quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A história escondida: a participação dos soldados das colônias africanas nas grandes guerras

Por Herbert Ekwe-Ekwe; Professor britânico, especialista em Estados, genocídios e guerras na África e colaborador do Observatório das Nacionalidades. Tradutor: Sued Lima.

               Em texto primoroso de 2008, a bióloga e ativista ambiental queniana Wangari Maathai, primeira africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 2004, reflete sobre o pouco conhecido papel dos africanos nas guerras mundiais:  

“Na minha família havia um membro ausente, cuja existência desconheci até atingir a idade adulta. Durante a Primeira Guerra, africanos das colônias foram recrutados para lutar e, no Quênia, os pais com filhos em idade para combater deviam apresentá-los às autoridades. Meus avós tinham um filho, Thumbi, de 20 anos, e não queriam que ele fosse para a guerra. Em desespero, minha avó o aconselhou a esconder-se na densa vegetação que margeia o rio Tucha. Mas Thumbi foi capturado pelos britânicos e tornou-se um dos mais de cem mil homens da etnia Kikuyus que morreram em combate, de fome ou de doença. Minha avó chorou a perda do filho pelo resto de sua vida”.

            Somente nessa guerra, a África perdeu cerca de um milhão de soldados em frentes de batalha a leste e oeste do continente e na própria Europa, lutando tanto pela Inglaterra, França, Itália, Bélgica e seus aliados, como pelos seus oponentes Alemanha e Impérios Austro-Húngaro e Otomano. As duas guerras mundiais foram confrontos nos quais os africanos se viram compulsados a atuar sem que os interesses de qualquer dos lados lhes dissessem respeito. Os dois principais protagonistas, Grã-Bretanha e Alemanha, eram os grandes usurpadores do território africano desde 1885, responsáveis por saques de recursos naturais e massacres de grandes parcelas dos povos autóctones, o que produzia uma cruel contradição: soldados naturais dos territórios ocupados combatiam ao mesmo tempo a favor e contra opressores de sua própria gente. 


             Nas comemorações do corrente ano que tiveram lugar em toda a Europa, lembrando efemérides de ambos os conflitos mundiais, um tema recorrente tem sido o de definir o papel dos africanos em tais confrontos, o que é desconhecido por muitos. A dificuldade que o cerca é a de explicar a forma perversa a que foram submetidos esses povos, mantidos longe dos acordos e tratados firmados após o cessar fogo. 

            O Tratado de Versalhes, de 1919, liberou todos os europeus subjugados, enquanto os africanos das regiões ocupadas por alemães na Namíbia, Tanzânia, Camarões, Togo, Ruanda e Burundi não tiveram sua liberdade restaurada; apenas assistiram a alternância de potências ocupantes, que passaram a ser a Grã-Bretanha, França e Bélgica. 

            A independência de países africanos no pós-Segunda Guerra foi claramente rejeitada pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, em discurso proferido em novembro de 1942, em Londres: “Eu não me tornei primeiro-ministro do rei para presidir a liquidação do Império Britânico”. Na mesma linha, Charles de Gaulle, líder das Forças Francesas Livres exiladas na Inglaterra, desde que a Alemanha invadiu a França, em 1940, se opôs enfaticamente à independência de países africanos. 


             Em artigo publicado recentemente no tabloide britânico Mail on Sunday, George Carey, ex-arcebispo de Canterbury, lembra: “Este ano, somos lembrados pelas comemorações de duas guerras mundiais que nossas tradições democráticas são preciosas. Nossos pais e avós lutaram contra o totalitarismo pela sobrevivência desses valores”. A avaliação de Carey não incorpora o sacrifício africano, engrossando o caráter assimétrico da interpretação histórica, verdadeira camisa de força totalitária aplicada ao continente por todos os Estados que dominaram territórios na África. 

            Poucos anos após o término da Segunda Guerra, a Grã-Bretânia iria desfechar duas campanhas devastadoras em nações africanas que se colocavam na vanguarda da luta contra a ocupação: o povo gikuyu, do Quênia, na década de 1950, com a morte de dezenas de milhares de pessoas, e na Nigéria, com o genocídio do povo igbo, entre 1966 a 1970, produzindo o massacre de cerca de 3,1 milhões de pessoas. 

              Em seu depoimento sobre o tio Thumbi, Wangari Maathai escreve: “O governo britânico levou meu tio para a guerra dele, não o trouxe de volta e não se preocupou sequer em dizer aos meus avós o que havia acontecido com ele”. Eu complementaria dirigindo-me aos governos de todos os países europeus envolvidos em ambas as guerras: 

“Nossos irmãos foram recrutados para lutar por vocês e nunca voltaram. Ninguém se dignou a nos dizer o que havia acontecido com eles”. 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Maconha prejudica tratamento de dependentes de crack


“As áreas de recompensa sofrem modificações com o uso das drogas que facilitam a adição no futuro. O cérebro fica pronto para a dependência.”

Rodrigo Grassi de Oliveira

GRUPO DE mulheres que usaram Cannabis sativa antes dos 15 anos tem 3,97 vezes mais chance de sofrerem sintomas de abstinência que as demais.

Por Ana Paula Acauan

          
 Ampla pesquisa sobre a vulnerabilidade de mulheres dependentes de crack e sua exposição ao trauma na infância rendeu publicações de artigos e defesas de teses e dissertações de integrantes do Grupo de Pesquisa Neurociência Cognitiva do Desenvolvimento, do Núcleo de Pesquisa em Trauma e Estresse, dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e Pediatria. Dois anos depois de finalizado o estudo, novas revelações vêm mostrar que a maconha prejudica o tratamento dessas mulheres. Das 93 investigadas, as que começaram a usar Cannabis sativa antes dos 15 anos têm 3,97 vezes mais chance de sofrerem com sintomas de abstinência durante a desintoxicação de crack do que as demais. Para aquelas que, nos últimos cinco anos, fumavam maconha regularmente (três vezes por semana, pelo menos), a chance de piorar aumentava para 2,84 vezes.

          Os pesquisadores, liderados pelo psiquiatra Rodrigo Grassi de Oliveira, procuraram saber se as mulheres precisaram voltar à Unidade Psiquiátrica São Rafael, do Sistema de Saúde Mãe de Deus, em Porto Alegre, dois anos e meio depois de completado o estudo. Oitenta por cento de todas as entrevistas (146 no estudo geral) fizeram novamente o tratamento no local, que dura no máximo, 21 dias (coberto pelo Sistema Único de Saúde). A média de reinternações foi maior entre as usuárias com histórico de abuso de maconha (5,29 vezes) em relação àquelas sem essa trajetória (4,41).

              Para Grassi de Oliveira, esses resultados evidenciam a necessidade de repensar o discurso defendido por alguns profissionais de que uma droga seria um substituto ao crack. “Na balança científica, ponderamos fatores que poderiam alterar os resultados, como uso de álcool e tabaco e idade, testamos todas as hipóteses e nos surpreendemos com o resultado.” O psiquiatra destaca que a dependência não começa de uma hora para outra; vai  se consolidando ao longo da vida. “As áreas de recompensa sofrem modificações com o uso das drogas que facilitam a adição no futuro. O cérebro fica pronto para a dependência.” Virá para a PUCRS, somar-se aos estudos, o professor Timothy Bredy, das Universidades da Califórnia (EUA) e de Queensland (Austrália), pelo programa Pesquisador Visitante Especial, do Ciência sem Fronteira (CNPq). Ele estuda em modelos animais como o ambiente altera o DNA.

           Os próximos passos do Núcleo são buscar alvos de proteção á mulher usuária, incluindo a realização de um manual de políticas e cuidado dirigido a profissionais da saúde. Os pesquisadores pretendem ainda entender o ciclo de vulnerabilidade. Noventa por cento das mulheres do estudo relataram histórico de algum tipo de abuso ou negligência na infância. Grande parte delas têm filhos e há preocupação de que os maus-tratos possam se repetir na relação com as novas gerações. Na amostra, grande parcela de mulheres morava na rua e todas haviam procurado tratamento voluntariamente. A maioria desejava largar o crack.


              Curiosidade científica

            Vasculhando o banco de dados, o psicólogo Thiago Viola, aluno do Programa de Pós-Graduação em Pediatria e Saúde da Criança, e seus colegas, notaram que as entrevistadas, em geral, reduziam os sintomas de abstinência do crack durante a desintoxicação. Mas um bom número não obteve efeitos positivos no tratamento, às vezes até piorando.

          Em debates com Grassi de Oliveira e atento a artigos recentemente veiculados, Viola deu-se conta de que o uso de maconha poderia ter implicações com esse resultado. Essa curiosidade científica rendeu uma conclusão inédita para a área de pesquisa em crack e uma publicação na revista científica Drug and Alcohol Dependence, uma das mais importantes da área.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A cultura do sorriso


"Eu sou feliz," ela mente.

Filósofo Pascal Bruckner

              O que é felicidade? Como disse Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, a felicidade acontece em pequenos momentos de distração. Segundo Pascal Bruckner, filósofo, romancista e ensaísta francês, a felicidade não é algo simples e não é possível controlar sua chegada ou seu momento de partida. Para ele, o importante é saber reconhecê-la. “Muitas pessoas, sobretudo jovens, esperam um destino fora do comum, e não sabem aproveitar a felicidade quando ela chega ou estão com ela. A arte de viver talvez a esteja em aceitar as pequenas felicidades, sem esperar uma espécie de redenção mágica que traz sofrimento”, comenta.

Será que a felicidade obtida em detrimento de outrem merece ser chamada de felicidade? Não poderíamos fazer da liberdade, da justiça, da solidariedade valores mais importantes que a felicidade propriamente dita? (Pascal Bruckner, 2014).

              Autor de 15 livros, vencedor de importantes prêmios literários europeus, doutro em Letras pela Universidade de Paris VII, Bruckner lecionou em Nova York e em San Diego e colabora com a Revista Nouvel Observateur. Sua obra Lua de fel foi adaptada para o cinema por Roman Polanski. Ele visitou Porto Alegre para a conferência no Curso de Altos Estudos Fronteiras do Pensamento, do qual a PUCRS é parceira cultural, e esteve na Universidade, em outubro, participando do Fórum Extensionista. Na ocasião, concedeu, com exclusividade, a seguinte entrevista à revista PUCRS.

O capitalismo transformou a felicidade em obrigação e produto a ser consumido? Como sair desse ciclo?

              A felicidade não é simplesmente um produto que se compra. Se fosse o caso, seria muito fácil recusar essa obrigação. A obrigação da felicidade vai além do consumismo; é algo que está ligado à imagem que temos de nós mesmos; tem mais a ver com construtivismo pessoal que com um simples gesto de um comprador no supermercado. Somos então intimados a construir nós mesmos nossa felicidade, dia a dia, do berço ao túmulo. Uma mudança do sistema econômico não mudaria essa obrigação.

Se a pessoa cria metas que têm como fins a felicidade, ao alcança-las corre o risco de ficar indiferente?

              Sim. Essa é a ironia da coisa. A felicidade recua à medida que procuramos alcança-la e às vezes acontece nas coisas muito pequenas e nos escapa quando fixamos metas grandiosas. Não há meio nenhum de prevê-la. Podemos tentar captura-la como a um pássaro numa armadilha, mas não podemos ter certeza de que o pássaro da felicidade vai pousar ali, mesmo que façamos todos os esforços para isso. Muitas vezes, a preparação para a felicidade leva mais tempo que a própria felicidade dura e, quando ela chega, estamos exaustos.

A felicidade real é muito diferente da mostrada em redes sociais?  Essa representação que as pessoas fazem, o desejo de mostrar que são felizes, atrapalha?

              É um código de representação de si mesmo que pressupõe uma espécie de euforia permanente, como nas eleições quando os candidatos se apresentam sempre sorrindo, sempre simpáticos, amantes, humanos. Da mesma forma, há uma espécie de sorrir perpetuo que habita nosso rosto hoje. Devemos todos estar bem, ser simpáticos, estar abertos e essa evidentemente é uma linguagem puramente artificial. É uma cultura do sorriso.

O desejo de ser feliz não é mais que uma ideologia, não é algo intrínseco? É possível não buscar a felicidade e conviver com essa escolha?

              Penso que o que é inerente em nós é a fuga da infelicidade, evitar a solidão, o sofrimento, o desamparo. A felicidade não é simplesmente a ausência da infelicidade, ela tem uma qualidade suplementar, de um momento particular da vida. Então, ao mesmo tempo em que buscamos não ser infelizes, buscamos também fugir do tédio. E tentamos levar uma vida mais intensa.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Misteriosos círculos gigantes de pedra no Oriente Médio


Esse é o círculo apelidado de J2 visto a partir do ar. Tem cerca de 390 metros de diâmetro.

Enormes círculos de pedra descobertos por via aérea no Oriente Médio foram fotografados com alta resolução para revelar sua idade e outros detalhes intrigantes.

Há décadas, arqueólogos na Jordânia tentam entender o que são esses círculos, chamados de “Big Circles” (Grandes Círculos). Onze deles, construídos com muros de pedra, foram descobertos na região em 1920 por aviões, e até hoje os cientistas não têm certeza da sua finalidade.

Desde então, pouca investigação havia sido feita sobre as estruturas. Agora, as novas imagens aéreas sugerem que os círculos foram criados pelo menos dois mil anos atrás, possivelmente datando de tempos pré-históricos.

Os círculos

Um poço expondo várias camadas da parede de pedra do círculo J3 pode ser visto na imagem abaixo. Os pesquisadores acreditam que uma dúzia de pessoas, trabalhando duro, poderia construir um círculo desses em aproximadamente uma semana, embora a criação de uma forma tão precisa fosse algo bastante complicado.


No geral, esses grandes círculos são parte de uma paisagem rica em estruturas de pedra, como as chamadas Rodas (estruturas com raios irradiando para fora) e Papagaios (estruturas de pedra usadas para canalizar e matar animais).

A fim de descobrir para que esses misteriosos círculos eram usados, os arqueólogos ainda precisarão fazer muito trabalho de campo.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

João Candido, integralista e líder da Revolta da Chibata!



Autor: Guilherme Jorge Figueira do Blogue História do Partido de Representação Popular.

No dia 28 de março de 1968, através do ciclo de História Contemporânea do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, foi registrado um depoimento de João Cândido, líder da Revolta da Chibata, com o objetivo de resgatar a memória histórica do líder negro salvando-o da extinção e o consagrando como uma das principais fontes de informação sobre o assunto.

Participaram da entrevista o historiador Helio Silva, a jornalista Dulce Alves, o superintendente, Sergio Junqueira e o diretor executivo do museu Ricardo Cravo Albim, além do filho caçula de João Cândido.

A entrevista que deveria ocorrer de forma organizada, se transformou em um verdadeiro interrogatório promovido pelo historiador Helio Silva, (figura critica da Ação Integralista Brasileira). As perguntas foram feitas de forma anacrônica, em diversos momentos foram interrompidas por outras perguntas causando confusão deixando perguntas (algumas relevantes) sem respostas. Até os dias de hoje, nenhum pesquisador veio a publico criticar a forma em que foi administrada esta entrevista.

Algo, porém surpreendeu o pesquisador Helio Silva durante a entrevista: a afirmação emblemática do líder negro João Cândido que pertenceu às fileiras da Ação Integralista Brasileira – AIB e que até hoje se considera Integralista, demonstrando que as afirmações feitas pelo próprio Helio Silva em seus trabalhos sobre Integralismo, onde afirma que o Integralismo é racista e autoritário não condizem com a verdade, uma vez que a presença do principal integrante da Revolta da Chibata é negro e defensor da democracia.

Em 1933, João Cândido, ingressou na Ação Integralista Brasileira, tornando-se um dos principais lideres do movimento no Rio de Janeiro. Em julho de 1937, passou a fazer parte da Câmara dos Quatrocentos, importante órgão da AIBque congregava diversas personalidades do movimento, demonstrando desta forma o caráter democrático e diferenciado de outros movimentos políticos brasileiros da sua época.

Aos que desejarem ter acesso ao depoimento na integra, poderão se encaminhar ao MIS-RJ, localizado na Praça Luiz Souza Dantas (antiga Praça Rui Barbosa), 01, Praça XV, Rio de Janeiro.

Casa do Brasil na França

A Casa do Brasil na França abriga permanentemente, no mínimo, 120 brasileiros que desenvolvem pesquisas em instituições parisienses.
Outra função da instituição é divulgar a cultura brasileira no universo de mais de cem nações representadas na cidade universitária, através, sobretudo de conferências, concertos e exposições. O local recebe visitas de pessoas do mundo inteiro, além de ser objeto de teses de pesquisadores que fazem doutorado em arquitetura e em história da arte. Anualmente, o prédio é visitado por centenas de pessoas.
Tombada pelo Patrimônio Histórico da França, a Casa brasileira foi construída a partir de um projeto conjunto dos arquitetos Lúcio Costa e Le Corbusier, inaugurada em 1959, na cidade universitária de Paris.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O que é Ocultismo?



Atenção, importante nota! Para aqueles que já conhecem o CHH sabem que o mesmo é voltado para a busca do conhecimento, e que isso não significa prática ou aceitação das informações expostas. Pois, primordialmente para todos os efeitos devemos conhecer tantos nossos aliados, como adversários, conhecer as filosofias que apoiam nossas crenças e posicionamentos como aquelas que não apoiam para que no final possamos saber o que criticamos ou contra o que ou quem realmente estamos lutando ou trabalhando juntos.

Ocultismo (ou ciência oculta) é um conjunto de teorias e práticas cujo objetivo seria desvendar os segredos da natureza e do Homem, procurando descobrir seu aspecto espiritual e superior. Ele trata do que está além da esfera do conhecimento empírico, o que é secreto ou escondido. O ocultismo está relacionado aos fenômenos supostamente sobrenaturais. Ocultismo é um conjunto vasto, um corpo de doutrinas supostamente proveniente de uma tradição primordial que se encontraria na origem de todas as religiões e de todas as filosofias, mesmo as que, aparentemente, dele parecem afastar-se ou contradizê-lo.O Homem aqui retratado seria um supostamente completo e arquetípico, composto não apenas de corpo, mas também de emoção, razão e alma (como divide a cabala).Segundo algumas tradições ocultistas as religiões do mundo teriam sido inspiradas por uma única fonte sobre-natural. Portanto, ao estudar essa fonte chegar-se-ía a religião original.Muitas vezes um ocultista é referenciado como um mago. Alguns acreditam que estes antigos Magos já conheciam a maior parte das descobertas da ciência, tornando estas descobertas meros achados.

Definição e escopo

Na ciência oculta, a palavra oculto refere-se a um "conhecimento escondido" ou "conhecimento secreto", em oposição ao "conhecimento visível" ou "conhecimento mensurável" que é associado à ciência convencional.

Para as pessoas que seguem aprofundando seus estudos pessoais de filosofia ocultista, o conhecimento escondido ou oculto é algo comum e compreensivel em seus símbolos, significados e significantes. Este mesmo conhecimento "não revelado" ou "oculto" é assim designado, por estar em desuso ou permanecer no index das culturas atualmente, mas originalmente no século XIX era usado por ter sido uma tradição que teria se mantido ocultada da perseguição da Igreja, e da sociedade e por isso mesmo não pode ser percebido pela maioria das pessoas.

Mesmo que muitos dos símbolos do ocultismo, estejam sendo utilizados normalmente e façam parte da linguagem verbal ou escrita (p.e. a palavra abracadabra seria uma palavra de poder), permanecem assim, oculto o seu significado e seu verdadeiro sentido. Desta maneira, tudo aquilo que se chama de "ocultismo" seria uma sabedoria intocada, que poucas pessoas chegam a tomar conhecimento, pois está além (ou aquém) da visão objetiva da maioria, ou de seu interesse.

O ocultismo sempre foi concebido desde o início, como um saber acessível apenas a pessoas iniciadas (ou seja, para aquelas que passaram por uma "iniciação"; uma inserção num grupo separado do comum e do popular; ou mesmo uma espécie de batismo, onde as pessoas seriam escolhidas, então guiadas e orientadas a iniciar numa nova forma de compreender e pensar o já se conhece, supostamente transcendendo-o).

Contudo, sempre houve curiosos de várias época, que foram capazes de especular à respeito do Ocultismo, sem que este conhecimento se tornasse algo comum em suas vidas. Embora o Ocultismo sempre exigisse da pessoa que o estudava, uma posiçao e atitude pessoal diversa daquela que a maioria das pessoas assumia. Por isso mesmo, que os estudiosos desta filosofia não eram bem vistos (acusados de pagãos, bruxos(as), místicos, loucos, rebeldes), sendo excluídos, perseguidos e condenados.

Com certeza eram em sua maioria, muito mal compreendidos. O ocultismo tem como escopo de estudo o que seriam energias e forças psíquicas, suas fontes e seus efeitos, assim como os seus canais de atuação e seus efeitos produzidos na consciência do Homem. Segundo os ocultistas a ciência oculta estuda, ao contrário da ciência tradicional, a natureza em sua totalidade, assim como as relações entre a natureza e o Homem. Principalmente por professar uma dimensão espiritual, ou sobre-natural, algo que nunca foi empiricamente demonstrado e por tanto não reconhecido pela ciência.

Do ponto de vista de quem o professa a percepção do oculto consiste, não em acessar fatos concretos e mensuráveis, mas trabalhar com a mente "transcendendo-se" e o espírito. Ocultismo assim supostamente refere-se ao treinamento mental, psicológico e espiritual que permite um "despertar" de certas faculdades ocultas, ou, na visão da ciência tradicional, algum tipo de ilusão ou hipnose auto-induzida.

Origens, influências e tradições

O ocultismo está relacionado com o misticismo e o esoterismo e tem influências das religiões orientais (principalmente Yoga, Hinduísmo, Budismo, e Taoísmo).O ocultismo teria suas origens em tradições antigas, particularmente o hermetismo no antigo Egito, e envolve aspectos como magia, alquimia, e cabala.

História recente

As raízes mais antigas conhecidas do ocultismo são os mistérios do antigo Egito, relacionados com o deus Hermes ou Thoth. Por isto, frequentemente o ocultismo é referido como hermetismo.Na Idade Média, principalmente na Península Ibérica devido a presença de muçulmanos e judeus, floresceu a alquimia, ciência relacionada com a manipulação dos metais, que segundo alguns, seria na verdade uma metáfora para um processo mágico de desenvolvimento espiritual. Tanto a alquimia quanto o ocultismo receberam influência da cabala judaica, um movimento místico e esotérico pertencente ao judaísmo.Alguns destes ocultistas medievais acabaram sendo mortos na fogueira pela Inquisição da Igreja Católica, acusados de serem bruxos e terem feito pacto com o diabo.

O ocultismo ressurgiu no século XIX com os trabalhos de Eliphas Levi, Helena Petrovna Blavatsky, Papus e outros. Mas trabalhos relacionados a cabala relacionados durante toda Idade Média. E de alquimia na Baixa Idade Média.

domingo, 9 de novembro de 2014

Fenícios


As condições geográficas

Os Fenícios viverem em uma estreita faixa de terra, representada hoje pela República do Líbano, estendia-se por aproximadamente 200 quilômetros, comprimida do lado leste pelos contrafortes das montanhas do Líbano e a oeste pelo mar Mediterrâneo.

Salvo o fundo dos vales, onde os fenícios podim aprovpela agricultura, tudo o mais são planícies secas, nas quais os pastores apascentavam o gado, ou encostas de montanhas onde crescia em abundância o cedro, madeira ideal para a navegação.

As cidades-Estado da Fenícia

Os fenícios jamais chegaram a fundar um reino unificado sob as ordens de um só mandatário, como aconteceu com os outros povos. A rivalidade entre as cidades- Estado levou-as, no máximo, a constituir uma confederação. A cidade de Biblos alcançou prestígio por volta de 2500 a.C., espraiando seu comércio e poderio por uma grande área do Mediterrâneo. Sidon teve o seu período por volta de 1400 a.C., mantendo durante séculos sua supremacia sobre todo o comércio realizado no mar. Finalmente, coube a Tiro alcançar a hegemonia marítima, tendo acesso às rotas mais longínquas.

Mais tarde, os fenícios entraram em decadência, caindo sob o domínio dos assírios, babilônios e, finalmente, dos persas. A colônia fenícia de Cartago, no norte da África, subsistiu até o século II a.C., quando foi destruída pelos romanos no final das Guerras Púnicas.

As atividades econômicas e a sociedade fenícia

Provavelmente, os fenícios eram semitas provenientes da Caldéia. A Natureza deu a esse povo uma opção: ou restringir-se aos minguados recursos da agricultura, ou lançar-se ao mar, em busca do sustento que as terras não proporcionavam. A proximidade do Egito, com sua grande produção de cereais, a abundância de madeira de cedro e um litoral extenso fizeram dos fenícios hábeis navegadores.

Os fenícios desenvolveram extraordinariamente o artesanato comercial, produzindo em série objetos facilmente negociáveis no mundo antigo, tais como armas, vasos, adornos de bronze e cobre, tecidos e até mesmo objetos de vidro, que alcançavam ótimos preços. Conheciam todas as rotas de navegação do Mediterrâneo e, transpondo o Estreito de Gibraltar, alcançaram as Ilhas Britânicas. Chegaram mesmo a fazer uma viagem de circunavegação da África, a soldo de um faraó egípcio.


  As galeras ajudaram a estabelecer a hegemonia comercial e marítima fenícia.

O comércio de escravos propiciava grandes lucros; muitos, porém, eram trazidos para a Fenícia a fim de trabalhar nas oficinas de artesanato. Os fenícios descobriram onde e como obter materiais raros para a época, como o cobre e o estanho. Dado o aumento de sua densidade populacional, os fenícios fundaram colônias na orla do Mediterrâneo, as quais funcionavam como entrepostos de comércio e abastecimento. As mais conhecidas colônias fenícias foram as cidades de Cartago, no Norte da África, e Cádiz, na Espanha.
Os fenícios detiveram a hegemonia comercial do Mediterrâneo (talassocracia) e foram sérios concorrentes dos gregos, etruscos e romanos.

A grande massa da população fenícia era constituída de marinheiros e artesãos pobres, os quais trabalhavam em função de uma classe rica que vivia do comércio marítimo. Essa classe de mercadores definha não só o poder político das cidades-Estado, mas também a riqueza e o controle das atividades comerciais. Os escravos e mercenários eram facilmente conseguidos nas viagens pelo Mediterrâneo; enquanto os primeiros trabalhavam como remadores ou artesãos, os segundos protegiam as naus e as muralhas das grandes cidades-portos

A religião dos fenícios

Na Fenícia, como na Mesopotâmia, o politeísmo adquiriu feições sanguinolentas. Os sacrifícios humanos eram comuns. Cada cidade possuía um Baal (deus) protetor: Melcart, em Tiro; Adonis, em Biblos; e Eshum, em Sidon. Cartago tinha como protetor Moloc. Os fenícios [ossuíam ainda divindades menores protetoras do comércio, das rotas, dos navios etc.

O alfabeto

Os fenícios desenvolveram o alfabeto em função de suas atividades comerciais.

Além das técnicas de navegação e dos conhecimentos geográficos, provenientes da exploração das rotas marítimas, os fenícios trouxeram um fator de inegável valor para o progresso da humanidade. A partir dos ideogramas egípcios, desenvolveram um alfabeto fonético de 22 letras, que mais tarde foi adaptado pelos gregos e romanos. Provavelmente fizeram isso buscando simplificar as operações comerciais, uma vez que não deixaram no campo literário, ou em qualquer outra atividade artística, nada que mereça ser lembrado.

Helenismo



No ano de 338 a.C., na Guerra da Queronéia, a Grécia foi derrotada pela Macedônia. Houve a perda da autonomia político-territorial da Grécia.

O helenismo refere-se ao conhecimento filosófico produzido entre a morte do Alexandre e o início da filosofia medieval.

Principal característica do helenismo: fusão entre a tradição grega e a cultura oriental. Disseminação do pensamento grego pela região da Síria, Egito, Babilônia, etc.

Principais pensadores do helenismo: Plotino, Cícero, Zenão e Epicuro.

O conhecimento produzido pela ciência do helenismo se desenvolveu em diferentes direções: matemática, geometria, astronomia e geografia. Os filósofos helenistas estavam preocupados com a ética (regras da condução de vida), busca pela felicidade individual, imperturbabilidade.?


Principais perspectivas do período helenístico:

1- NEOPITAGORISMO: retomada do pensamento de Pitágoras, sobretudo de sua concepção espiritualista (imortalidade da alma, reencarnação, harmonia espiritual com o cosmos). Oposição ao materialismo.

2- NEOPLATONISMO: Plotino (205-270) conhecemos a vida e o pensamento de Plotino a partir da obra “Vida de Plotino”, escrita pelo seu discípulo Porfírio. Característica central do neoplatonismo: conciliação entre o pensamento de Platão e o pitagorismo com alguns traços da cultura oriental.

3- ESTOICISMO: Teve Zenão de Citio como seu fundador, em 300 a.C.. Para o estoicismo a filosofia seria composta de três partes: física, lógica e ética. Acreditavam numa estreita relação entre o indivíduo (microcosmos) e o universo (macrocosmo).

4- EPICURISMO: perspectiva filosófica fundada por Epicuro. Assim como o estoicismo, buscavam a felicidade individual, mas discordavam quanto ao caminho pra isso.


Periodização

O helenismo marcou a transição da civilização grega para a romana, em que inoculou sua força cultural. Não se encontra nela o esplendor literário e filosófico do período áureo da Grécia, mas divisa-se um grande surto da ciência e da erudição.

Chama-se civilização helenística a que se desenvolveu fora da Grécia, sob influxo do espírito grego. Esse período histórico medeia entre 323 a.C., data da morte de Alexandre III (Alexandre o Grande), cujas conquistas militares levaram a civilização grega até a Anatólia e o Egito, e 30 a.C., quando se deu a conquista do Egito pelos romanos. Grande parte do Oriente antigo foi então helenizado e assistiu-se a uma fusão da cultura grega, revitalizada nas áreas conquistadas, com as tradições políticas e artísticas do Egito, Mesopotâmia e Pérsia.

Depois da morte de Alexandre, a transmissão da cultura grega persistiu nos grandes centros urbanos, embora sofresse influência dos costumes orientais. A tentativa de Antígonos, um dos mais antigos generais de Alexandre, de manter intacto o império conquistado pelo guerreiro macedônio, fracassou após a Batalha de Ipso, na Frígia (302 a.C.). A partilha do império foi feita entre três generais: Seleucos I Nicator, Ptolomeu I e Lisímacos.

As lutas, entretanto, continuaram, e vinte anos depois o império foi dividido em três estados independentes: o reino do Egito ficou com os Lágidas, descendentes de Ptolomeu; o da Síria, com os Selêucidas, descendentes de Seleucos; e o da Macedônia coube aos antigônidas, descendentes de Antígonos.

Alexandria, no Egito, com 500.000 habitantes, tornou-se a metrópole da civilização helenística. Foi um importante centro das artes e das letras, e a própria literatura grega tem uma fase chamada "alexandrina". Lá existiram as mais importantes instituições culturais do helenismo: o Museu, espécie de universidade de sábios, dotado de Jardim Botânico, Zoológico e Observatório Astronômico; e a Biblioteca, com 200.000 volumes, salas de copistas e oficinas para preparo do Papiro. O Reino Egípcio só terminou com a conquista de Otavius, no reinado de Cleópatra.

O reino da Síria abrangia quase todo o antigo império persa até o Rio Indo. A capital era Antioquia, outro grande centro da cultura helenística, perto da foz do Orontes, no Mediterrâneo. Os selêucidas, entretanto, não puderam manter a unidade de seu vasto império, que acabou conquistado pelos romanos no século I a.C.

Já o reino da Macedônia teve de enfrentar a luta das cidades gregas, ciosas da defesa de sua autonomia, e acabou incorporado ao Império Romano. Do ponto de vista cultural, o período compreendido entre 280 e 160 a.C. foi excepcional.


Cultura

Tiveram grande desenvolvimento a história, com Polibius; a matemática e a física, com Euclides, Eratostenes e Arquimedes; a astronomia, com Aristarcus, Hiparcus, Seleucus e Heráclides; a geografia, com Posidonius; a medicina, com Herofilus e Erasistratus; e a gramática, com Dionisius Tracius. Na literatura, surgiu um poeta extraordinário, Teocritus, cujas poesias idílicas e bucólicas exerceram grande influência. O pensamento filosófico evoluiu para o individualismo moralista de Epicuristas e Estóicos, e as artes legaram à posteridade algumas das obras-primas da antigüidade, como a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia e o grupo do Laocoonte.

À medida que o Cristianismo avançava, o helenismo passou a representar o espírito pagão que resistia à nova religião. O espírito grego não desapareceu com a vitória dos valores cristãos; seria, doze séculos depois, uma das linhas de força do Renascimento.

Realeza Romana


Quando Roma surgiu, em 753 a.C. (data tradicional), tinha um regime monárquico-aristocrático de governo. As origens da cidade são lendárias. O poeta Virgílio conta na Eneida que os romanos descendiam dos troianos. Diz que Enéas sobreviveu à destruição de Tróia e com seus amigos cruzou o Mediterrâneo em direção à Planície do Lácio. Seus descendentes teriam fundado Alba Longa e depois Roma.

Historicamente, a interpretação mais plausível diz que Roma era uma povoação de origem albana, construída às margens do Tibre para defender a região das incursões dos etruscos, que habitavam ao norte do Lácio.

A economia era baseada na agricultura e no pastoreio. A sociedade era representada pelos patrícios, que formavam os grandes proprietários; os clientes, parentes pobres dos patrícios, a quem prestavam alguns serviços e de quem recebiam proteção; e os plebeus, que representavam os estrangeiros, artesãos, comerciantes, pequenos proprietários e trabalhadores rurais.

Toda a história romana durante o período monárquico é baseada em lendas. O Rapto das Sabinas conta a integração com os sabinos, vizinhos de Roma. A luta dos Irmãos Horácios contra os Curiácios refere-se à vitória de Roma sobre Alba Longa. A existência de sete reis, dos quais dois eram latinos, dois sabinos e os três últimos etruscos, mostra que Roma foi dominada pelos etruscos. Finalmente, a lenda da casta Lucrécia, virtuosa romana violada pelo filho do último rei etrusco, Tarqüínio, o Soberbo, justifica, em termos morais, a queda da Realeza e a proclamação da República.

Concretamente, a expulsão do rei etrusco não está ligada ao fato de ser etrusco e sim a seu absolutismo. Até ao advento dos reis etruscos, Roma era governada por soberanos que dependiam do Conselho dos Anciãos, órgão composto exclusivamente por patrícios. Suas decisões eram aprovadas pela Assembléia Tribal ou Curiata (patrícios e plebeus). Os reis etruscos marginalizaram o Conselho, governando de forma despótica. Por isso, na primeira oportunidade, os patrícios depuseram o rei e implantaram a República, com um regime essencialmente aristocrático (509 a.C).