segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A SECA DE 1932

Histórico da Seca de 1932



Na seca de 1932, milhares de flagelados pretendiam seguir do sertão para Fortaleza em busca de alimentos e melhores condições de vida. Temendo uma invasão maciça da Capital, o governo concentrou os retirantes num campo improvisado na barragem do Açude Patu, em Senador Pompeu. Centenas de famílias foram mantidas ali sob a promessa de trabalho, mantimentos e água. Mas repentinamente, a construção foi paralisada e os sertanejos abandonados à própria sorte. Logo vieram a fome e as doenças. Sem amparo, muitos morreram. Não existem números oficiais, mas o povo da cidade estima que pelo menos sete mil homens, mulheres e crianças foram enterrados no cemitério da barragem.

Para entendermos uma página negra da história do Brasil, ocorrida no Ceará, primeiramente durante a seca de 1915 e depois repetida em 1932, é necessário voltarmos um pouco no tempo, até 1877, época de outra grande seca que assolou o estado nordestino.



ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SENADOR POMPEU

Como é sabido por todos(ou ao menos deveria ser) a seca sempre foi um flagelo sazonal no Cariri. A falta de uma política efetiva, nesse sentido, perpetua o sofrimento dos irmãos nordestinos ao longo dos séculos.
Em 1877, ainda no tempo do império, a grande seca que assolou o sertão cearense, fez com que uma grande massa humana se deslocasse em direção das grandes cidades da época, como por exemplo Fortaleza, que obviamente era dominada pelas elites. Pressionados pela fome e pela falta de condições de sobrevivência e não encontrando resposta para as mesmas, esse famélico cortejo invadiu a capital da terra do sol e passou a saqueá-la.
Durante esse período (1877-1879) a solução encontrada pelo governo foi incentivar os flagelados a colonizarem a Amazônia, originando assim o primeiro Ciclo da Borracha.
Em 1915, nova seca fez com que os sertanejos se dirigissem para as grandes cidades, desta feita o Governo do Ceará, optou por criar o primeiro ”campo de concentração, no alagadiço, hoje Otávio Bonfim, ao oeste da cidade de Fortaleza, lá foram “abrigadas” mais de 8 mil almas a quem eram fornecidas alimentação sob a vigília constante de soldados. Mais uma vez foi estimulada a migração para a Amazônia e o campo ( curral humano ) foi desativado em novembro do mesmo ano.

Em 1932, nova seca assola o Ceará e novamente o movimento dos sertanejos se faz em direção às grandes cidades atendidas pela via férrea. Desta feita o governo instala novos campos de concentração, cercados por arames farpados e vigiados por soldados em:
Senador Pompeu, Ipu, Quixeramubim, Cariús, Crato (Buriti, por onde passaram 65.000 pessoas) além do já conhecido campo do Alagadiço( Otávio Bonfim) e o novo campo a noroeste da capital, o Pirambu, mais conhecido como o Campo do Urubú.


Campos projetados para abrigar 2000 pessoas, chegaram a manter 18.000 flagelados. As condições de higiene inexistiam, as pessoas viviam em verdadeiros currais.
Ao chegar tinham suas cabeças raspadas e eram obrigadas a usar um uniforme feito de sacas de açúcar, confeccionado por eles mesmos.
A cabeça raspada impedia a proliferação de piolhos, no entanto, as péssimas condições de higiene, alimentação precária e um surto de cólera, dizimaram milhares de sertanejos presos nesses campos de concentração tupiniquins.

“A seca de 1932 foi uma das maiores da história do Ceará. Fome e doenças como cólera, febre amarela e varíola marcaram aquele povo sofrido pela sede e fome. Senador Pompeu foi uma das cidades que abrigou um dos sete campos de concentração, criados pelo governo da época para deter a vinda de retirantes à Fortaleza.”

Mais uma vez o governo mandou milhares de cearenses para a amazônia , dando origem ao segundo ciclo da borracha.
Estima-se que cerca de 73 000 flagelados foram confinados nesses campos onde as condições eram desumanas, o que resultou em inúmeras mortes.
Ainda durante essa seca, flagelados cearenses foram enviados para o combate nas trincheiras da Revolução de 1932 em São Paulo.
Com o advento da segunda guerra mundial e temendo comparações com os campos de concentração nazistas os tais campos de concentração foram totalmente desativados e em outras ocasiões subsequentes e semelhantes, criaram-se albergues onde a população flagelada recebia melhor tratamento.
Quanto ás mortes também não se pode considerar que os campos de concentração cearenses tinham a intenção de serem campos de extermínio, mas sim o de afastar do olhar das elites das grandes cidades a face da pobreza de seus semelhantes que viviam no sertão.

-Qualquer semelhança com fatos contemporâneos não será mera coincidência.

De qualquer maneira, milhares de pessoas morreram, outro tanto foi enviado para bem longe, de forma que, ao invés de se solucionar o problema das secas, dava-se sumiço aos que dela padeciam.
Toda documentação desses infames campos de concentração tupiniquins tem sido oculta ao longo das décadas, embora haja hoje ação na justiça solicitando a identificação, via dna de todos os mortos sepultados em valas comuns e seu translado para cemitérios regulares.
Pleiteia-se também indenização para os sobreviventes e seus descendentes.
A “Justiça” cearense, manobra de todas as formas possíveis, extinguindo as ações sem julgamento de mérito , tentando com isso fazer permanecer no esquecimento essa página negra da nossa história.
Em Senador Pompeu, esta triste memória permanece viva graças ao misticismo das pessoas que acreditam que as almas sofridas, enterradas no improvisado “cemitério da barragem” atendem a pedidos e fazem milagres.

“O governo obrigava as vítimas da seca a trabalhar na construção da barragem do açude Patu. No entanto, repentinamente, a obra teve seus trabalhos paralisados e, junto com a paralisação, o governo deixou de manter o posto de saúde e o setor de fornecimento de alimentos que funcionava no campo. Com isso, os retirantes foram adoecendo e morrendo.

Atualmente, Senador Pompeu é o único município onde se encontra viva a memória do campo de concentração. O cemitério da Barragem do Patu é considerado um espaço sagrado para visitação. Há romarias, pessoas que rezam e pagam promessas. Os moradores acreditam que as almas dos concentrados são milagrosas, porque sofreram muito”.

VOCÊ QUER SABER MAIS?

http://valdecyalves.blogspot.com/2009/11/caminhada-da-seca-em-2009-em-senador.html


http://pt.wikipedia.org/wiki/Campos_de_concentra%C3%A7%C3%A3o_no_Cear%C3%A1


http://opovo.uol.com.br/opovo/ceara/834054.html


http://institutocasarao.blogspot.com/2010/05/campo-de-concentracao-da-seca-de-1932.html


http://www.direitoshumanos.etc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3713:barragem-do-patu-ce-monumento-homenageara-vitimas-da-seca&catid=15:dhescas&Itemid=158


http://www.google.com.br/webhp?sourceid=navclient-ff#q=Campo+de+Concentra%C3%A7%C3%A3o+da+Barragem+do+Patu,+na+Seca+de+1932&hl=pt-BR&sa=G&biw=720&bih=342&prmd=v&source=univ&tbs=vid:1&tbo=u&ei=nE-qTK-FCYP_8AbN7rnhDA&oi=video_result_group&ct=title&resnum=4&ved=0CCYQqwQwAw&fp=b5795d582281b2b0


http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=591129


sábado, 2 de outubro de 2010

FOTÓGRAFOS DA BOMBA ATÔMICA.

ATÉ ONDE VAI A FALTA DE SABEDORIA HUMANA?

De 1945 até 1962, as forças militares dos EUA estavam soprando centenas de bombas atômicas na atmosfera. Naquela época um monte de fotógrafos estavam fazendo fotos do poder destrutivo da bomba atômica. Apenas alguns deles sobreviveram até hoje.



















VOCÊ QUER SABER MAIS?

http://topics.nytimes.com/top/news/science/topics/atomic_weapons/index.html

http://www.atomicarchive.com/Effects/index.shtml

http://www.wagingpeace.org/menu/issues/nuclear-weapons/index.htm

REVOLUÇÃO DE 30. TERCEIRA CONSTITUIÇÃO

TERCEIRA CONSTITUIÇÃO
(A CONSTITUIÇÃO DA REVOLUÇÃO DE 30)


NOME ............Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil
DATA .............16 de Julho de 1934

ORIGEM ....... Promulgada

DURAÇÃO ....3 anos


PREÂMBULO

Nós, os representantes do Povo Brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para organizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem estar social e econômico, decretamos e promulgamos a seguinte...
ORGANIZAÇÃO

A Nação Brasileira, constituída pela união perpétua e indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios em Estados Unidos do Brasil, mantém como forma de governo, sob o regime representativo, a República Federativa proclamada em 15 de novembro de 1889 (artigo 1º). Todos os poderes emanam do povo, e em nome dele são exercidos (artigo 2º).

PODERES

São da soberania nacional, dentro dos limites constitucionais, os poderes Legislativos, Executivos e Judiciários, independentes e coordenados entre si (artigo 3º da Constituição Federal).

RELIGIÃO

É inviolável a liberdade de consciência e de crença, e garantido o livre exercício dos cultos religiosos, desde que não contravenham a ordem pública e aos bons costumes. As associações religiosas adquirem personalidade jurídica nos termos da lei civil (nº 5 do artigo 113).

OBSERVAÇÕES:

(1ª) = Constituinte com escassa participação popular adota medidas de proteção ao trabalho e tem tom nacionalista. O processo constituinte que dele resultou em 1934 forma um momento muito especial da história Brasileira, ainda pouco aprofundada. Há vários aspectos interessantes: os antecedentes, com a revolução de trinta, a vitória de seus ideais modernizadores, o não chamamento imediato a reconstitucionalização, a revolução de 1932; o fato de ser a única Assembléia Constituinte com representantes classistas; a busca do social, através das semelhanças com a Constituição de Weimar (Alemanha 1919); o contexto de efervescência mundial em que foi feita; a sua efêmera duração...

(2ª) = A Constituinte, eleita após duras contestações ao governo provisório de Getúlio Dornelles Vargas, tinha duzentos e quatorze representantes eleitos através de partidos e representação proporcional e quarenta representantes classistas, escolhidos por processos indiretos de entidades patronais e de empregados. Foi um período bastante crítico e instável da vida nacional. A Constituição resultante teria avanços até em relação à realidade de hoje. Todavia, não teve sustentação. Foi abortada pelo Estado Novo em 1937.

(3ª) = A nova ordem constitucional, instituiu: a firme opção pela paz e pelo arbitramento, com repúdio à guerra de conquista “por si ou em aliança com outra Nação”; a Justiça Eleitoral, o voto secreto e a Justiça do Trabalho. Além de haver expressamente estendido às mulheres a possibilidade de acesso à cidadania. O voto feminino era obrigatório salvo se a mulher não exercesse função pública remunerada; constitucionalizaram-se os direitos sociais, reconhecidos e deferidos à classe trabalhadora; introduziu e criaram, no plano da declaração de direitos, como instrumento de proteção às liberdades públicas, o mandado de segurança e a ação popular; institucionalizaram como órgãos de cooperação nas atividades governamentais, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e os Conselhos Técnicos; unificou e concentrou na União, com exclusividade, a competência para legislar sobre processo em matéria eleitoral; atribuiu ao Supremo Tribunal Federal a denominação de Corte Suprema, composta de onze ministros; implantou o modelo cooperativo de federalismo; atenuou a rígida separação Igreja-Estado, autorizando a criação e manutenção de cemitérios religiosos, reconhecendo eficácia jurídico-civil ao casamento religioso, permitindo o ensino religioso de freqüência facultativa, nas escolas públicas; a coordenação dos poderes; a submissão da ordem econômica aos princípios de justiça e às necessidades da vida nacional; a previsão do monopólio estatal por interesse público e através de lei; a nacionalização dos bancos e das empresas de seguros; a pluralidade sindical e a completa autonomia dos sindicatos; extinguiu o cargo de Vice-Presidente da República; tornou indissolúvel o vínculo matrimonial e proibição da usura, e outros.

RESUMINDO

Foi uma Assembléia Constituinte com escassa participação popular. Getúlio Dornelles Vargas assumiu o poder no final do mês de outubro de 1930, como delegado da Revolução, em nome do Exército, da Marinha e do Povo.
Tinha o apoio popular, mas era uma frente chefiada por oligarquias dissidentes, sem um plano preciso de ação, além da vaga plataforma da Aliança Liberal. A crise econômica e social era extensa. Havia dois milhões de desempregados e subempregados. O governo se propunha a normalizar a vida do país, atender às aspirações políticas dos revoltosos vencedores, conterem os sentimentos de revanche das oligarquias derrotadas e, ainda, impedir o crescimento dos comunistas, muito ativos.
As diversas insatisfações dos grupos paulistas, tanto dos vencedores de 1930, marginalizados por Getúlio Dornelles Vargas, quanto dos derrotados, une-se, então, numa Frente Única. Um grupo estudantil (em 23 de maio de 1930) invade a sede da legião de Miguel Costa (chefe de polícia de Getúlio Dornelles Vargas). No tiroteio que se segue morrem os estudantes: Euclides Bueno Miragaia; Mário Martins de Almeida; Dráusio Marcondes de Souza; e Antonio Américo de Camargo Andrade.
Quatro paulistas que tombaram, gloriosamente, pela causa Constitucionalista, barbaramente trucidado pela polícia ditatorial, na Praça da
República. Sua morte viria a representar o heroísmo do soldado constitucionalista, e, deu origem à sigla “M.M.D.C.”, surgindo daí a “Sociedade Veteranos de 1932”.
A nove de julho de 1932, uma proclamação de general Isidoro Dias Lopes e do coronel Euclides de Figueiredo constitui uma Junta Revolucionária paulista. As adesões estaduais esperadas por São Paulo, no entanto, não ocorreram.
A Constituição de 1934 traz um conjunto de novidades que refletem uma época de mudanças econômicas e sociais. O direito de monopolizar, por motivo de interesse público, certas indústrias. Prévia a nacionalização progressiva dos bancos de depósito e das empresas de seguros, e proibia os juros excessivos, ou seja, a usura. Instituiu o monopólio dos brasileiros ou de empresas organizadas no país para as reservas minerais. Instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal e as férias anuais remuneradas, a indenização por dispensa sem justa causa. Reconhecia os Sindicatos e Associações profissionais. Criou a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, estendendo o direito de voto às mulheres e aos maiores de dezoito anos de idade. Enumera minuciosamente a separação dos poderes entre os Estados e a União, ampliando a margem de ação do poder central e coibindo as tendências autonomistas da Constituição de 1891.

VOCÊ QUER SABER MAIS?

Fausto, Boris: A Revolução de 1930: historiografia e história, São Paulo, Brasiliense, 1972.

Fausto, Boris:
História do Brasil, São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1995

Cândido, Antônio: A Revolução de 1930 e a cultura, São Paulo, Cebrap, 1984.

Cândido, Antônio: O Significado de Raízes do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1995

Buarque de Holanda, Sérgio: Raízes do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1995.

Murakami, Ana Maria Brandão. A Revolução de 1930 e seus antecedentes.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal