre praticamente todos os assuntos existentes, como a geometria, física, metafísica, botânica, zoologia, astronomia, medicina, psicologia, ética, drama, poesia, retórica, matemática, e sobretudo lógica.
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estágira, na Macedônia, antiga região da Grécia. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas III. Teve sólida formação em Ciências Naturais. Com 17 anos partiu para Atenas, foi estudar na "Academia de Platão". Logo se tornou o discípulo predileto do mestre. "Minha Academia se compõe de duas partes: o corpo dos alunos e o cérebro de Aristóteles", afirmava Platão.
O brilhante aluno escreveu uma série de obras, nas quais aprofundava, como também modificava as doutrinas do mestre. Dos seus numerosos escritos, apenas 47 sobreviveram ao tempo, muitos porém incompletos. Suas pesquisas sobre os objetivos de cada ciência foram importantes para determinar um campo específico de estudo, possibilitando seu desenvolvimento. Procurou explicar com o raciocínio todos os fenômenos do Universo. A filosofia de Aristóteles abrange a natureza de Deus (Metafísica), do homem (Ética) e do Estado (Política).
A teoria de Aristóteles, de forma geral, é uma refutação ao seu mestre. Enquanto Platão era a favor da existência do mundo das idéias e do mundo sensível, Aristóteles defendia que poderíamos captar o conhecimento no próprio mundo que vivemos. Para Aristóteles Deus não é o criador, mas o motor do Universo. Segundo sua filosofia, a felicidade é o único objetivo do homem. E se para ser feliz é preciso fazer o bem ao outro, então o homem é um ser social e precisamente um ser político.
Quando Platão morreu, em 347 a.C., Aristóteles, depois de vinte anos de Academia, já era importante e deveria ser o substituto natural do mestre, na direção da Academia. Porém foi rejeitado por ser considerado estrangeiro. Decepcionado, deixou Atenas e foi para Atarneus, na Ásia Menor, onde tornou-se conselheiro de estado de seu antigo colega, o filósofo e político Hermias. Casa-se com Pítia, filha adotiva de Hermias, mas entra em choque com a sede de riqueza do amigo, em contraste com seus ideais de justiça. Quando os persas invadiram o pais e crucificou seu governante, Aristóteles mais uma vez ficou sem pátria.
Aristóteles volta para a Macedônia em 343 a.C., e recebe a missão de educar Alexandre, filho de Filipe II da Macedônia. O rei queria que seu filho fosse um requintado filósofo. Durante quatro anos como preceptor na corte, teve oportunidade de desenvolver muitas de suas teorias. Em 335 a.C., Aristóteles fundou, em Atenas, sua própria escola, chamada Liceu, por estar situada nos edifícios dedicados ao deus Apolo Lício, onde além de cursos técnicos, ministrava aulas públicas para o povo em geral.
Em seus escritos sobre ética, Aristóteles define que as virtudes devem estar sempre no meio termo, ou seja, devemos nos afastar dos extremos para não sucumbirmos nos vícios e excessos. Na astronomia, concebeu o sistema geocêntrico, que foi referência durante milênios. Na lógica, criou o raciocínio estruturado no silogismo, onde uma conclusão depende de certas premissas prévias. Na psicologia, criou a divisão entre alma e intelecto. Enunciou, pela primeira vez, o princípio básico da Sociologia: "O homem é um animal social".
Aristóteles considerava a ditadura a pior forma de governo. A forma mais desejável de governar é a que "permite a cada homem exercitar suas melhores habilidades e viver os mais agradável seus dias". Os atenienses não estavam dispostos a ouvir suas sábias palavras e o acusavam de ter apoiado o governo despótico de Alexandre Magno, rei da Macedônia, que dominava a Grécia. Com a morte de Alexandre, em 323 a.C., o filósofo abandona Atenas.
Aristóteles morreu em 322 a.C., em Cálcia, na Eubéia. Em seu testamento determinou a libertação de seus escravos. Foi essa talvez, a primeira carta de alforria da história.

Obras de Aristóteles

Suas obras podes ser divididas em quatro grupos:
Lógica - "Sobre a Interpretação", "Categorias", "Analíticos", "Tópicos", "Elencos Sofísticos" e os 14 livros da "Metafísica", que Aristóteles denominava "Prima Filosofia". O conjunto dessas obras é conhecido pelo nome de "Organon".
Filosofia da Natureza - "Sobre o Céu", "Sobre os Meteoros", oito livros de "Lições de Física" e outros tratados de história e vida dos animais.
Filosofia Prática - "Ética a Nicômano", "Ética a Eudemo", "Política", "Constituição Ateniense" e outras constituições.
Poéticas - "Retórica" e "Poética".

Platão

Platão (427 a.C. - 347 a.C.) foi um filósofo grego da antiguidade, considerado um dos principais pensadores da história da filosofia. Tornou-se discípulo do filósofo Sócrates. Sua obra foi escrita em forma de diálogos, onde a figura principal é Sócrates. Sua filosofia é baseada na teoria de que o mundo que percebemos com nossos sentidos é um mundo ilusório, confuso. O mundo espiritual é mais elevado, eterno, onde o que existe verdadeiramente são as ideias, que só a razão pode conhecer.
Platão (427 a.C. - 347 a.C.) nasceu em Atenas, Grécia, provavelmente no ano 427 a.C. Pertencia a uma das mais nobres famílias de Atenas. Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas recebeu o apelido de Platão, que em grego significa de ombros largos. Como todo aristocrata de sua época, recebeu educação especial, estudou leitura e escrita, música, pintura e poesia e ginástica. Era excelente atleta, participou dos jogos olímpicos como lutador. Mas, por tradição de família, Platão desejava dedicar-se à vida pública, como descreveu em uma de suas muitas cartas.
Desde cedo, porém, Platão se tornou discípulo de Sócrates, aprendendo, conhecendo e discutindo os problemas e as virtudes humanas. Quando Sócrates foi condenado à morte, Platão desiludiu-se com a política e voltou-se inteiramente para a filosofia. Realizou estudos em várias partes do mundo, foi para Megara onde estudou Geometria com Euclides, importante matemático da época. Esteve no Egito onde estudou Astronomia. Em Cyrene, no norte da África, aperfeiçoar-se em Matemática. Em Crotona, no sul da Itália, manteve contato com os discípulos de Pitágoras, notável filósofo e matemático.
De todas essas viagens, a mais famosa foi sua estada em Siracusa, na Sicília, então pertencente à Magna Grécia, onde procurou criar, por várias vezes, uma sociedade ideal, que havia descrito no tratado sobre teoria política, “A República”, em que ele revela tanto tendências democráticas quanto totalitárias, defendendo o governo absoluto da sociedade pela classe dos filósofos ou sábios, onde deveria vigorar forte igualitarismo. As tentativas falharam e em todas as vezes foi ameaçado por adversários políticos e obrigado a abandonar a cidade.
Os estudos realizados por Platão deram-lhe a formação intelectual necessária para formular as próprias teorias, aprofundando os ensinamentos de Sócrates. A fim de eternizar os ensinamentos do mestre, que não havia redigido nenhum livro, escreveu vários diálogos onde a figura principal é Sócrates, com isso tornou conhecidos seu pensamento e seu método. Os primeiros diálogos platônicos se ocupam da ”ética”, e são de natureza negativa, mostrando apenas o que não compreendemos, como por exemplo, em que consiste a virtude.
Sua filosofia inclui também a “teoria das ideias”, que são objetos imutáveis e eternos do pensamento, e servem para explicar a aquisição de conceitos, a possibilidade de conhecimento e o significado das palavras. Platão é também famoso por sua “teoria da anamnese” (reminiscência), de acordo com a qual muitos de nossos conhecimentos não são adquiridos através da experiência, mas já conhecidos pela alma na ocasião do nascimento, uma vez que a experiência serve apenas para ativar a memória.
Em 387 a.C., de volta para Atenas, fundou sua escola filosófica, "Academia", local que reunia seus discípulos para estudar Filosofia, Ciências, Matemática e Geometria. Adotou o lema de Sócrates "O sábio é o virtuoso". Cerca de trinta obras de Platão chegaram até nossos dias, entre elas, "República", "Protágoras", "Banquete", "Fedro", "Apologia", entre outras. Quando morreu, estava escrevendo "As Leis", um grande tratado. Entre seus discípulos o que mais se destacou foi Aristóteles. A Academia só foi fechada no ano de 529, pelo imperador romano Justiniano.
Platão faleceu em Atenas, na Grécia, no ano 347 a.C.

Sócrates

O pensamento do filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra" e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.
Nessa empreitada de colocar a filosofia a serviço da formação do ser humano, Sócrates não estava sozinho. Pensadores sofistas, os educadores profissionais da época, igualmente se voltavam para o homem, mas com um objetivo mais imediato: formar as elites dirigentes. Isso significava transmitir aos jovens não o valor e o método da investigação, mas um saber enciclopédico, além de desenvolver sua eloqüência, que era a principal habilidade esperada de um político.
Sócrates concebia o homem como um composto de dois princípios, alma (ou espírito) e corpo. De seu pensamento surgiram duas vertentes da filosofia que, em linhas gerais, podem ser consideradas como as grandes tendências do pensamento ocidental. Uma é a idealista, que partiu de Platão (427-347 a.C.), seguidor de Sócrates. Ao distinguir o mundo concreto do mundo das idéias, deu a estas status de realidade; e a outra é a realista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão que submeteu as idéias, às quais se chega pelo espírito, ao mundo real.

Ensino pelo diálogo

Nas palavras atribuídas a Sócrates por Platão na obra Apologia de Sócrates, o filósofo ateniense considerava sua missão "andar por aí (nas ruas, praças e ginásios, que eram as escolas atenienses de atletismo), persuadindo jovens e velhos a não se preocuparem tanto, nem em primeiro lugar, com o corpo ou com a fortuna, mas antes com a perfeição da alma".

Defensor do diálogo como método de educação, Sócrates considerava muito importante o contato direto com os interlocutores - o que é uma das possíveis razões para o fato de não ter deixado nenhum texto escrito. Suas idéias foram recolhidas principalmente por Platão, que as sistematizou, e por outros filósofos que conviveram com ele.

Sócrates se fazia acompanhar frequentemente por jovens, alguns pertencentes às mais ilustres e ricas famílias de Atenas. Para Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e muito menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de autodomínio. Depois dele, a noção de controle pessoal se transformou em um tema central da ética e da filosofia moral. Também se formou aí o conceito de liberdade interior: livre é o homem que não se deixa escravizar pelos próprios apetites e segue os princípios que, por intermédio da educação, afloram de seu interior.

Opondo-se ao relativismo de muitos sofistas, para os quais a verdade e a prática da virtude dependiam de circunstâncias, Sócrates valorizava acima de tudo a verdade e as virtudes - fossem elas individuais, como a coragem e a temperança, ou sociais, como a cooperação e a amizade. O pensador afirmava, no entanto, que só o conhecimento (ou seja, o saber, e não simples informações isoladas) conduz à prática da virtude em si mesma, que tem caráter uno e indivisível.

Segundo Sócrates, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca do saber é o caminho para a perfeição humana, dizia, introduzindo na história do pensamento a discussão sobre a finalidade da vida.

O despertar do espírito

O papel do educador é, então, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, despertando sua cooperação para que ele consiga por si próprio "iluminar" sua inteligência e sua consciência. Assim, o verdadeiro mestre não é um provedor de conhecimentos, mas alguém que desperta os espíritos. Ele deve, segundo Sócrates, admitir a reciprocidade ao exercer sua função iluminadora, permitindo que os alunos contestem seus argumentos da mesma forma que contesta os argumentos dos alunos. Para o filósofo, só a troca de idéias dá liberdade ao pensamento e a sua expressão - condições imprescindíveis para o aperfeiçoamento do ser humano.

O nascimento das ideias, segundo o filósofo 

Sócrates comparava sua função com a profissão de sua mãe, parteira - que não dá à luz a criança, apenas auxilia a parturiente. "O diálogo socrático tinha dois momentos", diz Carlos Roberto Jamil Cury, professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
O primeiro corresponderia às "dores do parto", momento em que o filósofo, partindo da premissa de que nada sabia, levava o interlocutor a apresentar suas opiniões. Em seguida, fazia-o perceber as próprias contradições ou ignorância para que procedesse a uma depuração intelectual. Mas só a depuração não levava à verdade - chegar a ela constituía a segunda parte do processo. Aí, ocorria o "parto das idéias" (expresso pela palavra maiêutica), momento de reconstrução do conceito, em que o próprio interlocutor ia "polindo" as noções até chegar ao conceito verdadeiro por aproximações sucessivas. O processo de formar o indivíduo para ser cidadão e sábio devia começar pela educação do corpo, que permite controlar o físico.
Já para a educação do espírito, Sócrates colocava em segundo plano os estudos científicos, por considerar que se baseavam em princípios mutáveis. Inspirado no aforismo "conhece-te a ti mesmo", do templo de Delfos, julgava mais importantes os princípios universais, porque seriam eles que conduziriam à investigação das coisas humanas.

Biografia

Sócrates nasceu em Atenas por volta de 469 a.C. Adquiriu a cultura tradicional dos jovens atenienses, aprendendo música, ginástica e gramática. Lutou nas guerras contra Esparta (432 a.C.) e Tebas (424 a.C.).
Durante o apogeu de Atenas, onde se instalou a primeira democracia da história, conviveu com intelectuais, artistas, aristocratas e políticos. Convenceu-se de sua missão de mestre por volta dos 38 anos, depois que seu amigo Querofonte, em visita ao templo de Apolo, em Delfos, ouviu do oráculo que Sócrates era "o mais sábio dos homens". Deduzindo que sua sabedoria só podia ser resultado da percepção da própria ignorância, passou a dialogar com as pessoas que se dispusessem a procurar a verdade e o bem.
Em meio ao desmoronamento do império ateniense e à guerra civil interna, quando já era septuagenário, Sócrates foi acusado de desrespeitar os deuses do Estado e de corromper os jovens. Julgado e condenado à morte por envenenamento, ele se recusou a fugir ou a renegar suas convicções para salvar a vida. Ingeriu cicuta e morreu rodeado por seus amigos, em 399 a.C

Contexto histórico: Atenas, capital da democracia e do saber

Sob o governo de Péricles (499-429 a.C.), a cidade-estado de Atenas, vitoriosa na guerra contra os persas e enriquecida pelo comércio marítimo, tornou-se o centro cultural do mundo grego, para o qual convergiam os talentos de toda parte.
Fídias, o arquiteto e escultor que dirigiu as obras do Partenon, o maior templo da Acrópole, os dramaturgos Sófocles, Ésquilo, Eurípedes e Aristófanes e o orador Demóstenes são nomes dessa época.
O regime democrático ateniense - restrito aos cidadãos livres, deixando de fora estrangeiros e escravos - foi fortalecido por reformas que limitaram os poderes da burguesia rica e ampliaram os da assembléia e do júri popular. A educação artística do povo foi estimulada pela exibição de obras de arte em locais públicos e pelas representações teatrais.

Para pensar

Ao eleger o diálogo como método de investigação, Sócrates foi o primeiro filósofo a se preocupar não só com a verdade mas com o modo como se pode chegar a ela. Eis por que ele é considerado por muitos o modelo clássico de professor. Quando você prepara suas aulas, costuma levar em conta a necessidade de ajudar seus alunos a desenvolver procedimentos para que possam pensar por si mesmos?

Quer saber mais?

História da Educação na Antigüidade, Henri-Irénée Marrou, 656 págs., Ed. EPU, tel. (11) 3168-6077, 135 reais 

Paidéia - A Formação do Homem Grego, Werner Jaeger, 1413 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 101,40 reais 

Sócrates, coleção Os Pensadores, Ed. Nova Cultural, tel. (11) 3039-0900 (edição esgotada) 

Sócrates, Rodolfo Mondolfo, Ed. Mestre Jou (edição esgotada) 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Basílica Santa Sofia, Istambul


Bizâncio, antiga capital do Império do mesmo nome, constituído pela parte oriental do Império Romano, foi, em 330, rebatizada pelo imperador Constantino, transformando-se, sob o nome de Constantinopla, no centro da Igreja Oriental grego-ortodoxa. O esplendor  da cidade enriquecida pela sua posição geográfica no ponto de cruzamento das importantes vias comerciais, manifestou-se principalmente no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano, o Grande. Foi graças a ele que diversas igrejas foram erguidas na cidade, destacando-se entre elas a de Santa Sofia, construída em 532 para servir de sede ao Patriarcado.

O substantivo SOPHIA significa em grego sabedoria. Dado esse nome á igreja, esta tornou-se simbolicamente, a depositária da santificada sapiência e transforou-se no centro da vida eclesiástica da Igreja Oriental. Destruída parcialmente em 558 por um terremoto, foi aperfeiçoada e enriquecida pelo arquiteto Isídoro, o jovem.

Nenhum edifício bizantino posterior ultrapassou Santa Sofia em maturidade de ordenação da estrutura interna. A vasta nave central, coroada por enorme cúpula e ladeada por duas semi-cúpulas, produziu notáveis efeitos acústicos, tão a gosto da suntuosa liturgia grego-ortodoxa. A influencia dessa igreja seria sentida até o Ocidente, inspirando nela os arquitetos da basílica de são Marcos em Veneza, da igreja de São Vital de Ravena e até da catedral de Aquisgrano, na Alemanha.

O santuário de Santa Sofia foi separado da nave por uma fina parede, dentro da qual a porta central, chamada de santa, e localizada defronte do altar, aprofundava o ambiente de mistério que caracteriza a liturgia local.

No interior da igreja, outrora rico em mosaicos ocultos sob o reboco em época turca, e hoje me parte redescoberto, encontram-se numerosos exemplares de esculturas entalhadas, de capiteis rendilhados e de preciosos mármores policromos. Transformada Santa Sofia em mesquita, após a queda de Constantinopla, foram acrescidos a ela diversos minaretes que, justapostos às imponentes moles, modificaram a primitiva estrutura externa, enquanto o aspecto interno foi alterado cobrindo-se os elementos decorativos cristãos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

UMA BREVE INTRODUÇÃO AO POSITIVISMO E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL.




 Autor: LEANDRO CLAUDIR PEDROSO

RESUMO

Para aqueles que estudam a História a presença e influência do positivismo no Brasil sempre foi uma realidade analisada e estudada como base de nossa República, pois em nossas terras encontrou terreno fértil nas mentes sedentas por novas ideias. Para tanto vemos que o mesmo foi trazido para o Brasil por vários pensadores que tiveram sua experiência no exterior ou a proximidade com as ideias de Comte. Aqui em nossa pátria são muitos os nomes que se sobressaíram por meio das doutrinas do mestre de Montpellier e cada um destes trouxe suas peculiaridades e acréscimos para o Apostolado Positivista no Brasil. O mesmo se da em relação à ampla abrangência da atuação do movimento em praticamente todos os Estados da Federação, ainda que com diferenças e particularidades de cada região. Em todo o envolvimento que o comtismo teve em nosso país, ele conseguiu abranger praticamente todas as áreas de atuação intelectual, seja da medicina a política chegando à literatura e ensino de modo a confundir-se com a nossa própria história. E devido a todas essas marcas, o Positivismo no Brasil serviu como uma alavanca evolutiva em nossa cultura, uma cultura jovem de uma nação jovem, que carecia de sua presença e o mesmo não deixou faltar.
Palavras chaves: História. Positivismo. Brasil. República. Augusto Comte.

1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho traremos ao conhecimento do leitor as informações concernentes ao positivismo em tratando de sua origem e ideias, seus pensamentos baseados nas ideias de Augusto Comte, bem como os propostos objetivos estabelecidos pelo Mestre de Montpellier como era também chamado Comte. Nos pontos relativos aos pensadores internacionais que difundiram as ideias comtianas traremos as principais mentes envolvidas e sua relação com a propagação do movimento pelo mundo, suas ideias e as vertentes de pensamentos dentro do positivismo ao qual pertenciam e aqueles relacionados a ascensão das ciências naturais aos quais muito influenciou. Desenvolveremos as ideias com base nos eventos históricos datados da origem da filosofia Positivistas e depois de deixarmos os leitores cientes dos propósitos de Comte com o mesmo e seu interesse com o olhar cientifico sobre a sociologia, embarcaremos na influência que o mesmo teve no Brasil, sua ação em nosso país que se desenvolveu no meio dos centros culturais dos Estados de nossa nação, conheceremos os principais centros de difusão do Positivismo no Brasil e o modo como os mesmo influenciou a vida politica e intelectual de nossa nação em meados do século XIX e inicio do XX. Discorreremos pelos principais nomes relacionados às ações da filosofia comtiana e os Estados aonde atuaram e a ligação dos mesmos com a causa republicana, uma das ações aonde o Positivismo foi predominante para a derrocada do império e a ascensão da República. Poderemos observar ao longo do trabalho a relação entre as Escolas politécnicas do sudeste do Brasil e a influência das mesmas em seus alunos e professores, aos quais viriam a ser divulgadores dos pensamentos de Augusto Comte em nossa pátria. Bem como também não seria diferente nas faculdades de ciências exatas e biológicas, o positivismo teve ai uma grande influência, em trabalhos e teses dos quais muitas foram elaboradas por aqueles que viriam ser os divulgadores da filosofia do Mestre de Montpellier. Apresentaremos as datas aproximadas da chegada das primeiras obras positivistas no Brasil e a regiões aonde foram divulgadas e o impacto causado por elas nas diversas áreas da cultura e politica nacionais. Bem como o nome dos primeiros divulgadores da filosofia positivista aqui e sua busca no exterior e em terras nacionais por aprimorarem seus conhecimentos. Em por menores traremos com alguns detalhes aqueles nomes de positivistas nacionais que marcaram suas épocas pelo engajamento com as ideias de Comte. E ao final exporemos em amplo espectro as ações e os engajados nelas por cada região do Brasil respectivamente, desde o momento da chegada da filosofia as suas respectivas regiões e suas principais influências e aqueles que por ela fizeram uso para um melhor desenvolvimento da sociedade com base na ciência pelos pensamentos filosóficos comtianos.


2 ENTENDENDO O POSITIVISMO

O Positivismo é uma escola filosófica, chamada tempos depois de Filosofia Científica, fundada por Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857), sendo sua principal marca a revolta antimetafísica. As bases de Comte se desenvolveram a partir de reflexões na ciência e filosofia do século XIX, acreditando que somente através da ciência pode conduzir as pessoas ao conhecimento através da experiência, sendo considerado pelo mesmo como a base e fundamento metodológico de uma nova ciência social, a física social ou sociologia que tempos depois também seria vista por Comte como a Religião da Humanidade. Mas mesmo ele se considerava continuador de uma ideia iniciada pelo filosofo ligado à Enciclopédia, Nicolas de Condorcet (1743-1794) que foi talvez o primeiro a formular de maneira precisa a ideia de que a ciência da sociedade, nas suas várias formas, deve tomar o caráter de uma matemática social, mas com uma diferença fundamental, ele os considerava demasiadamente críticos e negativos. Na sua visão, o pensamento deve ser inteiramente positivo, eliminando as críticas e negatividade, mas mesmo com essas divergências, sempre considerou com apresso as ideias de Condorcet mesmo segundo ele nunca ter chegado a entender as leis que regem a sociedade devido aos seus preconceitos revolucionários como definiu Comte.
Pela visão positivista as ações filosóficas e cientificas devem ser norteadas a atuar somente na análise dos fatos que podem ser comprovados pela experiência, pois domínio das coisas em si como nos ensina não é acessível ao espirito humano que deve rejeitar aquilo que estabelecido sem verificação, demarcando deste modo, as leis e reações entre os fenômenos observados e sua influência. Dentro do positivismo distinguem-se duas vertentes de pensamento: o então Positivismo Clássico de Augusto Comte, e o Positivismo lógico, movimento filosófico surgido entre as duas grandes guerras, que teve no Círculo de Viena a sua maior expressão. O Positivismo Lógico caracteriza-se por relacionar a tradição empirista ao formalismo da lógica matemática, recomendando a interação entre o objeto de estudo a análise da relação entre fatos objetivos e a linguagem que busca considerá-los. Em relação a esse assunto a posição dos linguistas que limitavam suas considerações aos fatos da linguagem como um conjunto de fenômenos que deveriam ser expostos indiferentes aos que as utilizam. Ação esta que chegou a última instancia em fins do século XIX, com a ascensão das ciências naturais e do método analítico. Contra ela reagiram além dos linguistas da chamada escola idealista, alguns linguistas independentes, como Graziadio Isaia Ascoli (1829-1907) e Hugo Ernst Mario Schuchardt  (1842-1927).
Michael Löwy (1938) nos escreve suas ideias de como seria um positivismo ideal, e para tanto ele apresenta três ideias principais da qual norteia seus pensamentos, em seu primeiro apontamento refere-se ao fato de que a sociedade humana é organizada por leis naturais que atuam independente do querer humano ou de suas ações em prol disso. O positivismo propõe que essas leis e organizam as atividades da vida social, econômica e politica, tem por base as mesmas estruturas das leis que regem a natureza, e desse modo segundo o positivismo o que manda na sociedade é a harmonia vigente como no mundo natural. Com isso temos as bases epistemológicas de que os métodos para conhecer a sociedade e a natureza são os mesmo, a partir dessa conclusão Löwy denomina essa ação de naturalismo positivista. Para o próprio Löwy a mais importante de suas três conclusões sobre o tipo ideal de positivismo é que as ciências sociais devem ser como as ciências naturais, objetivas, neutras, livre de juízos de valores e de ideologias.  Trabalhando com a objetividade cientifica, analisando a sociedade com o mesmo espírito, uma concepção positivista onde as ciências sociais estão afastadas de qualquer vinculo com as classes sociais, posições politicas, valores morais, ideologias e visões de mundo. Resume-se em apagar os elementos ideológicos da ciência social que não passam de preconceitos para o positivismo e prejuízos para que a objetividade científica.

2.1 METODOLOGIA

Para a elaboração deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliografia nas obras em que foram encontrados temas referentes ao Positivismo no Brasil como estão presentes nas referências. As obras foram estudas para a composição do trabalho, segundo as informações contidas nas mesmas de modo a extrair os princípios particulares que foram necessários para a composição deste trabalho. Foi observado o fenômeno positivista e sua influência em nossa realidade brasileira, aonde procuramos mostrar a veracidade ou refutar as hipóteses apresentas aqui.

3 INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL


Outra contribuição do Positivismo para o Brasil foi à bandeira nacional, adotada pelo Decreto nº 4, de 19 de novembro de 1889, projeto de Teixeira Mendes, com a cooperação de Miguel Lemos, cujo protótipo se encontra ainda hoje no Templo da Humanidade do Rio de Janeiro. Muitas influências do Positivismo podem apontar para a organização da República de 1889. Dentre elas o acrescimento ao Projeto da Constituição do Governo Provisório que afirma que nenhuma guerra pode ter lugar, salvo no caso de agressão imediata, sem recorrer-se ao arbitramento. Outra influência positivista diz respeito à reforma do ensino, tanto civil quanto militar em 1890.
No Brasil o desenvolvimento do Positivismo foi importantíssimo para o desenvolvimento de nossas próprias ideias nacionais e de nossa identidade como nação para o mundo moderno. Sua história em nosso país tem grande importância, pois foi sob as bases positivistas em sua grande parte que nossa nação se preparou teoricamente para receber o novo sistema de governo, a República. Logo após a queda do império se olharmos para os principais envolvidos vemos que a grande maioria dos republicanos eram de propagandistas positivistas e que logo após a ruína do império encontramos os mesmos ocupando cargos elevados do governo e da administração pública. Na área política de nossa nação temos nomes como o de Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1836-1891), positivista e republicano, fez-se sentir sobre grande número de oficiais principalmente do Exercito, e de civis que mais tarde tiveram postos de comando na vida brasileira. A primeira constituição gaúcha de cunho republicano teve fortemente presente as ideias de Comte, ocupou o governo positivista Júlio Prates de Castilhos (1860-1903), sucedido por outro, Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961). Liderando o executivo de outros Estados também estiveram presentes os positivistas: Lauro Nina Sodré e Silva (1858-1944), no Pará; Alexandre José Barbosa Lima (1862-1931), em Pernambuco; João Pinheiro da Silva (1860-1908), em Minas Gerais, sendo estes apenas alguns nomes das constelações de positivistas republicanos. O Positivismo de Comte e suas ideias influenciaram as constituições republicanas do Amazonas e do Espírito Santo.
No período em que o positivismo esteve presente na vida pública brasileira duas vertentes de pensamento se destacaram: a primeira era o Positivismo ortodoxo, seguido pelos que não queriam qualquer atualização no espirito da doutrina, defendendo até mesmo “os aparatos do culto externo”, que Comte havia prescrito para dar forma à religião da Humanidade; a segunda era uma visão positivista que abrangia dentro de uma área mais extensa em que as ideias de Comte eram as principais, mas sem ser as únicas ideias aceitas. De acordo com Stuart Mill, estes acreditavam que a simples adesão ás criações dos grandes espíritos científicos, cujas descobertas foram capitais para a humanidade. Diante destas duas correntes positivistas do Brasil e suas opiniões divergentes, entraram em confronto na segunda metade do século XIX e inicio do XX, os seguidores do segundo grupo voltaram-se para duas áreas distintas, em uma poderiam aceitar a doutrina comtiana sem a rigidez da ideologia ortodoxa aonde só os pensamentos de Comte valiam. Essas duas novas áreas nos quais se dirigiram, podem ser representadas pelas orientações dada ao Positivismo por Littré e pelo Evolucionismo de Spencer, aonde os ensinamentos de Comte acham um crescimento junto as ideias de Darwin e Spencer. Deixando de ser algo fechado em si próprio e permitindo a presença de novas ideias em seu meio como nos mostra Littré, respondendo deste modo as necessidades da ciência que está em constante aprimoramento. Deste modo encontrou o Positivismo em Spencer um novo nome para estenderem suas doutrinas e em Littré alguém que as reformulou para as necessidades da ciência moderna. Mesmo que com muitas divergências, seus seguidores encontravam muitas ideias convergentes e assim puderam trabalhar em conjunto com as ideias filosóficas de cunho cientifica presentes na época. Mas o interesse pelas reformas de Littré foi se esvanecendo e por fim o Positivismo Ortodoxo agregou os grupos em uma vertente.
No inicio do século XX, Augusto Comte tornou-se um nome presente nos círculos acadêmicos do Brasil, ao ponto de ser visto lado a lado com as ideias dos filósofos da Antiguidade. Criando um clima geral de completa fascinação por suas ideias. Em São Paulo ainda que vigorasse as ideias conservadoras da filosofia, os acadêmicos paulistas abraçavam as novas correntes de pensamento. As mais influentes eram o materialismo e o positivismo, mas a ação do positivismo no Brasil instaurou um conflito entre os bispos e o poder civil.   Comte sempre suscitou que o Positivismo espalhar-se-ia rapidamente pelo mundo, mas nunca imaginou que seria o Brasil a terra mais fértil aonde suas ideias cresceriam áreas dos estudos e também exercendo influência nas instituições sócias por várias regiões de nosso pais.
Augusto Comte considerava a incorporação da massa obreira à sociedade um dos mais graves problemas sociais de todos os tempos, pois a mesma vivia a margem, acampada ao redor da sociedade. Dessas ideias comtianas, Teixeira Mendes por meio de Benjamin Constant submeteu em 25 de dezembro de 1889 as medidas a favor dos trabalhadores ao Governo Provisório. Outra importante influência do Apostolado Positivista foi à liberdade no exercício das profissões, quer sejam elas morais, intelectuais ou industriais. E do mesmo modo não admiti privilégios para diplomados no serviço público. Essa inovação foi transplantada para a Constituição Federal em 1891 e para a Constituição do Rio grande do Sul. São também de inspiração positivista os artigos da Constituição de 1891 que proíbem o anonimato na imprensa.
Grande preocupação teve o Apostolado Positivista com nossas populações fetichistas, chegando mesmo a definir o Brasil em seu projeto de constituição como uma Federação composta pelas populações brancas, de origem europeia, mais as hordas aborígenes espalhadas pelo território nacional. Vale a pena transcrever os princípios sob os quais Cândido Rondon, uma simpatizante do positivismo conduziu sua obra humanitária em nosso interlan, pelos quais podemos nos aperceber que muito dificilmente alguém teve para com nossos humildes irmãos da floresta melhor atitude de coexistência pacífica:
“I-Morrer se preciso for; mas matar, nunca. II- Respeitar as tribos indígenas como nações independentes, embora sociologicamente embrionárias. II- Garantir aos índios a posse das terras que habitam, necessárias à sua sobrevivência. IV- Assegurar aos índios a proteção direta do Estado, não como favor, mas como dever de assistência à sociedade fetichista, que não pode competir com tecnologia do civilizado.” (SOARES, 1998, p. 105.)

Dentre as diversas áreas de ação do positivismo encontramos sua atividade na liberdade de cultos, uma questão que mereceu maior interesse através da separação da Igreja do Estado, sendo está uma de suas principais conquistas após a instituição da República. O próprio Comte via a separação entre poderes temporais e espirituais o principio capital da política moderna. Ficando assim proposto por Benjamin Constant em 9 de dezembro de 1889: “Art.1º-É livre o exercício de qualquer culto, ficando abolida a união entre Estado e a Igreja Católica.”

4 GRANDES NOMES DO POSITIVISMO NO BRASIL

O aparecimento escrito da doutrina positivista de no Comte no Brasil ocorreu pela primeira vez na metade do século XIX, escrita em português na obra de Antônio Ferrão Moniz de Aragão (1813-1887), em seu livro Introdução dos Elementos de Matemática, publicados na Bahia em 1858, e declarando-se abertamente como seguidor de Augusto Comte difusor de suas ideias positivistas. Atuando de principio diretamente contra as filosofias com base espiritualista, que até então eram a única e exclusiva base da filosofia no Brasil por meio de seus renomados representantes dos quais cito os seguintes nomes como o de Frei Francisco de Mont’Alverne (1784-1858), Domingos Gonçalves de Magalhães (1811-1882), Eduardo Ferreira França (1809-1857), Padre Patrício Muniz Tavares (1793-1876), Soriano de Sousa (1833-1895) e Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905). Nesse confronto se engajaram em uma frente, o Positivismo ao lado do Materialismo e do Evolucionismo, que marcavam suas posições entre os pensadores da época, mas foi a influência positivista que predominou durante esta fase aonde as ideias filosóficas no Brasil começaram a se renovar. Advindo primeiramente de brasileiros que estudaram na França, alguns chegando a se alunos do próprio Augusto Comte, nomes como os de José P. d’Almeida, Antônio Campos Belos, Agostinho Roiz Cunha dentre outros. Com o passar do tempo o positivismo expandiu seu campo de ação em virtude de teses que diversos professores defenderam em escolas superiores, nesse aspecto destacam-se nomes como os de Luís Pereira Barreto (1840-1923), com suas sobras, Teoria das Gastralgias e das Nervoses em Geral, em dois vol., e As Três Filosofias. A cidade de Recife era o principal centro de onde por meio da denominada Escola de Recife, cujo iniciador foi Tobias Barreto (1839-1889) homem de mente ativa e pensamento inquieto logo buscou outros caminhos sem seus estudos do pensamento. O mesmo ocorreu com outros dois vultos eminentes deste grupo, Sílvio Romero e Clóvis Bevilacqua, que passaram a orientar-se pelo Evolucionismo spenceriano, pensamento filosófico fundado por Herbert Spencer (1820-1903), filósofo e sociólogo inglês. Apesar da influência comtiana que os acompanhou sempre. A filosofia de Spencer, para esses dois pensadores, nada mais era que um desdobramento do positivismo comtiano, sua verdadeira adaptação à doutrina de Darwin, como podemos ver através dessa citação de Spencer:
"Passando do homem como indivíduo, ao homem em sociedade, encontramos novos e mais variados exemplos da lei geral. A passagem do homogêneo ara o heterogêneo verificam-se também nos progressos da civilização, vista em conjunto, do mesmo modo que nós de cada nação ou tribo". (SPENCER, 2002, Pg. 30)

A primeira atividade de um positivista que se tem noticia no Brasil foi a de Justiniano da Silva Gomes, que realizou uma tese de concurso para a cadeira de Fisiologia na Faculdade de Medicina da Bahia em 5 de setembro de 1844, com o título de “Plano e Método de um Curso de Fisiologia”. Nesta tese ele aplicou a Lei dos Três Estados, cita Comte diretamente e suas ideias positivistas. Diferente do que muitos pensavam o positivismo chegou ao Brasil por meio da Biologia e não das ciências exatas como era o consenso há muito tempo. O crescimento da filosofia de Comte somente cresceu desde a publicação da tese de Justiniano que serviu como uma alavanca propulsora das ideias comtianas. Muitos brasileiros foram até a França estudar com o próprio Augusto Comte e trouxeram ou vieram posteriormente inspirados pelo interesse dos acadêmicos brasileiros pelo positivismo vários discípulos de Comte. Que posteriormente difundiam os conhecimentos que adquiriram no contato com os discípulos de Comte. A partir da metade do século XIX as ideias positivistas vem entrando e estando presente mais frequentemente nas Escolas Politécnicas e Faculdades do Brasil, aonde teses de matemática, física e astronomia são defendidas sob a bandeira do positivismo.
Dois nomes que desenvolveram grandes ações no Apostolado Positivista do Brasil e sua expansão no Rio de Janeiro após sua conversão foram Miguel Lemos e Teixeira Mendes, aonde foi instalada a Igreja Positivista. Outra façanha de ambos foi a idealização da bandeira da República com sua máxima positivista “Ordem e Progresso. O apostolado positivista também foi pioneiro ao dar assistência aos índios baseados em seus ideais de justiça e fraternidade. E para tanto não poderíamos deixar de ter outro grande nome, nosso conhecido Cândido Rondon, pioneiro e em grande parte responsável pela criação das atuais leis de amparo aos índios.
Como não poderia ser diferente os nomes daqueles envolvidos com o positivismo sempre estiveram afrente do seu tempo e isso se deu com Nisia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885), foi pioneira na luta pela emancipação feminina, pela abolição dos escravos, se envolveu com a educação e literatura, sendo a mantenedora por muitos anos do Colégio Augusta no Rio de Janeiro. Sua paixão pelo positivismo pelo inicio em 1857, quando então participou e uma conferencia aonde Augusto Comte apresentou suas ideias e desde esse momento manteve uma amizade muito próxima com o filosofo. Do mesmo modo como cresceu a amizade entre ambos, cresceu os ideais do positivismo em Nisia, tornando-se uma das grandes discípulas de Comte, que viajou pelo Brasil e o mundo levando o pensamento positivista.
Luiz Pereira Barreto (1840-1923) é o nome que nos vem em mente quando se trata da difusão do positivismo nas terras brasileiras, médico, homem de mente aberta, pronto a ampliar sua visão de mundo, lutou pela aplicação das campanhas de vacinação em massa obrigatória contra a varíola, indo contra até os colegas positivistas ortodoxos que consideravam essa ação uma afronta às liberdades pessoais e uma violência moral, pois invadia a consciência das pessoas. Sua inteligência e discernimento fizeram de Barreto um propagandista de primeira ordem do Positivismo no Brasil, sendo o mesmo difusor direto das ideias de Comte e utilizando as mesmas de forma atenta aos principais problemas do Brasil e as soluções apontados pela filosofia positivista. Escreveu centenas de artigos de cunho filosófico, a maioria de caráter polêmico. Publicou também na Europa vários artigos de difusão do Positivismo em várias línguas.
Em 1857, outro brasileiro cujo nome seria reconhecido como um dos grandes positivistas do Brasil foi Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1837-1891), este chegou aos ensinos do mestre de Montpellier através da matemática e do qual se tornou um propagandista árduo e fervoroso. Sua personalidade foi uma das grandes marcas de sua pessoa que somente ajudaram o positivismo a se difundir. Benjamin Constant lutou durante a Guerra do Paraguai e após o termino do conflito trabalhou como diretor do Instituto de Cegos, do qual adquiriu experiência e elaborou um relatório do qual por meio de técnicas inovadoras, mas polêmicas para a época demonstrou sua compreensão do papel da educação. Fundou um dos maiores colégios de educação, voltado para o domínio cultural, baseado nas ideias de Comte que veio a se tornar um dos maiores formadores de grandes mentes da época, a Escola de Educação Superior.  Benjamin Constant era um homem intimamente ligado a politica, da qual teve um papel crucial para a formação da República brasileira. Trabalhou junto com Deodoro da Fonseca, e sua ligação com o mesmo transformou as atividades republicanas de forma efetiva. Entrou para os anais da História positivista como o fundador da República brasileira, sendo o mesmo inteiramente fiel aos ensinamentos do mestre de Montpellier no que diz respeito aos ensinos científicos, políticos e religiosos. Chegou a ser Ministro da Instrução Pública, de onde realizou intensas mudanças no ensino básico, técnico e superior.
Demétrio Nunes Ribeiro (1853-1933), bacharel em ciências físicas e matemáticas, foi um dos fundadores do Partido Republicano Rio-grandense, primeiro Ministro da Agricultura do regime republicano em 1889.  Mesmo diante  do pouco tempo que permaneceu como ministro, foi o suficiente para realizar conquistas básicas como a separação da Igreja e do Estado. Diante disto se deu ampla liberdade espiritual, benéfica a todos os cultos. Outras consequências foram o casamento civil e a secularização dos cemitérios. Demétrio Ribeiro foi ainda proponente do Decreto relativo às festas e aos feriados nacionais.
Outro nome que não pode esquecido é de Edgar Roquette-Pinto e suas teses sobre a cultura brasileira, escritas sob as ideias de grandes mentes do positivismo no Brasil. Como nos mostra Jorge Antonio Rangel em sua biografia sobre Edgar Roquette-Pinto:




“A vocação pública de Roquette-Pinto manifestou-se por uma aproximação heterodoxa do positivismo comtiano que, por sua vez, oscilou entre as duas correntes do liberalismo, a conservadora e da democracia liberal, o que se expressou na apreensão e incorporação críticas que Roquette-Pinto fez de autores nacionais e internacionais ligados ao comtismo, tais como, Euclides da Cunha, Alberto Torres, Manoel Bonfim, Bancroft, Bichat, Mendel, Galton, Davenport que o influenciaram na produção de suas teses argumentativas acerca  dos conceitos de cultura e de brasilidade.”  ( RANGEL. 2010 pg. 22.)

Na segunda parte de sua tese de doutorado Roquette-Pinto mostra seu interesse pelo positivismo em sua visão de médico recém-formado, pois elabora toda sua síntese filosófica sobre os povos nativos da América pelas ideias comtianas.

Sacramento da Eucaristia


Sagrada Eucaristia é o Sacramento em que Jesus Cristo entrega o Seu corpo e o Seu sangue Ele próprio – por nós, para que também nos entreguemos a Ele em amor e nos unamos a Ele na Sagrada Comunhão. Assim nos ligamos ao corpo único de Cristo, a Igreja.

A Eucaristia é, depois do Batismo e da Confirmação, o terceiro sacramento da iniciação cristão da Igreja Católica. A Eucaristia é o misterioso centro de todos estes sacramentos, pois a imolação histórica de Jesus na cruz torna-se presente, de uma forma oculta e incruenta, durante a consagração do pão e do vinho. A Eucaristia é, portanto, “fonte e centro de toda a vida cristã” (Concílio Vaticano II, Lumen gentium, n°.11). Tudo aponta para ela; aliás, não há nada maior que se possa alcançar. Quando comemos o pão partido, unimo-nos ao amor de Jesus, que no madeiro da cruz nos ofereceu o Seu corpo; quando bebemos do cálice, unimo-nos Àquele que até derramou sangue durante a Sua oferta por nós. Não inventamos este rito; foi o próprio Jesus que celebrou com os Seus discípulos a Última Ceia e antecipou a Sua morte; Ele ofereceu-Se aos Seus discípulos sob os sinais do pão e do vinho e exortou-os a celebrarem a Eucaristia a partir da Sua morte: “Fazei sito em memória de Mim!” (I Cor 11,24).

A celebração da Eucaristia é o cerne da comunhão cristã. Nela a Igreja torna-se Igreja. Distintos nomes designam este mistério insondável: Santo Sacrifício,  Santa Missa, Missa Sacrificial, Ceia do Senhor, Fração do Pão, Assembleia Eucarística, Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição, Santa e Divina Liturgia, Sagrados Mistérios, Sagrada Comunhão. A palavra Missa provém d fórmula de despedida em língua latina ITE MISSA EST, que significa “Ide, sois enviados!”

Youcat – Catecismo Jovem da Igreja Católica. São Paulo: Paulus Editora, 2011. Pg. 123-125.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Sobre a santidade de Maria


Deus quis que Jesus Cristo tivesse uma verdadeira mãe humana, reservando a Si próprio a paternidade do Seu Filho, pois desejava estabelecer um novo início que não se devesse às forças humanas, mas só a Ele.

A virgindade de Maria não é uma noção retirada da mitologia, mas está basicamente ligada à vida de Jesus. Ele nasceu de uma mulher, mas não teve um pai biológico. Jesus Cristo é um novo início, instituído no mundo pelo Alto. No Evangelho segundo São Lucas, Maria pergunta ao anjo Gabriel; “Como será isto, se eu não conheço homem?” (Lc 1,34); o anjo respondeu-lhe; “O Espírito Santo virá sobre ti.” (Lc 1,35).Embora se tenha feito troçado da Igreja, desde o princípio, por causa da sua crença na virgindade de Maria, ela sempre acreditou que aqui se tratava de uma virgindade real, e não meramente simbólica.

Outro fato importante que devemos abordar é referente ao fato que Maria não teve outros filhos senão Jesus, seu único filho biológico. Já na Igreja antiga se partia do princípio de que a virgindade de Maria era perene, o que excluía a ideia de que Jesus tivesse irmãos biológicos. Em aramaico a língua-mãe de Jesus, só existe uma palavra para ‘irmão’ e ‘irmã’, ‘primo’ e ‘prima’. Onde, nos evangelhos, se fala de ‘irmãos’ de Jesus (por exemplo, Mc 3,31-35), refere-se a parentes próximos d’Ele.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Biografia de São João da Cruz


São João da Cruz nasceu em 1542 em Fontiveros, província de Ávila, na Espanha. Seus pais se chamavam Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. Gonzalo pertencia a uma família de posses da cidade de Toledo. Por ter-se casado com uma jovem de classe “inferior” foi deserdado por seus pais e tornou-se tecelão de seda.

Em 1548, a família muda-se para Arévalo. Em 1551 transfere-se para Medina del Campo, onde o futuro reformador do Carmelo estuda numa escola destinada a crianças pobres. Por suas aptidões, torna-se empregado do diretor do Hospital de Medina del Campo. Entre 1559 a 1563 estuda Humanidades com os Jesuítas. Ingressou na Ordem dos Carmelitas aos vinte e um anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina del Campo. Pensa em tornar-se irmão leigo, mas seus superiores não o permitiram. Entre 1564 e 1568 faz sua profissão religiosa e estuda em Salamanca. Tendo concluído com êxito seus estudos teológicos, em 1567 ordena-se sacerdote e celebra sua Primeira Missa.

Infelizmente, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas. Decepcionado, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. O desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. Em 1577 foi preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual. “Padecer e depois morrer” era o lema do autor da “Noite Escura da alma”, da “Subida do monte Carmelo”, do “Cântico Espiritual” e da “Chama de amor viva”.

A doutrina de João da Cruz é plenamente fiel à antiga tradição: o objetivo do homem na terra é alcançar “Perfeição da Caridade e elevar-se à dignidade de filho de Deus pelo amor”; a contemplação não é um fim em si mesma, mas deve conduzir ao amor e à união com Deus pelo amor e, por último, deve levar à experiência dessa união à qual tudo se ordena”. “Não há trabalho melhor nem mais necessário que o amor”, disse o Santo. “Fomos feitos para o amor”. “O único instrumento do qual Deus se serve é o amor”. “Assim como o Pai e o Filho estão unidos pelo amor, assim o amor é o laço da união da alma com Deus”.

O amor leva às alturas da contemplação, mas como o amor é produto da fé, que é a única ponte que pode salvar o abismo que separa a nossa inteligência do infinito de Deus, a fé ardente e vívida é o princípio da experiência mística. João da Cruz costuma pedir a Deus três coisas: que não deixasse passar um só dia de sua vida sem enviar-lhe sofrimentos, que não o deixasse morrer ocupando o cargo de superior e que lhe permitisse morrer humilhado e desprezado.

Faleceu no convento de Ubeda, aos quarenta e nove anos, no dia 14 de dezembro de 1591, após três meses de sofrimentos atrozes. A primeira edição de suas obras deu-se em Alcalá, em 1618. No dia 25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado e declarado Doutor da Igreja por Pio XI . Em 1952 foi proclamado “Patrono dos Poetas Espanhóis”.

A Doutrina da Cruz segundo São João da Cruz

"Quão estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. Poucos são os que o encontram. Devemos observar bem a ênfase dada à partícula 'quão', pois é como se dissesse 'na verdade é muito estreita, mais do que podeis imaginar...' Essa via ao alto monte da perfeição, exige viajantes que não levem fardos que os façam pender para baixo... Já que se tem o propósito de somente buscar e alcançar a Deus, somente a ele se há de buscar e alcançar de fato! Instruindo-nos e incitando-nos nesse caminho, Jesus Cristo proferiu essa doutrina tão admirável e, receio dizer, tanto menos praticada pelas amas (que se sentem atraídas à vida espiritual) quanto mais necessária!

'Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas o que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, irá salvá-la'.

Oh! Quem poderia aqui agora dar a entender, praticar e saborear este conselho!... aniquilação de toda a suavidade em Deus... aridez... tédio... sofrimentos... eis a pura cruz espiritual e a nudez do espírito pobre, segundo Jesus. O verdadeiro espírito antes procura em Deus a amargura que as delícias, prefere o sofrimento ao consolo, a privação ao gozo, a aridez e as aflições às doces comunicações celestes, sabendo que isto é seguir a Cristo e renunciar-se. Agir de outro modo é buscar-se a si mesmo em Deus, o que é muito contrário ao amor. Buscar a Deus nele mesmo... é inclinar-se a escolher, por amor a Cristo, tudo quanto há de mais áspero, seja de Deus, seja do mundo". A renúncia, segundo a vontade divina, consiste em "morrer para sua natureza... aniquilando-a... em tudo quanto a vontade julga ser valioso na ordem temporal, natural e espiritual... Quem assim tomar a cruz sobre si experimentará o jugo suave e o fardo leve, encontrando em todas as coisas grande alívio e suavidade... Quando a alma ficar desfeita em nada - isto é, a suprema humildade - estará realizada a união espiritual entre a alma e Deus... união que consiste numa viva morte de cruz, sensitiva e espiritual, interior e exterior".


S. João da Cruz, Subida ao Monte Carmelo, Livro II.

domingo, 8 de janeiro de 2017

São João da Cruz, conhecido como doutor místico


Nasceu em Fontiveros, na Espanha, em 1542. Seus pais, Gonçalo e Catarina, eram pobres tecelões. Gonçalo morreu cedo e a viúva teve de passar por dificuldades enormes para sustentar os três filhos: Francisco, João e Luís, sendo que este último morreu quando ainda era criança. Como João de Yepes (era este o seu nome de batismo) mostrou-se inclinado para os estudos, a mãe o enviou para o Colégio da Doutrina. Em 1551, os padres jesuítas fundaram um colégio em Medina (centro comercial de Castela). Nele, esse grande santo estudou Ciências Humanas.
Com 21 anos, sentiu o chamado à vida religiosa e entrou na Ordem Carmelita, na qual pediu o hábito. Nos tempos livres, gostava de visitar os doentes nos hospitais, servindo-os como enfermeiro. Ocasião em que passou a ser chamado de João de Santa Maria. Devido ao talento e à virtude, rapidamente foi destinado para o colégio de Santo André, pertencente à Ordem, em Salamanca, ao lado da famosa Universidade. Ali estudou Artes e Teologia. Foi nesse colégio nomeado de “prefeito dos estudantes”, o que indica o seu bom aproveitamento e a estima que os demais tinham por ele. Em 1567 foi ordenado sacerdote.
Desejando uma disciplina mais rígida, São João da Cruz quase saiu da Ordem para ir ingressar na Ordem dos Cartuxos, mas, felizmente, encontrou-se com a reformadora dos Carmelos, Santa Teresa D’Ávila, a qual havia recebido autorização para a reforma dos conventos masculinos. João, empenhado na reforma, conheceu o sofrimento, as perseguições e tantas outras resistências. Chegou a ficar nove meses preso num convento em Toledo, até que conseguiu fugir. Dessa forma, o santo espanhol transformou, em Deus e por Deus, todas as cruzes num meio de santificação para si e para os irmãos. Três coisas pediu e acabou recebendo de Deus: primeiro: força para trabalhar e sofrer muito; segundo: não sair deste mundo como superior de uma comunidade; e terceiro: morrer desprezado e escarnecido pelos homens.
Pregador, místico, escritor e poeta, esse grande santo da Igreja faleceu após uma penosíssima enfermidade, em 1591, com 49 anos de idade. Foi canonizado no ano de 1726 e, em 1926, o Papa Pio XI o declarou Doutor da Igreja. Escreveu obras bem conhecidas como: Subida do Monte Carmelo; Noite escura da alma (estas duas fazem parte de um todo, que ficou inacabado); Cântico espiritual e Chama viva de amor. No decurso delas, o itinerário que a alma percorre é claro e certeiro. Negação e purificação das suas desordens sob todos os aspectos.
São João da Cruz é o Doutor Místico por antonomásia, da Igreja, o representante principal da sua mística no mundo, a figura mais ilustre da cultura espanhola e uma das principais da cultura universal. Foi adotado como Patrono da Rádio, pois, quando pregava, a sua voz chegava muito longe.