domingo, 21 de setembro de 2014

Yakuza:coisas que você não sabia sobre a organização criminosa japonesa.


            Poucas organizações mafiosas são tão famosas mundo afora quanto a Yakuza, a máfia japonesa. Seja por meio de filmes, seriados, desenhos animados, quadrinhos, jogos eletrônicos ou outros veículos, as práticas do grupo foram divulgadas pelo mundo e sua fama – ou infâmia – se propagou de forma romantizada, angariando admiração e respeito, quando não puro medo.



            No entanto, muitas das informações fornecidas por esses meios podem acabar distorcidas ou exageradas, passando uma impressão errada sobre a organização. Confira a seguir algumas informações e curiosidades sobre esse poderoso e assustador grupo e descubra um pouco mais sobre sua história e costumes.

País pequeno, máfia enorme

            Atualmente, a Yakuza “emprega” mais de 100 mil pessoas, o que a torna uma das maiores organizações criminosas conhecidas no mundo inteiro. Após a Segunda Guerra Mundial, o total de membros chegou a impressionantes 184 mil, o que representa mais da metade da força policial japonesa, que em 2010 contava com 291.475 homens.

Lealdade até a morte

            A estrutura de poder dentro do sindicato criminoso segue um típico formato piramidal, com o líder no topo e distribuição de poder entre suas camadas de capangas leais. Seguindo as tradições japonesas, os kobun (termo que designa os seguidores ou “filhos”) têm o dever de manter uma lealdade inabalável e obediência absoluta ao oyabun (o chefão ou “pai”), tendo que estar dispostos até a sacrificar suas vidas pelo bem-estar de seu senhor.

Um dedo a menos

            Falhas de subordinados ao cumprir ordens dificilmente resultam em simples broncas ou “demissões”, sendo predominantes as punições por meio de violência física. Erros mais graves costumam ser “pagos” por meio da prática do yubizume, a amputação de um dos segmentos do dedo mindinho.

            O ato vem de uma tradição japonesa antiga cujo objetivo era tornar a pessoa punida mais dependente de seu superior quando precisar de proteção. Na era Meiji, isso significava que o amputado não seria capaz de brandir sua espada com tanta liberdade quanto poderia se ainda tivesse seu dedo inteiro.

A união faz a força

            A Yakuza funcionava na forma de famílias rivais até meados do século XX, quando Yoshio Kodama uniu todas as facções e se tornou seu primeiro “poderoso chefão”. O novo comandante possuía uma ideologia política de extrema direita e desviou muito dinheiro para o Partido Democrático Liberal japonês, com orientações anticomunistas.

            Kodama foi um dos responsáveis pelo escândalo de 1976 envolvendo a companhia aeroespacial norte-americana Lockheed. Por meio do intermédio da Yakuza, a empresa pagou mais de US$ 3 milhões em suborno para o primeiro-ministro japonês da época, Kakuei Tanaka. A parceria entre os mafiosos e os partidos de extrema direita nacionalista continua até hoje e traz benefícios para ambos os lados. Enquanto a Yakuza ganham influência sobre as decisões políticas por vias legais, os políticos podem usar a força da organização para atividades ilegais.

Urso assassino

            Conhecido pelo apelido Kuma (que pode ser traduzido como “urso”) por conta do seu costume de atacar os olhos dos oponentes, Kazuo Taoka era o oyabun da maior família de mafiosos do Japão, a Yamaguchi-gumi. Certa vez, o chefão recebeu um tiro na parte traseira do pescoço e sobreviveu sem sequelas – seu atacante, no entanto, não teve a mesma sorte e foi encontrado morto uma semana depois, tendo seu corpo abandonado em uma floresta na área de Kobe.

Síndrome de Robin Hood

            Os membros da Yakuza costumam ver mortes violentas como uma forma poética, trágica e honrosa de partir dessa para uma melhor, além de terem o hábito de roubar dos ricos e ajudar os desprovidos. Esses conceitos românticos da vida criminosa fazem com que a organização acabe sendo vista favoravelmente pelo público.

            Quando o Japão foi atingido pelo grande tsunami de 2011, a Yakuza respondeu à crise com mais agilidade do que o próprio governo japonês. Os bandidos entregaram carregamentos de comida, água potável, cobertores e suprimentos de higiene pessoal aos centros de evacuação nas regiões mais a nordeste do país.

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