quarta-feira, 15 de outubro de 2014

10 lições da Finlândia para a educação brasileira


         Os finlandeses têm reconhecidamente um dos melhores sistemas educacionais do mundo. Confira 10 itens que fizeram a diferença por lá. A questão é saber se funcionariam no Brasil.

“Educação faz parte da nossa cultura”, explica a diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, Jaana Palojärvi. A diretora chega ao Brasil como representante de um dos sistemas educacionais mais reconhecidos do mundo, com alunos se destacando nas primeiras posições da principal avaliação internacional de estudantes, o Pisa.

         Jaana veio ao Brasil com um discurso otimista: segundo ela, é possível revolucionar o ensino de um país em algumas décadas. Afinal, é isto que a Finlândia fez e continua fazendo desde 1970.

     Há quarenta anos, o país reviu suas prioridades e revolucionou o sistema que, hoje, é exemplo mundial apontado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE ) e pela ONU, com o Índice de Educação Global, no qual a Finlândia integra o primeiro lugar.

      No Seminário Internacional sobre o Sistema de Educação do país, que aconteceu nesta quinta-feira em São Paulo, a diretora do “MEC finlandês” reiterou a  receita do sucesso educacional, conhecido pela liberdade e flexibilidade que concede a alunos e professores.

     As lições de lá não necessariamente podem ser replicadas por aqui, por diferenças que vão de escala à cultura. Muitas questões, como as horas em salas de aulas ou o poder dado aos professores, dividem especialistas brasileiros. Mas nenhum educador ou agente público pode se dar ao luxo de ignorar o que um sistema de excelência faz.

Confira abaixo 10 visões da Finlândia de como se deve fazer educação pública:

1. A educação tem de ser igual e gratuita a todos

           Jaana Palojärvi é veemente ao afirmar que as escolas na Finlândia oferecem a todos ensino de qualidade e gratuito. Por lá, apenas 2% das instituições de ensino são particulares, e mesmo estas são subsidiadas pelo governo. Além disso, a diretora defende que o padrão de ensino é o mesmo em todas as escolas finlandesas e, por isso, as crianças passam a frequentar a escola do bairro, que está mais próxima de onde elas vivem. Um princípio de igualdade que equaliza oportunidades.

2. “Mantenha as coisas simples”

          Quando perguntada qual o principal conselho que ela teria para os educadores brasileiros, Jaana hesitou, mas definiu: “foco nos níveis mais locais”.

           Na Finlândia, a educação fica ao encargo do município e, mais do que isso, do professor. É ele, após muito treinamento, que decide como passar o conteúdo. Cada escola é livre para criar seu próprio material de ensino. Para Jaana, isso faz toda a diferença, já que motiva os professores e incentiva novos modos de ensino, que acomodem as necessidades de cada criança.

“Tem de prestar atenção na realidade da sala de aula. É lá que a mudança acontece”, disse.

3. Valorização do professor

“O professor é a primeira pessoa na vida do aluno”, explica a diretora. Em seu país, eles podem não ter os maiores salários (ganham uma remuneração média em relação a outros setores), mas a carreira de professor é uma das mais populares. E por quê?

O professor na Finlândia é bem preparado.

Ele precisa ser graduado e ter um mestrado.

Passa ainda por treinamento específico para dar aulas e tem plano de carreira.

           Nesse contexto, faz sentido que ele tenha a palavra final dentro da sala de aula. Para o governo finlandês, isso faz toda a diferença, já que estimula o professor a inovar e torna a profissão mais inspiradora.

         A diretora ressaltou, no entanto, a importância da educação obtida pelo próprio professor para que ele se torne autoridade máxima. "Nós demos o preparo e, agora, temos de confiar neles", explica. Esse quadro de preparo, oferta de oportunidade e consequente confiança nem sempre se repete no Brasil.

“Não é o dinheiro, eles não fazem pelo dinheiro”, explica Jaana. Na Finlândia, não existe bônus financeiro para professores com melhor desempenho. Aliás, tal estímulo financeiro, para eles, é inconcebível.

4. A quantidade de dinheiro não importa

           Enquanto no Brasil há projetos propondo o aumento da verba do PIB destinada a gastos com ensino, na Finlândia o movimento foi contrário. Por lá, apenas 6% do PIB é dedicado à educação. E mesmo assim eles lideram as avaliações internacionais junto com a Coreia do Sul.

         Jaana afirma que a questão não é a quantidade de dinheiro separada para alguma coisa, mas como você organiza o dinheiro que usa. Lá, há menos burocracia para se alterar a maneira como se gasta o dinheiro investido. Em poucos anos a máquina administrativa foi alterada para que o investimento, embora não o maior do planeta, estivesse entre os melhores em destinação.

5. A quantidade de horas de estudo não importa

            A Finlândia não tem escolas de período integral – e os alunos não têm muita lição de casa. Segundo Jaana, “a qualidade do ensino existe na sala de aula, e isso se alcança com bons professores”. O sistema básico e obrigatório de educação também segue essa linha de raciocínio e só começa com a criança aos sete anos: “nós acreditamos que nossas crianças têm de ser crianças. Elas não têm de aprender a ler ou escrever antes dessa idade”, explica a diretora.

           No Brasil, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, lançado pelo governo federal no ano passado, foi criticado por prever que as crianças estejam aptas a ler e efetuar operações matemáticas básicas já com oito anos.

6. Atenção aos alunos que podem apresentar mais dificuldades

     Na Finlândia, o foco não está no aluno que vai melhor. Pelo contrário, os professores tentam identificar aqueles que podem ter problemas, para conseguir mantê-los no sistema.

7. Valorização das diferentes formas de aprendizagem

       Existem crianças mais visuais, outras aprendem melhor com música, outras se podem usar das mãos para compreender um novo conceito. Na Finlândia, os modelos pedagógicos sustentam diferentes estilos de ensino, segundo a diretora. O foco não é tanto em conteúdo, mas em análise e apoio de diferente métodos.

8. Menos tecnologia, mais ensino.

        Ao contrário do que se pode imaginar, tecnologia não é supervalorizada na Finlândia. Segundo Jaana, os professores até usam novos recursos tecnológicos, mas eles não são tão importantes. “São só ferramentas, não são o conteúdo, que é a chave de tudo”, explica.

9. Nada de testes

      Esqueça Enem, vestibular, Enade... Na Finlândia não há provas nacionais e cada professor está livre para avaliar seus alunos como bem entender. “Nós não acreditamos muito em testes, estamos mais interessados em aprender”, explica a diretora. Com professores menos empenhados em provas, eles passam seu tempo individualizando métodos de ensino ou criando novos.

10. Valorização das artes

       Enquanto por aqui a preocupação maior é trazer mais meninas para as áreas das Exatas, lá é exatamente o contrário. As escolas finlandesas já têm aulas de artes e música no currículo básico, e a carga horária delas deve aumentar ainda mais, tentando atrair também a atenção dos meninos mais matemáticos das salas. "A cada dez anos, muda tudo em Física. Muda tudo em Química. Por isso o conteúdo não é tão importante, mas ter jovens criativos e comunicativos é essencial", opina Jaana.

domingo, 12 de outubro de 2014

Categorias da Educação Especial


          Ainda que o desenvolvimento das pessoas com deficiência se processa de forma deficitária e lenta, se comparado com a evolução que realmente deveria ter. Mas não é impossível conseguir que eles atinjam o mesmo nível de conhecimentos e capacidades das pessoas consideradas normais em praticamente todas as atividades. Por isso, estas ditas limitações não conseguem atrapalham a força de vontade humana de se superar a cada dia. Mostrando eles que podem sim avançar nos níveis de educação a seu ritmo, com  conhecimentos sociais e intelectuais.            


            A partir dos projetos de inclusão social/educacional os alunos se sentiram incluídos por terem sido aceitos pelos outros, pois a inclusão possibilitou que essas crianças e jovens pudessem sonhar com um futuro, uma profissão, uma continuidade em seu aperfeiçoamento educacional. Até alguns anos atrás as crianças com necessidades especiais eram guardadas em casa ou colocadas em uma classe especial. A inclusão social deve ser um trabalho em conjunto com o poder público e as famílias de modo que sejam resolvidas em todas as áreas onde essas crianças e jovens devem atuar na sociedade junto com aqueles ditos ‘normais’. Algo importante sobre a inclusão social e a Educação Especial é que a criança não é avaliada com a turma, mas consigo mesma, pois a inclusão é uma questão humanística de dar a essas pessoas dignidade. Não é responsabilidade só de o professor fazer a inclusão, mas de todos os profissionais que se envolvem com os sujeitos na sociedade. O processo de inclusão é muito novo aqui no Brasil, mas está andando de forma rápida e com resultados positivos. Devemos construir uma escola para todos onde não há discriminação, onde as crianças com deficiência participam das atividades, um desses meios é a sala de recursos, que é importantíssima, porque ela equipara as condições desse aluno em sala de aula. Uma sala aonde tem os mesmos materiais dos colegas só que adaptados as suas necessidades, o aluno só aprende se o professor tiver o desejo de ensinar.

            O paradigma da educação inclusiva é consolidado nos documentos legais, como o Decreto nº. 6.571/2008 que institui a política de financiamento para o atendimento educacional especializado - AEE, e a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica.

I - Implantação de sala de recursos multifuncionais;

            O ensino de crianças e jovens com necessidades especiais deve ser prioritariamente, feito na sala de recursos multifuncionais da escola ou em outra escola de ensino regular, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser feito, em locais de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, pois incluir é coloca-los em igualdade com os demais, tanto em meios como em recursos didáticos. E isso é dever da Escola com a comunidade e o Estado, dando condições de acesso à educação a todos.

II - Formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado;

            Na perspectiva da educação inclusiva, cabe destacar que a educação especial tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, e a formação continua de professores para o atendimento educacional especializado e aos demais profissionais da educação, para a inclusão. Incluindo o constante aperfeiçoamento por parte desses profissionais conforme as novas tecnologias e os novos processos pedagógicos de aprendizagem vão surgindo para o melhor desempenho dos alunos com necessidades especiais.

III - Formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para educação inclusiva;

            A transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior e a oferta do atendimento educacional especializado exige a formação de professores para o atendimento educacional especializado e aos demais profissionais da educação, para a inclusão e do mesmo modo a participação da família e da comunidade;

IV - Adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;

            A acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informações; e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.

V - Elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para acessibilidade;

            A promoção de acessibilidade aos programas de distribuição de livros didáticos e paradidáticos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em formatos acessíveis Braille, Libras, além de dicionários trilíngue Português/Inglês/Libras para alunos com surdez e de laptops para alunos cegos.

VI - Estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior (MEC/SEESP, 2008).

            A implantação dos núcleos de acessibilidades no contexto do Programa Incluir, para a promoção da acessibilidade na educação superior. A realização do PROLIBRAS, em parceria com o INEP, para a certificação de profissionais para o ensino e para a tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Orientando os sistemas de ensino para garantir o acesso ao ensino comum, a participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados de ensino; a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior.

           

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Breve relato sobre aspectos históricos na educação dos surdos.


Abade Charles Michel de L’Epée (1712-1789).
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Prof° Gaspar Scangarelli: professor de LIBRAS, Surdo, Formado de Educação Física na Ulbra e letras/LIBRAS na UFSC, pólo UFSM. Proficiência de LIBRAS pelo MEC.

            A História da Educação dos Surdos data de cerca de 400 anos, sendo que nos seus primórdios havia pouca compreensão da psicologia do problema, e os indivíduos deficientes eram colocados em asilos ou mortos, retirados do convívio da sociedade.

            No passado, os surdos eram considerados incapazes de ser ensinados, por isso eles não frequentavam escolas. As pessoas surdas, principalmente as que não falavam, eram excluídas da sociedade, sendo proibidas de casar, possuir ou herdar bens e viver como as demais pessoas. Assim, privadas de seus direitos básicos, ficavam com a própria sobrevivência comprometida.

            Na Roma não perdoavam os surdos porque achava que eram pessoas castigadas ou enfeitiçadas, a questão era resolvida por abandono ou com a eliminação física – jogavam os surdos em rio Tiger. Só se salvavam aqueles que do rio conseguiam sobreviver ou aqueles cujos pais os escondiam, mas era muito raro – e também faziam os surdos de escravos obrigando-os a passar toda a vida  dentro do moinho de trigo empurrando a manivela.

            Na Grécia, os surdos eram considerados inválidos e muito incômodo para a sociedade, por isto eram condenados à morte – lançados abaixo do topo de rochedos de Taygéte, nas águas de Barathere - e os sobreviventes viviam miseravelmente como escravos ou  abandonados só.

            O abade Charles Michel de L’Epée é uma pessoa muito conhecida na história de educação dos surdos, (1712-1789) conheceu duas irmãs gêmeas surdas que se comunicavam através de gestos, iniciou e manteve contato com os surdos carentes e humildes que perambulavam pela cidade de Paris, procurando aprender seu meio de comunicação e levar a efeito os primeiros estudos sérios sobre a língua de sinais. Procurou instruir os surdos em sua própria casa, com as combinações de língua de sinais e gramática francesa sinalizada denominado de “Sinais metódicos”.

            Abade Charles Michel de L’Epée fundou a primeira escola pública para os surdos “Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris” e treinou inúmeros professores para surdos. O abade colocou as regras sintáticas e também o alfabeto manual inventado pelo Pablo Bonnet e esta obra foi mais tarde completada com a teoria pelo abade Roch-Ambroise Sicard.

            Em Hartford,1814, nos Estados unidos, o reverendo Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851) observava as crianças brincando no seu jardim quando percebeu que uma menina, Alice Gogswell, não participava das brincadeiras por ser surda e era rejeitada das demais crianças. Gallaudet ficou profundamente tocado pelo mutismo da Alice e pelo fato de ela não ter uma escola para freqüentar, pois na época não havia nenhuma escola de surdos nos Estados Unidos.

            Gallaudet tentou ensinar-lhe pessoalmente e juntamente com o pai da menina, o Dr. Masson Fitch Gogswell, pensou na possibilidade de criar uma escola para surdos.

Thomas_Gallaudet

            O americano Thomas Hopkins Gallaudet parte à Europa para buscar métodos de ensino aos surdos. Na Inglaterra, o Gallaudet foi conhecer o trabalho realizado por Braidwood, em escola “Watson’s Asylum” (uma escola onde os métodos eram secretos, caros e ciumentamente guardados) que usava língua oral na educação dos surdos, porém foi impedido e recusaram-lhe a expor a metodologia, não tendo outra opção o Gallaudet partiu para a França onde foi bem acolhido e impressionou-se com o método de língua de sinais usado pelo abade Sicard.

            Thomas Hopkins Gallaudet volta à América trazendo o professor surdo Laurent Clerc, melhor aluno do “Instituto Nacional para Surdos Mudos”, de Paris. Durante a travessia de 52 dias na viagem de volta ao Estados Unidos, Clerc ensinou a língua de sinais para Gallaudet que por sua vez lhe ensinou o inglês. Thomas H. Gallaudet, junto com Clerc fundou em Hartford, 15 de abril, a primeira escola permanente para surdos nos Estados Unidos, “Asilo de Connecticut para Educação e Ensino de pessoas Surdas e Mudas”. Com o sucesso imediato da escola levou à abertura de outras escolas de surdos pelos Estados Unidos, quase todos os professores de surdos já eram usuários fluentes em língua de sinais e muitos eram surdos também.

            Em 1864 foi fundado a primeira universidade nacional para surdos “Universidade Gallaudet” em Washington – Estados Unidos, um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo filho do mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917).     
                            
            Em 6 até 11 de setembro de 1880 realizou-se Congresso Internacional de Surdo- Mudez, em Milão – Itália, onde o método oral foi votado o mais adequado a ser adotado pelas escolas de surdos e a língua de sinais foi proibida oficialmente alegando que a mesma destruía a capacidade da fala dos surdos, argumentando que os surdos são “preguiçosos” para falar, preferindo a usar a língua de sinais. O Alexander Graham Bell teve grande influência neste congresso. Este congresso foi organizado, patrocinado e conduzido por muitos especialistas ouvintes na área de surdez, todos defensores do oralismo puro (a maioria já havia empenhado muito antes de congresso em fazer prevalecer o método oral puro no ensino dos surdos). Na ocasião de votação na assembléia geral realizada no congresso todos os professores surdos foram negados o direito de votar e excluídos, dos 164 representantes presentes ouvintes, apenas 5 dos Estados Unidos votaram contra o oralismo puro.


Alexander Graham Bell (1847-1922).

            Entre os anos 1870 e 1890, o Alexander Grahan Bell publicou vários artigos criticando casamentos entre pessoas surdas, a cultura surda e as escolas residenciais para surdos, alegando que são os fatores o isolamento dos surdos com a sociedade. Ele era contra a língua de sinais argumentando que a mesma não propiciavam o desenvolvimento intelectual dos surdos.
            Um pouco antes (1857), o professor francês E. Huet, professor surdo com experiência de mestrado e cursos em Paris, e partidário de L'Epée, que usava o Método Combinado, veio para o Brasil, a convite de D. Pedro II, para fundar a primeira escola para meninos surdos de nosso país: Imperial Instituto de Surdos Mudos, hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), mantido pelo governo federal, e que atende, em seu Colégio de Aplicação, crianças, jovens e adultos surdos, de ambos os sexos. A partir de então, os surdos brasileiros passaram a contar com uma escola especializada para sua educação e tiveram a oportunidade de criar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), mistura da Língua de Sinais Francesa com os sistemas de comunicação já usados pelos surdos das mais diversas localidades.


 Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Fundado em 26/09/1857.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        
                                                                                                                                                  
Edouard Huet

            Depois de vários fracassos cometidos na Educação de Surdos através do método oralista de ensino, em contraste com a eficácia do uso da LIBRAS e após diversos movimentos em todo o mundo a favor do uso da Língua de Sinais na Educação, foi que o Brasil oficializou a LIBRAS através da Lei 10.436 de 24 de abril de 2002; como instrumento de comunicação eficaz aos Surdos, surgindo então o Método Bilíngüe de Ensino, que envolve simultaneamente o uso de duas línguas: LIBRAS COMO PRIMEIRA LÍNGUA E A LÍNGUA PORTUGUESA COMO SEGUNDA LÍNGUA NO APRENDIZADO DOS ALUNOS SURDOS.

            Em 1960 Willian Stokoe publicou “Linguage Structure: na Outline of the Visual Communication System of the American Deaf” afirmando que ASL é uma língua      com todas as características da língua oral. Esta publicação foi uma semente de todas as pesquisas que floresceram em Estados Unidos e na Europa. 

            Hoje com mais 450 alunos se formaram o curso de letras/libras que vai valorizar a língua brasileira de sinais em nove pólos da UFSC e irão incluir o currículo de libras nas diversas instituições para divulgar a importância de LIBRAS para as pessoas ouvintes e acabar com preconceitos e barreiras.


 William Stokoe

CULTURA SURDA

            A cultura surda tem em seus fundamentos a importância do contato entre as pessoas surdas com a sua Língua de Sinais  com outros surdos, nós nos entendemos como uma comunidade surda, esta, sendo uma minoria, possui elementos que se diferem muito daqueles a quem chamamos de ouvintes, as pessoas que ouvem.

            Os surdos têm encontros em festas de associação onde fazem amizades e participam deste local para desenvolver sua autoestima, pois a maioria dos surdos provém de famílias ouvintes não usuárias da língua de sinais.

LÍNGUA DE SINAIS

            A língua de sinais é a forma de comunicação dos surdos. Embora muitas pessoas acreditem que fazer gestos, mímica ou dramatizações seja língua de sinais porque acha é limitada, não tem conhecimento, incapaz de transmitir idéias abstratas. Também há pessoas acreditam que a língua de sinais é o português feitos com as mãos, um conjuntos de gestos que interpretam as línguas orais, isso é mito.

            Embora cada língua de sinais tenha sua própria estrutura gramatical, surdos de pais diferente falam diferente línguas, como as pessoas ouvintes.

            Mas os surdos de países diferentes comunicam-se facilmente através gestos, classificação, icônicos, expressões faciais que se assemelham coisas representadas.

            A língua de sinais exige o contato com outros surdos que a utilizam, ou a realização de um curso formal para ser aprendida. Cada país tem a sua própria língua de sinais. A língua de sinais NÃO é universal. Dentro de um único país, há variações da língua por regiões, é o que chamamos de variações linguísticas.

            Ela é diferente em cada lugar do mundo, assim como as línguas orais e, por isso, em nosso país se chama Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.  É reconhecida cientificamente, como um sistema linguístico de comunicação gestual-visual, com estrutura gramatical própria, oriunda das comunidades surdas brasileiras. É uma língua natural, formada por regras morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas próprias, diferente da Língua Portuguesa.

sábado, 4 de outubro de 2014

Didática, origem e fundamentos.



           Segundo as bases teóricas analisadas, o conceito de didática surge com Comênio no séc. XVII, através de sua obra Didática Magna, aonde ele elabora uma proposta de reforma tanto do ensino como da escola. Seu trabalho lançou as bases da pedagogia que colocava em primeiro lugar a “arte de ensinar”, ao qual ele mesmo denominou ‘Didática, opondo-se ao pensamentos conservadores da nobreza e do clero, pois em oposição aos últimos ele desejava ensinar tudo a todos.

          A origem da Didática nos remete ao século XVII através de Iohannes Amos Comenius ou mais conhecido como Comênio (1592-1670) que realizou uma obra chamada Didática Magna (Didactica Magna) em 1657, que criava uma proposta de reformar e escolar e educacional. Seu trabalho priorizava uma pedagogia baseada na ‘arte de ensinar’, por ele denominada Didática, termo de origem grega que significa ‘arte’ ou ‘técnica de ensinar’. Desse modo lançado oposição ao pensamento pedagógico da nobreza e do clero. Em sua obra Comênio teorizava um cenário pedagógico com ênfase nos meios e no processo e não em formar um homem ideal como era o pensamento conservador dos nobres e clero, pois a maior preocupação que apresenta em seu trabalho era fundamentada em ensinar tudo a todos.            As teorias de Comênio foram marcantes para sua época, pois o enfoque no ensino voltado às exigências do mundo da produção e dos negócios, valorizando as capacidades dos interesses individuais. As ideias revolucionárias de Comênio caracterizaram-se pelo início do sistema de produção capitalista ao qual se servia de seu enfoque.

               Numa perspectiva atual, a didática propõe uma visão de que somos cidadãos do mundo, e detentores do direito de possuir os instrumentos para se apropriar dos instrumentos culturais de nossa realidade. Inclui em sua visão o conhecimento produzido pelo sujeito, na sua relação com os outros e com o objeto de conhecimento, é compreendido como um conhecimento em rede, em que todas as teorias e todos os conceitos estão interconectados, num crescimento contínuo.

             No decorrer do texto podemos ver que o autor nos apresenta dois tipos principais de didática.  A didática instrumental é elaborada como uma bagagem de conhecimentos técnicos de como fazer pedagogia. Apresentados de forma ampla desvinculam-se dos conteúdos específicos. Já a didática fundamental possui um processo multidimensional de ensino-aprendizagem. Ela não dissocia a competência técnica e o compromisso político, mas se interpenetram. Os projetos pedagógicos devem ser pensados com projetos éticos e político-social.  A didática deve ter por bases a ação educativa constituindo-se em ações sempre voltadas para a realidade circunstancial, cada processo de ensino-aprendizagem é singular e deve ser observado a partir de suas características.

         Neste momento abordarei de forma sucinta as Tendências Pedagógicas 1 dos autores Paulo Freire e José Carlos Libâneo. Para Freire, há duas concepções de educação: bancária, que serve à dominação (cunho mecânico e voltada para a memorização, que unicamente interessa as elites dominantes) e a problematizadora (possibilitando a construção de um de um conhecimento crítico realizado através da vivencia), que serve à libertação. Como afirma: “Em verdade, não seria possível à Educação Problematizadora, que rompe com os esquemas verticais característicos da Educação Bancária, realizar-se como prática da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os educandos. Como também não lhe seria possível fazê-lo fora do diálogo. [...] O Educador já não é apenas o que educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa.” (FREIRE, 1982, p.78).

          Para José Carlos Libâneo, acredita nas condicionantes sociopolíticos da escola, que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade, de diferentes pressupostos sobre o papel da escola, da aprendizagem, das relações professor-aluno e de técnicas pedagógicas, classificou as tendências pedagógicas em: Tendência Pedagógica Liberal (classificada em: Tradicional, Renovada progressivista, Renovada não-diretiva, Tecnicista.) e Tendência Pedagógica Progressista (Libertadora, Libertária e Crítico-social dos conteúdos). O autor afirma sobre a tendência pedagógica liberal: “A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Para isso, os indivíduos precisam aprender a adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não veva em conta a desigualdade de condições [...].” (LIBÂNEO, 2002, p. 21-22).

Conforme Libâneo, a Tendência Pedagógica Liberal está classificada em:
1- Liberal:
a.    Tradicional (transmissão de conteúdos / professor);
b.    Renovada Progressivista e Renovada Não-Diretiva (Escola Nova: enfoque no aluno);
c.    Tecnicista (transmissão de conteúdos / técnicas).

            2- Tendência Pedagogia Progressista: o referido autor esclarece que esta, por meio de suas diferentes tendências pedagógicas, parte da análise das realidades sociais e sustenta implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. Segundo Libâneo, a tendência pedagógica progressista está classificada em:

            a. Libertadora (fundamentada nos estudos de Paulo Freire).
           b. Libertária (Fundamentada nos estudos do espanho. Ferrer y Guardiã. Partem do principio que deve haver uma autogestão pedagógica que deve resistir à burocracia com instrumento de ação dominadora do Estado.)
            c. Crítico-social dos conteúdos (fundamenta-se nos estudos de Carlos Libâneo e Dermeval Saviane. Sua principal característica é a difusão dos conteúdos. São conteúdos culturais, universais que se constituíram em domínios de conhecimento relativamente autônomos.)

            Estudaremos agora as Tendências Pedagógicas 2: Baseadas no posicionamento dos educadores e pensadores brasileiros: Fernando Becker
Maria da Graça Nicoletti Mizukami. O professor Fernando Becker, defende que existem três diferentes formas de representar a relação ensino-aprendizagem. Denomina essas formas de modelos pedagógicos e epistemológicos: pedagogia diretiva, pedagogia não-diretiva e pedagogia relacional.

            Pedagogia Diretiva: conforme Fernando Becker, o aluno é uma tabula rasa, sobre a qual é gravado o conhecimento. No perfil da classe o enfileiramento, não oportunizando a relação entre os alunos. Palavra monopolizada ao professor, onde este acredita no ensino onde o aluno apenas escuta e absorve os conhecimentos, aprendendo pelo meio da fixação e repetição. O aluno devesse mantêm em silêncio recebendo passivamente as informações.

“O professor (P), representante do meio social, determina o aluno (A) que é tábua rasa a cada novo conteúdo. [...] É o modelo, por excelência, do fixismo, da reprodução, da repetição”. (BECKER, 2000, p.19).

            Pedagogia não-diretiva: o professor assume  a função de facilitador, de auxiliar do aluno. “O aluno já traz um saber que ele precisa, apenas, trazer à consciência, organizar, ou, ainda, rechear de conteúdo”. (BECKER, 2000, p.19).            Nesse modelo pedagógico há a negação do pólo ensino, atribuindo-se valor absoluto à aprendizagem, o que significa abdicação do professor na sua atuação fundamental docente: a intervenção no processo de aprendizagem do aluno.
           
            Pedagogia relacional: o aluno já tem um conhecimento construído e que isso serve de base para construção de novos conhecimentos. 

            A metodologia  utilizada é aquela que possibilita ao aluno pensar, refletir e interagir. Como lemos: “[...] aprendizagem é, por excelência, construção [...]” (BECKER, 2000, p.24).
Modelo da Metodologia



            Abordaremos agora o processo de ensino-aprendizagem, segundo a 
perspectiva de Maria da Graça Nicoletti Mizukami. Classifica o processo de ensino em cinco abordagens.


   Abordagem tradicional: centrada no professor; Alunos recebem tarefas majoritariamente individuais, maiores interesse na fixação da informação do que no pensamento reflexivo. Relação professor-aluno é vertical, avaliação por meio de provas, exames e chamadas orais.

         Abordagem comportamentalista: O conteúdo transmitido visa objetivo e habilidades que levem à competência. O aluno é considerado como um recipiente de informações e reflexões. Assim, o ensino é composto por padrões de comportamento que podem ser mudados por meio de treinamento. O ensinar consiste num planejamento de reforço sob as quais os alunos aprendem, sendo de responsabilidade do professor, assegurar a aquisição do comportamento.

       Abordagem humanista: O professor, em si não transmite o conteúdo, mas sim dá assistência ao aluno, sendo um facilitador da aprendizagem.
O conteúdo advém das próprias experiências dos alunos, e o professor não ensina, apenas cria condições para que os alunos aprendam. Dessa forma, a responsabilidade da educação é fundamentalmente do próprio aluno – o ensino é centrado no aluno.

          Abordagem cognitivista: Aqui a inteligência é o instrumento mais importante para a aprendizagem. A educação consiste no que o aluno aprende por si próprio sem a intervenção do professor. Valorização do trabalho em grupo.

          Abordagem sócio-cultural: Historicidade, processo de conscientização, valorização da linguagem e da cultura do aluno, a verdadeira educação consiste na Educação Problematizadora.
Cooperação, união, organização e solução comum de problemas.

            A avaliação é realizada por meio da auto-avaliação e/ou avaliação mútua da prática educativa por professor e alunos.

         Professor Reflexivo e Pesquisador: Neste momento do presente trabalho procurarei construir a importância da relação entre trabalho pedagógico e pesquisa, de modo a enfatizar o professor o professor como sujeito reflexivo e pesquisar. “[...] o educador nunca estará definitivamente ‘pronto’, formado, pois que sua preparação, sua maturação se faz no dia-adia, na mediação teórica sobre sua prática. A sua constante atualização se fará pela reflexão diurna sobre  os dados de sua prática. Os âmbitos do conhecimento que lhe servem de base não deverão ser facetadas, estanques e isoladas de tratamento do seu objeto de ação: a educação. Mas serão, sim, formas de ver e compreender globalmente, na totalidade, o seu objeto de ação.” (CANDAU, 2000b, p.89).
           
            Nesse sentido, obtemos a necessidade do professor repensar sua prática pedagógica, abrindo-se agora para uma nova premissa em educação que é a de construção de conhecimento, problematização de hipóteses, isto é, um novo pensamento – o de tornar-se reflexivo, pesquisador. Como?  Através de uma constante atualização teórica, para que a prática pedagógica possa transformar-se, modificar-se.

            Pesquisa Qualitativa em Educação: Os autores esclareceram que: “[...] um campo que era anteriormente dominado pelas questões da mensuração, definições operacionais, variáveis, testes de hipóteses e estatística alargou-se para contemplar uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais.” (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p.11). Eles designaram essa abordagem por Investigação Qualitativa, onde a caracterizaram como significado da importância vital na abordagem qualitativa.

            Estruturação de uma Pesquisa: para se construir um plano de investigação, ou seja, umas propostas de pesquisa qualitativa deveram ter em mente alguns elementos que devem ser considerados na estruturação do projeto de pesquisa, os quais  estão descritos a seguir. A escolha do estudo ou tema da investigação: temas instigantes, inovadores, com os quais a possibilite de investigar torne-se presente. As pesquisas podem ser estruturadas utilizando-se os estudos de caso: que consiste na observação detalhada de um contexto ou indivíduo, de uma única fonte de documentos ou um acontecimento específico. Observação inicial: é o tratamento histórico do ambiente, para compreensão da situação atual. Trabalho de campo: é a inserção do pesquisador no espaço a ser pesquisado. Métodos da coleta de dados: A observação: que são propósitos específicos do estudo, é um registro detalhado do que está sendo observado. O registro: pós a realização da observação, é o registro do dia, hora e local do trabalho de pesquisa a ser efetivado.  Entrevistas: São questões elaboradas pelo pesquisador e outras formuladas no momento da sua execução conforme as respostas dos entrevistados. Análise documental: é qualquer material escrito que pode ser usado como fonte de informação.   Análise dos dados: É um processo de busca e de organização do material obtido, que reduz os dados e criam as seguintes etapas: delimitação do foco de estudo; formulação de questões analíticas; - aprofundamento da revisão da leitura sobre a temática. E a última etapa do projeto de pesquisa seria a redação para futura publicação. Que deve ter um: tema, título, introdução, desenvolvimento, conclusão, referências bibliográficos, e anexos.

            A Pesquisa em sala de aula: Como podemos trabalhar com a pesquisa em sala de aula? Seremos pesquisadores ou utilizaremos algumas idéias, afim de contribuir com a nossa prática educativa? Será que podemos nos tornar professores-pesquisadores na contribuição acadêmica? Segundo Ludke e Boing (2004, p.56). “[...] Em suma, advogamos a ideia de que a pesquisa do professor da escola básica é diferente daquela da academia, mas isso não significa que seja hierarquicamente inferior. O desenvolvimento de uma pesquisa própria,  que não se restringe apenas à sua prática , mas aos conhecimentos específicos de sua identidade disciplinar e aos saberes docentes próprios do campo, contribuirá decisivamente para que o professor  encontre os próprios rumos de sua profissionalização.”

            Mas o que pesquisar? Como construirmos uma proposta de pesquisa em sala de aula? São indicadas propostas associadas a releitura e leitura crítica da cultura, a partir das ideias do multiculturalismo compreendido como “a representação de raça de classe e gênero como o resultado de lutas sociais mais amplas, a tarefa central de transformar as relações sociais, culturais e institucionais nas quais os significados são gerados”. Pesquisas em sala de aula que evidenciam a busca pela ousadia criatividade e problematização de nossos próprios conceitos, verdades e teorias são fundamentais.

            O Professor como mediador nas relações entre o aluno e a realidade: Neste trabalho apontaremos o papel do professor junto do seu aluno no processo educacional.          Devido a constante transformação em que se encontra o mundo, os educadores vem se dando conta de que suas relações mediadoras anteriormente praticadas alienava e desumanizava  as capacidades e interesses por parte da sociedade. O professor além de ser educador e transmissor de conhecimento, deve atuar ao mesmo tempo como mediador. Ou seja, o professor deve se colocar como ponte entre o estudante e o conhecimento para que dessa forma o aluno aprenda a “pensar” e a questionar por si mesmo e não mais receba passivamente as informações como se fosse um depósito do professor. No âmbito de uma sala de aula são existentes diferentes níveis sociais e emocionais para que o professor consiga atingir um ensino e aprendizagem de qualidade, é preciso que sua forma pedagógica seja objetiva, afetiva e também profissional. Por fim pretendemos através de um trabalho que se ampara em pesquisa bibliográfica e artigos da internet, de mostrar que nós postulantes professores, temos de estar conscientes de que iremos nos deparar com turmas de altos níveis de dispersão, conflitos familiares e pessoais e até comportamentos agressivos na escola hoje em dia, com todos esses problemas é preciso muita dedicação e afeto do professor para com o aluno para que se obtenha êxito na arte de educar.

            Para que haja uma mudança, segundo autor, “[...] essa relação professor-aluno tem que ser estimulada, com respeito à primeira intervenção, relacionada à preocupação com o conhecimento das estruturas cognitivas e para que isso ocorra devemos esclarecer da importância da afetividade com o envolvimento com o aluno. O local onde o aluno possa se sentir valorizado implica no seu prévio reconhecimento, independente das suas verdades se aproximarem dos seus erros ou acertos. E nele deve reinar a valorização e o respeito ao aluno, ao professor e entre os alunos, assim é possível manifestar o pensamento, tanto para complementar ou questionar sobre as dúvidas que surjam. Não há ação cuja causa é puramente lógico-matemática, nem mesmo as ações mais complexas dos físicos, matemáticos e lógicos. Ela sempre tem um componente afetivo que a faz acontecer.” (BECKER, 2003, p. 20). Existem alguns aspectos que Becker salienta como importantes como: o professor e a sua docência no encontro com o aluno; o gerenciamento do processo de ensino-aprendizagem (ação-reflexão-construção da ação) rigor intelectual; aprendizagem e conhecimento.

            Professor e sua docência no encontro com e aluno: Filosofia: “que todo conhecimento começa com experiência, mas a experiência sozinha não nos dá o conhecimento”.  Kant.

            Como romper com o dogma do erro enquanto "falha moral" e substituí-lo pelo dogma de "erro cognitivo"? Postura de "múltiplas e competentes" (BECKER, 2003); Pedagogia construtivista; Professor mediador; Saberes do aluno; Avaliação resultante; Interação de qualidade; Necessidade de reorganização.

       O professor deverá considerar o processo de assimilação, acomodação e equilibrar vivenciado pelo aluno rumo as construções cognitivas, para, se necessário, reorganizá-las em uma nova assimilação, nova acomodação e, finalmente, um novo equilíbrio. Trata-se: do rompimento do senso comum, das verdades supremas dos professores. Apropriação dos "conhecimentos científicos para interpretar o mundo em que vivem" (BECKER, 2003, p. 33).

            Romper com o dogma da "falha moral" para incentivar o "erro cognitivo" implica: Articular as respostas às 3 perguntas que nortearam este texto Relação do aluno com a realidade em que vive. A diversidade é inevitável na escola, portanto, nos cabe respeitar e valorizar essas diferenças. Valorizar a condição de aprendizagem do aluno, desafiá-lo e fazer da avaliação um processo em que o erro se torne pedagógico faz com que a docência seja comprometida. Devemos trabalhar para que a “falha moral” (professor apontar e julgar o erro) torne-se “erro cognitivo” (professor adquirir nova visão no erro do aluno e fazer deste erro aprendizado). “Essa é a nova base democrática da educação obrigatória sob o pensamento moderno. Se não acreditamos que todos podem “crescer” no sentido de acrescentar suas habilidades e capacidades, a universalidade da educação obrigatória perde seu fundamento mais digno” (SACRISTAN,2001, p. 59).

            Função social do ensino e suas implicações Didático-pedagógicas: Tem como objetivo possibilitar aos alunos a compreensão de como a escola deve e pode dar respostas à sociedade na qual se insere, além de garantir o acesso de todos os alunos ao conhecimento sistematizado, desenvolver as competências básicas para a plena participação social e o exercício da cidadania, partindo de uma visão macro e micro-social. . Tudo que está expresso na linha político cultural e pedagógica da escola constitui-se num legado de contestação histórica que perpassa o processo de escolarização, onde os alunos participam ou não do processo de transformação social na escola ou na comunidade em que vivem. Os conhecimentos se formam a partir das contestações vividas na escola, dentro das práticas escolares, pois existe pedagogia em qualquer lugar em que o conhecimento é produzido, porém de diferentes formas, sendo que as pedagogias que se enquadram no lugar comum certamente levarão a produzir o significado já posto na    cultura da sociedade. “Uma coisa é a organização dos saberes a partir de uma perspectiva científica e outra, bastante distinta, é como devem ser apresentados e ensinados os conteúdos de saberes para que sejam aprendidos em maior grau de profundidade.” (ZABALA, 2002, p. 18).


        Hoje nas escolas temos uma seleção de conteúdos de aprendizagem a partir de critérios disciplinares, com currículos que apresentam um somatório de disciplinas selecionadas sobre critérios organizados disciplinarmente, contrariando a interdisciplinaridade. A função social consiste num processo de socialização dos conhecimentos a fim de se inserirem ou não no meio em que vivem.  Na nova escola, o protagonista passa a ser o aluno, tendo como ponto de partida uma visão global, onde o professor deverá contextualizar o ensino, buscando com e no aluno os conhecimentos prévios que tem sobre  o tema apresentado (contextualização/  problematização) do conteúdo. É na escola que o aluno vê a oportunidade de crescer através de ações sociais, econômicas, culturais e políticas, oportunizando uma preparação para o futuro desses alunos, através de professores que busquem um olhar para a contextualização, a partir da visão global, partindo da síncrese/ análise/ síntese, sem esquecer o meio, a circunstância da comunidade em que vivem esses alunos. Conhecer as expectativas da comunidade, bem como suas necessidades, formas de sobrevivência, valores, costumes e manifestações culturais. Ver a escola como polo cultural, onde o conhecimento já sistematizado pela humanidade é socializado e trabalhado de forma não fragmentada, vinculada a realidade, proporcionando a ampliação das possibilidades culturais dos alunos e da comunidade, através do debate das principais questões locais, regionais e nacionais.  Inserir o aluno no mundo em que vive, numa visão crítica cultural e social, auxiliando-o a ver e pensar a realidade como um todo, com um certo distanciamento, de forma autônoma, única possibilidade de transformá-la.