domingo, 5 de dezembro de 2010

Por que os satélites artificiais não caem.

Prof. Rogério C. Trajano da Costa, IFSC Transcrição da Revista do CDCC, julho/1987

Todos nós sabemos, pela experiência da nossa vida diária, que qualquer corpo projetado para cima acaba caindo de volta na superfície da Terra.

Este fato, como certamente já fomos informados, é devido à força da gravidade que a Terra exerce sobre todos os corpos; de modo que, para nos mantermos afastados de sua superfície, precisamos exercer uma força oposta que anule a influência da atração terrestre.

Esta força tanto pode ser a tensão de uma corda na qual estamos pendurados como o empuxo do ar no caso de um balão (o mesmo tipo de força que permite os navios flutuarem na água), ou ainda a diferença de pressão do ar entre as partes inferior e superior das asas de um avião; mas, num caso ou outro, podemos sempre reconhecer um meio de sustentação capaz de se opor ao efeito da força da gravidade.

Ora, no lançamento de um satélite artificial a propulsão do foguete atua apenas durante um tempo limitado no começo da trajetória, após o qual o satélite permanece em órbita sem o auxílio de qualquer força aparente.
Por que então um satélite não cai?

Para responder a esta pergunta a primeira coisa que devemos saber é que qualquer corpo abandonado nas vizinhanças imediatas da Terra é por esta atraído, com aceleração constante (a aceleração da gravidade).

Dizer que a aceleração de um corpo é constante significa dizer que sua velocidade cresce continuamente numa taxa uniforme, isto é, ela sofre acréscimos iguais em intervalos de tempo de mesma duração. No caso da gravidade, por exemplo, a velocidade de um corpo abandonado a partir do repouso (com velocidade nula portanto) cresce 9,8 m/s em cada segundo. Assim, por exemplo:

  • No fim de 1 segundo sua velocidade será: 0 + 9,8 m/s = 9,8 m/s.
  • No fim de 2 segundos sua velocidade será: 9,8 m/s + 9,8m/s = 19,6 m/s.
  • No fim de 3 segundos sua velocidade será: 19,6 m/s + 9,8m/s = 29,4 m/s.

Observe a Figura 1. No seu lado esquerdo mostramos as posições A0, A1, A2, A3, ocupadas por este corpo em intervalos iguais de 1 segundo, desde o momento em que é largado (0 segundos) até atingir o solo (3 segundos). (Note que os espaços percorridos nestes intervalos são cada vez maiores pois a velocidade está crescendo continua­mente).

Text Box:  Figura 1
Figura 1

Já no lado direito da mesma figura, indicamos as posições B0, B1, B2, B3, ocupadas, nos mesmos instantes de tempo por um outro corpo que foi projetado horizontalmente, a partir da mesma altura, com a velocidade inicial de 10 m/s.

Observamos que:

  • no fim de um mesmo intervalo de tempo os dois corpos encontram-se na mesma altura; isto é, caíram a mesma distância, embora, somente um deles o tenha feito em linha reta;
  • o corpo que foi projetado horizontalmente continua caminhando nesta direção, com a mesma velocidade de 10 m/s.

Veja que ele está a 10 metros à direita da posição inicial no fim de 1 segundo, 20 m no fim de 2 segundos, 30 m no fim de 3 segundos, etc..

  • Podemos ir da posição inicial B0, para a posição B1 (1 segundo depois), num processo que envolve duas etapas: primeiro andamos 10 metros em 1 segundo na direção horizontal até atingir o ponto C1, e depois caímos de C1 até B1, durante o mesmo tempo, como se a velocidade inicial fosse nula. Da mesma maneira podemos ir de B0, até B2, indo primeiro até C2, mantendo constante a velocidade inicial (20 metros em 2 segundos), e depois caindo durante 2 segundos até atingir a posição B2. Desta maneira o movimento sempre pode ser dividido em duas partes percorridas no mesmo tempo: uma horizontalmente com a mesma velocidade inicial e a outra caindo, a partir do repouso, na direção vertical (notemos que o tempo de queda é o mesmo para qualquer valor da velocidade horizontal; o alcance de um projétil disparado horizontalmente aumenta com a velocidade porque no mesmo tempo ele caminha uma distância maior).

Para compreender a órbita circular do nosso satélite é importante ter em mente que a Figura 1 só é boa para descrever o movimento dos corpos projetados em baixa velocidade; e isto por duas boas razões. A primeira é que no caso de velocidades maiores devemos levar em conta a diminuição da velocidade horizontal devida ao atrito com o ar. A segunda, que nos interessa mais de perto no momento, é que na Figura 1 consideramos o chão como se fosse plano, com a aceleração de gravidade atuando sempre na mesma direção (vertical). Ora, se a velocidade inicial for muito alta, a distância horizontal percorrida pelo corpo pode ser suficientemente grande para que seja necessário levar em conta a curvatura da Terra. De fato, consideremos a figura 2, onde aparece um satélite projetado tangencialmente da Terra de uma altura h.

Text Box:  Figura 2
Figura 2

Notemos, primeiramente que se não houvesse a atração terrestre, o satélite se afastaria do nosso planeta, seguindo a direção B0C1. É por causa da atração da Terra que o satélite “cai” a distância C1B1, permanecendo, por causa disto, numa altura constante h acima da superfície terrestre.

É interessante comparar a Figura 2 com o lado direito da Figura 1. Nesta a superfície da Terra foi considerada como plana (o que é uma boa aproximação apenas para curtas distâncias), de modo que a velocidade inicial é paralela ao solo e a força da gravidade curva a trajetória até que este seja atingido.

Já na Figura 2, onde levamos em conta a forma esférica da Terra (por causa de alta velocidade dos satélites), a força de gravidade curva a trajetória de modo a mantê-lo numa distância constante (do contrário o satélite iria embora para sempre). A rigor, para usarmos na Figura 2 os mesmos resultados da Figura 1, o ângulo no vértice O do triângulo B0OC1 deve ser pequeno, de modo a podermos desprezar a mudança na direção da força de gravidade ao longo do arco B0B1 Deste modo, a melhor resposta para o título deste artigo deverá ser: os satélites artificiais estão sempre caindo, e é justamente por isto que sua trajetória pode ser circular.

Para encerrar este artigo vale a pena observar, ainda na Figura 2, que para manter o satélite sempre na mesma distância da Terra é preciso que este “caia” a distância C1B1 no mesmo tempo em que ele andaria o comprimento B0C1, caso a gravidade não existisse.

Não é difícil perceber que isto não é possível com qualquer valor de velocidade inicial. Na verdade, fixada uma distância da Terra, só existe um valor que corresponda a uma órbita exatamente circular. Para um movimento feito junto à superfície da Terra esta velocidade é de 7900 m/s, suficiente para dar uma volta ao longo de equador em aproximadamente 1 hora e 25 minutos.

É claro que este movimento nunca poderia ser realizado dentro da atmosfera terrestre pois a resistência do ar nesta velocidade é muito grande (suficiente para destruir o satélite por causa do calor produzido pelo atrito). Esta é a razão pela qual os satélites se movimentam em altitudes elevadas, onde a densidade da atmosfera é desprezível.

E já que estamos falando em satélites, não é justo que nos esqueçamos do nosso satélite natural: a lua.

Para aplicar estes mesmos raciocínios ao movimento lunar, basta leva em conta o fato de que a atração da Terra diminui com o quadrado da distância, razão pela qual a aceleração da gravidade na região onde está a lua é 3600 vezes menor do que na superfície da Terra. O resultado disto é que a velocidade da lua é menor do que a de um satélite artificial o que, somado com um percurso maior para dar uma volta em torno da Terra, resulta num período de 27 dias e 8 horas aproximadamente.

Você quer saber mais?

http://cdcc.usp.br/

Alquimia: Ciência ou Seita?


Luís Antônio Silva & Daniel Dias Gato
Estudantes de Licenciatura em Ciências Exatas da Universidade de São Paulo - USP - campus São Carlos e Professores do Colégio CAASO

História da Alquimia

A palavra alquimia, AL-Khemy, vem do árabe e quer dizer "a química". Esta ciência começou a se desenvolver por volta do século III a. C. em Alexandria, o centro de convergência da época e de recriação das tradições gregas, pitagóricas, platônicas, estóica, egípcias e orientais. A alquimia deve sua existência à mistura de três correntes: a filosofia grega, o misticismo oriental e a tecnologia egípcia. Obteve grande êxito na metalurgia, na produção de papiros e na aparelhagem de laboratório, mas não conseguiu seu principal objetivo: a Pedra Filosofal.

A alquimia sempre se assaciou aos elementos da natureza

Os preceitos e axiomas alquímicos encontram-se condenados na misteriosa “ Tábua Esmeraldina”(a esmeralda era considerada como a pedra preciosa mais formosa e mais cheia de simbolismo: a flor do céu), um dos quarenta e dois livros da doutrina hermética atribuídos a Hermes Trimegisto.

Hermes "Trismegisto" (isto é, três vezes grande) é identificado como sendo o deus egípcio Toth, que é uma representação do poder intelectual. Referências a ele já existiam nos tempos do filósofo Platão, por volta do ano 400 a. C.. Diz a lenda que os preceitos de Hermes foram gravados em uma esmeralda, o que deu origem ao nome "Tábua de Esmeralda". Os preceitos e ensinamentos de Hermes pautaram o trabalho dos alquimistas, que em suas obras faziam referências à Tábua de Esmeralda pelo seu nome latinizado, Tábula Smaragdia. São preceitos metafísicos bastante avançados e complexos, de forma que só eram compreendidos pelos iniciados. Do nome de Hermes derivou o termo "hermético" e o "hermetismo", que significam "aquilo que é fechado, restrito". Algo que é hermeticamente fechado significa inacessível. Ensinamentos herméticos são restritos aos iniciados e pessoas comprometidas com determinada área do ocultismo.

Figura de Hermes Trimegisto

Os sábios que dedicaram sua vida inteira à pesquisa alquímica pretendiam transformar os materiais opacos em metais brilhantes e nobres. Em suas recolhas de laboratórios realizavam valiosas pesquisas e idealizaram uma linguagem cheia de símbolos indecifráveis para, deste modo, burlar a vigilância a que estavam submetidos por parte daqueles regulamentos sociais, que em todos os tempos tem considerado como tarefa prioritária a perseguição, ou desqualificação daqueles que se atrevem a discordar e não compartilhar dos convencionalismos. Os grandes personagens do pensamento hermético e esotérico anotavam sua investigações em códigos e as chaves decifradoras só eram conhecidas pelos iniciados. Com isso muitos alquimistas se separavam da sociedade, formando seitas secretas e seu engajamento era feito através de juramentos:

Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pela trevas; Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água; Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do tártaro; Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anubis, pelo rugido do dragão Kerkorubos e pelo latido do cão de três tetas, Cérbero, guardião do inferno; Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas”.


A mística sempre foi uma das ferramentas dos estudos alquímicos.

Devido às suas origens, a alquimia apresentou um caráter místico, pois absorveu as ciências ocultas da Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia, Egito e Síria. A arte hermética da alquimia já nasceu em lenda e mistério. Os alquimistas usavam fórmulas e recitações mágicas destinadas a invocar deuses e demônios favoráveis as operações químicas. Por isso muitos eram acusados de pacto com o demônio, presos, excomungados e queimados vivos pela Inquisição da Igreja Católica. Por questão de sobrevivência, os manuscritos alquímicos foram elaborados em formas de poemas alegóricos, incompreensíveis aos não iniciados. Mais de dois mil anos antes do início da nossa era, os babilônios e os egípcios, procuravam obter ouro artificialmente, e já se interessavam pela transformação dos metais em ouro. Nessa época, a prática da alquimia era realizada sob o mais absoluto dos segredos, pois era considerada uma ciência oculta. Sob a influência das ciências advindas do Oriente Médio, os alquimistas passaram a atribuir propriedades sobrenaturais às plantas, letras, pedras, figuras geométricas e os números eram usados como amuletos, como o 3, o 4 e o 7.

Em função das condenações proclamadas pela Igreja Católica aos alquimistas, durante a Idade Média, o cheiro de enxofre passou a ser associado ao diabo. Os alquimistas faziam suas experiências com enxofre comum, sendo denunciados pelos fortes cheiros emanados de suas casas ou laboratórios, o que permitia que fossem facilmente detectados e acusados de bruxaria e pacto com o demônio, pondo fim aos seus trabalhos. É também digno de registro a criação de Drácula, o vampiro, acusado de obter longevidade às custas do sangue humano. Seu surgimento não passou de uma bem sucedida tentativa para desmoralizar uma ordem mística alquimista, surgida na Idade Média, que trabalhava na obtenção do elixir da longevidade. Importante também, é enumerar as muitas descobertas feitas por alquimistas em seus laboratórios, nas suas tentativas para atingir a Pedra Filosofal: Água-régia(mistura de ácido nítrico e clorídrico), arsênico, nitrato de prata (que produz ulcerações no tecido animal), acetato de chumbo, bicarbonato de potássio, ácidos sulfúrico, clorídrico, canfórico, benzóico e nítrico, sulfato de sódio e de amônia, fósforo, a potassa cáustica (hidróxido de potássio, que permitia a fabricação de sabões), entre muitas outras coisas que possibilitaram a evolução da humanidade. O sucesso da alquimia na Europa se deve aos árabes, que introduziram idéias místicas acompanhadas por avanços práticos no procedimento químico como a destilação e a descoberta de novos metais e componentes.

À baixo e à direita, temos um quadro de Henri Khunrath que mostra um laboratório oratório. Nos frascos que se alinham sobre a bancada da chaminé se guardam certas substâncias alquímicas. Reparem também no alquimista que, de joelhos diante da tenda-oratória, implora a graça divina para o consumação do feito. A palavra Laboratório tem a seguinte origem: Labor = trabalho; Oratório = local de orações.

Laboratorio

Alquimista

A partir das obscuras etimologias, através de uma leitura intrincada, enigmática e carregada de símbolos dos escritos alquimistas, o que pode-se ter claramente é que as finalidades que perseguia a alquimia resume-se em três fundamentos:

  1. Transformar os metais chamados inferiores (principalmente o mercúrio e o chumbo) em ouro e prata, metais tidos como superiores;
  2. Preparar uma panacéia que cure as enfermidades humanas, conserve e devolva a juventude e prolongue a vida - a Medicina Universal ou o Elixir da Longa Vida;
  3. Conseguir a transformação espiritual do alquimista, de homem caído em criatura perfeita.

As Culturas Alquímicas

A Alquimia Árabe

A Europa entrou em contato com a alquimia através das invasões árabes na península ibérica. Os árabes fundaram universidades e ricas bibliotecas (que entre os séculos VIII e XIII emitiram as bases teóricas da alquimia), as quais foram destruídas nas Cruzadas. A química árabe aperfeiçoou as artes de destilação e de extração por gorduras, a fabricação de sabão, as ligas metálicas e a medicina farmacêutica.

Os primeiros textos traduzidos do grego para o árabe foram os textos de alquimia, dizia o sábio Ibn Al Nadim, no século X. Al Nazi é o primeiro alquimista cuja obra e vida foram descritas por outros autores credíveis.

Dispositivos novos ou aperfeiçoados são introduzidos: o “banho-maria” (banhos de ar quente), os cadinhos perfurados permitindo a separação por fusão, as diferentes retortas de destilação, de sublimação. A classificação das substâncias é variável de um autor para outro. Exemplos:

  • Ouro é nobre, pois resiste ao fogo, à umidade e ao enterramento sob a terra;
  • Cânfora, enxofre, arsênico, mercúrio e amoníaco fazem parte dos espíritos, pois são voláteis;
  • O vidro se enquadra nos metais, pois é susceptível de fusão.

As operações alquímicas eram longas, duravam horas e até dias, mas tratava-se de reproduzir no laboratório, na “matriz artificial” que constitui um alambique bem fechado, um processo que, na natureza, se mede em séculos.

A Alquimia Cristã

No mundo islâmico, os alquimistas eram alvos de gracejos já que os escritos alquímicos eram cheios de símbolos e era impossível saber se um autor compreendia o que ele escrevia. Quando os textos foram traduzidos em latim, por volta do século XII, os sábios cristãos estavam divididos entre o nobre desejo de melhor combater o inimigo infiel e a curiosidade devoradora pelos saberes.

A alquimia cristã, como a alquimia árabe, toma questão de avaliação. Saber quem era alquimista medieval, era a primeira dificuldade presente na alquimia cristã devido a sua situação anônima.

Enquanto os árabes possuíam apenas ácidos fracos e soluções de sais corrosivos, os alquimistas europeus aprenderam a preparar e condensar ácidos forte, no século XVI. Primeiro o ácido nítrico, depois o ácido clorídrico, em seguida o ácido sulfúrico até chegar a água régia que dissolve até o ouro.

A Alquimia Chinesa

Para os alquimistas chineses, o principal objetivo era atingir a imortalidade. Para eles, a não reatividade do ouro era inalterável e, por isso, imortal. Tentavam manufaturar o ouro e esperava-se que, dessa forma, poderia ser preparada uma “pílula da imortalidade”. Acreditava-se também que, ingerindo os alimentos em pratos feitos com esse ouro, seria possível alcançar a tão sonhada longevidade.

Os alquimistas chineses criaram elixires à base de enxofre, arsênico, mercúrio, e não obtiveram sucesso em sua busca. Joseph Needham fez uma lista de imperadores cuja morte se pode pensar ter sido causada pelo envenenamento causado pelo consumo desses elixires. Dessa forma, a alquimia chinesa foi perdendo força e acabando desaparecendo com a ascensão do Budismo.

Você quer saber mais?
  • ARRUDA, M. L. & PIRES, M. H., Filosofando, São Paulo, Moderna, 1988.
  • ALLORGE, Henry. Le secret de Nicolas Flamel. Paris, 1929.
  • ARES, José Manuel. Re-criações Hermeticas. Ensaios Diversos sob o signo de Hermes. Lisboa, Hugin,1996.
  • EBERLY, John. Al-Kimiai: The Mystical Islamic Essence of The Sacred Art of Alchemy. Aramneses Press, 1995.
  • JACOBI, Jolande. Paracelsus . Selected Writings. Princeton, 1979.
  • TRIMBLE, Russell, The Encyclopedia of the Paranormal, Nova York, Prometheus Books, 1996.
Sítios:

Siberianos sobrevivem a temperaturas de 60 graus negativos.

Quando Mynott chegou à Sibéria, a temperatura era de 32ºC negativos, considerada amena pelos moradores

Moradores do leste da Sibéria sobrevivem a temperaturas de até 60 graus negativos em um dos lugares mais frios do planeta.

A BBC iniciou uma série na qual o jornalista Adam Mynott visita o local mais frio e o mais quente do mundo, a Mundo de Extremos, para mostrar como as populações sobrevivem em condições tão difíceis. E este é o relato de sua visita a um dos locais mais gelados do mundo.

Logo na chegada, ao descer em Yakutsk, no leste da Sibéria, em um avião vindo de Moscou, a temperatura que encontra o visitante já é de 32 graus negativos, considerada até suave pelos moradores da região.

Um dos traços característicos de Yakutsk, capital regional da província de Sakha, são os prédios, que parecem preparados para uma grande enchente: todos eles foram construídos em estacas de concreto e aço, suspensos a 2 metros acima do chão.

Mas, Valentin Spector, um dos pesquisadores do Instituto Permafrost, explicou ao repórter da BBC que os prédios suspensos não têm nada a ver com enchentes.

Segundo Spector, durante o verão, as temperaturas podem chegar a mais de 40 graus. A camada de cima do chão, congelada, se aquece e descongela e, em alguns lugares, a uma profundidade de um metro, em outras, pode chegar a três metros.

Esta 'camada ativa', como é chamada por Spector, é muito instável e, a não ser que as fundações dos prédios sejam fincadas firmemente na camada de permafrost (camada do solo permanentemente congelada) logo abaixo, o movimento desta primeira camada faria com que os prédios desabassem.

Spector afirma ainda 65% da Rússia está localizada em permafrost e, em alguns lugares da Sibéria, o solo congelado tem profundidade de até 1,5 mil metros.

Covas

No dia seguinte, voamos até Ust-Nera, uma cidade ao norte de Yakutsk, já dentro do Círculo Ártico e em meio a montanhas. A temperatura caiu outros dez graus e chegou a 42 negativos.

No caminho entre a cidade e o aeroporto viajava também um comboio de carros que participavam de um funeral. E aí está outro problema para os que vivem na região de permafrost: como sepultar os mortos no inverno.

São necessários dois ou três dias para fazer uma cova no solo congelado.

Os moradores da região acendem uma fogueira e o carvão é colocado nas chamas. Depois de algumas horas, o carvão é colocado de lado e os 15 centímetros de solo descongelado pelo calor das chamas é cavado e retirado. Os pedaços de carvão quente então são colocados de volta no buraco e o processo começa novamente até que a cova tenha dois metros de profundidade.

Casacos

No inverno ninguém sai de casa a não ser que seja absolutamente necessário.

Durante o inverno, há poucas horas de sol durante o dia

Quando alguém precisa sair para ir a uma loja, para a escola ou trabalho, a pessoa precisa usar muitos agasalhos, e os chapéus e longos casacos de pele são uma visão comum na região.

No entanto, um casaco de pele longo custa mais de US$ 1550 (cerca de R$ 2660), muito além do que as pessoas podem comprar, pois o salário médio na região é equivalente a US$ 600 (cerca de R$ 1030).

Mas os bancos locais fazem financiamentos de casacos.

Ao chegar, sem um bom chapéu para enfrentar o frio, recebi a informação de que o único que serviria seria um de pele. Mas, como não queria ser responsável pela morte de um coelho ou de uma raposa do Ártico, e pelo fato de chapéus de pele verdadeira serem caros, optei pelo chapéu de pele falsa.

Esta decisão gerou a desaprovação do guia do governo que me acompanhava. 'Hum, Greenpeace', disse.

Gulag

A cidade de Ust- Nera começou como um pequeno assentamento, depois que geólogos descobriram ouro e outros minerais na região em 1937.

O líder soviétivo Joseph Stalin enviou muitos dos chamados 'inimigos do Estado' para a região, dezenas de milhares de prisioneiros políticos, para trabalhar nos gulags, como eram chamados os campos de trabalho forçado, para extrair o ouro e outros mineirais.

Mikhail Ivanov é um dos poucos trabalhadores do gulag sobreviventes. O acadêmico e historiador tem um apartamento em Yakutsk e conta que seu único crime foi elogiar os textos de um morador de Yakut, acusado de ser nacionalista e, por isso, ele foi enviado ao gulag.

'Se eu levasse 25 carrinhos de mão cheios de carvão até a superfície, eu receberia dois pratos de mingau. Se eu não conseguisse os 25, receberia apenas um', afirmou.

As minas ainda estão operando, sob outro regime de trabalho. Agora, os salários pagos atraem mineiros de toda a Rússia.

É a mineração que sustenta a economia neste ambiente gelado. Sem as minas, a cidade de Oymyakon, que é o lugar habitado mais frio da Terra, seria povoado apenas por pastores de renas.

Na mina de ouro de Badran, a temperatura na superfície era de 45 graus negativos.

Andrei Dubov, que trabalhava na mina por uma década, afirmou que o frio não é um problema.

'Me agasalho e é seco. Então é um clima muito melhor do que em muitas outras partes da Rússa', afirmou. Ele afirmou que a temperatura mais gelada que pode se lembrar foi de 63 graus negativos.

'Provavelmente era mais frio, mas o termômetro ia apenas até 63 graus negativos', disse.

Congelamento

A temperatura mais baixa que enfrentei em meus dias na Sibéria foi de 53 graus negativos, tão frio que depois de poucos minutos fora de casa, a pele exposta ao frio começava a doer, as superfícies úmidas em minhas narinas congelavam, e dedos das mãos e dos pés ficavam muito gelados rapidamente, apesar das três camadas grossas de meias e dois pares de luvas.

O cabo flexível do microfone também ficou rígido e fui avisado que, se tentasse dobrar o cabo, ele provavelmente iria partir.

Mas, apesar de todas as dificuldades os moradores de Ust-Nera não pretendem ir embora. Como é o caso da família Vadreyev, todos nascidos na cidade.

'Claro que temos que nos agasalhar muito. Em outras partes da Rússia você pode só vestir um casaco e sair, aqui é preciso muito mais tempo para nos vestir. Mas estamos acostumados com isso, Este é nosso lar', afirmou Martina Vadreyev enquanto vestia sua filha Maria com um casaco de pele.

E foram as duas para o frio de 52 graus negativos. E em queda.

Você quer saber mais?

http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2010/12/01/siberianos-sobrevivem-temperaturas-de-60-graus-negativos-923161037.asp

Mercúrio torna aves homossexuais, diz estudo.

Íbis Branco

A contaminação por mercúrio afeta o comportamento dos íbis brancos tornando-os homossexuais, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Flórida, nos Estados Unidos, e do Sri Lanka.

A pesquisa - publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B - tinha o objetivo de descobrir por que as aves se reproduzem menos quando há mercúrio em seus alimentos, mas os resultados surpreenderam até mesmo os cientistas.

"Nós sabíamos que o mercúrio podia reduzir seus níveis de testosterona (hormônio masculino), mas não esperávamos isso", disse Peter Frederick, da Universidade da Flórida, que liderou o estudo.

A contaminação por mercúrio - que pode vir da queima de carvão e de lixo, além de minas - é especialmente comum em regiões pantanosas.

Macho com macho

A equipe de pesquisadores alimentou os íbis brancos com comprimidos que continham a mesma concentração de mercúrio encontrada em camarões e lagostins que servem de alimento para as aves em áreas de pântano.

Quanto mais alta a dose de mercúrio nos comprimidos, mais alta era a probabilidade de um íbis macho acasalar com outro macho.

De acordo com os cientistas, o estudo prova que o mercúrio pode reduzir drasticamente a reprodução dos pássaros e possivelmente de outros animais.

Ainda não se sabe exatamente como esse mecanismo funciona, mas é sabido que o mercúrio altera os sinais hormonais, o que poderia ter um impacto direto no comportamento sexual mediado por esses hormônios.

Além disso, os machos contaminados com taxas mais altas de mercúrio realizavam menos rituais de acasalamento, o que tornava mais provável que eles fossem "ignorados" pelas fêmeas.

Contaminação

Habitats pantanosos, como o Parque Nacional de Everglades, na Flórida, onde vivem essas aves, são especialmente vulneráveis à contaminação por mercúrio.

Bactérias encontradas na lama grossa e com pouco oxigênio alteram quimicamente o mercúrio, criando sua forma mais tóxica: o mercúrio metilado.

Essa substância química atua como uma espécie de impostor biológico, imitando hormônios responsáveis pelos sinais químicos naturais do corpo.

Alguns desses sinais são importantes no comportamento sexual. Eles podem estimular um animal a realizar um ritual de acasalamento ou motivá-lo a copular.

"Estamos vendo efeitos muito grandes no comportamento reprodutivo mesmo com baixas concentrações de mercúrio, então nós realmente deveríamos prestar mais atenção nisso", disse Frederick.

Cientistas acreditam que o próximo passo deve ser estudar o comportamento de animais contaminados por mercúrio na natureza.

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http://www.bbc.co.uk/

sábado, 4 de dezembro de 2010

Muro das Lamentações. Local é o que restou do templo de Jerusalém


por Maria Carolina Cristianin

De todos os diversos lugares sagrados da capital de Israel, o Muro das Lamentações é um dos mais significativos. Sua história começa em 957 a.C., com o Templo de Jerusalém. Erguido pelo rei Salomão, teria abrigado a Arca da Aliança e as tábuas com os Dez Mandamentos. "O templo simbolizava o elo com Deus", diz André Chevitarese, professor da UFRJ.

Em 586 a.C., o prédio foi derrubado pelos babilônios. Após cinco décadas, os judeus o reergueram. A obra ficou intacta até Roma dominar a cidade e, em 40 a.C., Herodes assumir o controle sobre a região. A mando do rei da Judéia, começou então uma grande ampliação, que demorou 46 anos.
Mas o esplendor durou pouco. No ano 70, uma revolta contra os romanos levou a nova destruição do templo. Os judeus iniciaram uma grande diáspora e, no século 7, construções islâmicas surgiram no local, como o Domo da Rocha. Da grandiosa obra de Herodes só restou uma pequena parte da parede que a rodeava: o atual Muro das Lamentações.


Sacrifícios e devoção
O centro religioso ampliado pelo rei Herodes abrigava os fiéis judeus

Reforma astronômica

Com a obra de Herodes, o Pátio dos Gentios, uma área externa para judeus e não-judeus, passou a ter quase o dobro do tamanho original. Havia oito portas de entrada e, ao redor, gabinetes, depósitos e aposentos para os mil sacerdotes que cuidavam dos locais mais sagrados.

Último vestígio


Após a rebelião judaica do ano 70, pouco sobrou do Segundo Templo. Nos séculos seguintes, as Cruzadas e a expansão islâmica derrubaram outros pedaços, até sobrar apenas o trecho da parede ocidental hoje conhecido como Muro das Lamentações.

Ultra secreto

No centro da construção ficava o templo em si. Ali estava o Santo dos Santos, local que, na primeira construção, guardava a Arca da Aliança. Apenas o sumo sacerdote podia entrar ali, e somente no Dia da Expiação, quando se praticam abstinência, oração e confissão.

Espaços distintos

A obra era organizada conforme a proximidade com o Santo dos Santos. Primeiro o Pátio das Mulheres, de onde elas não passavam. Depois, o Pátio dos Homens. Ali, através de uma abertura, as fiéis assistiam aos rituais realizados no Pátio dos Sacerdotes.

Ritual sagrado

Uma das práticas judaicas da época eram os sacrifícios. No pátio, vendiam-se animais, como cordeiros e cabritos. Havia ainda um abatedouro com uma fonte,onde os animais eram degolados e o sangue esvaía por buracos.

Pedras preciosas
O muro relembra a obra original

O último vestígio do Segundo Templo é local de peregrinação, que preserva o significado da perda do ponto de encontro original. Ali, milhares de pessoas fazem orações e colocam pedidos entre as frestas das pedras.

Outras partes da muralha
O complexo inclui uma praça e uma galeria subterrânea

Fé ao ar livre

Na área em frente ao muro, homens e mulheres ficam separados. No local são realizadas cerimônias, como o Bar Mitzvah (ritual que insere o jovem como membro maduro da comunidade).

Nas profundezas

Além da área externa, há uma parte subterrânea que se formou com o passar dos anos, na medida em que outras construções foram erguidas por cima do que restou do templo. O local é aberto para visitantes.

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http://historia.abril.com.br/


Descoberta de bactéria sugere que base da vida pode ser variável Universo afora



Entre tantas cenas memoráveis de "ET - O Extraterrestre", do velho Spielberg, há uma que comove os corações mais nerds: descobre-se que o pequeno alienígena tem DNA, mas com seis "letras" químicas, em vez de quatro, como ocorre na Terra.

A descoberta anunciada na quinta-feira pela Nasa talvez seja ainda mais radical que a do filme. Não é todo dia que um elemento químico antes barrado no seleto grupo de átomos cruciais para a vida acaba passando no teste --caso do "venenoso" arsênio.



De fato, as implicações disso têm um quê de ficção científica --uma das especulações mais comuns entre os autores do ramo é que certos ETs tenham silício no lugar de carbono em suas moléculas. A grande questão é saber se a química da vida é contingente ou necessária.

Em termos menos filosóficos: se o DNA, as proteínas e outras moléculas biológicas são do jeito que são por causa da maneira particular, casual, pela qual a vida evoluiu por aqui ou se as características delas são essenciais para qualquer ser vivo, em qualquer canto do Universo.



No segundo caso, achar vida fora da Terra depende essencialmente de achar outras "Terras" pelo Cosmos. A lenga-lenga de sempre: planetas com água no estado líquido, atmosferas relativamente espessas, rochosos etc. Mas a bactéria do lago Mono pode indicar um Universo bem mais fértil do que se poderia esperar.

Afinal, se a química da vida terráquea é versátil a ponto de trocar um átomo dito essencial por um "primo" na tabela periódica, deixa de ser absurdo cogitar que outras situações como essa estejam acontecendo dentro ou fora do Sistema Solar.

Que tais coisas aconteçam neste planeta é um tributo a outra frase de Spielberg, em "Parque dos Dinossauros": "Life finds a way" ("a vida dá um jeito").



A Nasa, agência espacial americana, não explicou exatamente como os cientistas chegaram à bactéria capaz de substituir o fósforo pelo arsênio no seu DNA na entrevista para imprensa.

A autora do estudo, Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa e do Serviço Geológico dos EUA, também não revelou ao certo como vai dar continuidade aos estudos e se pretende testar outros elementos químico na bactéria estudada ou em outros micro-organismos. "Tenho muitas ideias", sintetizou.

A bactéria anunciada hoje pela Nasa, encontrada num lago na Califórnia, incorpora no seu DNA o arsênio, um elemento tóxico que, em tese, não deveria fazer parte da química da vida.

Para fazer isso, o micro-organismo substituiu o fósforo -- definido pelos biólogos como um dos seis elementos químicos necessários à vida -- pelo arsênio.

"É como estar vivo de uma maneira completamente diferente", definiu a astrobióloga american Pamela Conrad, que também participou da coletiva.

Felisa disse que sempre foi interessada "em exceções à regra" e que agora serão necessárias muitas novas pesquisas para explicar o fenômeno da bactéria mutante.

Para Conrad, a descoberta abre todo um novo campo de pesquisa. "Nós aumentamos sensivelmente nossas perspectivas", disse.



ESPECULAÇÕES

Desde o anúncio da coletiva à imprensa, surgiram especulações que se duplicaram em fóruns e blogs --alguns leitores, inclusive, esperavam revelações bombásticas sobre um extraterrestre.

A bactéria localizada não é um tipo comum. O micro-organismo pertence ao grupo das halomonadáceas, que vive num lago, em uma região gélida da Califórnia, e substituiu o fósforo por arsênio.

Além do fósforo, os outros elementos químicos essenciais à vida são o carbono, o hidrogênio, o nitrogênio, o oxigênio e o enxofre.

O dado que surpreende é que, mesmo sendo privada desse elemento, em condições parecidas às extraterrestres, a estranha bactéria sobreviveu e se multiplicou.

Como bem explicou Douglas Galante, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, "é uma quebra de paradigma sobre o que realmente é necessário à vida", e esse pode ser só o início para outras descobertas semelhantes.

O artigo sobre a bactéria será publicada numa edição futura da revista "Science".

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Três Gerações.

Gabinete da Secretaria Nacional

Três Gerações

O professor Gofredo da Silva Teles Junior, em discurso que certa vez pronunciou em minha presença disse, apontando para mim: "este homem veio para cansar gerações". Até certo ponto, pois muito trabalho dei a geração sucessivas, desde 1931. Mas não foi só trabalho; era incitanmento a realizações, estimuo ao poder criador dos valores que iam sugerindo e que, pelo seu próprio esforço, manifestaram-se na vida brasileira com altos padrões de cultura.

A primeira geração colocarei entre 1931 e 1945. Comecei a prepará-la com uma série de artigos diários no jornal "A Razão", editado em São Paulo, através dos quais procurava evidenciar as realizações brasileiras e as novas circunstâncias conseqüentes da transformação pela qual passavam todos os povos. De tal atividade jornalística resultou a fundação da "Sociedade de Estudos Politicos" (SEP) em que figuravam intelectuais de minha geração e os "novos", que iam surgindo. Uma conferência que fiz na Faculdade de Direito do largo de São Francisco, precedida de uma apresentação de Mota Filho, um dos componentes do verdamarelismo em que se integravam Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e Alfredo Ellis, além da ação paralela de Raul Bopp e Alarico Silveira, conferência cujo tema foi "A quarta Humanidade", atraiu numerosos moços paulistas, entre os quais Alfredo do Busaid, Lopes Casali, Pimenta de Castro, Aziz Buzaio, Rui de Arruda Camargo, Angelo de Arruda, Roland Corbisier, Francisco de almeida, Prado, Mario Mazei Guimarães, Ernani Brune, Antonio Toledo Piza, Gofredo da Silva Teles, Lauro Escorel, Margarida Corbisier, Almeida Sales, Lafaiete Soares de Paula, Antonio Salem, Loureiro Junior, Miguel Reale e muitos outros que mencionarei em escrito mais pormenorizado baseado em pesquisas.

No Rio, arregimentei, depois de uma conferência na Faculdade de Direito e uma reunião no Palace Hotel, seguida de outra em casa do Oswaldo Aranha, um grupo brilhante de jovens: Americo Jacobina Lacombe, Antonio Galoti, Thiers Martins Moreira, Augusto Frederico Schmidt, San Tiago Dantas (este que já trabalhava comigo no jornal "A Razão"), posteriomente Cotrin Neto, Alvaro Sardinha, Garrido Torres, Helio Viana, Ernani Lomba Ferraz, Nilza Peres.
No Rio Grande do Sul, surgiram Luís Compagnoni, Guido Mondim, Mario Maestri, Oscar Machado, Aner Butler Maciel, Alberto Hoffmam, Metzler, Mesquita, Jaime de Castro, e muitos outros que mencionarei em trabalho mais acurado.

No Paraná, sob a liderança de Jorge Lacerda, o verbo poderoso de Rocha Loures, a lúcida inteligência de Edgard Távora, Euro Brandão, Zagonel Passos, Linhares Lacerda, faltando-nos elementos para mais amplas citações, formou-se uma corrente de líderes do movimento renovador, abrangendo Santa Catarina, onde Oto Gama d'Eça orientava a gente nova.
Em Minas, organizava-se um grupo de estudantes de Medicina e de Direito, destacando-se Wilton Ferreira e o poeta Dantas Mota. Na Bahia, depois de uma conferência que fiz no anfiteatro da Faculdade de Medicina, uma poderosa corrente de vibrante juventude manifestou-se com esplendido vigor, destacando-se Romulo de Almeida, Rubem Nogueira, Nicanor Carvalho, Floriano Mendonça, Renato Mesquita. No Ceará, fui encontrar, na ocasão em que realizei três conferências no Teatro José de Alencar, os jovens Jeová Mota, tenente Carvalhedo e o padre Helder Camara, aos quais se vieram juntar Ubirajara Indio do Ceará, sua irmã Leticia, os irmãos Norton Macedo e Donizard Macedo de Alcantara, o grande escritor e poeta Melo Mourão.

De Pernambuco saiu um manifesto em reposta ao que lancei em outubro de 1932, dando adesão plena ao movimento por mim iniciado. Assinavam Otto Guerra, Andrade Lima Filho, Americo Oliveira Costa, João Roma, Alvaro Lins, José Carlos Dias. Foi Alvaro Lins que me saudou quando, depois de uma conferência na Faculdade de Direito, falei no Teatro Santa Isabel. Ali despontou uma plêiade das mais valorosas, entre cujos elementos destacarei Arnobio Graça.

No Estado do Rio, além do verbo flamante do poeta Mayrink, destacavam-se, sob a orientação e Raimundo Padilha e Jaime Ferreira da Silva, elementos novos como os irmãos Vieira da Silva, o poeta amazonense Castro Alves, o professor Landim, o poeta Marcos Sandoval e numerosos estudantes de Direito, Engenharia e Medicina.

Em Goiás, eram os irmãos Fleury, dicipulos de Alcebiades Delamare, que aliciavam as maiores espressões intelectuais. Em Alagoas atuavam Mario Marroquin e o futuro senador Afranio Salgado Lages. A Aguinaldo Celestino e Jacinto Figueiredo (irmão de Jackson) e Omer Monte alegre estava entregue Serguipe. No Rio Grande do Norte, lideravam o movimento Camara Cascudo e o jovem médico Travassos Sarinho. Em Paraiba, o livreiro Pedro Batista; no Piauí, um grupo de jovens orientados pelo desembargador Soriano; no maranhão, era Lima Sobrinho e ali surgiram poetas como Oliveira Ferres e Manuel Sobrinho; no Amazonas eram Mario Ipiranga Monteiro e outros; nos extremos limites setentrionais do País, era o jovem oficial José Guiomard que atuava dentro do pensamento renovador.

Toda a juventude do País se levantou. Tinha o apio dos homens mais destacados da geração anterior, que cercavam fileiras no esforço da recontrução nacional, tais como Belisario Pena, Gustavo Barroso, Rocha Vaz, Madeira de Freitas, Prado Valadares, Ulisses Paranhos, Tasso da Silveira, Mansueto Bernardi, Nunes da Silva, Vieira de Alencar, Murilo Fontainha, Maurilio de Melo, Almirante Cocrane, Amaro Lanari, Newton Braga, Everardo Backeuser, dezenas de outros ilustres nas letras, nas ciências e nos feitos militares. Na Marinha e no Exército operou-se verdadeira renovação. O Brasil despertava.

Houve um interregno no período da ditadura. A juventude foi abandonada. Os brasileiros em geral, perderam a capacidade de iniciativas sociais e políticas.
Durante esse tempo estive exilado. Após oito anos de ausência da Pátria, regressei em 1946. Examinei o panorama nacional. Tomei contato com os moços. Percebi-lhes os anseios. Iniciei meu trabalho, baseado no pensamento de "recomeçar mil vezes". Em 1952 já contei com um grupo de jovens. Fundei os Centros Culturais da Juventude.

De 1952 a 1966, surgiu a segunda geração. Começaram a se revelar valores. Eram Gumercindo Rocha Dórea, Hélio Rocha, Leovigildo Pereira Ramos, José Carlos Rocha, José Batista de Carvalho, José Maria, Walter Povolleri, José Penedo, Anibal Teixeira, Carmen Pineheiro Dias, Augusta Prado Dórea, Humberto Pergher, Antonio Pires, João Paulo ... Domingues, Genésio Pereira Filho, Gaspar Brigido, um ... brilhante em Curitiba, outro em Belo Horizonte, outro na Bahia, elementos novos de elevado índice intelectual, como o jovem Pôrto, atuante no Rio.
Agora estou preparando a terceira geração. Os Centros Culturais vão-se disseminando por todos os Estados. Realizamos uma concentração em Campos do Jordão, em 7 de Setembro do ano passado, e agora em Caldas no dia 21 de abril. A esta compareceram mais de 200 rapazes e moças. Não era possível trazer mais por dificuldades financeiras de viagem e hospedagem. Vieram apenas delegados. Não se descreve o entusiasmo em que foram realizadas as sessões de estudos, de debates sobre problemas brasileiros, de discussão relativa a planos de ampliação de movimento em todo o Brasil. Senti ali a Pátria viva, ativa, capaz idealista, na linha de uma nobre seriedade de propósitos que contrasta com as desordens a que são levadas os moços por agentes da antinação.

Foi designada nova concentraçãoem Jaú. Ali deverão comparecer mais de mil delegados, de todas as unidades da Federação. Estou convencido de que essa juventude (e não citarei nomes por ser avultado o número dos novos líderes) irá desempenhar um papel semelhante àquele que despertei em 1931, a qual produzia altas expressões da cultura brasileira, na cátedra universitária, na magistratura, no parlamento, na administração pública, nas finanças, nas ciência em nosso país.
Não será com demagogias balofas e incitamento à desordem que se orienta uma juventude e se constrói uma pátria. Será com esforço permanente e persistente que se elevará o nível da mentalidade brasileira. Será incutindo nos moços um superior idealismo, a mística dos deveres, o amor ao estudo, o conhecimento das realidades nacionais, o desejo de engrandecimento da prória personalidade pelas virtudes e pela cultura.

Se um dia eu nada mais pudesse legar à minha pátria como fundamento de seu progresso material e moral, da susentação da sua soberania, do seu prestígio entre os demais povos, restar-me-ia o prazer de ter dado ao Brasil três gerações sucessivas de valores autênticos e de fatores positivos da construção nacional.


(artigo escrito por Plinio Salgado e pubicado em 05 de Maio de 1968)

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"Salve Pátria" - Câmara Cascudo

Luís Câmara Cascudo

Salve Pátria !


Mãe de heroísmos, vida, força, esplendor, esperança nossa, salve ! A vós bradamos, os humildes soldados de vossa grandeza, e a vós suspiramos, gemendo e sonhando nesta hora de combate. Ela, pois, advogada do nosso passado, a nós volvei, perpetuamente, os exemplos dos nossos mortos e depois da batalha, conservai-nos puros ante vossa presença augusta.

Bendito seja o fruto da vossa história. Oh nobre ! Oh altiva ! Oh sempre gloriosa Pátria, mantem-nos fiéis ao espírito e à Terra do Brasil, para que possamos viver em vosso serviço e morrer defendendo as cores sagradas de vossa BANDEIRA IMORTAL !

(Luís da Câmara Cascudo, Revista "Anauê", Agosto de 1935)

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Concepção Integralista do Trabalho - Plínio Salgado.

Nada mais digno, nada mais belo nem mais glorioso do que o Trabalho; nada mais nobre, mais significativo no plano do Universo do que o Trabalhador.

O Trabalho não é apenas uma necessidade, porque é uma condição da harmonia universal. Energia, no plano humano, conduz as Nacionalidades e suscita as Civilizações.


Essência da própria matéria, a força é o Trabalho, obedecendo no mundo físico à vontade consciente, ordenadora de Deus. Elemento fundamental do aperfeiçoamento humano, a energia da inteligência e dos músculos é também Trabalho, obedecendo, no mundo social, à vontade consciente do Homem, orientada pelo livre-arbítrio, supremo dom que o Criador outorgou à criatura humana.


O Trabalho não é o “mais valor” de Marx. Porque o Trabalho é o valor único, o valor que não deve conhecer contraste, numa concepção espiritualista da vida, da sociedade e do Estado.


O Trabalho não é um direito, porque é um dever. Como direito, escraviza; como dever eleva-se e liberta-se.


Como direito, o Trabalho mendiga diante dos Poderosos; como dever fortalece-se e impõe-se, salvando-se dos exploradores e tomando dentro da Nação o lugar mais alto e mais digno.
O Trabalho não pode ser o objeto de exploração do Capitalismo, nem o objeto de escravidão do Comunismo. O Trabalho não pode ser o beneficiário da munificência e altruísmo do Estado; porque o Trabalho deve constituir a própria razão de ser da existência dos Governos, a fonte da soberania nacional, a inspiração da justiça, o imperativo que cria os deveres dos dirigentes, em face de um dever humano que decorre de uma lei natural.


O Trabalho não é antagonista do Capital, desde que o Capital se conserve nos limites justos do conceito cristão da propriedade. Pois o Capital é a condensação do próprio trabalho, uma soma de energias concretizadas num potencial econômico. Nestas condições, não compreendemos que o Trabalho seja, nem antagonista, adversário, inimigo do Capital, e nem, tampouco, que o Trabalho e Capital devam harmonizar-se, no sentido que esta palavra adquiriu na técnica verbal dos teoriastas burgueses. Só se harmonizam elementos “diferentes”, coisas distintas; ora, não se pode estabelecer distinção entre Capital e Trabalho (desde que se conservem nas linhas justas do conceito cristão) uma vez que um e outro representam a mesma coisa, em circunstâncias diversas.

A água não deixa de ser água, quer esteja em estado de vapor, quer se apresente em forma de líquido, quer noa apareça nos blocos sólidos do gelo.


O Comunismo pretende solucionar o problema econômico-social, como alguém que quisesse que todos os gelos e todos os vapores do mundo se liquifizessem, ou todos os líquidos se solidificassem ou se vaporizassem.

O Capitalismo quer manter distinções fundamentais entre a soma de Trabalho acumulado, de Trabalho em eficiência e de Trabalho em potencial.


Cumpre considerar o Trabalho como elemento único, apresentando-se em expressões diferentes. Na diversidade dos aspectos, a unidade absoluta da energia humana. Consideramos Trabalho, o Capital; consideramos Trabalho, o esforço e realização diária das eficiências humanas em ritmo de criação; e consideramos, ainda, Trabalho, a energia, a capacidade em potencial que se encontra em estado latente no cérebro e nos músculos daqueles que uma organização social errada conserva em disponibilidade.

Trabalho acumulado (Capital); Trabalho em ação criadora (mão-de-obra); e Trabalho em disponibilidade (desempregados); o Estado deve por todas estas formas zelar, submetendo-as, não a uma finalidade propriamente do Estado, mas aos supremos interesses que essa finalidade objetiva: o equilíbrio social e a felicidade humana.

O Trabalho, elemento essencial, único das manifestações da vida do indivíduo, da família, do grupo profissional, da sociedade, do estado e da humanidade, nós o consideramos, ao mesmo tempo, como sujeito e como objeto. O trabalho é sujeito, quando o encaramos como força propulsora da Economia e fonte originária do Estado. O Trabalho é objeto, quando o tomamos como energia, cujo desenvolvimento deve submeter-se à moral humana e ao espírito de justiça e de equilíbrio que o Estado encarna.


Pois o Estado existe em razão do Trabalho. Se os homens estivessem parados, sem nada fazer, não haveria necessidade do Estado para garantir os direitos do Trabalhador e da sua família, numa palavra, os direitos da pessoa humana em ação, em movimento afirmativo e criador. Sendo o Trabalho um dever humano, espiritualiza-se, eleva-se de tal forma que exige garantias, as quais são asseguradas pela Força do Estado. O Estado, pois, seria supérfluo, se o Trabalho não existisse. Existindo o Trabalho como dever, ele moraliza o direito do trabalhador. Moralizando esse direito, exige uma execução de normas éticas. Exigindo essa execução, engendra o conceito de Estado. O Estado, em última análise, é uma manifestação jurídica de Trabalho. O Trabalho, examinada a questão a fundo, é a fonte de todos os direitos públicos e privados, porque o direito, sendo um conceito de equilíbrio inspirado na moralidade, só poderia ter origem num dever que oferece as normas seguras da moralidade.

O Trabalho procede de um alto pensamento espiritual. Essa a razão por que combatemos o capitalismo, que se inspirou no materialismo, na negação de Deus e do Espítito, para justificar a sua tirania e opressão sobre os trabalhadores. Essa a razão também por que combatemos o comunismo, pois este aceitou o conceito materialista do Trabalho, segundo ensinou a burguesia capitalista, e engendrou um antagonismo que, em última análise, nega a essência natural do Trabalho.

O Trabalho, para nós, espiritualistas e cristãos, é a fonte do espírito de justiça, da inspiração política e dos anseios da liberdade humana.


(Madrugada do Espírito, Obras Completas, Vol. 7, pág. 437)

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Criador do WikiLeaks divulga arquivo que pode ser seu "seguro de vida".

O fundador do site Wikileaks, Julian Assange, postou na internet há algumas semanas um misterioso arquivo intitulado "insurance.aes256", que pode conter todos seus segredos para o caso de lhe ocorrer algo, dizem várias páginas especializadas.

O motivo da existência do arquivo e seu conteúdo se transformou em um acalorado debate em muitas páginas da internet, especialmente depois de o WikiLeaks revelar durante esta semana mais de 251 mil documentos confidenciais dos Estados Unidos.

O arquivo, que foi inicialmente colocado na página do WikiLeaks sobre os documentos da guerra do Afeganistão e que pode ser baixado como arquivo "torrent", pesa 1,4 Gigabytes e está codificado com AES256, o sistema de encriptação mais avançado e adotado pelo Governo dos EUA.

O WikiLeaks e Assange não deram praticamente nenhuma explicação sobre o conteúdo do arquivo e a razão pela qual ele está sendo disseminado.

No final de julho, pouco depois de o arquivo aparecer em seu site, Assange foi questionado sobre o tema pela jornalista americana Amy Goodman.

"Bom, acho que é melhor não comentarmos sobre isso. Mas já sabe, alguém poderia imaginar em uma situação similar que valeria a pena assegurar as partes importantes da história para que não desaparecessem", explicou.

O site "Cryptome" especulou então que se algo acontecesse com o "Wikileaks" ou com Assange seus voluntários revelariam a contra-senha para abrir o arquivo.

A revista "Wired", por sua vez, especulou que o suposto autor do envio dos documentos secretos que estão sendo revelados pelo WikiLeaks, o soldado Bradley Manning, na realidade proporcionou a Assange mais documentos que os 251 mil telegramas diplomáticos e as dezenas de milhares de documentos sobre o Afeganistão e o Iraque já revelados.

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